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A sócia tributária da Bratax, Renata Marante, analisou como o tarifaço de Donald Trump impactou o Brasil em apenas um mês e meio, reduzindo 0,2% do PIB e afetando setores como agro, calçados, pescado e café. Estratégias legais e novos mercados entram no radar dos exportadores.

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Transcrição
00:00Cerca de um mês e meio depois do início do tarifácio de Donald Trump, quais os impactos para a nossa economia?
00:07Sobre isso eu vou conversar com a Renata Marante, sócia tributária do escritório Bratax, que já está aqui no estúdio comigo.
00:13Renata, boa noite para você. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:16Bom, as estimativas são de uma redução de 0,2% no nosso PIB.
00:21Isso condiz com o acompanhamento que vocês estão fazendo?
00:24Condiz, Cris, condiz sim, porque realmente os Estados Unidos é um mercado muito relevante para os exportadores brasileiros.
00:32Como acabou de ser dito, o café, mas também carne e outros produtos têm um destino para os Estados Unidos muito relevante.
00:38O que a gente já percebe é um cancelamento de contratos, algum tipo de ruptura, então sim o impacto já está sendo sentido.
00:45Preços subindo por lá.
00:47Muito, muito.
00:48Quais foram os setores mais impactados aqui até agora por causa do tarifácio?
00:53Nós tivemos, por exemplo, as questões de pescado, navios de pescado que estavam indo, que foram interrompidos no meio do caminho.
00:59Super perecível.
01:00Super perecível.
01:02Calçados, próprio café e carne que mencionamos.
01:05Então, o agro, a depender de onde a gente está falando, o agro foi muitíssimo impactado também.
01:10Então, os mais diversos, é muito pulverizado.
01:12Daí a importância de se avaliar alternativas para isso.
01:16O que os exportadores brasileiros podem fazer para mitigar esses efeitos?
01:19A gente tem um mês e meio do início do tarifácio.
01:22É tempo suficiente para sabermos mesmo o prejuízo real provocado por essas tarifas?
01:27Talvez a gente não consiga ter uma precisão, uma estimativa tão concreta.
01:32Mas é um tempo mais do que suficiente para os exportadores pensarem em alternativas.
01:37Porque medidas já são necessárias.
01:39É claro que a gente está num cenário de incertezas.
01:42Tudo está mudando de uma maneira muito dinâmica.
01:44A gente viu hoje esse movimento do Senado americano.
01:46A gente não sabe, inclusive, se novas medidas restritivas serão impostas.
01:50Mas o fato é que é um tempo mais do que suficiente para a gente avaliar o que eu, como exportador, posso fazer.
01:57Eu não posso ficar dependendo só do governo brasileiro em termos...
02:00E é claro que é necessário em termos de acesso a tribunais nos Estados Unidos, acessar o OMC,
02:06trazer planos, por exemplo, de melhorar um financiamento mais barato, postergar atributos.
02:11Ou ficar contando até com o movimento que está acontecendo nos Estados Unidos.
02:13Porque muitos americanos foram impactados.
02:17Então, há associações buscando, de fato, tribunais americanos.
02:21E agora o próprio Senado se movendo.
02:23Mas em que medida os exportadores não podem fazer?
02:25E nesse tempo, sim, já é suficiente para avaliar medidas.
02:29Avaliar regimes, avaliar medidas extremamente dentro da legalidade,
02:34perfeitamente jurídicas, que podem mitigar esse efeito.
02:37E quais foram as principais medidas, os principais resultados que vocês conseguiram chegar nesse estudo, nessa avaliação de vocês?
02:45Olha, tem diversos caminhos que a gente pode pensar.
02:47A gente pode pensar que, desde o básico, que é olhar contrato.
02:52E a gente sabe, muitas vezes, que o mercado hoje do comércio exterior é extremamente dinâmico.
02:56Ele é muito dinâmico.
