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Mesmo com incertezas provocadas por tarifas de Trump e risco de estagflação, os mercados nos EUA batem recordes. A economista Juliana Inhasz analisa os fatores por trás dessa resiliência e os impactos globais.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00Mesmo com um cenário econômico incerto, por conta desse vai e vem provocado pela guerra tarifária de Donald Trump,
00:07a Bolsa dos Estados Unidos segue se recuperando.
00:10Novos recordes alcançados, como a gente acabou de ver.
00:13Na tentativa de encontrar alguma lógica, eu converso agora com a Juliana Inhás,
00:19que é economista e professora do INSPER, a quem eu desejo muito boa noite e muito boa sorte,
00:25professora Juliana, para tentar explicar o seguinte.
00:28O mercado que ele é feito de uma maneira especulativa, de crenças.
00:32A gente tem ainda um presidente que vai e volta, vem e vai, com a questão das tarifas.
00:38Também ainda este barulhinho de recessão, que por mais que o colunista anterior tenha dito,
00:46que o analista, melhor dizendo, tenha dito, olha, as chances são pequenas,
00:50esse amarelo piscante ainda continua aceso nos Estados Unidos.
00:53O que faz a Bolsa americana ainda ser tão atraente?
00:59Eu lembro de uma frase, que ela foi cunhada ainda, sei lá, no século XIX nos Estados Unidos,
01:03que foi, nunca aposte contra a economia americana.
01:07Essa máxima continua valendo, professora?
01:09Boa noite mais uma vez.
01:10Boa noite, Marcela, é um prazer estar aqui com você, boa noite a todos que nos assistem.
01:16Acho que vou começar pelo final aí da sua fala, acho que é difícil a gente, na verdade,
01:22no cenário que temos hoje, apostar contra a economia americana,
01:26especialmente porque a gente sabe que o mercado se move de uma forma comparativa.
01:31Se a gente for olhar todas as economias aí que poderiam estar no radar dos investidores
01:37de forma ampla e abrangente, a gente sabe que a Europa está com os seus problemas,
01:43China tem as suas questões e as economias emergentes também.
01:47Então, as alternativas para os investidores, quando eles eventualmente pensam por algum motivo
01:52de sair da economia americana, elas hoje também não são muito boas,
01:56elas trazem aí as suas incertezas, os seus problemas.
02:00Então, acho que nesse cenário, é óbvio que a economia americana,
02:03ela comparativamente parece estar um pouco melhor.
02:08Mas tem aí, como você mesmo mencionou, as suas características que são bem particulares.
02:14A gente ainda tem um momento de incerteza, acho que a leitura que a gente faz
02:19de todo esse cenário dos dados que vieram aí recentemente e desses recordes da Bolsa,
02:26dos valores lá das ações na economia americana,
02:30o que eles nos mostram é que, primeiro, a gente tem aí uma melhoria em alguns aspectos
02:36dentro desse cenário de renda variável.
02:40A gente sabe que as empresas de tecnologia, de inteligência artificial ganharam,
02:45tiveram lucros expressivos aí nesse último trimestre em específico.
02:51Então, elas estão apresentando recuperação.
02:53Isso sustenta muito a economia americana e sustenta muito esse mercado.
02:58Tem o fato também de que a gente tem uma economia que está desacelerando,
03:02o que favorece bastante o controle inflacionário e, por isso, gera-se a percepção
03:07de que o Fed pode cortar os juros muito em breve.
03:10As apostas ainda ficam bem divididas entre a reunião de setembro e de dezembro,
03:15mas o fato é que está todo mundo já aparentemente muito convicto de que a queda de juros já começa agora em 2025,
03:24o que aceleraria, claro, a economia e faz com que as ações e a renda variável se tornem bem atraente.
03:34Então, a gente tem um cenário que é óbvio, ele é cheio de incertezas.
03:37Acho que a questão das tarifas, a tarifa é relevante, todo esse vai e vem com relação a essas tarifas
03:45que o Donald Trump quis impor, trouxeram muita instabilidade dentro do mercado,
03:51mas o fato é que elas não bateram na inflação, não chegaram na inflação como se esperava.
03:57Então, existe um certo otimismo frente à economia americana.
04:02E esse otimismo é bem moderado, acho que a gente tem que, na verdade, deixar claro
04:07que é talvez mais uma redução do pessimismo frente à economia americana
04:11do que realmente uma grande onda de otimismo.
