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Mesmo com a exclusão do suco de laranja da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, o Brasil enfrenta perdas expressivas. A tarifa de 10% continua em vigor e já representa impacto de R$ 567 milhões. Somado à inviabilidade das exportações de subprodutos, o prejuízo total pode chegar a R$ 3 bilhões. Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR, detalhou os efeitos diretos sobre a cadeia produtiva, os desafios de competitividade e os próximos passos do setor exportador.

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Transcrição
00:00O setor exportador de suco de laranja do Brasil, mesmo excluído da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos,
00:08pode ter perdas imediatas de R$ 1,5 bilhão.
00:11O impacto vem em parte da tarifa de 10% sobre o suco, os 10% continuam,
00:17e esse impacto é estimado em R$ 567 milhões.
00:21A esse valor se soma o prejuízo causado pela inviabilidade econômica das exportações de subprodutos,
00:30que na safra anterior renderam o equivalente a R$ 974 milhões.
00:37Sobre esse assunto, eu falo agora com o Ibiapaba Neto,
00:41diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, a Citrus BR.
00:48Ibiapaba, boa noite para você, obrigado pela sua participação aqui.
00:51Vamos por partes aí, falando primeiro dos 10% que continuam sobre o suco de laranja.
00:57Que tipo de impacto esses 10% têm sobre as nossas vendas de suco para os Estados Unidos?
01:03Boa noite, Fábio, é um prazer estar aqui com vocês.
01:06Bem, primeiramente o impacto de 10% sobre as exportações de suco de laranja,
01:12elas representam uma diminuição de renda na cadeia.
01:15É como se você pegasse 10% de toda a receita que vai ser gerada agora na safra 2025, 2026,
01:24e você entregasse para o governo americano.
01:26Então, esse é um volume de dinheiro que ele deixa de circular para as indústrias brasileiras,
01:32para os produtores brasileiros e para todos os trabalhadores envolvidos nessa cadeia produtiva.
01:37A gente não vai ter perda de volume de vendas, mas a gente vai ter sim um grave problema por conta desse dinheiro,
01:46que em vez de remunerar uma cadeia produtiva, vai remunerar o tesouro americano.
01:52Esse... o setor brasileiro, ele está repassando esse aumento de 10% para o comprador americano ou não?
01:59Olha, é muito difícil você conseguir repassar qualquer tipo de tarifa para o elo subsequente,
02:08porque no nosso caso, quem são os nossos clientes?
02:10São os engarrafadores, são empresas que compram o suco de laranja brasileiro,
02:14colocam as suas marcas e vendem para o varejo.
02:19E aí, normalmente, o que acontece, Fábio, é que o que acontece normalmente é que essas empresas,
02:27elas não conseguem repassar para frente esse custo de... esse aumento de custo.
02:34E aí, o produto acaba, vamos dizer assim, micando na mão do engarrafador.
02:39Então, infelizmente, essa tarifa é paga pelas empresas brasileiras e pela cadeia de produção brasileira.
02:45Tá. Aí, falamos, então, dos 10% sobre o suco.
02:48Agora, os 50% não estão no suco, mas eles estão nos subprodutos, não é isso?
02:53Queria que você explicasse para a gente que subprodutos são esses e que importância eles têm para a cadeia produtiva.
03:01Bem, o que acontece é o seguinte, nós temos uma série de subprodutos que são vendidos,
03:07além do suco de laranja.
03:10Então, nós temos chamados óleos essenciais, que no caso são todos os óleos, né?
03:17As essências que são utilizadas para a indústria de alimentos, bebidas e cosméticos.
03:22Então, no caso de alimentos, nós estamos falando de aromas.
03:27Então, por exemplo, quando uma pessoa compra um bolo de laranja e aí tem aquele cheiro de laranja,
03:32aquilo são os aromas de laranja que são vendidos em separado.
03:37Nós temos também envios importantes para toda a indústria de cosméticos.
03:42Então, por exemplo, quando uma pessoa compra um perfume e aí tem ali as chamadas notas cítricas,
03:47muito provavelmente ali você tem um óleo de laranja que foi utilizado para dar esse teor.
03:54Então, o que acontece?
03:55Quando a gente soma tudo isso, sem falar, obviamente, das células cítricas,
03:59que é o gominho da laranja que é colocado no suco reconstituído, principalmente,
04:04também no suco não concentrado.
04:05Então, quando a gente vende o suco concentrado para os nossos clientes,
04:12eles restituem a 100%, ou seja, eles colocam a água para que ele fique na diluição natural
04:17e aí colocam um pouquinho de óleo, colocam as polpa cítricas, um pouquinho de aroma,
04:21que era tudo que era da laranja, mas foi desmontado.
04:23Então, a gente pode ter também um impacto secundário no consumo dos produtos,
04:27caso eles não atinjam o padrão esperado pelo mercado.
04:30E aí, no caso desses subprodutos, os 50% acabam sendo quase proibitivos para o mercado americano, é isso?
04:39Não, quase não, é totalmente proibitivo.
