Giorgio Rossi, gerente da Firjan Internacional, analisou o impacto do tarifaço de 50% dos EUA, que pode colocar em risco R$ 198 bilhões em investimentos no Rio de Janeiro, afetando setores como petróleo, gás, siderurgia, alimentos e plásticos.
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00:00E a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, a Firjan, alerta que o tarifácio de 50% dos Estados Unidos pode ameaçar cerca de 198 bilhões de reais em investimentos potenciais no Rio de Janeiro.
00:15Projetos em setores como petróleo, gás e indústria podem ser impactados.
00:20E para analisar este cenário, eu converso agora com o Giorgio Rossi, ele que é gerente da Firjan Internacional.
00:27Oi, Giorgio, muito bom dia para você, seja bem-vindo, é um prazer tê-lo aqui, tudo bem?
00:32Bom dia, Eric, prazer estar aqui com vocês.
00:34Prazer é todo nosso.
00:36Como é que o tarifácio ameaça os 198 bilhões em investimentos potenciais no Rio?
00:42Bom, Eric, eu acho que é importante frisar que num cenário como a gente vive hoje, onde as variáveis geopolíticas são muito complicadas,
00:51a imprevisibilidade gera incerteza, ela gera aumento de custos.
00:54Então, todos os segmentos da economia que preveem fazer investimentos, elas têm aí no tarifácio também um fator gerador dessa imprevisibilidade.
01:04Esse estudo que foi publicado com a Firjan, ela mapeou esses investimentos que já estão, muitos deles, em curso aqui no Rio de Janeiro.
01:12E, claro, o tarifácio não é algo pelo qual a gente fica imune.
01:16Por mais que o Rio de Janeiro tenha aí uma posição, digamos assim, menos impactada em relação a outras unidades da federação,
01:24o Rio de Janeiro também está muito atento às decisões e, principalmente, ao processo negocial que está em curso,
01:32na expectativa de que o Rio de Janeiro e o Brasil consigam ter uma melhora aí na sua posição e na sua parceria com os Estados Unidos,
01:39que é uma parceria histórica.
01:40Então, eu diria assim, no curto prazo, o tarifácio gera, sim, preocupação para esses investimentos,
01:48mas no mais longo prazo a gente tem a certeza de que os setores privados do Brasil e dos Estados Unidos
01:53e os governos chegarão a bom termo para que, inclusive, investimentos que são também investimentos americanos aqui no Brasil não sejam impactados.
02:01É, a gente até viu, né, Jorge, que a CNI revisou para baixo o crescimento da indústria para este ano.
02:07Quais são os setores aí, né, setores fluminenses que podem ser os mais impactados por essa sobretaxa?
02:14O Rio de Janeiro, como você bem sabe, Eric, a gente tem uma conformação bastante específica, né,
02:18nós somos o segundo maior contribuidor na corrente de comércio nacional,
02:24tanto do comércio exterior do Rio com o mundo, mas também do Rio de Janeiro e do Brasil com os Estados Unidos, né,
02:29os Estados Unidos são o nosso parceiro.
02:31Mas dentro dessa corrente, a nossa pauta comercial, ela está aí na casa de 60%, 70% ligada ao setor de petróleo e gás.
02:40Então, estamos falando aí de commodities, que tem uma, enfim, toda uma, por serem uma commodities,
02:46uma facilidade de migração para outros mercados, diferente, por exemplo, da indústria de semimanufaturados e manufaturados,
02:52que tem aí um grande desafio não só de manter uma boa posição no mercado americano,
02:57o que é difícil, né, é quase impossível com uma tarifa dessa magnitude,
03:00como também de diversificar seu acesso a novos mercados.
03:04Então, o Rio de Janeiro, se por um lado o setor de petróleo e gás, o setor da energia,
03:09nos traz um certo alívio, nós temos agora o desafio como federação, como Estado, enfim, como sociedade,
03:15e pensando no nosso desenvolvimento, pensar aí nos segmentos que foram impactados.
03:20A gente tem, por um lado, a indústria de siderúr, escasso, alumínio, cobre e componentes automotivos
03:26que estão lá naquela famosa seção 232, com uma tarifação ainda alta, mas com uma certa homogeneidade,
03:34porque o mundo inteiro foi tarifado dessa forma, e temos, no caso do Rio de Janeiro,
03:38um percentual estimado pela Firjan de 2% da economia, que esse sim é o que está tarifado
03:45nessa medida que foi implementada pelos Estados Unidos.
03:492% parece pouco, mas é porque quando a gente vê o tamanho da economia do Rio de Janeiro,
03:53o tamanho da corrente com os Estados Unidos, numérica, percentualmente, pode parecer pouco,
03:58mas estamos falando de um conjunto de empresas e setores, como, por exemplo, o químico plástico,
04:03o setor de alimentos e bebidas, que têm, na sua relação com os Estados Unidos,
04:09uma parceria muito importante.