02:57Então, você não tem contrato firmado de uma maneira tão formalizada.
03:00Mas você começar a se preocupar com contratos e determinadas cláusulas,
03:04que para situações como essa de adversidade, te permite uma renegociação,
03:09é extremamente importante.
03:10Para você não ficar vulnerável para um cancelamento de um contrato,
03:14de repente, com você, com uma produção já em curso.
03:17E você vai fazer o que com esse produto, se de repente ele é tão customizado?
03:20Mas você tem coisas muito além do contrato.
03:22Vocês têm medidas dentro ali do que o direito tributário e o aduaneiro te permitem usufruir.
03:26Por exemplo, existe um regime aduaneiro dos Estados Unidos muito antigo,
03:30da década de 80, que agora todo mundo está falando que é o first sale.
03:35Então, é uma possibilidade de você, do importador americano,
03:39adquirir esse produto numa cadeia em que você tem vários níveis na cadeia.
03:44Desde o fabricante, você vai passar por distribuidores,
03:47usando o preço lá do fabricante e não o do distribuidor.
03:50E é legítimo.
03:51É evidente que tem requisitos que precisam ser feitos, mas isso é viável.
03:54Outras formas da gente trabalhar isso, passa por uma reengenharia,
04:00tanto do produto, quanto da logística.
04:02E aqui a gente tem que ter muita cautela, porque a gente começa a perceber no mercado
04:05alguns movimentos temerários que vão trazer um ônus ainda maior.
04:09Por exemplo, o transshipment.
04:11Muita gente começou a falar de transshipment. O que é isso?
04:14Então, o problema dos Estados Unidos está com a origem do produto.
04:17Origem Brasil.
04:18Ah, então em vez de eu emitir a minha fatura pelo Brasil,
04:21eu vou faturar pelo Uruguai, por exemplo.
04:24Vou faturar pelo Uruguai, ou até mesmo eu levo a minha carga para lá.
04:28Você faz uma triangulação.
04:29Perfeito. Eu levo efetivamente a minha carga e saio do Uruguai.
04:32Essa mercadoria, ela se transformou em Uruguaia de forma alguma.
04:36E o governo americano está olhando isso com lupa.
04:38Mais do que isso, o governo americano já deixou claro que se detectar a situação de transshipment,
04:42para além da tarifa de 50%, vai vir um pênalti de 40%.
04:46Então, não pode ser tão simplista no sentido de só trocar o My Voice.
04:52Agora, existe um instituto chamado Regra de Origem.
04:56Regra de Origem é você trocar de maneira efetiva a origem daquela mercadoria.
05:01Por quê?
05:01Hoje em dia, a nossa cadeia de suprimentos, ela está muito pulverizada por diversos países.
05:06Não é mesmo?
05:07Então, você não vai ter tudo produzido aqui no Brasil.
05:09Você tem insumos de diversos locais.
05:11Por que não a gente pegar esses insumos de diversos locais e realmente levar a finalização dessa industrialização para um outro país?
05:19Isso é possível e é legal.
05:21É legítimo.
05:22É 100% legítimo.
05:23Então, você realmente faz uma transformação tão relevante naquele produto, num outro país que não é o Brasil,
05:29que a gente chama de salto tarifário.
05:32Todo produto tem uma classificação, um conjunto de oito números,
05:35que é como se fosse uma linguagem, para dar uma linguagem mais harmônica ao redor do mundo.
05:41Então, ele tem esse códigozinho de oito números.
05:43E se você tem uma transformação tão importante naquele produto, você muda esse código de oito números.
05:49E isso, por si só, já é suficiente para você falar que é uma outra origem.
05:54E isso é legítimo.
05:55Mas de que forma isso afetaria os nossos exportadores?
05:57Os nossos exportadores?
05:59É claro que hoje a gente está num formato muito global.
06:02E dificilmente a gente tem só uma entidade aqui no Brasil exportando.
