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A produção industrial brasileira mostra sinais de desaceleração em meio a juros elevados, incerteza política e impactos do tarifaço. O economista Luccas Saqueto, da G.O. Associados, analisa o cenário, os efeitos do câmbio, da política fiscal e a expectativa de retomada do crescimento a partir de 2026.

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Transcrição
00:00Apareceram sinais aí de desaceleração da economia, mais sinais do que a gente já tinha visto nesse indicador da indústria, não?
00:07Continua aparecendo, Marcelo. Vamos dizer sempre, lembrar sempre o que significa a palavra desaceleração.
00:14Continua crescendo em velocidade menor. E isso está ficando cada vez mais evidente que passa desde pelo menos o segundo trimestre, o início do segundo trimestre.
00:24Para resumir esses dados da indústria, para dar uma perspectiva maior. No ano passado, a indústria, de janeiro a dezembro, cresceu 3,1%.
00:32Nos 12 meses do ano, 3,1%. Nos 12 meses até julho, como você já mostrou, 1,9%. Então, a velocidade em 12 meses está caindo.
00:40Em relação a dezembro, a indústria cresceu só 0,3%. E mais, a indústria, a medida da indústria envolve coisas diferentes.
00:50Envolve pelo menos a indústria extrativa e a indústria de transformação. As fábricas que produzem coisas.
00:56Indústria extrativa, basicamente, petróleo e minérios. A indústria extrativa é só 15% que o total é de transformação, 85%.
01:05O que está acontecendo? Quem está crescendo e está deixando a indústria em um número ainda positivo é a indústria extrativa, petróleo e minérios,
01:14que dependem mais do mercado externo, dos preços do mercado externo e menos da atividade, um pouco menos da atividade econômica aqui dentro.
01:22A indústria que depende de atividade, confiança para investir e de taxas de juros mais baixas, a indústria de transformação,
01:28está perdendo força e está indo para praticamente crescimento zero.
01:33Então, sim, tem sinais de aceleração, diminuiu muito a confiança dos empresários,
01:38talvez até por causa de tarifas do Trump, por causa da proximidade agora da eleição, incerteza econômica,
01:44mas principalmente por causa de taxas de juros altas, que afeta investimento, que afeta capital de giro
01:50e afeta a confiança do consumidor para comprar bem caro.
01:54Então, a taxa de juros está batendo, a indústria está desacelerando.
01:58Vamos ampliar, então, um pouquinho a nossa discussão?
02:00Vamos chamar para conversar com a gente sobre esses e outros assuntos o Lucas Saqueto,
02:04que é economista da GO Associados.
02:06Boa noite para você, Lucas. Seja bem-vindo.
02:09Boa noite, Marcel. Obrigado pelo convite. Boa noite aos telespectadores da CNBC também.
02:14Vamos continuar, então, com esse assunto aí da queda na produção industrial.
02:18Eu queria entender, Saqueto, se essa queda já era precificada pelo mercado,
02:22se era isso mesmo que vocês esperavam, ou se teve alguma surpresa na divulgação do número?
02:27Não, Marcelo. Acho que até o Vinícius, um pouco antes de eu entrar, estava comentando.
02:31A gente já esperava uma queda, a terceira queda consecutiva na variação mensal,
02:36da indústria, e isso já era esperado.
02:38Eu acho que o principal reflexo, é muito cedo ainda para a gente dizer que o tarifácio
02:41afetou e foi o principal responsável por essa queda.
02:45Mas a política monetária restritiva, ou seja, os juros elevados,
02:49tem prejudicado bastante o desempenho da indústria.
02:52A gente começou o ano com uma taxa de juros já acima de dois dígitos, a 13,75.
02:57A gente está em 15% de taxa básica de juros agora.
03:01Isso dificulta muito o investimento e acaba atrapalhando muito os setores da indústria
03:05que precisam de financiamento, etc., para investir.
03:08Somado a isso, essa instabilidade, essa incerteza do ponto de vista político também prejudica.
03:14E aí a gente tem um ingrediente que é mais novo, com impactos agora no segundo semestre,
03:18portanto ainda não foi captado por essa pesquisa do IBGE,
03:21mas que deve também ter impacto na indústria, que é o tarifácio,
03:24que também tem causado bastante incerteza.
03:27E o empresário, o industrial principalmente, ele precisa de uma certa estabilidade
03:32para ficar seguro e fazer mais investimentos, expandir a sua produção, as suas plantas,
03:36o que não é o caso agora.