04:41E no caso, a gente tem realmente um prejuízo estimado de 178 milhões de dólares,
04:47que não é pouca coisa, que é esse número transferindo para reais,
04:51são 974 milhões de reais que deixarão de ser exportados.
04:56E aí, para a gente deixar muito claro, não tem como você destinar esse produto para outros mercados.
05:00Então, realmente, isso é uma perda de receita na veia para o setor.
05:03Não tem como destinar porque ele é muito específico para a demanda americana?
05:08Não só isso, você tem capacidade instalada de processamento.
05:12O mercado americano é muito grande.
05:13Então, quando a gente pega de toda exportação brasileira,
05:1636% do nosso volume de subprodutos vai para o mercado americano.
05:21E quando você olha para o resto do mundo, você tem uma capacidade instalada
05:24para processar esses produtos e destinar para as suas respectivas utilizações, aplicações.
05:30Então, não tem capacidade instalada no mundo para que a gente possa destinar esses produtos
05:34como se fosse, vamos dizer assim, um passe de mágica que você transfere de um lugar para outro.
05:39Obviamente, você pode ter uma realocação aqui, uma realocação ali, num volume muito pequeno
05:44e ainda sujeito, que é um prejuízo que a gente nem calculou, de uma possível queda de preço.
05:50Porque no final das contas, esse produto vai ficar na mão aqui do exportador brasileiro
05:55e acaba tendo uma disponibilidade maior no mercado internacional
06:01e isso faz, obviamente, com que os preços se depreciem.
06:05E aí, somando esse impacto dos subprodutos, devido aos 50%,
06:11que você está dizendo que é proibitivo,
06:13somando isso ao impacto dos 10% sobre o suco de laranja,
06:17que não é proibitivo, mas tem uma perda aí na cadeia, como você explicou,
06:21somando as duas coisas, como é que o setor no Brasil está hoje?
06:25Ele tem que reduzir produção?
06:28Existe um impacto já no emprego, por exemplo?
06:30Não, não existe ainda impacto no emprego, acredito que o setor vai manter toda a empregabilidade
06:39ao longo dessa safra, o que existe é um momento delicado.
06:44Quando a gente soma, por exemplo, a beta é um outro aspecto também,
06:47é um momento delicado para o setor, porque o que acontece?
06:50Desde setembro do ano passado para cá, vem acontecendo uma desvalorização do suco de laranja
06:57no mercado internacional, por conta da chegada de uma nova safra.
07:04Os preços internacionais vêm caindo bastante, porque temos uma safra que vai ser maior,
07:10enfim, uma produção de laranja bastante robusta aqui no cinturão citrícola de São Paulo,
07:16Minas Gerais, Paraná, e isso faz com que os preços se depreciem.
07:20Então, quando a gente junta essa queda de preço com os outros valores que a gente já trouxe aqui,
07:27o prejuízo chega a quase 3 bilhões de reais de perda de receita.
07:33Qual é o impacto disso no setor?
07:35Você tem menos dinheiro para remunerar todo mundo, então você tem preços mais baixos,
07:39você tem acomodação no preço de suco, de fruta,
07:42você tem menos dinheiro para remunerar investimentos,
07:46então é realmente uma situação bastante delicada e muito ruim para o setor.
07:50E quais são as projeções, as expectativas de vocês daqui para adiante, Ibiapab?
07:57Existe, por exemplo, como está acontecendo em outros setores,
08:00uma conversa com a outra ponta da cadeia lá nos Estados Unidos,
08:04no sentido de fazer gestões junto ao governo para tentar isentar também
08:10esses subprodutos da sobretaxa?
08:13Não tenho dúvida.
08:14Até porque o que acontece é que muitos desses subprodutos,
08:18eles são utilizados para o suco reconstituído,
08:23que significa 60% das vendas no mercado americano.
08:28Então, para que você tenha esse produto tal qual o americano gosta de consumir,
08:32está acostumado, você precisa desses subprodutos.
08:35Então, a gente espera que no médio prazo o governo americano volte atrás
08:43e inclua esses subprodutos.
08:45Mas, por enquanto, é mais uma esperança do que uma expectativa,
08:49porque a gente não tem nenhuma informação que isso vai acontecer agora.
08:52Por outro lado, aqui no Brasil, o governo disponibilizou algumas medidas importantes,
08:58principalmente uma ampliação do reintegra,
09:01que é muito importante, justamente num momento como esse,
09:04que o setor tem perda de receita e, portanto, de fluxo de caixa.
09:08Então, neste momento, o que é mais importante de tudo que foi feito,
09:11anunciado pelo governo, é a volta do reintegra e, aqui no Estado de São Paulo,
09:16a possibilidade de restituição de créditos acumulados de ICMS.
09:21Tá certo.
09:21E Bia Paba Neto, diretor executivo da Citrus BR,
09:24a gente vai seguir acompanhando aqui a situação.
09:26Muito obrigado, Bia Paba, pela sua participação aqui.
09:29Eu que agradeço pelo espaço.
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