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Edson Paulo Domingues, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade (Cedeplar), explicou no Real Time como as tarifas americanas podem impactar o PIB brasileiro em até 0,26 ponto percentual, cerca de R$ 31 bilhões. Ele detalhou setores mais afetados, efeitos das medidas governamentais e a importância da diversificação das exportações.

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Transcrição
00:00O impacto direto do tarifácio seria uma perda de 0,26 ponto percentual do PIB brasileiro,
00:06algo em torno de R$ 31 bilhões.
00:09A gente vai conversar sobre esse estudo do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG,
00:14que é a Universidade Federal de Minas Gerais, com o Edson Paulo Domingues,
00:17pesquisador do CDPLAR, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
00:22da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade.
00:25Bom dia, professor. Seja bem-vindo.
00:27Bom dia, obrigado pela disponibilidade.
00:30Professor, como se chegou a esse número?
00:33Nós temos usado uma série de modelos matemáticos e previsão econômica aqui desenvolvidos do CDPLAR
00:39para chegar nesse número.
00:41Então é importante a gente levar em conta não só das tarifas que os Estados Unidos estão colocando
00:45em relação ao Brasil, como as tarifas também colocadas em relação aos outros países
00:49e a retaliação, por exemplo, da China, que foi o único país que efetivamente aumentou
00:54suas tarifas de importação em relação aos Estados Unidos.
00:56Então, levando tudo isso em conta, mais a estrutura produtiva da economia brasileira,
01:01as exportações para o mercado americano, essa substituição possível de origens e destinos
01:06de comércio internacional, a gente chega nessas estimativas.
01:10Essa estimativa que vocês fizeram, ela já contempla a isenção de 700 itens dessa tarifa?
01:18Exato. A gente já está pegando a última versão, a princípio vai estar em vigência nos Estados Unidos
01:23em relação ao Brasil, que é a tarifa de 50% para a maioria dos produtos e as exceções de 10%
01:30para alguns produtos específicos que foram anunciados e a princípios estão efetivas a partir da semana passada.
01:38Bom, na visão de vocês, quais são os setores que vão ser mais impactados no fim das contas com as tarifas,
01:44já considerando tudo isso?
01:45A gente tem aqueles impactos mais usuais sobre produtos agrícolas e agro exportados para os Estados Unidos
01:55que não estão nas exceções, café e outros produtos.
01:59Vários produtos da indústria, do setor industrial, máquinas, equipamentos, metais, produtos eletrônicos,
02:06equipamentos elétricos estão nessa lista de tarifas mais altas.
02:10Então, são setores que provavelmente têm um impacto maior e alguns setores beneficiados que a gente pegou
02:16nos nossos modelos são setores que podem se aproveitar da imposição de retaliação da China,
02:22por exemplo, a exportação brasileira de soja tomando lugar da exportação norte-americana de soja
02:28para o mercado chinês.
02:30Esse seria um dos únicos setores beneficiados nessa rodada atual de tarifaço por parte da economia norte-americana.
02:38Esse pacote de ajuda que o governo promete para essa semana,
02:42ele tem o potencial de mudar um pouco essa previsão de vocês de desaceleração do PIB?
02:47É, quanto mais você atuar no sentido de diversificar os mercados das exportações brasileiras
02:53para, entre essas, fugir do bloqueio e das tarifas norte-americanas, melhor.
02:58É um elemento natural de mercado que essa diversificação de exportações ocorra,
03:04mas se isso puder ser acentuado ou se tornasse mais rápido, menor seria esse impacto.
03:11Mas, de qualquer forma, é uma situação de comércio internacional que vai se modificar profundamente
03:17dado essas tarifas no mercado norte-americano.
03:21Mas eu queria até explorar também esse outro lado que eu disse do pacote do governo,
03:25porque uma das medidas que foram aventadas aí é o governo comprar uma parte da produção,
03:29por exemplo, de quem produz manga, uva no sertão nordestino, melão também no Ceará,
03:37para ajudar, enfim, a absorver um pouco desse impacto.
03:40Essas medidas, além também de empréstimos subsidiados,
03:43você acha que ela tem o potencial de diminuir um pouco esse impacto?
03:48É, sei que tem um potencial, você está deixando de ter uma demanda importante dos Estados Unidos
03:52para produtos agro, produtos desses perecíveis que iam ser exportados,
03:56então se você tem uma demanda que vai substituir a demanda externa,
04:01pode ser interessante, mas tem que pensar que todo esse esforço de políticas públicas
04:07tem um custo de recursos, o custo de subsídios, de empréstimos, etc.
04:12Então há um custo econômico também dessas medidas que devem ser levadas em conta,
04:17embora eu acho que no curto prazo, no médio prazo, elas seriam importantes
04:20para desafogar um pouco essa produção que não vai ser mais exportada.
04:26Você falou sobre diversificar exportações, que de fato é algo importantíssimo,
04:31mas nos modelos de vocês aí, que peso que tem, por exemplo, o mercado interno?
