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O estudo da FIEMG projeta perdas de R$ 25 bilhões no PIB brasileiro já nos próximos 12 meses e até R$ 110 bilhões no longo prazo, além de quase 150 mil empregos a menos. Com tarifas americanas de até 50% sobre produtos nacionais, o Brasil enfrenta queda nas exportações, risco de fuga de investimentos e aumento da concorrência de importados. O presidente da Federação, Flávio Roscoe, detalha quais setores serão mais afetados, o impacto na balança comercial e as estratégias para reduzir prejuízos e proteger a indústria.

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Transcrição
00:00A gente volta a falar então sobre o impacto das tarifas dos Estados Unidos.
00:04Eu converso agora com o Flávio Roscoi, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais.
00:10Flávio, boa noite para você. Obrigada por ter aceitado o nosso convite, estar aqui mais uma vez com a gente.
00:16Bom, Flávio, queria começar falando desse levantamento da FIENG que estima o impacto no PIB brasileiro
00:22de mais de 25 bilhões de reais já no curto prazo e chegando a 110 bi no longo prazo.
00:30Primeiro, queria entender o que vocês chamam de curto e de longo prazos e quais podem ser as consequências disso?
00:38Boa noite, Cristiano. Prazer em estar aqui na CNBC novamente.
00:42O impacto é muito relevante para a economia brasileira e esse impacto é calculado
00:47utilizando a metodologia de matriz insumo e produto.
00:51Então, a gente pega as empresas que vão perder a exportação,
00:55estima os efeitos dessa perda do faturamento ou da produção na sua cadeia de fornecedores completa
01:05e o seu impacto na economia.
01:07Então, com base nisso é que a gente consegue ali auferir esses números de impacto
01:12que são muito relevantes no curto prazo,
01:16aqueles que serão nos próximos 12 meses, mas também alguma coisa elevando ali no segundo ano
01:23e de longo prazo é de 5 a 10 anos, porque aquele efeito vai acumulando na economia.
01:29O nosso estudo, esse estudo específico, ele ainda não contemplou algo que provavelmente vai ocorrer
01:36caso o tarifácio fique por muito tempo, que é uma perda da atratividade de investimentos diretos do Brasil.
01:45Isso ainda não está contemplado no estudo, nós vamos fazer uma estimativa nessa linha também,
01:51porque é algo que com certeza irá ocorrer.
01:54O Brasil vai começar a perder investimentos que seriam feitos no Brasil para parceiros, por exemplo, no Mercosul.
02:01Para dar um exemplo, eu já recebi empresas aqui que estavam com um projeto de investimento de 500 milhões de reais
02:07no Brasil e já estão estudando fazê-lo na Argentina, já que um dos maiores mercados da empresa
02:13é justamente o mercado americano.
02:15E o acesso da Argentina ao Brasil é a mesma coisa que se tivesse no Brasil,
02:22que faz parte da União do Mercosul.
02:24Então, essa é a nossa preocupação, é que além do impacto da perda dos negócios direto na exportação,
02:33a gente venha a ter uma perda da atração de investimentos.
02:36E essa ainda não está contemplada no estudo, nós vamos fazer uma segunda tranche com essa possibilidade.
02:42Mas já está contemplado no estudo a questão dos postos de trabalho,
02:47uma previsão de quase 150 mil postos de trabalho a menos em todo o país.
02:52Quais devem ser os setores mais atingidos, Flávio?
02:56Além dos setores diretamente atingidos na exportação, você vai ter impactos aonde?
03:04No comércio, no transporte.
03:06Lembrando que toda mercadoria, bens e produtos, ele circula.
03:10E muitas vezes ele circula várias vezes antes de virar o produto final.
03:14E você interrompe toda aquela cadeia produtiva.
03:16Então, os maiores impactos vão ser, além das cadeias atingidas diretamente pela exportação,
03:23que é óbvio, também nos seus fornecedores, na sua cadeia de suprimento.
03:28Falando aí, comércio, prestação de serviço e transporte,
03:32que não estão diretamente impactados pelo perifácio.
03:36Porque você não exporta serviço de transporte,
03:39você não exporta serviço de nenhuma natureza, nem o comércio interno.
03:43O comércio interno aqui, ele é impactado porque há uma queda da renda,
03:48com esse desemprego, e claro, isso reverbera no comércio.
03:51Então, é um ciclo vicioso, no caso, que como efeito é negativo,
03:56ele é um ciclo vicioso que vai reverberando em toda a economia.
04:00Vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
04:04Esse estudo, obviamente, não pode levar em conta uma possível ajuda do governo federal,
04:11uma tentativa de atenuar os danos.
04:13É claro que essa ajuda não implica reabertura de mercado.
04:18Supõe que possa haver uma reorientação dessas empresas,
04:20sobrevivência e depois reorientação dessas empresas,
04:23para mercado doméstico ou outro lá fora.
04:25Mas essa ajuda do governo pode ter um impacto
04:29para mitigar bastante desse efeito que vocês calcularam?
04:33Olha, na nossa avaliação, a exportação para os Estados Unidos,
04:37tem uma característica que as empresas que efetivamente têm competitividade
04:45de atuar no mercado americano têm um certo percentual alto
04:49da sua produção direcionada ao mercado americano.
04:53Então, isso acontece com o efeito, acaba sendo mais nocivo,
04:57porque elas terão dificuldade de redirecionar,
05:00até pela natureza da pauta de exportação para os Estados Unidos,
05:04que é uma natureza menos comoditizada que a pauta de exportação brasileira
05:09para outros países.
05:11A pauta, nos Estados Unidos, é essencialmente manufaturada,
05:15tirando ali comodos como petróleo, que não entraram no tarifácio.
