O economista e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena, afirmou que o cenário econômico atual apresenta limitações tanto internas quanto externas para uma agenda de flexibilização monetária no Brasil.
Em entrevista ao Money Times Brasil, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, ele avaliou os efeitos da ata do Banco Central, o impacto das tarifas norte-americanas e os desdobramentos possíveis no mercado interno.
Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/
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00:00E o Banco Central divulgou mais cedo a ata do Copom e no texto a indicação é de que o comitê deve seguir com a decisão de manter a taxa de juros na próxima reunião.
00:08No texto também é destacado que o tarifaço dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras deixa o cenário mais incerto e mais adverso para o Brasil.
00:17E a gente vai agora entender melhor o que a ata trouxe com o economista e empresário CEO da AmeriConsulting, Igor Lucena, ao vivo aqui, junto com o nosso analista Felipe Machado.
00:28Então, boa tarde Felipe, boa tarde Igor, bem-vindo de volta.
00:32Muito obrigado Felipe, Natália, é um prazer estar aqui com vocês.
00:35Boa tarde, boa tarde a todos.
00:37Bom, vamos lá. Igor, essa ata então indicou uma manutenção prolongada da taxa Selic em 15% e mencionou os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos.
00:46Tudo isso, de certa forma, já era esperado mesmo, né?
00:49É, Natália, esses elementos já eram esperados e o mais importante da própria ata é o que ela está dizendo na entrelinha, né?
01:00Os pontos principais que são pontos de risco para a própria manutenção.
01:04Então, vamos lá, o que seriam os pontos mais importantes.
01:07O tarifaço, a gente ainda não tem os efeitos prolongados do que isso pode ocorrer no Brasil,
01:13porque ele vai começar a entrar em vigor agora, né?
01:16Então, a gente tem produtos que estão dentro das tarifas, outros produtos que estão a menor,
01:23a gente teve algumas linhas de exceções,
01:25mas na prática isso diminui a capacidade de exportação do Brasil,
01:30isso faz com que a gente perca mercado dos consumidores
01:33e diminua o nível de investimentos dentro do próprio país.
01:36Por outro lado, isso também pode gerar com que tenhamos produtos em excesso,
01:43um excesso de demanda dentro do Brasil,
01:45caso muitos desses produtos não embarquem para os Estados Unidos,
01:49o que tem, sim, a possibilidade de uma geração, de uma pressão inflacionária.
01:54Ao mesmo tempo, a gente tem um mercado extremamente grande de incertezas
01:58entre o tarifaço do presidente Donald Trump relacionado a outros países, né?
02:04O que isso geraria, sim, aumentos de custos.
02:06Eu sempre digo que o tarifaço do presidente Donald Trump,
02:09ele gera uma importação de custos para o Brasil, por quê?
02:14Porque os produtos que nós importamos nos Estados Unidos,
02:16produtos e serviços que terão custos maiores,
02:22geram um aumento nos custos de produção diretos e indiretos aqui no Brasil.
02:28Então, a gente tem, sim, motivos para uma possibilidade de aumento
02:32dos índices inflacionários brasileiros.
02:35Sem contar, obviamente, que nos últimos meses,
02:40a gente viu a situação dos problemas do INSS,
02:45precatórios, uma quantidade enorme de itens
02:48que estão sendo colocados fora teto do governo federal,
02:52e isso está pressionando demais ainda o fiscal.
02:55Então, você tem um fiscal que não está ajudando.
02:56E se a gente assistir a uma ideia de plano para ajudar setores que não estão sendo,
03:05que vão ser pressionados pela questão do tarifaço,
03:11vai ter provavelmente alguma pressão maior no fiscal,
03:14seja diminuição de impostos ou crédito subsidiado,
03:18e tudo isso impacta a conta pública e faz com que não haja espaço no Banco Central.
03:23Então, são tantas variáveis que nós estamos assistindo interna e externa
03:27do ponto de vista de instabilidade,
03:30a gente está vendo isso até nos mercados hoje,
03:33uma queda aqui um pouco no Brasil,
03:34mas os Estados Unidos estão abrindo em forte queda por causa dos serviços,
03:38que o Banco Central não vê espaço para uma agenda positiva
03:42de diminuição de taxa de juros.
03:44E eu acho que esse cenário deve continuar aí, pelo menos, até o final do ano.
03:47Felipe, sua pergunta para o Igor.
03:49Legal, Igor. Boa tarde para você.
03:52Igor, a gente tem, do ponto de vista, a gente tem essa coisa das exportações,
03:56que talvez a gente possa ter problemas, a questão do tarifaço e tudo mais,
04:00mas muitos desses setores que vão deixar de exportar,
04:02algumas pessoas acreditam que esses setores vão buscar o mercado interno
04:06e com isso poderia haver, eventualmente, alguma queda de preço.
04:09Você acredita nessa possibilidade?