06:06Então, geralmente ela está dentro de uma estrutura maior.
06:09Então, pensando em termos de grupo e âmbito global, isso é possível.
06:12Agora, se a gente está pensando num exportador sozinho que realmente não está inserido,
06:16também dessa perspectiva da mudança da classificação.
06:19E por quê?
06:20Essa classificação de mercadoria é um tema que a gente conhece bastante aqui no Brasil.
06:25A gente já viveu isso.
06:26Eu acho que o exemplo mais emblemático foi o sonho de Valsa.
06:29Que a gente mudou a fórmula do sonho de Valsa, a receita do sonho de Valsa,
06:34para que ele tivesse uma nova classificação de mercadoria, que a gente chama de NCM,
06:38e tivesse um outro IPI.
06:39No mercado internacional funciona igual.
06:41O que o exportador brasileiro pode fazer?
06:43Uma blusa, por exemplo.
06:44A determinada composição têxtil que você tem dessa blusa,
06:47te leva para uma NCM, te leva para uma classificação.
06:50E se eu mudar a composição têxtil dessa blusa?
06:53Ela me permite, de uma maneira legítima, mudar de NCM, mudar de classificação,
06:58que talvez não esteja contemplada pelo tarifácio.
07:01O Ministério do Desenvolvimento, o MD, que liberou uma tabela essa semana,
07:05com mais de 700 NCMs, que foram as impactadas.
07:08Então, por que a gente não muda a nossa classificação?
07:11E aqui, também é uma ressalva importante.
07:13A gente, às vezes, percebe um pouco no discurso do exportador,
07:16ah, eu vou trocar de NCM.
07:17Você não vai trocar de NCM.
07:19Você tem que mexer no seu produto.
07:21Você tem que fazer uma reengenharia no seu produto
07:23para que ele, realmente, possa ser classificado de uma outra forma.
07:27Ele, sendo classificado de uma outra forma,
07:29numa NCM que não está contemplada no tarifácio,
07:33você consegue exportar de maneira legítima sem esse encargo maior.
07:37É bem interessante isso que você traz.
07:39Agora, em que medida a busca dos exportadores por novos mercados,
07:43a gente está vendo muito isso, alivia essas perdas?
07:46Ou é algo que é muito difícil de acontecer?
07:49Acho que depende um pouco do produto.
07:50Em alguns, é essencial se buscar novos mercados.
07:54E, principalmente, também olhar para os nossos vizinhos.
07:56O Brasil, durante muito tempo, virou as costas aqui para os vizinhos na América Latina.
08:00Eu acho que é hora de olhar para os vizinhos,
08:02não só pensando em desaguar a sua produção,
08:04mas para negociar em bloco,
08:06que tem muito mais força do que você individualmente
08:09para um cenário tão incerto no comércio internacional como a gente tem hoje.
08:13Você consegue negociações melhores em bloco do que indo sozinho.
08:17Então, sem dúvida, buscar outros mercados é extremamente importante.
08:20Mas tem produtos que são altamente customizados e já estavam assim feitos para um adquirente americano.
08:26Então, é uma situação um pouco mais difícil e você pode ter perdas.
08:29Então, acho que não tem aqui uma bala de prata que vai servir para todos.
08:31Mas, sem dúvida nenhuma, explorar outros mercados e fazer isso em bloco,
08:36fazer isso olhando um pouco mais para os seus vizinhos,
08:38e pela relevância que o Brasil tem, pelo seu tamanho, pelo tamanho do seu mercado,
08:41poderia liderar isso, tem um papel muito relevante.
08:45Renata, muito obrigada.
08:47Adorei conversar com você, super esclarecedora.
08:49Você trouxe vários pontos aí novos.
08:51Obrigada mesmo.
08:52Eu que agradeço.
08:53Bom fim de semana para você.
08:53Volte mais vezes.
08:54Boa noite.
08:55Obrigada.
08:55Obrigada.
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