04:14Mas as pessoas já começam a falar menos de recessão, embora você muito bem pontuou,
04:20existe aí uma luz amarela que pede uma atenção para os indicadores dessa economia,
04:26mas a gente saiu daquele estágio de luz vermelha que a gente estava ali há dois meses,
04:31mais ou menos, quando a gente estava vendo toda a guerra tarifária escalando muito.
04:36Então, isso cria uma percepção de, pelo menos, uma relativa melhora,
04:42e é claro, isso se reflete aí dentro desse cenário de bolsa, é um cenário especulativo,
04:47claro, bolsa funciona dessa forma, mas ele acaba se refletindo com números que são positivos.
04:53Mas acho que você deixa um quê aí na entrelinha de que, de fato, ainda é necessário bastante cautela.
04:59A gente está falando de um mercado em que mudanças geopolíticas, questões internacionais
05:06podem fazer com que esses resultados mudem e eles podem mudar rapidamente.
05:11Professora Juliana, a palavra estag inflação entrou no vocabulário do americano.
05:16Se a previsão se concretizar, ou seja, um crescimento modesto, uma inflação ali pegajosa,
05:24primeiro, o que acontece dentro dos Estados Unidos, para depois a gente discutir o que acontece fora.
05:32Vamos olhar primeiro para esse país de tamanhos continentais, 330 milhões de americanos,
05:39em que tem uma maioria ali baseada, numa economia baseada em consumo, uma classe média baixa.
05:45Essa estag inflação, o que acontece com o bolso do chamado americano médio?
05:50Bom, sem dúvida, nesse cenário, o americano médio fica com o poder de compra pressionado.
05:57O cenário de estag inflação impõe um crescimento econômico muito baixo ou até uma estagnação econômica.
06:04Então, é como se a economia meio que ficasse parada, num modo de espera.
06:09E sem crescimento econômico é muito difícil com o que você faça,
06:12com o que você consiga fazer com que a massa salarial cresça de uma forma agregada,
06:17que as pessoas ganham poder de compra, elas têm dificuldade de ganhar poder de compra
06:22junto ao cenário de um crescimento muito baixo.
06:26Só que junto a isso, essa estag inflação, ela acaba trazendo uma inflação elevada
06:31e a percepção que se tem ainda é que as tarifas, especialmente as tarifas,
06:36elas podem fazer a diferença desse cenário.
06:40Então, se acontecer isso, as pessoas, na verdade, vão ter muito mais dificuldade
06:44de conseguir, provavelmente, pelo menos uma parte significativa dessa população,
06:48de manter o poder de compra atual.
06:50Então, isso reduz a participação das pessoas dentro do mercado.
06:54O que pode realimentar um processo de uma economia que cresce pouco,
06:59ou talvez não cresça, né?
07:00E aí que entra a grande percepção ou o medo da recessão.
07:05Porque se você tem uma economia como essa, que é muito focada em consumo,
07:10que depende bastante do consumo das famílias, se as famílias começam a tirar o pé do acelerador
07:16do consumo, elas, na verdade, contribuem negativamente para um cenário de crescimento econômico
07:21que pode gerar uma retroalimentação e desenhar um cenário recessivo para essa economia,
07:28que é uma economia que ainda é um dos motores da economia mundial.
07:32Sem dúvida, é a grande economia que rege o cenário de crescimento mundial.
07:40Professora Juliana, todo mundo quer exportar para os Estados Unidos,
07:44e no topo dessa lista da razão, é porque nós estamos falando do maior mercado consumidor do mundo.
07:49De longe, nem de longe, os Estados Unidos são o país mais populoso do mundo, né?
07:56Mas tem um perfil de uma população muito consumista.
08:00Eu não estou fazendo nenhuma crítica, não, é uma constatação.
08:02Então, os países querem vender para esse país que tem um perfil de alto consumo.
08:07Se a gente pensar nessa roda viva, em que o consumo caia,
08:12depois as pessoas passam a economizar com medo do futuro, gastem menos.
08:17Como é que cria-se uma reação em cadeia, um chain reaction, um efeito dominó para outros mercados?
08:25Eu queria que a gente olhasse agora mais para o macro.
08:28O que pode vir a acontecer com a economia global?
08:32Em quais sentidos?