04:10Temos empresas e setores que têm 40%, 60%, 80% da sua vocação exportadora
04:16ligada ao mercado norte-americano.
04:18Então, o objetivo agora da Firjan é fazer com que as medidas que foram anunciadas
04:23pelo governo federal tenham efetividade na ponta, que o nosso empresário,
04:27nossa empresária, consiga passar por essa maré turbulenta aqui dos primeiros meses
04:33de tarifados para poder, sim, se adaptar a essa nova realidade, sempre esperando que o processo
04:39negocial que corre em paralelo chegue a um êxito melhor do que o que temos hoje.
04:44Jorge, a gente falava, então, de petróleo e gás.
04:47E como é que esse cenário pode frear novos projetos dessas commodities?
04:52É, como você bem sabe, Eric, o cenário do petróleo é um cenário muito dinâmico
05:00e atrelado ao valor do Brent.
05:02E, portanto, existe o valor do Brent, o custo do petróleo no mercado internacional
05:08é o que dirige todos esses investimentos mundo afora.
05:11O Brasil, por causa do pré-sal, por toda a nossa produção e a expertise que temos aqui,
05:17tanto de empresas nacionais como de empresas estrangeiras,
05:20muitas delas, inclusive, americanas, é um destaque, é um grande produtor.
05:24Então, a gente não está imune nem para o bem nem para o mal
05:27à volatilidade das commodities no nível internacional.
05:30Mas eu diria o seguinte, apesar de nós estarmos aí caminhando a largos passos
05:35para a transição energética, o petróleo e gás segue sendo uma matriz de sumar importância
05:40para a maioria das economias do mundo.
05:42Mesmo o Brasil, que tem uma das matrizes mais limpas do mundo,
05:47o petróleo e gás segue sendo um fator crucial para o nosso desenvolvimento.
05:50Então, nesse contexto, o Rio de Janeiro segue mais a lógica do mercado internacional energético
05:56mais do que o efeito especificamente do tarifácio,
05:59que, nesse caso, ele não existe por ser um item que está na lista de isenções.
06:04É.
06:05A gente viu, né, Jorge, que o governo fez até um pacote de ajuda,
06:08mas está mais voltado ali para pequenas e médias empresas.
06:12Nesse setor, que é um setor maior que a gente está falando, o setor macro, global,
06:18algum incentivo poderia ajudar ou reduzir os impactos neste momento para o setor?
06:24Bom, a leitura que a Ferjã fez das medidas anunciadas,
06:28que dependem agora de homologação ao Congresso, enfim, e de serem implementadas,
06:33ela pega os diversos cenários, né?
06:36Desde grandes empresas, então estamos falando, por exemplo,
06:38das grandes empresas ligadas ao mundo da indústria da proteína animal,
06:42como também às pequenas e médias.
06:45Eu diria que talvez o desafio agora seja tirar,
06:50não deixar apenas o foco nos grandes contribuidores numericamente,
06:54nas grandes empresas, os grandes conglomerados,
06:56e olharmos para o pequeno e médio industriário que tem,
07:00na sua vocação exportadora, um ponto importante,
07:03porque esses são os que sentem mais rápido os efeitos desse tarifácio,
07:08e os que normalmente têm menos capacidade de acessar,
07:11por exemplo, linhas de financiamento.
07:13O Brasil, até se tirarmos por um momento a questão do tarifácio,
07:17o Brasil, comparado a economias em desenvolvimento como a nossa,
07:21nós, há 20, 30 anos, nós sempre tivemos um estoque global
07:24de crédito para exportação muito menor.
07:27Então, se a gente parar para olhar a Indonésia, enfim,
07:29Vietnã, países com condições econômicas e estruturas
07:32de produção similares à nossa,
07:34a nossa dor do acesso ao crédito para exportação sempre foi muito forte.
07:39Então, num momento emergencial como esse,
07:42é fundamental que o pequeno e médio indústria tenha
07:45não só a possibilidade de ter essa linha de crédito,
07:49estamos falando aí dos 30 bi,
07:51mais os 10 bi que foram anunciados pelo banco,
07:53pelo BNDES,
07:54mas que eles tenham a capacidade de acessar,
07:57através de um sistema fácil e de rápida implementação,
08:01para mitigar os efeitos sociais,
08:03porque a gente está falando também de empresas que estão
08:05não só na capital, na região metropolitana,
08:07mas estão no interior do estado do Rio
08:09e que têm um impacto social e contribuem fortemente
08:12para a empregabilidade nessas regiões.
08:15Jorge Rossi, gerente da Firgem Internacional,
08:18queria muito agradecer a sua participação aqui no Real Time.
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