03:37Então, infelizmente, a expectativa é que a indústria continue sofrendo
03:43e desacelerando até, pelo menos, essa incerteza se diluir um pouco.
03:47A gente vê alguns setores escapando dessa queda, fármacos, por exemplo, crescendo bastante.
03:53A que você acha que isso se deve?
03:55Olha, tem, eu acho que o Vinícius até comentou e é um pouco na linha do que ele falou.
04:01Alguns setores que não dependem exatamente dessas variáveis que eu citei,
04:05ou setores mais consolidados na economia, como o setor de fármacos ou a indústria extrativista,
04:11que depende mais da variação dos preços internacionais e menos dessas questões políticas,
04:16acabam tendo um desempenho relativamente menor.
04:19Mas, para o setor como um todo, toda vez que a gente está num cenário de bastante incerteza,
04:25e aí a gente, aqui no Brasil, está relativamente acostumado a um cenário de incerteza política, etc.
04:31Mas, soma-se a isso um cenário internacional bastante instável,
04:34esses setores, infelizmente, vão ser cada vez mais exceção.
04:38Eu acho que, se a gente não ver, vislumbrar um cenário menos incerto daqui para frente,
04:45Marcelo, dificilmente, esses setores de exceção também vão apresentar esse bom desempenho.
04:50Vinícius.
04:51Lucas, tem gente que está tentando ver um raiozinho de sol aí nesse túnel,
04:56que está ficando meio embaçado,
04:58dizendo que no segundo semestre podem entrar alguns dinheiros para a população,
05:02que podem ajudar.
05:03Pagamentos precatórios, saque de FGTS, aumento do consignado,
05:08para o ano que vem, talvez, a isenção do IR,
05:10alguns respiros de ano eleitoral que podiam dar algum ânimo,
05:15pelo menos para evitar a queda maior da indústria.
05:17Você acha isso possível? Você acha que isso vai ter relevância?
05:20Ou o que vai dominar vai ser fator estrutural, taxa de juros,
05:23e o que levaria para muita gente a indústria crescer apenas 1,2%, 1,3% esse ano,
05:30lembrando que ela cresceu 3,1% no ano passado.
05:34Olha, Vinícius, eu acho que o cenário é bastante desafiador.
05:38A gente, na Goa Sucesso, costuma dizer que as nossas análises são pautadas
05:42num realismo esperançoso, mas está cada vez mais difícil a parte do esperançoso.
05:47Eu acho que são alguns ingredientes que, de fato,
05:50esse segundo semestre tem alguns, principalmente pagamentos de precatórios,
05:55algumas coisas que podem ajudar a economia a ter ali algum crescimento
06:00um pouco maior do que tem sido projetado.
06:02Mas eu acho que o desafio é muito grande, inclusive porque a situação fiscal do governo
06:06é muito difícil.
06:07Eu acho que mesmo que algumas coisas já estejam contratadas,
06:10e mesmo que ano que vem seja um ano eleitoral,
06:13o governo vai ter muita dificuldade para conseguir fazer investimentos,
06:16e aumentar o gasto, e conseguir cumprir a meta de resultado primário,
06:21que é de déficit zero, pelo menos, pensando no piso da tolerância.
06:29A meta mesmo é de 0,25% positivo.
06:31Então, eu acho que o cenário mais realista é de bastante dificuldade,
06:36dados os desafios fiscais, etc.
06:39Por outro lado, de fato, Vinícius, eu acho que tem alguma perspectiva aí da economia
06:44que deu sinais bastante intensos de desaceleração.
06:47A gente viu hoje o resultado da indústria, mas ontem também o IBGE divulgou o resultado
06:52do PIB do segundo trimestre, e a gente viu também uma desaceleração.
06:55Não foi uma queda, mas se a gente comparar com o primeiro trimestre do ano,
06:58tem aí uma redução significativa do crescimento da economia,
07:02já como consequência dessa política monetária mais restritiva,
07:06e da incerteza causada pelas tarifas.
07:09Então, Vinícius, por mais que existam alguns fatores aí que podem induzir um crescimento
07:15aí nos próximos meses, eu acho que os fatores que pesam o contrapeso do outro lado
07:20talvez prevaleçam, sejam um pouco maiores.
07:22Embora, eu acho que a gente precisa dizer, a expectativa de crescimento para esse ano
07:26da economia, apesar de todo esse caos, é um pouco mais de 2%.
07:30É um crescimento até que razoável, se a gente ponderar todas essas questões aí.
07:35O Saqueto, os dados fracos do payroll nos Estados Unidos hoje,
07:40eles aumentaram as apostas aí para um corte de juros de 25 pontos base
07:45agora na reunião de setembro.