05:18O que entrou no tarifácio é quase tudo, ou a maior parte,
05:24manufaturado, à exceção do café,
05:26que vive um momento, uma circunstância muito positiva
05:29no mercado internacional, que vai mitigar o impacto.
05:32Mas, via de tira, a exclusão do café e, eventualmente, carne, bovina,
05:37os outros produtos terão muita dificuldade de ser redirecionados.
05:41E é muito importante frisar também o ponto que nós temos levado
05:44ao governo brasileiro.
05:46Quer dizer, essa turbulência no mercado internacional,
05:49ela está levando a dois ataques.
05:51Um, pelo tarifácio, em que os nossos produtos perderão o mercado.
05:55E o segundo é que países que tiveram deslocamento da corrente de comércio,
06:00seja porque a demanda do mercado interno caiu,
06:03seja porque o tarifácio americano também bateu neles,
06:07estão redirecionando esse fruto de comércio para outros países.
06:11Então, o que nós estamos vendo é uma ação agressiva de dumping,
06:15estímulo de outros países às suas exportações,
06:18o que acaba gerando um segundo choque,
06:22pelo menos no parque industrial brasileiro,
06:24em que aumenta a invasão dos produtos importados,
06:27com preço abaixo do preço de custo,
06:30e reduz espaço para exportação.
06:33Então, sim, é muito relevante as políticas mitigatórias,
06:36é muito difícil abrir mercado nessa circunstância do mercado mundial.
06:40A melhor ação que o governo brasileiro tem que fazer nesse momento
06:44é também a ação de defesa comercial,
06:45como quase todos os países do mundo estão fazendo,
06:50protegendo os seus mercados para a manutenção da atividade econômica
06:54e para evitar uma invasão de produtos importados,
06:58fruto das ondas de desvio de comércio.
07:01Alberto.
07:03Flavio, é verdade que o Brasil vai exportar menos para os Estados Unidos,
07:07por isso que a gente está falando que vai ter uma queda no PIB a partir de agora,
07:12pode ser 0,2%, em função dos 2,2 previstos pelo boletim Focus.
07:18Mas essa mesma realidade Brasil e Estados Unidos acontece com os demais países
07:23que exportam para os Estados Unidos.
07:25Eles também vão ter um PIB menor, muito provavelmente isso.
07:29O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
07:32tinha uma previsão para esse ano, lá no primeiro trimestre,
07:35de que a gente teria um saldo comercial de 70 bilhões de dólares.
07:39No segundo trimestre, no segundo relatório, eles já mencionam 50 bilhões,
07:44uma queda de 32% comparado com o ano passado.
07:48A tendência no terceiro relatório é que seja menos ainda,
07:51que vai sair agora em outubro.
07:54Eles mencionam exatamente isso, que a economia mundial vai diminuir,
07:59não só a brasileira.
08:00Então, como é que se analisa o fato?
08:03Como é que o Brasil pode crescer ou tentar não crescer,
08:07mas não piorar tanto, tendo em vista que todos os parceiros
08:12ou opções de parceiros vão também ter as suas economias mais prejudicadas?
08:18Na verdade, o quadro tende ainda a ser pior,
08:22porque no primeiro semestre a gente já está vendo
08:26uma maior invasão dos produtos importados,
08:30frutos da primeira onda tarifária que foi contra a China.
08:33E esse movimento está crescente.
08:38E é por isso que o superávit está caindo,
08:41porque há um maior aumento das importações,
08:44principalmente em alguns segmentos manufaturados,
08:46que perderam espaço no mercado americano.
08:52Então, você está coberto de razão quando você aponta que a tendência é de queda.
08:58E caso a gente tenha queda também nos investimentos estrangeiros diretos,
09:03nós vamos ter um problema maior na nossa balança de pagamentos
09:07para financiar ali o nosso déficit da balança de pagamentos.
09:12Então, as duas forças somadas trazem risco aí para a economia,
09:16por isso que a gente está solicitando um acordo comercial.
09:20Com relação ao resto do mundo,
09:21é importante dizer que
09:23por que que no primeiro tarifácio,
09:26quando o Brasil ficou com a alíquota de 10%,
09:28nós da FIEM falamos,
09:30olha, dependendo, o impacto pode ser até positivo,
09:33depende da alíquota dos nossos concorrentes.
09:36A gente não poderia ter 10% e os concorrentes zero.
09:40Por que que o Brasil vai sofrer mais que o resto dos países do mundo?
09:44Porque hoje o Brasil está,
09:46é o segundo país mais tarifado do mundo,
09:48no tarifácio americano.
09:50Aqueles produtos brasileiros que entraram,
09:53entraram com tarifa de 50%,
09:54enquanto o restante dos blocos está com tarifa menor.
09:59Por isso, a tendência é que o prejuízo para o Brasil seja maior.
10:05Porque se tem um país com alíquota de 10%,
10:07ele vai deslocar as exportações brasileiras.
10:11Em que pese 10% para ele ficou pior,
10:13mas ficou melhor comparativamente ao Brasil com 50%.
10:18A discussão não é se você vai ter tarifa ou não,
10:20é que a sua tarifa é menor que a do seu concorrente.
10:24Se ela for menor do que o seu concorrente,
10:26você vai ter um ganho econômico.
10:29Então, terão países ganhadores e países perdedores.
10:32Na atual tarifa, o Brasil estará no bloco dos perdedores.
10:35Flávio, muito obrigada.
10:37Sempre bom te ouvir.
10:38Boa noite para você.
10:40Muito obrigado, Chão.
10:41Foi um prazer.
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