04:11Existe essa chance de que esses setores acabem buscando o mercado interno
04:17para fugir das exportações, pelo menos a curto prazo,
04:19e com isso pode haver uma redução dos preços?
04:23Olha, Felipe, depende do produto.
04:26A gente pode ter produtos que, sim, eles possam tentar buscar o mercado interno
04:30para diminuição dos seus prejuízos,
04:34mas eu acho que isso é extremamente pontual,
04:36não acho que isso vai ser uma capacidade...
04:39O mercado interno brasileiro não tem capacidade de absorver de uma maneira tão grande,
04:43então isso levaria a uma queda de preços,
04:47e aí há um risco muito maior,
04:49há o risco de que, dependendo da produção, principalmente da agrícola,
04:53você alocar ela de uma maneira muito forte no mercado interno,
04:58diminuir drasticamente os preços,
05:01você ter prejuízos não só no que você enviaria para o exterior,
05:04mas também prejuízos no próprio preço interno que ficaria bem abaixo
05:09do que seria o preço de mercado pré-estabelecido com margens de lucro pelos produtores.
05:15Então, se a gente olhar pelo menos pela visão do agro,
05:18eu acho que muitos deles vão preferir perder safra
05:21do que impactar preços internos a ponto de os prejuízos serem ainda maiores.
05:27Agora, outros produtos, são produtos talvez semi-manufaturados,
05:32com maior capacidade, esses são mais difíceis,
05:34porque o mercado brasileiro não sei se tem capacidade de absorção.
05:38E um outro ponto que eu vejo é a busca de mercados externos,
05:44não é rápida, não é simples,
05:45China não tem interesse nem capacidade de absorver grande parte desses produtos,
05:49na União Europeia a gente está ainda, entre aspas,
05:53lenga-lenga com o acordo.
05:55Então, é assim o cenário de prejuízos.
05:57Agora, absorver parte dos produtos, sim,
06:01de uma maneira muito temporária,
06:05mas com muito receio.
06:07O receio de qualquer exportador é aumentar demais a demanda no mercado interno
06:13desses produtos e prejudicar até os preços internos,
06:16e aí o prejuízo é ainda maior do que as próprias tarifas.
06:19Então, eu acho que se existir essa sensibilidade em alguns produtos,
06:25vai ser muito pontual e não vai ser algo que vai ter um impacto
06:29de longo prazo na economia e que seja suscetível à própria alteração
06:33dentro do Copom, para que tenha uma baixa na taxa de juros.
06:38Igor, a gente está no momento em que se fala, acho que mais que nunca,
06:41de cautela, de incerteza, e aí aqui na nossa audiência
06:45a gente tem sempre o público muito especializado,
06:47tem a turma do mercado financeiro, tem quem esteja também querendo
06:50entender melhor, aprender aqui junto com a gente,
06:53e aí eu queria aproveitar o teu conhecimento para isso.
06:55O que você recomendaria nesse momento, em termos práticos,
06:58para um público não especialista, não mergulhado nos dados diários
07:03do mercado financeiro, para se preparar, se proteger financeiramente
07:06num cenário, num ambiente como a gente está vivendo agora?
07:09Olha, eu acho que está muito claro que existe sim um cenário,
07:14esse cenário de taxa de juros no Brasil está sendo extremamente favorável
07:18para a renda fixa, para quem é investidor, o cenário de renda fixa
07:22brasileiro está sendo muito bom, você pode ver até mesmo itens do Tesouro Direto
07:26e fundos de investimento relacionados a isso.
07:29O mercado de crédito brasileiro muito alto, muito caro, então muita gente,
07:33quem estiver esperando para fazer financiamento e puder jogar para frente,
07:36carro, casa, deixa isso para frente, não é o momento agora,
07:39a gente tem que esperar uma melhora na curva de juros lá para frente.
07:42Agora, mercado exterior, mercado de ações americana está extremamente alto,
07:48mercado de ações europeus também se recuperando,
07:51mesmo com o tarifácio do presidente Trump, e aí é um questionamento
07:55que eu vejo aqui na mídia norte-americana, é, Trump está vencendo a guerra
07:59do ponto de vista econômico, apesar do tarifácio, as ações americanas
08:03estão sim se valorizando, então há um sentimento que mesmo que haja
08:08uma correção nos próximos, próximos meses, e aí aqui o mercado fala
08:11uma coisa de 10%, o mercado de renda variável americano e europeu sim
08:16estão em uma trajetória futura, positiva, e eu vejo muito isso.
08:23Então eu acho que quem investe, quem está analisando o mercado,
08:28tem que focar no Brasil a renda fixa para um lado ou para o outro,
08:32e o exterior a renda variável, eu acho que é isso que está fazendo
08:35carteiras renderem, que está fazendo as pessoas se protegerem,
08:39principalmente desses efeitos de tarifas.
08:42Perfeito, muito obrigada Igor Lucena, economista, empresário,
08:45CEO da Ameri Consulting, pela participação, pelas recomendações
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