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O FMI revisou para cima a projeção do PIB brasileiro em 2026, de 2% para 2,1%. Mas essa estimativa não considera os impactos do tarifaço de Donald Trump. Em entrevista ao Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, o economista Paulo Feldman, professor da FIA Business School, analisa os possíveis efeitos da guerra comercial EUA-Brics, o papel estratégico da Índia, a desaceleração da China e os riscos ao sistema bancário chinês.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00O Fundo Monetário Internacional revisou para cima o Produto Interno Bruto Brasileiro em 2026.
00:06Trata-se de um aumento de 0,1 ponto percentual, de 2% para 2,1%.
00:12O resultado faz parte do relatório Perspectivas Econômicas Globais.
00:18Ainda de acordo com o FMI, a média mundial do PIB deve crescer pouco,
00:24tanto esse ano, o restinho dele, como o ano que vem.
00:26E os dados não consideram os efeitos do tarifácio de Donald Trump.
00:32Eu converso agora com o economista Paulo Feldman, professor da FIA Business School
00:38e quem sempre nos atende aqui com muita qualidade.
00:42Professor Feldman, essa notícia de que o mundo vai crescer em 2025, 2026, pouco.
00:49O PIB vai aumentar um pouquinho, sem levar em consideração o tarifácio de Donald Trump,
00:58a gente tem aí uma meia notícia, uma interpretação ainda muito em que faltam subsídios para a gente chegar a uma conclusão.
01:08Mas vamos com os dados concretos que nós temos.
01:10O mundo crescendo pouco.
01:12Isso tem a ver mais com o que?
01:15Ainda tem alguma ligação com a administração Trump, com essa guerra pela hegemonia do século XXI com a China,
01:23que está por trás desse baixo crescimento?
01:27Boa noite mais uma vez.
01:28Marcelo, boa noite. Muito obrigado pelo convite.
01:31É um prazer enorme estar aqui com você e com todos que assistem a Times Brasil.
01:38Veja, a vida dos economistas está muito difícil.
01:44Você perceber, os próprios ministros brasileiros estavam há três dias atrás dizendo que não havia nada a fazer,
01:54que as coisas estavam muito difíceis, que as taxas iam ser realmente de 50%.
02:00E hoje você vê que os ministros já mudaram o tom e acham que há possibilidade de negociação.
02:09E você mesmo apresentou agora há pouco o secretário de Comércio americano falando que alguns produtos naturais
02:18que não existem nos Estados Unidos não serão taxados.
02:22Taxa zero.
02:24Uma notícia muito boa para o Brasil.
02:26Café, por exemplo, não tem nos Estados Unidos.
02:28Então vai entrar com taxa zero.
02:31Mas veja, então está tudo muito incerto.
02:35Essa projeção do FMI, como você mesmo disse,
02:38ela foi feita antes do anúncio do tarifácio de 50% para o Brasil.
02:46Bom, a situação é a seguinte.
02:49Haverá certamente uma deterioração da economia brasileira neste segundo semestre.
02:57Isso é certo, porque por várias razões.
03:00Se o tarifácio acontecer de 50%, será muito ruim.
03:05Diminuiremos as nossas vendas, teremos que procurar novos mercados.
03:10Procurar novos mercados é difícil, não se faz meio ano.
03:15Então, o ano de 2025 realmente vai fechar muito mal e o ano de 2026, 2026, consequentemente,
03:23começará rodando muito devagar.
03:28Começará com um crescimento do PIB muito pequeno, se houver.
03:33Então, a situação está difícil, porque estamos no meio do furacão agora.
03:39Talvez, na semana que vem, já saibamos melhor o que poderá acontecer.
03:45De qualquer forma, eu não vejo uma catástrofe à frente.
03:51Eu acho que sim, a projeção do FMI é relativamente correta,
03:55porque haverá uma grande queda na taxa de crescimento do PIB do ano que vem.
04:00Mas, por pior que seja o tarifácio agora do presidente Trump, o Brasil tem alternativas.
04:09Por exemplo, a agricultura brasileira é a mais competitiva do mundo.
04:15Não é uma das mais, é a mais.
04:17Então, se alguém quer comprar produtos agrícolas baratos, tem que procurar o Brasil.
