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André Perfeito, economista e sócio da APCE, analisou o efeito das tarifas dos EUA e da desvalorização do dólar sobre o Brasil. O país enfrenta duplo impacto em setores tarifados e busca estratégias para mitigar prejuízos e manter estabilidade econômica.

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Transcrição
00:00Temos aí, portanto, o tarifaço americano em vigor nessa segunda fase, nessa fase agravada, escalada.
00:08E nesse cenário, o Brasil, com 50% de tarifa sobre os seus produtos,
00:12enfrenta dificuldade de negociação com a Casa Branca, vai discutindo medidas para apoiar as empresas mais afetadas
00:19e reforça o diálogo com outros países.
00:22O mercado e o setor produtivo estão de olho em tudo isso e tentam administrar os impactos.
00:27Sobre esse novo contexto para a economia brasileira e mundial,
00:31a gente vai conversar agora com o André Perfeito, economista, sócio da APCE,
00:36nosso analista Vinícius Torres Freire, nem a Redopé, porque ele vai participar aqui da entrevista também.
00:41André, boa tarde para você, muito obrigado por mais essa valorosa participação ao vivo aqui com a gente no Radar.
00:47André, já dá para dizer a essa altura que o câmbio não vai ser um problema nesse tarifaço?
00:53Se a gente tem problema, o câmbio não vai ser um deles?
00:55Olha, Fábio, olá, boa tarde, você, Vinícius.
01:01Bem, primeira coisa, eu acho que o câmbio é o problema.
01:03A gente está vendo um fenômeno, que é o dólar perder força.
01:06Por que o dólar está perdendo força?
01:08Porque todo esse barulho que o Trump está fazendo, no limite, tem um único objetivo,
01:12desvalorizar a moeda norte-americana.
01:14Isso daí é bastante evidente, dado o privilégio exorbitante do que é ter o dólar.
01:20De tempos em tempos, os presidentes norte-americanos têm que conduzir um processo de, vamos dizer assim,
01:26de aparar as arestas, de ter uma situação onde você tem que, o presidente, fazer isso.
01:32Isso aconteceu com o Nixon em 1973, aconteceu com o Reagan em 1985.
01:37Era para o Obama ter feito, não conseguiu.
01:40Sobrou para o Donald Trump fazer.
01:41Por que eu estou colocando isso?
01:42Porque, dado o tamanho do déficit em transação corrente que os Estados Unidos têm,
01:46e também do pagamento atual de juros por lá, a solução tem que ser essa.
01:51Porque não adianta nada tributar em 15% o mundo, que o Neil está falando,
01:56se o dólar subir 15%.
01:57Isso daí seria uma loucura, já é...
02:01Bem, o Donald Trump é um autocrata, né?
02:04Na minha opinião, é quase um...
02:06Não sei nem o que é adjetivo usar para ele, né?
02:08Ele tem ameaçado o presidente de empresas, que nem se eles colocaram dentro de pé,
02:11teve, ameaçou os advogados, várias bancas de advocacia,
02:15demitiu o presidente de instituto de estatística dos Estados Unidos,
02:18porque não gostou dos números.
02:20Enfim, né?
02:21Isso tudo aí é Donald Trump.
02:22Mas o objetivo econômico do fundo é desvalorizar o dólar,
02:26e isso não é bom para o Brasil.
02:29No seguinte sentido, que as empresas que já foram taxadas vão sofrer agora com o câmbio também.
02:33É uma situação que vai ser bastante preocupante
02:35para os setores que foram efetivamente taxados.
02:37Quer dizer, não seria um problema inflacionário,
02:40mas tem outras questões decorrentes da queda, da desvalorização do dólar também.
02:45Exatamente.
02:46A gente tem que lembrar que os países que estão sendo taxados mais fortemente
02:49são países...
02:50Bem, a maioria dos BRICS, né?
02:51A gente tem o Brasil, agora a Índia com 50%.
02:55Bem, a Rússia nem se fala.
02:56Não tem nem o que taxar mais ou tarifar mais eles, né?
02:59A Índia está com...
03:01A Índia não, África do Sul está com 30%,
03:02mas alguns setores ali eventualmente podem ir para 50% também.
03:06Então, tem uma discussão política de fundo, mas eu insisto nesse ponto.
03:11Hoje a Bolsa subiu 1,5% aqui no Brasil.
03:13O que está acontecendo nos Estados Unidos é um problema maior em relação ao dólar.
03:17Isso daí tem a ver com as contradições deles terem a moeda global
03:21e o que o Trump está tentando fazer é resolver o problema,
03:24vamos dizer assim, de forma bastante...