04:35Você acha que o mercado interno pode absorver um pouquinho mais,
04:38do que o esperado, dessas mercadorias que de repente vão deixar de ser exportadas
04:43para os Estados Unidos?
04:45Exatamente, no nosso modelo a gente também leva em conta
04:48que o mercado interno vai absorver parte da produção,
04:50porque um resultado meio natural desse tipo de tarifácio,
04:55de aumento de barreiras de comércio,
04:58é a queda do produto no mercado internacional e no mercado doméstico.
05:02Então a queda desses preços vai fazer com que o mercado doméstico
05:07absorva mais é dessa produção.
05:09Então isso também já é levado em conta das nossas análises.
05:13A UFMG não é a única a colocar o impacto nesse patamar aí.
05:18A gente já viu aqui outras consultorias privadas, inclusive,
05:22colocando que o impacto deveria ser de 0,1 até 0,3, 0,3 ponto percentual do PIB.
05:29O que mostra o quê, professor?
05:30Mostra que, apesar de estar afetando alguns setores com força,
05:34no geral da economia, esse tarifácio americano não chegou a ser
05:38uma bomba atômica, como muita gente temia.
05:41Mas ele também traz outros reflexos indiretos que são importantes
05:45para a economia brasileira.
05:46Por exemplo, se uma grande empresa multinacional pensava em usar o Brasil
05:51como base exportadora para os Estados Unidos,
05:54dependendo do setor em que estiver atuando,
05:56isso daí já vai por água abaixo.
05:58Tem esse fator de incerteza aí na economia que é importante também.
06:01Exatamente, isso é muito importante.
06:04O próximo passo das nossas pesquisas é avaliar o quanto isso vai afetar
06:08as decisões futuras de investimento.
06:10Essa realocação produtiva de fábricas, de investimentos globalmente,
06:16é um ponto importante de ser analisado.
06:19A gente ainda não chegou nessa fase,
06:20mas é uma fase importante de ser analisada,
06:23a gente espera fazer isso no futuro.
06:24Como você disse, é um impacto da realocação,
06:27que a gente chama de produção de investimentos,
06:29dados essas tarifas nos Estados Unidos,
06:33e eventual retaliação de outros países também,
06:35que a gente ainda não viu no momento, mas pode ocorrer,
06:37isso pode afetar profundamente essa destinação de investimentos globais.
06:42Então, essa é uma próxima etapa,
06:44que acho que a gente ainda não...
06:45Esse impacto de médio prazo,
06:47todo mundo está estimando mais ou menos nessa faixa,
06:50ainda não está levando em conta esse outro efeito.
06:52Bom, a gente vê um clamor aí de grande parte,
06:56se não a maioria dos empresários,
06:57para que o Brasil não anuncie uma retaliação contra o Donald Trump,
07:01com medo, obviamente, dele dobrar a aposta
07:03e de inviabilizar ou até tirar a isenção de alguns produtos.
07:08Mas quando a gente fala, pelo menos no médio prazo,
07:11você acha que vai chegar um momento em que alguns setores,
07:14pelo menos da indústria brasileira, vão dizer,
07:17olha, está difícil a situação como está,
07:19eles cobrando 50% da gente, a gente não cobrando isso deles,
07:23isso está machucando a indústria brasileira.
07:25Você acha que isso vai acabar forçando o governo
07:28a, em algum momento, também colocar tarifas agressivas
07:31contra os Estados Unidos, pelo menos para proteger alguns setores?
07:36Eu acho que não, porque você colocar uma tarifa de importação
07:40mais alta no seu mercado é colocar um imposto sobre a sua economia.
07:43Então, o único país que provavelmente seria mais afetado
07:46por um imposto de importação retaliatório do Brasil
07:49seria o próprio Brasil.
07:51E os mercados, as nossas importações comparadas com as nossas exportações
07:54são cadeias produtivas muito distintas.
07:57Então, você estaria, na verdade, prejudicando outros segmentos
07:59ao tentar proteger alguns segmentos.
08:02Então, não é uma retaliação,
08:05provavelmente não é uma boa atitude
08:08por parte da política comercial brasileira
08:09nesse momento, nem no futuro,
08:12por causa dessas cadeias produtivas.
08:13Então, provavelmente a melhor estratégia, como você falou,
08:17a gente tem falado, é diversificar os destinos das exportações
08:20e evitar um aumento de custos internos
08:24que você teria, obviamente, com o aumento das tarifas de importação,
08:28a não ser que você andeasse outros fornecedores internacionais
08:31que pudessem substituir a importação norte-americana
08:34a um custo razoável, ao mesmo custo.
08:36Aí, sim, seria uma retaliação mais inteligente.
08:39Edson Paulo Domingues, pesquisador do CDPLAR,
08:43o Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
08:45da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.
08:48Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
08:50Bom dia.
08:52Obrigado, bom dia.
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