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Ex-Secretário de Comércio Exterior, Roberto Gianetti, explica as possíveis medidas do governo brasileiro para mitigar os impactos do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre exportações nacionais. Gianetti destaca alternativas como prorrogação de impostos, devolução de créditos tributários, ampliação de prazos de financiamentos e estratégias para manter a produção. Ele também comenta os desafios de redirecionar produtos manufaturados e perecíveis para outros mercados e defende que o plano seja cauteloso e bem estruturado.

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Transcrição
00:00O presidente Lula se reuniu com ministros agora à noite para alinhar os últimos detalhes do plano de contingência
00:08contra o tarifácio de 50% do presidente dos Estados Unidos, o Donald Trump.
00:13A reunião terminou sem um anúncio oficial, pelo menos por enquanto.
00:17E sobre este assunto eu converso com Roberto Gianetti, que é economista e ex-secretário de Comércio Exterior,
00:24a quem eu começo o nosso papo, agradecendo a presença.
00:31Senhor Gianetti, é muito difícil a gente fazer qualquer tipo de interpretação sem dados concretos.
00:36Não temos um anúncio de um plano de contingenciamento, um alívio, um colchão para quem vai sofrer com as tarifas.
00:45Mas Gianetti, na sua experiência de ex-secretário do Comércio Exterior, o que poderia sair?
00:50Ou, eventualmente, uma notícia de bastidor que você tenha?
00:55O que a gente pode esperar de plausível para esse plano, para atenuar um pouco o impacto do tarifácio
01:02no comércio interno brasileiro, nas nossas exportações, no pequeno produtor que depende, então,
01:09da colheita de cacau, de frutas que iriam para os Estados Unidos e ficaram 50% mais caro?
01:15Boa noite mais uma vez.
01:17Boa noite, boa noite, Marcelo.
01:18Boa noite aos ouvintes.
01:19Veja só, em primeiro lugar, eu acho que a gente tem que pensar que esse problema do tarifácio
01:25pode não ser um problema permanente, talvez seja um problema temporário.
01:31Então, temos que tomar medidas de contingência para dar fôlego ao empresário exportador aos Estados Unidos,
01:38para que ele possa manter, vamos dizer, não só a sua atividade normal de produzir e vender,
01:45tanto para o mercado interno quanto para outros países, mas até, quem sabe, vão ser otimistas,
01:50voltar a exportar em breve para os Estados Unidos, porque eu acho que esse tarifácio, por várias razões que eu poderia listar aqui,
01:59ele não é duradouro.
02:01Ele é uma fase, uma transição para uma situação que eu acho que vai ter uma, não vou dizer uma normalização,
02:07mas uma moderação dessas medidas extremamente radicais que os Estados Unidos tomou até agora.
02:15Esse é um primeiro ponto para reflexão.
02:17O que o governo pode fazer, então, para mitigar o problema dos exportadores e dar esse fôlego que ele precisa para atravessar esse deserto,
02:24que a gente não sabe qual distância, mas pode ser necessário, um fôlego, sem dúvida nenhuma,
02:31poderia, primeiro, retardar o pagamento de impostos para esses exportadores,
02:39ou seja, aquelas dívidas tributárias que ele tem que pagar no final do mês,
02:46ter mais 30, 60 ou 90 dias de prazo, dá a ele um caixa que será necessário para manter a sua atividade.
02:53Outra forma que eu acho muito importante ainda do lado tributário é devolver ao exportador os créditos tributários
03:02que ele tem acumulado, especialmente com governos estaduais.
03:06E aí os governos estaduais poderiam receber um reforço também de caixa e de crédito,
03:13de algo que lhes é divido pela União, que é o chamado crédito da Lei Candir,
03:18repassos que a União faz para os Estados, todos os anos, na casa dos bilhões de reais,
03:24que venha vinculado, não para o Estado gastar como quiser, mas venha vinculado
03:29para pagamento dos créditos devidos aos exportadores, que às vezes passam anos
03:34com créditos legítimos para receber, mas não conseguem receber.
03:39Essa é uma medida que eu acho que teria forte impacto,
03:41estamos falando de bilhões de reais, e até a questão fiscal não é muito relevante,
03:47porque isso já está no orçamento.
03:49Essa dívida da União com os Estados, ela já é orçada todos os anos,
03:53e basta então acelerar o pagamento e vincular a que ela seja objeto de ressarcimento aos exportadores.
04:02Outra coisa que pode ser feita, que também já dialogamos com várias autoridades de governo,
04:09é alongar o chamado adiantamento de contrato de câmbio,
04:12aí estamos falando de financiamento pré-exportação.
04:16Normalmente os exportadores tomam esse financiamento para usar de capital de giro
04:21durante o período de industrialização dos bens que serão exportados.
04:26Como não vai ter exportação, provavelmente vai aumentar o estoque.
04:31Então a empresa vai precisar de mais capital de giro,
04:34porque o estoque não vai rodar com a mesma velocidade,
04:37e ele não tem as cambiais de exportação para pagar o financiamento tomado.
