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O economista Gesner Oliveira (GO Associados/FGV) analisa os impactos do tarifaço dos EUA sobre exportadores brasileiros e comenta o plano emergencial do governo. Ele explica em qual patamar de resolução está a medida provisória, os riscos para novos investimentos, os efeitos na cadeia produtiva e a possibilidade de deflação no Brasil. Também aborda a busca por novos mercados, como a Ásia, e os desafios para manter competitividade.

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Transcrição
00:00Eu converso agora com Gessner Oliveira, que é economista e sócio da GO Associados, além de ser professor da FGV.
00:09Gessner, é sempre um prazer conversar contigo. Boa noite, principalmente aí numa noite de sábado.
00:15Esse plano de contingência realmente pode ser neutralizado, pode, perdão,
00:21esse plano de contingência realmente pode neutralizar os impactos do tarifácio dos Estados Unidos?
00:27É uma questão, obviamente, emergencial. Aparentemente, o tarifácio pode ter uma vida um pouco mais longa.
00:37Nesse arco de tempo, onde é que fica esse auxílio emergencial?
00:42Ele cabe para um primeiro momento ou na tua leitura ele tem fôlego para segurar aí os gastos ou os prejuízos dos afetados por mais tempo?
00:53Gessner, obrigado pela presença aqui na nossa programação. Boa noite mais uma vez.
00:58Eu que agradeço muito. Boa noite. Um grande prazer conversar com você e conversar aqui com os espectadores.
01:04É um ponto de partida, Favali. Realmente não é um plano de médio, longo prazo. É um ponto de partida.
01:13Como ponto de partida, eu acho que ele tem os elementos essenciais.
01:17Ele tem um apoio aos exportadores, tem algumas medidas específicas para cada cadeia produtiva,
01:25para bens perecíveis, para algumas cadeias que requerem algum atendimento especial,
01:31uma preocupação com o emprego e, finalmente, uma visão de diversificação de exportações,
01:39de diplomacia, de ação mais incisiva na Organização Mundial do Comércio.
01:45Mas é meramente um ponto de partida.
01:48É claro que nós estamos em meio a uma situação muito difícil.
01:53Haverá vários desdobramentos, como antes, logo antes aqui da nossa conversa,
01:59o vice-presidente assinalou.
02:01É um processo de negociação.
02:03E o Brasil está aberto a esse processo de negociação.
02:06E isso vai realmente requerer novas medidas, novas ações.
02:12Vai precisar de um monitoramento, na verdade, para realmente ver que medidas fazer.
02:18Agora, muito importante é o Brasil não perder de vista a importância de não destrilhar,
02:25não sair do trilho a política fiscal.
02:28Isso poderia realmente agravar a situação.
02:31Porque no Brasil, muitas coisas a gente não tem controle.
02:34A gente não tem controle sobre o que o Donald Trump faz.
02:37Mas a gente pode ter controle em um pacto nacional sobre o que nós fazemos
02:43para manter a nossa macroeconomia minimamente estável.
02:47Jasner, eu conheço bem a sua biografia, além da sua bibliografia.
02:53Sei que, além de ser um teórico da economia, você é um economista na prática.
02:58E, às vezes, existe uma diferença entre a prática e a teoria.
03:01É um abismo, né?
03:03Olhando, então, os aspectos teóricos do plano soberano de resgate aos setores exportadores,
03:13a gente põe numa planilha o seguinte, né?
03:15Vamos pensar aí uma cooperativa, uma indústria que exporta.
03:20Ok, tem um compromisso de não haver demissões,
03:23manter, então, os funcionários na folha de pagamento.
03:26Tem uma questão de renúncia fiscal, impostos que vão ser depois atrasados para daqui a um ano.
03:32Tá bom.
03:33Mas, quando a gente fala de um setor exportador, ele tem uma cadeia.
03:37Então, tem os funcionários diretos, que são os funcionários que estão registrados na fábrica,
03:42e tem todo um arcabouço que fica ao redor.
03:45Há exemplo de técnicos que fazem a manutenção de um maquinário que não vai ser usado,
03:51um restaurante que serve às refeições para funcionários que estão ganhando,
03:56mas não vão ser alimentados,
03:58ou então uma pequena confecção que dá o uniforme para o operário ali da linha de montagem.
04:04Como é que esse plano, ele poderia abraçar essas pessoas?
04:08Ele está prevendo isso também, esses desdobramentos, esses efeitos secundários?
04:14Ou seja, alguém vai ser atingido, né?
04:17Olha, isso, infelizmente, é inevitável.
04:20E o efeito é, sobretudo, em projetos novos.
04:27Veja, você já tem uma determinada produção.
04:31Eventualmente, uma empresa exportadora vai obter, talvez ela vá vender menos,
04:36talvez ela vá obter preços piores do que ela esperava,
04:41haverá menor demanda em função da alíquota de 50%.
04:45Isso certamente pode, mas aquela produção já foi feita,
04:49já está dada, não vai ser alterada.
04:51O que tende a ser alterado são projetos novos,
04:55sobretudo projetos de investimento.
04:58E isso que acaba afetando a cadeia,
05:00porque uma determinada empresa exportadora,
05:03diante desse quadro muito incerto,
05:06vai pensar duas vezes,
05:07fala, bom, talvez eu não vá desenvolver esse projeto imediatamente,
05:11eu vá, no mínimo, postergá-lo por seis meses, por 12 meses.
05:17E isso acarreta demissões ou contratos que não vão ser fechados imediatamente,
05:26vão ser adiados.