07:46Eu queria que você analisasse para a gente que tipo de efeito isso vai ter
07:50na economia brasileira se de fato acontecer.
07:53Olha, Marcelo, essa expectativa, o mercado já vive essa expectativa de um corte
07:59na próxima reunião do FONC, que decide sobre a taxa de juros lá nos Estados Unidos.
08:02E eu acho que, no caso brasileiro, a gente pode ter uma pressão menor sobre o câmbio,
08:07por exemplo, porque os Estados Unidos, cortando juros, os investidores aumentam
08:11um pouco o apetite por economias que têm um risco maior, que é o caso da brasileira,
08:15e que estão com uma taxa de juros bastante elevada.
08:17A gente está em uma taxa, hoje está em 15% ali, mas se a gente descontar a inflação,
08:21a gente ainda tem uma das maiores taxas reais de juros do mundo.
08:24Então, eu acho que a principal consequência é que, mesmo diante dessas instabilidades políticas,
08:29dos desobramentos do julgamento do Bolsonaro, de possíveis novas tarifas que o Trump colocar
08:35ao Brasil, dado a expectativa de um corte na taxa de juros dos Estados Unidos,
08:39a gente pode ver o câmbio um pouco menos volátil aqui no Brasil.
08:42Por outro lado, eu acho que na taxa de juros do Brasil em específico,
08:46e na política do Banco Central, eu acho muito difícil a gente ver alguma alteração,
08:50um corte de juros, por exemplo, até o final desse ano,
08:53mesmo com os Estados Unidos com essa política um pouco menos restritiva.
08:57Eu acho que a gente vê lá o Trump pressionando e a vontade dele era que já houvesse esse corte antes.
09:03Tudo indica que vai acontecer na próxima reunião, não por pressão do Trump,
09:08mas porque os dados dão subsídio para o FED, que é o comitê do FED que tomou essa decisão,
09:15cortar os juros lá.
09:16A gente parece que está assistindo o começo da desaceleração provocada pelos juros altos aqui no Brasil.
09:21Eu queria saber a sua análise de quando a gente vai ver a retomada de um crescimento um pouco mais robusto,
09:28quando vai virar essa chavinha aí, quanto tempo vai demorar?
09:32Marcelo, o Banco Central, quando a gente rompeu a meta de inflação aqui no meio do ano, já em junho,
09:39a gente estourou, a meta agora não é mais no final do ano, mas se você rompe ela por seis meses,
09:45e aí o Banco Central tem que se justificar para o ministro da Fazenda.
09:48Na justificativa do Banco Central, o indício é que um ciclo de corte,
09:52uma possível trazer a inflação para mais próximo da meta, vai acontecer no primeiro trimestre de 2026.
10:01Os juros demoram um pouco, quando o Banco Central aumenta os juros,
10:05a economia demora um pouco para desacelerar e o contrário também é verdade.
10:09Então, eu acho que ali em meados de 2026, se de fato o Banco Central tiver a possibilidade
10:15de iniciar um corte, um ciclo de corte na taxa de juros no começo do ano,
10:19a gente já vai ver uma certa melhora na economia.
10:22Embora seja um ano eleitoral e a gente sabe que os gastos acabam sendo um pouco maiores,
10:27o governo tem algumas amarras onde esse gasto não vai poder ser tão grande.
10:30Então, inclusive a expectativa do mercado para 2026 é de um crescimento menor do que agora o de 2025.
10:36O mercado projeta um crescimento ali na mediana da pesquisa FOC de 2,19% agora em 2025
10:43e de mais ou menos 1,80% para 2026.
10:46Então, para a gente ter a receita, é claro que é difícil ter ingredientes políticos, Marcelo,
10:51mas eu acho que a receita para a gente conseguir ter um crescimento mais sustentado
10:55é o governo ter um pouco mais de responsabilidade fiscal e o gasto público ser mais eficiente.
11:00A gente investir de fato nas nossas lacunas.
11:02A gente sabe que tem muitos problemas em infraestrutura, em saúde, em educação
11:06e às vezes a gente vê que o orçamento não é tão bem aproveitado.
11:09Então, acho que seriam esses os ingredientes somados a uma política monetária menos restritiva.
11:14Mas aí não depende só da vontade do presidente, falta...
11:17O Banco Central precisa ter um embasamento técnico para fazer isso.
11:22Lucas Saqueto, economista da GO Associados.
11:24Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Jornal Times Brasil e boa noite.
11:29Eu que agradeço. Boa noite.
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