08:34Pode sobrar produto de alto valor agregado no mundo,
08:37que fica mais barato para países emergentes como a gente?
08:40Ou isso ainda causa um problema de produção e exportação para grandes players, a exemplo da China?
08:48Bom, acho que no primeiro momento, é óbvio que um cenário de desaceleração,
08:53primeiro, faria com que você tivesse aí uma redução, muito provavelmente, do consumo lá,
08:59que faria, então, com que as ofertas dadas, as ofertas que existem de produção,
09:05ficassem um pouco maiores do que as demandas.
09:07Então, no primeiro momento, pode sim, pensando de uma maneira bem agregada,
09:11e não entrando em específico em setores, daqui a pouco eu falo um pouco disso,
09:15mas de uma forma agregada, o que poderia acontecer no primeiro momento é você ter produto sobrando,
09:19e aí isso geraria aí um efeito, talvez, de uma desvalorização desse produto.
09:24A questão é que esse efeito, apesar de parecer muito certo dentro de um livro-texto,
09:30ele depende de muita coisa.
09:32Ele depende, primeiro, de como é que a moeda americana se comporta frente às outras,
09:37e a gente está vendo aí uma clara desvalorização da moeda americana em vários mercados.
09:43Então, só a gente olhar o que acontece aqui no Brasil,
09:45a taxa de câmbio e queda mostrando uma desvalorização do dólar frente ao real,
09:50isso acontece em outros lugares do mundo também.
09:53Então, essa moeda americana também mais barata,
09:56ela faz com que as negociações e as condições de negociação dos países
10:01frente, junto à economia americana, também mudem.
10:04Então, existe esse fator que precisa ser considerado, como é que a moeda vai reagir,
10:08e mais do que isso, como é que os mercados lá fora também vão reagir,
10:12porque se começa a sobrar produto, o valor desse produto cai,
10:16é muito condizente, e ainda com uma moeda desvalorizada,
10:19começa a ficar muito factível que empresas saiam do mercado,
10:25parem de produzir.
10:26Então, isso também pode gerar um efeito, na verdade, ao longo do tempo,
10:30de uma redução da produção.
10:32No momento de aquecimento das economias mundo afora,
10:35você teria preços ainda mais altos e dificuldades ainda maiores
10:38dos países conseguirem pegar esses produtos de alto valor agregado.
10:42Então, a gente depende muito de várias condições,
10:46é muito difícil a gente dizer exatamente o que vai acontecer.
10:49Agora, um fato é, como a gente, o Brasil é um país que pode personificar muito isso,
10:56a gente realmente depende de mercados, como o mercado americano,
10:59a gente vende bastante coisa para lá, a gente compra bastante coisa de lá,
11:03esse mercado desacelerando, ele naturalmente vai fazer com que muitas economias desacelerem.
11:08E isso faz com que o crescimento econômico mundial fique menor.
11:13Numa eminência de um crescimento econômico mundial menor,
11:16as condições sociais também ficam muito mais precárias.
11:19Então, a gente começa, na verdade, a ver efeitos de redução de bem-estar,
11:23países que vão perder parte do bem-estar da sua sociedade,
11:28que vão entrar em relações comerciais cujo resultado talvez não seja tão factível,
11:34vão deixar de vender para fora,
11:36vão ter, eventualmente, mais dificuldade nesse cenário de comprar bem de fora,
11:40com redução do seu volume de reservas,
11:42e isso também afeta a dinâmica dos países que talvez nem estejam tão diretamente relacionados à economia americana,
11:49mas que vão acabar sofrendo, sem dúvida, esse efeito.
11:52A gente corre o risco de ter aí uma redução de crescimento
11:55de uma forma não completa, mas certamente bem generalizada.
12:02A gente está falando aí de uma fração significativa de países que podem sofrer
12:06com a queda do crescimento da economia americana em um cenário como esse.
12:11Professora Juliana, como o cenário ainda está muito em aberto,
12:13vamos combinar de voltar a nos falar muito em breve,
12:18para ver se a gente tem um caminho mais certo, para que direção as coisas vão.
12:22Queria agradecer o papo que eu tive com a economista e professora do INSPER,
12:26professora de economia, claro, Juliana Inhás,
12:29que sempre muito competentemente nos atende aqui.
12:32Professora Juliana, até uma próxima.
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