05:28É esse efeito sobre a cadeia,
05:31quase 40% das exportações foram atingidas,
05:35é esse efeito sobre a cadeia,
05:38que infelizmente não será possível, neste plano, conter.
05:45O que é possível é monitorar como que as negociações andam
05:50e como medidas compensatórias ocorrem,
05:54como mercados alternativos podem eventualmente se abrir,
05:59ainda que a preços menores,
06:00ainda que em termos comerciais não tão vantajosos quanto os atuais,
06:05e isso vai, de certa forma, compensar.
06:09Mas o efeito sobre o produto interno bruto,
06:12o efeito sobre o emprego, inevitavelmente, deve ocorrer.
06:17Quer dizer, já há o sinal de desaceleração da economia,
06:21alguma desaceleração a mais ocorrerá.
06:24Se formos bem-sucedidos na negociação,
06:27para atenuar ao máximo esse pacote,
06:30a gente pode atenuar ao máximo esse efeito sobre o PIB em 2026.
06:35Claro, Gessner, nosso DNA aqui é falar de negócios,
06:39com esse viés da economia.
06:42Estávamos falando aí do setor produtor, dos exportadores.
06:46Eu queria trazer um outro artigo aqui à nossa mesa de discussão.
06:51A inflação.
06:52Existe uma possibilidade de uma deflação, uma queda nos preços?
06:56Porque, teoricamente, sobra produto aqui no produtor,
07:01no fornecedor, nas prateleiras, para o consumidor final.
07:05E aí, a gente desbalanceia aquela equação básica da economia,
07:10que é de oferta e procura.
07:12É possível, vocês economistas, analistas,
07:15já começam a vislumbrar ali um aceno de diminuição do valor de preço?
07:21Olha, eu acredito que sim, Fábio.
07:23É uma boa notícia em meio a tantas notícias preocupantes.
07:27Mas, quando nós fazemos simulações,
07:32é claro que essas simulações são baseadas em modelos,
07:35abstratos, etc.,
07:37mas, ao fazer simulações,
07:39nós usamos um modelo de equilíbrio geral
07:42e testamos o que acontece com 50% de alíquota.
07:48Apenas a título de exercício.
07:50E, de fato, há um impacto negativo sobre a inflação no Brasil,
07:55positivo sobre a inflação americana,
07:57aliás, a semana, nos últimos dias,
07:59nós vimos já alguns sinais de impacto inflacionário nos Estados Unidos
08:04e o impacto deflacionário no Brasil.
08:08Não é muito forte, mas, certamente, tem um impacto.
08:11E a intuição é clara, não é?
08:13Você, na verdade, desloca a produção externa
08:17para o mercado doméstico,
08:19você já não tem mais uma atratividade tão grande no mercado externo,
08:24isso tende a aumentar a oferta no mercado doméstico e reduzir os preços.
08:28Então, é, certamente, algo que pode acontecer,
08:32salvo ser um agravamento da crise,
08:36eventualmente, não é o que está acontecendo,
08:38mas, eventualmente,
08:40pressionar o preço do dólar.
08:42E aí, o preço do dólar subindo,
08:45apesar dos preços externos em queda,
08:48o preço do dólar poderia fazer a inflação se elevar.
08:52Felizmente, não é o que nós estamos verificando nas últimas semanas.
08:56Gésner, para a gente arrematar em 30 segundos,
08:59essa proposta paralela do governo brasileiro
09:02estar buscando outros mercados,
09:05claro, é uma alternativa plausível, quase que óbvia.
09:10Agora, qual que é a dificuldade de chegar em outro lado do mundo,
09:13na Ásia, como o presidente Lula já assinou,
09:15já assinalou que quer viajar para a Ásia em busca de novos mercados,
09:19rever algumas propostas de parceiro,
09:22que você chega lá com o produto sobrando.
09:25Aí, quem vai comprar, fala,
09:26vou jogar o preço lá para baixo.
09:29E nem sempre é tão fácil dizer o seguinte,
09:31eu vendo um tipo de fruta que agrada o paladar dos americanos,
09:36eles não querem mais,
09:37mas não está na receita, nem na cesta básica,
09:41e nem no cotidiano de quem mora em Singapura, por exemplo.
09:46Como é que essa questão aí,
09:48de também, de novo, na teoria e na prática,
09:50só vou te pedir a gentileza da gente fazer bem rapidinho,
09:53que o nosso tempo está acabando uma pena?
09:56No curto prazo, você tem que ceder no preço, não adianta.
10:00Você tem que, olha, e quem vai comprar sabe que você precisa vender rápido.
10:05Então, você vai ter que ceder no preço.
10:07No médio prazo, é trabalhar o mercado,
10:10talvez até uma expressão de mercado,
10:12comprar o mercado.
10:14Quer dizer, dar uma coisa bem atraente
10:16e mostrar na Ásia, mostrar o mercado japonês,
10:21mostrar em outras regiões do planeta,
10:27que nós temos produtos muito interessantes.
10:29Então, é ceder no preço agora
10:31e ganhar novos mercados no médio e longo prazo, Favlion.
10:36Gessner, é sempre um prazer conversar contigo,
10:39porque é a garantia de explicações cristalinamente,
10:44como se fossem água de bica.
10:46Conversei aqui com Gessner Oliveira,
10:48economista, sócio da GO Associados,
10:51professor da GV
10:52e sempre nos atende aqui com muita qualidade.
10:55Gessner, bom final de semana.
10:56Até a próxima.
10:57Igualmente, um grande abraço a todos.
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