03:25Colocar desse jeito criativo, né?
03:29Que ele tem feito ultimamente.
03:31Vinícius?
03:32André, boa tarde.
03:34É curioso um pouco, porque o mundo está em uma confusão,
03:37que a situação no Brasil esteja, nos ativos, nos preços dos mercados financeiros,
03:43esteja mais ou menos tranquila para quase melhorando relativamente.
03:48A gente tem uma situação fiscal ruim, mas está estabilizada na ruindade,
03:52não deve mudar tanto, está no preço em tese.
03:55A gente, claro, tem riscos ainda de sofrer ataques comerciais
03:59ou até mesmo em investimentos e em transações financeiras por causa do Trump,
04:03que é imprevisível, mas aparentemente o mercado acha que esse risco é pequeno
04:07ou não está ligando para ele.
04:09A gente tem uma inflação caindo muito lentamente,
04:12mas de qualquer modo os juros, da curva de juros está tendência de queda,
04:15as expectativas inflacionárias estão caindo,
04:17o dólar, por causa do mundo, está se valorizando
04:21e mesmo a confusão política interna no Brasil não está fazendo preço.
04:25Então, é isso mesmo?
04:26Os riscos estão precificados e a situação tende a melhorar
04:30pelo menos um pouquinho no front inflacionário
04:32e o pessoal deixa para ver como fica a situação fiscal?
04:35Estamos em uma situação estável e está tudo bem,
04:38apesar dessa confusão no mundo e na política interna?
04:40Não é curioso?
04:41Eu acho que assim, volta a questão do dólar se enfraquecer
04:45por conta de um problema mais estrutural da moeda norte-americana
04:49que de tempos em tempos eles têm que fazer isso,
04:51é disso que se trata.
04:52Se a gente não tiver, da minha opinião,
04:54se a gente não tiver isso em mente, vai ficar sempre estranho, né?
04:57Poxa, não está ruim para o Brasil?
04:58Como assim o real se aprecia?
05:00A gente tem que pensar isso em termos relativos.
05:02E relativos não só em relação ao real,
05:04as várias outras moedas, o DXY,
05:07que é uma cesta das principais moedas do mundo,
05:09também está se aprecia do ponto dólar na mesma chave.
05:13E para isso dizer uma questão sobre a dinâmica fiscal do Brasil
05:16que eu acho muito importante a gente ter em mente isso
05:19na seguinte perspectiva, Vinícius.
05:22Está ruim o Brasil?
05:23Está, mas o mundo está muito pior.
05:25Por que eu estou colocando isso?
05:26O nosso déficit esperado esse ano vai ser,
05:29se você está falando de 0,7,
05:30vamos supor que seja 1% do PIB o déficit primário esse ano.
05:34Se você pega os dados do FMI,
05:38a mediana dos déficits primários,
05:40mediana não, desculpa,
05:41a média dos déficits primários dos países desenvolvidos
05:43é em torno de 2, 2,5.
05:45Dos países em desenvolvimento, China incluso, é 4%.
05:49Então a gente tem que ter uma ideia que, assim,
05:52em termos relativos, o Brasil não está tão ruim que nem o resto.
05:56Apesar de tudo, apesar de todo esse ruído,
05:59apesar dessa questão que foi colocada
06:02em termos políticos com o Brasil de forma muito pesada,
06:05não aconteceu isso em nenhum outro lugar do mundo,
06:07não tem o que o governo negociar.
06:09Mas eu acho que o mercado ainda pode se animar,
06:12nesse sentido,
06:13muito por conta desse fluxo externo
06:16que entende como relativamente menos pior,
06:19eu vou colocar desse jeito,
06:20o Brasil do que o resto do mundo.
06:23André, ainda insistindo na questão do dólar,
06:26que é um ponto muito importante do teu raciocínio,
06:30da tua explicação,
06:31essa persistência do dólar,
06:33e agora frequentando ali mais a casa dos 5,40 e alguma coisa,
06:37isso vai, de alguma forma,
06:39aumentando a chance de queda na Selic ainda esse ano?
06:43Isso está, de alguma forma, no radar?
06:46Olha, está caindo 0,67.
06:49Olha, cair a Selic,
06:51talvez não seja o caso.
06:53Talvez. Por quê?
06:54Porque hoje, por exemplo,
06:55a gente tem visto a inflação a curto prazo,
06:57alimento está se comportando bem,
06:59mas algumas tarifas internas,
07:02preços administrados,
07:03estão um pouco mais pressionados.