04:23E a China anunciou agora, dois dias atrás, que ela tem muito espaço ainda
04:30para alocar produtos agrícolas e minerais brasileiros,
04:35porque os minerais brasileiros também estão competitivos.
04:39Então, esse segmento de produtos agrícolas e minerais,
04:45o Brasil não sofrerá muito impacto.
04:47Poderá sofrer algum impacto nesses meses agora, de agosto a dezembro,
04:53enquanto os produtores têm que sair à busca de novos mercados.
04:59Mas isso se resolverá facilmente para eles, porque são muito competitivos.
05:05Já no caso da indústria, dos produtos manufaturados,
05:10como, por exemplo, componentes, peças que nós vendemos para fabricantes americanos,
05:16aviões que a Embraer vende para os Estados Unidos,
05:20tudo isso será mais difícil para o Brasil encontrar novos mercados,
05:25porque não somos tão competitivos.
05:28Vendemos para os Estados Unidos por uma série de razões
05:32que são 50 anos de relação comercial muito boa.
05:37Então, já conhecemos muito bem os compradores norte-americanos,
05:42eles estão acostumados conosco, com os nossos produtos.
05:45A Embraer fez um trabalho incrível de abrir o mercado americano.
05:52Tudo isso foi muito bom.
05:54Agora, se tivermos que buscar novos países para os produtos industriais,
05:59teremos dificuldades.
06:00Talvez a Embraer um pouco menos,
06:02porque a Embraer realmente é uma empresa muito competitiva.
06:05Mas a indústria como um todo, a indústria brasileira,
06:08não terá a mesma facilidade que a agricultura ou o setor de migração.
06:13E isso, talvez, vá atrapalhar muito os nossos números.
06:18A indústria, afinal de contas, se reduziu muito nesses últimos anos,
06:22mas ela ainda é um segmento importante que representa cerca de 12% a 15% do PIB brasileiro.
06:30Então, essa tem que ser a nossa preocupação.
06:35Como que os nossos industriais vão buscar novos mercados?
06:39Mas, insisto que isto, se realmente o presidente Trump mantiver a taxa de 50%,
06:48o que poderá não acontecer.
06:51Porque, por exemplo, a negociação com a Europa foi uma negociação muito boa
06:55para todos, na minha opinião.
06:57Os europeus estão reclamando um pouco,
06:59mas a taxa média deles ficou em 15%.
07:01A taxa média que o presidente Trump está conseguindo, na maioria das negociações,
07:08é em torno de 20%.
07:10Será que o Brasil vai ter uma taxa de 50% se o mundo inteiro está na média de 20%?
07:16Acredito que não.
07:17Então, talvez nós não tenhamos que ficar tão desesperados
07:22e talvez a gente vá ter um número positivo.
07:27Eu estou relativamente otimista,
07:29hoje acompanhando a posição dos ministros brasileiros agora a pouco.
07:35Professor Feldman, a gente tem mais uns dois minutinhos de papo,
07:38mas eu queria que o senhor me ajudasse pelo seu conhecimento
07:40mais na visão macro da economia global.
07:43A gente falou do micro aqui numa relação Estados Unidos-Brasil,
07:46mas me chamou muito a atenção aqui algumas das previsões do FMI.
07:51Quando o FMI fala da economia global,
07:55que tem, depois de uma queda em 2025,
07:58uma pequena queda para 2026 de 0,1 ponto percentual,
08:03a zona do euro ali fora daquela zona de classificação para libertadores,
08:081% está ali no meio do caminho,
08:12a China, que tem uma redução sensível,
08:17porém já está num patamar de 5%,
08:20mas deixei o último para o final aqui.
08:23A Índia, deixei talvez o mais impactante para o final.
08:26A Índia, na casa dos 6%,
08:29que talvez esteja ali estável,
08:31continua 6,4% em 2025,
08:356,4% em 2026.
08:39Qual que é a explicação, rapidamente, professor Feldman,
08:43para a Índia e China?
08:44A China menos.
08:45Acho que a Índia já cresceu muito,
08:48já está mais anabolizada,
08:49não tem mais espaço para crescer.
08:51Agora, a Índia está aproveitando esse espaço de crescimento?