04:41Então alonga os prazos do ACC para 360 ou até, quem sabe, 720 dias,
04:48para dar nesse período de tempo um fôlego, um espaço,
04:53e que ele não fique inadimplente com o setor financeiro,
04:55e o setor financeiro, que são os bancos,
04:58se precisarem de reforço em dólares para fazer frente a esse alongamento de prazo,
05:04podem se socorrer através de leilão de reservas que o Banco Central poderia fazer.
05:09Existe solução para tudo, Marcelo?
05:11Basta pôr em prática.
05:13Está aí.
05:13Janete, era justamente a minha segunda pergunta.
05:16Claro, aqui numa posição muito confortável, a minha de engenheiro de obra pronta,
05:19você pensa um esquema no papel,
05:21uma é na realidade, às vezes existe um abismo de diferença entre a expectativa e a realidade,
05:28a teoria e a prática.
05:30O Brasil tem um perfil exportador, principalmente para os Estados Unidos,
05:33de matéria-prima, ou produtos semiacabados, no caso dos metais,
05:36com a exceção dos aviões da Embraer.
05:39Mas a gente manda muita commodity.
05:41Quando a gente fala de commodity agrícola,
05:43pensando aqui no agricultor, principalmente,
05:46ele lida com o mercado futuro,
05:49ele tem que começar a plantar hoje para a colheita da próxima safra,
05:53com um enorme ponto de interrogação.
05:55Será que eu vou conseguir exportar?
05:57O que eu quero dizer com um engenheiro de obra pronta?
05:59Se faz um desenho,
06:00então pega o perecível, principalmente,
06:03e remaneja para um mercado próximo ou para um mercado interno.
06:08De novo, no papel dá certo,
06:10mas na prática não é tão simples assim quanto a gente rabiscar uma teoria.
06:14Agora, Janete, isso é factível?
06:16Mudar a rota desses perecíveis,
06:21estou falando de pescado, estou falando de fruta,
06:23estou falando de grãos, estou falando de cacau, estou falando de café,
06:26para reverter para o mercado interno
06:28ou para um friendly shore,
06:31quer dizer, um comprador que seja mais amigável,
06:34que nem esteja tão distante e tal,
06:37tem uma solução, pelo menos a médio prazo,
06:40para escoar essa produção?
06:43Veja, Marcelo, cada caso é um caso.
06:45Você não pode generalizar.
06:47Em primeiro lugar, o Brasil exporta mais de 70% da exportação brasileira
06:54para os Estados Unidos é produto manufaturado, não é commodity.
06:58Talvez até o país que tenha a melhor proporção de valor agregado na exportação
07:07entre os grandes parceiros do Brasil.
07:09Por exemplo, com a China, a gente vende especialmente em predominantemente commodities,
07:15mas no caso dos Estados Unidos, nós vendemos autopeça, calçado, vestuário,
07:20móveis, produtos alimentícios industrializados.
07:23Então, não é simples transferir essas exportações para outros mercados,
07:29porque elas têm marca, elas têm especificação técnica,
07:34elas têm regulação sanitária e alguns são perecíveis, como você falou.
07:40Então, é muito difícil, da noite para o dia,
07:43se o que eu exportava para os Estados Unidos vou passar a exportar para outro mercado.
07:47É um trabalho difícil, há possibilidade de ser feito em parte,
07:53mas cada caso é um caso, para uns mais, para outros menos.
07:57A grande dificuldade é fazer isso num prazo curto de tempo.
08:01Isso pode demorar três, seis meses e volta a falar.
08:04Até lá, aumentam os estoques, provavelmente reduz a produção,
08:10o setor privado exportador vai precisar de fôlego financeiro
08:14e essa ajuda do governo tem que ser dosada na proporção do que cada exportador
08:20tem de percentual das suas vendas para o mercado americano.
08:26Um que exporta 100% precisa de mais de ajuda do que um que exporta 20%.
08:31Então, tudo isso tem que ser medido.
08:33Por isso que eu acho que a dificuldade desse plano,
08:36não adianta sair com o plano, tem que ser rápido, amanhã de manhã.
08:39Não, é melhor que seja feito com cautela, bem feito, ponderado.
08:44Eu acredito que o vice-presidente Geraldo Alckmin está desenhando isso com muito cuidado.
08:49Há tempo de socorrer os exportadores.
08:51Eles podem ficar tranquilos que as medidas vão chegar,
08:55vão ser abrangentes, vão ser suficientes,
08:57mas precisam de serem bem feitas.
08:59Vamos desenhar um plano que seja, de fato, factível e valioso
09:03para manter o parque industrial brasileiro funcionando.
09:07Roberto, eu faço três votos aqui.
09:10Primeiro que a gente se fale em breve,
09:12que na nossa próxima conversa a gente veja uma luz no fim do túnel
09:16e que essa luz não seja um trem vindo na nossa direção,
09:19que a gente tenha um fio de esperança para a saída para o outro lado.
09:24Roberto Gianetti, economista e ex-secretário de Comércio Exterior,
09:27que sempre muito gentilmente nos atende,
09:29dá uma pocket aula aqui para a gente.
09:32Gianetti, obrigado mais uma vez, até a próxima e que seja em breve.
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