07:04Eu acho que até haveria espaço,
07:07porque quando você pega os índices gerais de preços e GPMs,
07:11eles têm apontado aí para alguma deflação,
07:14diminuiu a deflação já recentemente,
07:16mas deflação na variação mensal,
07:18e se você pega as projeções de GPM para o final de 2025,
07:22está em torno de, abaixo de 2%,
07:24se não me engano.
07:25Então, daria.
07:26Só que do lado da autoridade monetária,
07:28ainda mais o estilo do presidente, o Gabriel Galípolo,
07:32não me parece que ele vai dar sorte para o azar agora,
07:35depois desse esforço todo.
07:36Eu acho que o mercado está esperando algum corte
07:39para o início do ano que vem,
07:40mas que nem foi colocado aqui,
07:41os juros mais longos,
07:43que tem a ver com a discussão que o Vinícius colocou também,
07:47os juros mais longos estão caindo no Brasil.
07:49Então, por incrível que pareça,
07:51o juro ficar parado talvez seja melhor,
07:53porque faz com que os juros mais longos caiam,
07:55o que é o que é fundamental para investimento,
07:58para outras questões econômicas,
08:01do que propriamente a taxa selic.
08:02Então, eu acho que não deve ter algum corte de juros esse ano,
08:05pelo menos não me parece ser o caso ainda.
08:08André, agora, do lado da atividade,
08:12é possível que a gente tenha aí,
08:14o que se diz tanto dos Estados Unidos,
08:16mas a gente possa talvez dizer para o Brasil,
08:19um pouso suave,
08:20a gente pode ter uma desinflação com um crescimento de 2% agora,
08:25pelo menos, e 2% no ano que vem,
08:28dado o tamanho da paulada de juros,
08:32sairia barato.
08:33Você está vendo realmente que a desaceleração da atividade
08:37vai ser pequena e vai parar por aí nos 2%?
08:42Ou não?
08:43A gente está otimista demais dessa vez.
08:44Olha, Virícius, eu acho que a notícia ruim é que está bom,
08:48no seguinte sentido,
08:49o nível de mercado de trabalho está tão bom,
08:51o mercado de trabalho,
08:52que isso daí sugere, entre outras coisas,
08:54dado a massa salarial, por exemplo,
08:56termos reais ainda lá em cima,
08:58você tem um nível de atividade mais forte.
09:00Por isso mesmo, o Banco Central tem sido cauteloso
09:02importar a taxa de juros,
09:03ou indicar isso,
09:05porque ele está olhando muito a inflação de serviços.
09:07Agora, eu acho que existe uma tendência da economia
09:11e também desacelerando,
09:14muito por conta, nem da taxa em si,
09:17que é elevada, 15% é elevada.
09:19Estamos falando de uma taxa IPCA a mais,
09:22uma taxa real de 7%.
09:23É bastante coisa o que a gente está colocando aqui no Brasil.
09:27Só que o que vai fazer desacelerar a economia,
09:29eu acho que é o nível de alavancagem de famílias e de empresas.
09:31O remédio taxa de juros é mais potente
09:36num canal de transmissão bastante alavancado que o atual.
09:40Eu acho que isso pode acontecer, realmente eu acho.
09:43Só que dado o dinamismo do mercado de trabalho brasileiro,
09:47é difícil também que isso aconteça rapidamente.
09:50Mas, de forma geral,
09:51a gente está vendo uma expectativa de inflação
09:53que está ainda alta, obviamente,
09:56mas um pouco mais comportada.
09:58E um PIB que se crescer 2% esse ano,
10:00ou coisa do tipo, está de bom tamanho.
10:03Eu acho que não é essa questão toda.
10:05Agora, o que vai me chamar a atenção nas próximas semanas
10:08é como vai ser feita a reação do governo brasileiro.
10:11Porque, se eu estou certo a respeito do câmbio,
10:15os setores que forem tarifados vão sofrer duplamente.
10:19Por isso que eu falei, Fábio,
10:21da ideia de que é um duplo impacto,
10:23a tarifa mais câmbio.
10:25Isso daí pode parecer uma boa notícia,
10:27mas, como tudo nesse mundo,
10:31hoje em dia não é tão preto no branco, por assim dizer.
10:35André Perfeito, economista, sócio da PCE.
10:37Obrigado, André, por mais essa participação aqui.
10:40Bom restinho de semana para você.
10:42E eu que agradeço.
10:43Um abraço a todos.
10:44Um abraço. Valeu.
10:45Obrigado, Vinícius, também, pela participação.
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