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As tarifas entre Estados Unidos e China atingem níveis históricos, impactando cadeias globais e preços de bens de consumo. Vinícius Rodrigues Vieira, professor de economia e relações internacionais na FAAP e FGV, explicou ao Fast Money como o Brasil pode se beneficiar desse realinhamento do comércio global.

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Transcrição
00:00A tarifária entre Estados Unidos e China pode criar janelas de oportunidade para o Brasil.
00:05A realocação de cadeias produtivas e o encarecimento de bens chineses
00:09podem trazer um choque para o padrão de consumo americano,
00:13principalmente para produtos de bens de consumo, móveis, utensílios domésticos,
00:17têxteis também.
00:18E a gente vai entender os impactos disso tudo para a economia do Brasil,
00:22conversando ao vivo com Vinícius Rodrigues Vieira.
00:25Ele é professor de Economia e Relações Internacionais na FAAP e na FGV.
00:29Tudo bem, professor? Boa tarde, bem-vindo ao Fast Money.
00:33Tudo bem, muito boa tarde, obrigado pelo convite.
00:35Felipe Machado é nosso analista e está aqui para participar da conversa também.
00:40Bom, professor, essas tarifas voltaram a níveis históricos ali entre Estados Unidos e China,
00:46já subiram, foram tantas idas e vindas que é fácil a gente se perder.
00:49Mas, de fato, desde que tudo isso começou dessa vez,
00:55o que já mudou concretamente em relação aos custos?
01:00E por que isso vem sendo chamado de o maior realinhamento do comércio global desde os anos 80?
01:06Bem, mais uma vez, muito obrigado, Felipe.
01:08Muito obrigado, Natália, pelo convite.
01:10Nós estamos aqui testemunhando sob o comando de Donald Trump
01:15esse grande realinhamento, porque na prática nós temos o fim,
01:20na visão do Trump, do sistema multilateral.
01:24Então, aqui uma breve explicação.
01:25Como que funciona a Organização Mundial do Comércio?
01:28Com base na ideia de reciprocidade difusa e o conceito de nação mais favorecida.
01:35Ou seja, se os Estados Unidos impõem uma tarifa de 50% ou de 0%
01:41tão determinado bem para o Brasil, que é um membro da OMC,
01:43ele tem que impor esse mesmo nível ali para a China.
01:46A não ser que ele faça um acordo à parte bilateral, regional,
01:51com cada um dos parceiros.
01:53São 165 membros da Organização Mundial do Comércio.
01:57E foi lá nos anos 80 que houve o quê?
02:00A estruturação da OMC.
02:03A OMC é fundada em 95,
02:05mas é a partir dos anos 80 que nós temos o quê?
02:07Essa disposição em converter o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio,
02:13o GAT, que tinha sido fundado lá em 1948,
02:15como parte ali da estabilização econômica do pós-guerra,
02:19convertê-lo para ir além de um acordo,
02:21para ser uma organização que pudesse, por exemplo,
02:23julgar ali e fazer ali valer as regras do comércio internacional,
02:28com julgamentos, por exemplo, entre as partes,
02:31como é o caso do que se passava ali no órgão de solução de controvérsias,
02:35tudo isso ainda existe formalmente.
02:36Mas o Trump vem desafiando, por meio que,
02:39da imposição de tarifas distintas a parceiros diferentes,
02:42e daí esse grande realinhamento.
02:44Sai o multilateralismo e entra o bilateralismo de Donald Trump.
02:49Certo, Felipe.
02:50Professor, boa tarde mais uma vez.
02:53A gente fala desse realinhamento,
02:55dessas cadeias de suprimento globais,
02:58essas mudanças em todo esse sistema.
03:00Quais são as oportunidades para o Brasil?
03:02Quer dizer, o que o Brasil pode fazer
03:03para tentar surfar essa onda da melhor maneira possível?
03:06A gente está sofrendo também com as tarifas em relação aos Estados Unidos.
03:10Nós continuamos com 40%.
03:11É um número super alto, isso prejudica o Brasil.
03:14Mas quais são as oportunidades?
03:15O que a gente pode tentar tirar alguma coisa positiva,
03:20se é que tem, desse novo cenário mundial?
03:23Bem, Felipe, o problema é que o Brasil sai um pouco atrasado
03:27para aproveitar essas oportunidades.
03:29Por quê?
03:29Você usou um termo que é chave nessa era,
03:32que foi ali aberta pela OMC,
03:34mas que também contou com muitos acordos bilaterais e regionais
03:38para estruturar as cadeias globais de valor.
03:41O Brasil é um dos países, segundo os mais diversos índices,
03:44muito isolado das cadeias globais.
03:46Que é basicamente você ter linhas de produção
03:49com etapas distintas localizadas em países diferentes.
03:53A grande vantagem do Brasil nesse atual contexto
03:57em relação ao mercado americano,
03:58se houver uma aproximação entre Brasil e Estados Unidos,
04:02tal como foi iniciado pelos presidentes Trump e Lula,
04:06é justamente servir de plataforma de exportação
04:10para o mercado americano.
04:12Mas o próprio Trump parece não querer muito isso,
04:14porque ele quer, na verdade, que as indústrias
04:16não se instalem em países aliados,
04:19mas se instalem justamente no próprio território americano.
