O índice de confiança dos exportadores brasileiros caiu de 50,2 para 45,6 pontos após a tarifa de 50% dos EUA, segundo a Confederação Nacional da Indústria. Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI, explica como a falta de confiança afeta produção, investimentos e empregos, e as perspectivas de diálogo com o mercado americano.
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00:00E passados quase dois meses do anúncio da tarifa de 50% sobre produtos do Brasil nos Estados Unidos,
00:06um resultado aparece. A queda na confiança de boa parte dos exportadores brasileiros.
00:11Os dados estão numa pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, que a gente vai ver aqui no telão.
00:17O índice de confiança do empresário industrial, da CNI, vai de 0 a 100 pontos.
00:21Nos meses de julho a agosto, a queda foi de 4,6 pontos, passando de 50,2 para 45,6.
00:30Uma queda bastante acentuada aí, né?
00:32Depois de uma redução de 1,7% em junho, o gráfico mostra como a queda se acentuou em agosto, com 2,9 pontos.
00:40Depois que o tarifácio de 50% entrou em vigor nos Estados Unidos.
00:45Segundo a CNI, valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresariado.
00:50Abaixo disso, a falta dela. Portanto, a gente vê aí que os 45% indicam falta de confiança.
00:56E essa falta também aparece no índice de expectativas, que avalia como os exportadores veem a economia
01:02e os próprios negócios nos próximos seis meses.
01:05A queda em julho e agosto foi de 5 pontos, de 52,2 para 47,2 pontos.
01:13E a gente vai falar sobre essa pesquisa agora, justamente com o Marcelo Azevedo,
01:17que é gerente de análise econômica da CNI.
01:19Marcelo, boa noite para você. Seja muito bem-vindo ao Jornal Times Brasil.
01:25Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos que nos acompanham aqui no Jornal.
01:28Bom, dentro do contexto que a gente está vivendo, eu diria que esse resultado aí não chega a ser nenhuma surpresa, né, Marcelo?
01:34Exatamente. Infelizmente não é uma surpresa, né? A gente acompanha aí o índice de confiança que mede essa combinação, né,
01:44de avaliação das expectativas e uma avaliação das condições corrente das empresas.
01:49A ideia é justamente antecipar os movimentos das empresas medindo o pulso dos empresários, né?
01:54Os empresários confiantes, eles tendem a aumentar a produção, tendem a aumentar o emprego, tendem a aumentar investimentos,
01:59e acontece ao contrário com uma falta de confiança.
02:03Eles tendem a segurar essas decisões de emprego, decisões de investimento, decisões de contratações ou de produção.
02:10E dado o que vem acontecendo, né, o cenário externo bastante atribulado, não à toa as empresas exportadoras mostraram essa queda significativa aí na confiança,
02:22especialmente nesse último mês, né?
02:25E aí você até falou, Marcelo, que o índice varia de 0 a 100 pontos e valores abaixo de 50 mostram falta de confiança.
02:32E ele já estava abaixo de confiança no mês anterior, né, em julho e agora em agosto, ele se afastou bastante dessa linha divisória.
02:39Isso significa que essa percepção dessa falta de confiança, ela ficou mais intensa, ela ficou mais disseminada na indústria, né, nos exportadores, como mostra aí a pesquisa.
02:50Ô Marcelo, eu não sei se a pesquisa traz esse índice setor por setor, mas de qualquer maneira, eu queria saber a análise sua sobre os setores que estão mais desanimados, digamos assim.
03:00A pesquisa, quando a gente pegou esse recorte por exportador, a gente deixou de ter a questão por setores, né, e a gente faz uma avaliação normalmente, já usualmente, por os setores,
03:19mas os setores já vinham de uma forma geral, mostrando, mas aí a gente está juntando exportadores com exportadores, uma perda de confiança nos últimos meses,
03:28e aí já é de um outro fator que já vinha perturbando a indústria, já vinha prejudicando bastante a indústria, que é a taxa de juros elevados.
03:34Então, quando a gente pega geral, né, exportadores e não exportadores dos setores, a gente já viu uma piora, e agora com esse recorte dos exportadores,
03:44a gente vê um fator novo, um fator, inclusive, bastante importante, que veio derrubando ainda mais essa confiança, né, para esse agora, esse nível de 45,6 pontos.
03:54Vinícius Torres Freire.
03:55Marcelo, boa noite. Com os canais oficiais, governamentais, de conversa com os Estados Unidos, fechados, totalmente fechados, até onde a gente sabe,
04:07tem muita expectativa sobre o que pode dar essa diplomacia empresarial, vamos dizer assim, né, e vai ter muito empresário lá nos Estados Unidos
04:15nessa semana e nas próximas semanas também, até no desenrolar desse processo do USTR. Você tem expectativa, assim, tem algum sinal?
04:25É claro que vocês não vão lá à toa, que, obviamente, tem expectativa de que vai dar certo. Agora, os empresários.
04:31Mas vocês têm algum sinal que abriu-se um caminho? Tem algum sinal de que a coisa possa avançar?
04:38Tem um canal com empresário nos Estados Unidos ou associações que vão chegar até o governo?
04:43Tem algum caminho das pedras visível?
04:48Olha, a gente acredita no diálogo desde o início, a gente continua acreditando no diálogo,
04:52e, infelizmente, esse diálogo está levando mais tempo, né, e por isso foi tão importante as medidas
04:58apresentadas pelo governo para dar algum respiro para as empresas, enquanto, especialmente aquelas
05:03bastante afetadas com a perda das exportações, eventualmente, por conta do Larifácio.
05:09Então, essa combinação dessas medidas para dar esse respiro com a tentativa de conversas,
05:17de continuar essas conversas, que a gente sempre apoiou e continua, e não à toa tem essa missão acontecendo
05:23nesse momento, para continuar essas conversas é bastante importante.