08:55E só para encerrar e devolver a palavra para o senhor,
08:58para um minutinho aí,
09:00eu tive contato recentemente com um diplomata chinês,
09:05ele me disse o seguinte,
09:06olha, a China tem o melhor presidente do mundo,
09:09Donald Trump é o melhor presidente que a China poderia ser.
09:12A gente está vendo um espaço,
09:13os Estados Unidos estão dando um espaço de um crescimento
09:15para a China e Índia,
09:16que talvez nós não tivéssemos em outra administração?
09:20Sim, Marcelo,
09:21essa sua pergunta é ótima,
09:23mas a gente tem que ver o seguinte,
09:25o FMI é uma instituição financeira,
09:29financeira,
09:30que lida com os bancos,
09:33com dívidas internacionais,
09:39e então ele tem o cacuete,
09:41o viés do banqueiro.
09:43E a China tem um grande problema neste momento com os seus bancos.
09:48Há um risco, já faz tempo que há um risco de quebra
09:51em bancos chineses,
09:53que se acentuou agora nesses últimos meses.
09:57Vários bancos chineses estão com problemas,
10:01com uma inadimplência muito alta,
10:05e o FMI enxerga, então, principalmente a ótica do FMI,
10:10a ótica do banqueiro,
10:11que olha principalmente para os bancos.
10:13Se há um lugar do mundo, neste momento,
10:16onde os bancos atravessam uma situação difícil,
10:20é a China.
10:21Então, é muito provavelmente por isso
10:23que o FMI fez uma projeção bem pessimista para a China,
10:34por conta de que essa inadimplência é crescente
10:37e pode crescer ainda mais,
10:39porque justamente a China é o país que mais está sendo prejudicado
10:43pelos tarifatos do presidente Trump,
10:46onde a tarifa até esse momento foi a maior
10:48e será muito maior pelo que o presidente Trump vem anunciando.
10:52Ainda não se chegou a uma negociação final com a China.
10:55Houve melhoras, houve prorrogação do prazo,
10:57mas pode ser que a China seja o país que sofra mais,
11:00porque, afinal de contas,
11:02o maior inimigo dos Estados Unidos hoje é a China.
11:05Então, é muito provável que o presidente Trump
11:07coloque uma tarifa muito alta ao final da negociação para a China.
11:10Bom, nesse caso, a situação interna da China vai piorar.
11:14Como os bancos chineses já não estão muito bem,
11:17se houver um banco ou dois quebrando na China,
11:20isso cria uma situação terrível para eles.
11:23É por isso que o FMI deve estar colocando essa situação
11:26que já não acontece em outras regiões do mundo.
11:30Não há perigo de quebradeira de banco na Índia,
11:33ou na Europa, ou na América Latina.
11:36Os Estados Unidos, a projeção do FMI,
11:41projeta um número um pouco menor de crescimento
11:45para a economia americana justamente porque
11:47os Estados Unidos começam agora a enfrentar uma inflação
11:51e que pode se acentuar com o tarifácio,
11:54porque o tarifácio para os Estados Unidos não será bom,
11:58pelo menos no primeiro momento,
12:00porque os americanos vão ter que procurar novos fornecedores,
12:03esses novos fornecedores dificilmente vão praticar
12:07os preços que vinham sendo praticados nos Estados Unidos
12:09e não será possível nos Estados Unidos pagar 50% de tarifa.
12:14Aliás, quem paga as tarifas não é o governo americano,
12:17é o consumidor americano,
12:19e isso vai resultar em inflação para os Estados Unidos.
12:22Então, a projeção dos Estados Unidos é natural
12:24que ela seja um pouco menor.
12:26Agora, é de todas as projeções que você mostrou,
12:29Marcelo, que destoa mais é a da China,
12:31mas é por conta da situação dos bancos chineses
12:34que não estão em um momento muito bom atualmente.
12:37Excelente leitura, obrigado pelo esclarecimento, antes de tudo.
12:41Conversei com o Paulo Feldman, professor da FIA Business School,
12:45e sempre alguém muito atencioso em nos ajudar a desembaraçar
12:51esses nós da economia.
12:52Professor Feldman, muito obrigado mais uma vez,
12:55até uma próxima oportunidade.
12:56E aí
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