05:28E, paralelamente, caso, né, a gente não tem, a gente acredita que tem, precisa ter essa conversa,
05:34essa conversa está acontecendo e vai continuar acontecendo e tem que ser assim mesmo.
05:39Mas, paralelamente, além do que eu já falei com relação até às medidas, é também importante
05:45em novos mercados, em maior competitividade, continuar aqui essa extensa reforma de necessária
05:51para manter a competitividade brasileira, para aumentar a competitividade brasileira, inclusive,
05:56para poder conseguir outros mercados, outras opções, para a gente não ficar
06:00menos afetado por medidas como essa.
06:06É, tem sido uma obsessão, né, Marcelo, dos setores que exportam para os Estados Unidos,
06:11justamente buscar novos mercados aí, desde que esse tarifácio foi anunciado.
06:15A gente sabe que, em muitos casos, é bem difícil, né, essa abertura, não é da noite
06:19para o dia, mas tem algum setor industrial brasileiro que está te surpreendendo, assim,
06:23que já está conseguindo redirecionar as vendas para outros países?
06:28A gente ainda está vendo, né, isso ainda começou a acontecer, né, esses números mesmo que
06:34saíram agora, são questões ainda de expectativas, né, a gente está trabalhando, muitas vezes
06:39a gente está falando aí de contratos, que são coisas que levam algum tempo, e mesmo
06:44nos últimos números, os últimos números estão muito afetados pelas próprias expectativas,
06:49então houve muita antecipação de comércio, tanto pelos importadores americanos, quanto
06:55pelos exportadores brasileiros e vice-versa, né, com essa, afinal, há um comércio muito
07:00grande entre os dois países, não é só também de lá, dos nossos exportadores para
07:05lá, mas também de muitos importadores.
07:07Então, por conta dessa mudança, houve uma antecipação muito grande, então houve uma
07:11mudança muito grande aí nos próprios dados de exportação e de importação dos dois
07:16países, então a partir de agora que a gente pode começar a ver alguma coisa, a gente vê
07:21os movimentos, a gente vê as intenções, mas em dados ainda, o que a gente consegue ver
07:26agora, no momento, são pesquisas como essa que ainda mostram as intenções dos empresários
07:31mais claramente.
07:32Os números em si estão muito afetados pela própria volatilidade trazida pela situação,
07:37então teve muita antecipação, muito movimento forte, mas que a gente não consegue separar
07:42o que já é algum indivíduo, que é uma mudança ainda reativa por conta do mesmo do
07:47tarifácio.
07:48Que cenário você está considerando mais provável na evolução da guerra comercial
07:52com os Estados Unidos?
07:53Infelizmente, um cenário de uma mudança, de um retorno ao que estava antes é um pouco
08:03mais demorado, se for o caso, e menos provável do que o cenário atual.
08:11A gente também tem que pensar, inclusive, num cenário mais amplo, não só no cenário
08:17brasileiro, mas também com outras tarifas, com outros países, que isso tem reflexo também
08:23no comércio mundial, uma queda no comércio mundial como um todo é esperada, ainda que
08:27tenha havido recentemente uma revisão mais positiva, na comparação com o crescimento do
08:34ano passado, ainda é um crescimento bem mais fraco, isso é esperado.
08:40Então, esse cenário já pode pegar como garantia de uma redução do cenário global como um todo,
08:46se isso já afeta as exportações brasileiras direta e indiretamente, e com isso a gente
08:52tem uma nova dificuldade para o setor industrial exportador brasileiro, além das taxas de juros
09:00elevadas que já vinham afetando.
09:02Vinícius.
09:04Marcelo, amanhã sai o resultado do PIB, do crescimento da economia, no segundo trimestre.
09:09Pela pesquisa mensal do IBGE, a indústria ficou praticamente estagnada em relação ao primeiro trimestre.
09:16Agora, quanto à indústria de transformação, especificamente a indústria de transformação,
09:21para o resultado de amanhã, vocês têm uma expectativa, vocês têm uma estimativa
09:24de como deve ser o desempenho da indústria?
09:30Olha, eu tive um desempenho realmente bastante fraco, próximo de zero de crescimento, e já
09:40foi um crescimento bastante fraco no início do ano, especialmente na comparação com o ano
09:48passado, que foi um ano bastante positivo para a indústria de transformação, mas esse ano
09:52a gente vê bastante dificuldade, já teve um primeiro trimestre que a indústria andou
09:57de lado, mas foi puxada mais pela extrativa do que o restante dos setores, já mostraram
10:04até queda, e a expectativa não é muito diferente nesse segundo trimestre do ano.
10:12A gente até acredita que, pegando a indústria, que no final do ano a gente tem algum crescimento
10:20ainda que bem mais modesto que o ano passado, mas é um primeiro semestre que vai acusar
10:26muito o golpe, não só da elevação da taxa de juros já do ano passado, como também
10:33uma perda de dinamismo que a gente vem acompanhando aí na economia.
10:37A gente teve um primeiro trimestre mais forte, praticamente por volta da agropecuária, a
10:43gente já sentia, a indústria já sentiu o golpe nas taxas de juros já no primeiro
10:48trimestre, e na verdade de lá para cá ainda houveram algumas elevações, a taxa de juros
10:53ainda ficou mais elevada.
10:55Então é uma taxa que já vinha prejudicando a demanda, já vinha prejudicando os investimentos
11:00industriais, então com isso a expectativa é de um novo resultado que reflete esse quadro
11:07bem adverso, com uma taxa de juros bastante elevada para a indústria.
11:11Marcelo Ozevedo, gerente de análise econômica da CNI, muito obrigado pela sua participação
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