04:24Ou então nas proximidades,
04:26caso ele chegue a um bom termo com México e Canadá.
04:31Mas, dito tudo isso, acho que oportunidades,
04:33principalmente naquilo que a gente ainda consegue fazer bem
04:36na área industrial,
04:38que são o quê?
04:39Bens de menor valor agregado.
04:41Até a Natália mencionou aqui antes da conversa,
04:43têxteis, por exemplo.
04:45É uma área que talvez nós pudéssemos explorar
04:47se tivéssemos também o quê?
04:49Reformas internas, principalmente na questão tributária
04:53e também na questão trabalhista,
04:55para nos tornarmos mais competitivos.
04:57Mas, por ora, infelizmente,
04:58o Brasil sai bastante atrasado nessa disputa.
05:01E, professor, olhando de novo para os Estados Unidos,
05:05para a motivação, para tudo isso que está acontecendo,
05:07a gente traz de volta lá o MAGA e essa defesa de Donald Trump
05:12de reindustrializar os Estados Unidos.
05:16E eu queria te ouvir sobre isso, professor,
05:18porque faz sentido, é sustentável,
05:22considerando a dependência dos Estados Unidos
05:25e do mundo inteiro, de produtos importados também,
05:28para manter o consumo aquecido e importado de baixo custo?
05:31O fato, Natália, é que hoje nenhum país é uma ilha.
05:36A ambição do Trump esbarra na realidade.
05:40E qual é a realidade hoje?
05:42Nós já temos estudos acadêmicos,
05:45de think tanks, centros de pesquisa,
05:48que demonstram que essas tarifas do Trump
05:51estão encarecendo a produção doméstica americana.
05:54Ou seja, um pouco de indústria,
05:56relativamente, que os Estados Unidos ainda mantêm,
05:58que está tentando atrair.
05:59E fabricar lá vai se tornar mais caro,
06:01porque os insumos que não são feitos lá
06:04acabam se tornando mais caros em função dessas tarifas.
06:08Então, essa ideia de Make America Great Again,
06:11que ecoa ali, é importante dizer, dois aspectos.
06:13Um aspecto econômico, que é o que a gente está falando aqui,
06:17é justamente retomar a América dos anos 50,
06:20aquela América dos filmes ali,
06:22do pessoal vivendo em subúrbios,
06:24de classe média, no pós-guerra,
06:27relativamente ali com um bem-estar,
06:29social, um bem-estar econômico bastante elevado,
06:33com empregos industriais.
06:34Quando os Estados Unidos, em função da destruição da Europa,
06:37concentravam o quê?
06:3850% ou mais, dependendo do ramo,
06:40da produção industrial do mundo.
06:42E também ali, claro, tem um lado,
06:43que aí é menos interessante para a questão da economia,
06:46mas também tem seus impactos,
06:48que é o alvo do Trump,
06:49é claramente ali a classe média branca,
06:51em detrimento das minorias.
06:53Só que hoje os Estados Unidos são um país muito diverso,
06:56conta com muitos imigrantes qualificados,
06:59é importante dizer,
07:00e dificilmente o Trump vai conseguir fazer essa promessa ser cumprida.
07:05Ele já está sendo cobrado por isso,
07:06como por meio da queda nas taxas de aprovação,
07:10e ele não tem muito o que fazer,
07:11senão rever essas tarifas.
07:14Algumas tarifas podem funcionar,
07:16mas não da maneira como elas foram implementadas.
07:19Professor, eu vejo uma coisa que é uma contradição.
07:23O governo do Trump tem muitas contradições,
07:25mas essa é uma das que eu acho mais gritantes,
07:28que é o seguinte,
07:29essa tentativa de reindustrialização dos Estados Unidos,
07:32ao mesmo tempo em que ele privilegia totalmente o setor das big techs,
07:35que é um setor que praticamente vai acabar com os empregos convencionais,
07:41por meio principalmente da inteligência artificial.
07:43Como é que o senhor vê essa dicotomia?
07:45Como é que o senhor vê esse paradoxo trumpiano aí?
07:47Exatamente, é uma excelente questão, Felipe,
07:50porque se a gente olhar os dados dos Estados Unidos,
07:54tanto a economia quanto a questão do emprego,
07:57hoje ela depende muito das big techs.
07:59No caso da economia,
08:00aí já há estudos que demonstram que não haveria crescimento econômico nos Estados Unidos
08:05se não fosse o setor justamente das big techs,
08:08especificamente esses investimentos mutuosos em inteligência artificial.
08:12Como você bem colocou, já vão substituir,
08:15já estão substituindo postos de trabalho.
08:17Hoje há uma grande dificuldade por parte dos recém-formados nas universidades,
08:23inclusive em boas universidades, para arranjar emprego,
08:25porque esses empregos iniciais, trabalhos mais simples,
08:28inclusive no setor de serviços, de escritórios,
08:31hoje você tem a inteligência artificial fazendo boa parte desse trabalho.
08:36Os estudos aí demonstram isso de modo cabal.
08:38Então o que o Trump, se ele quiser ser honesto com a população americana,
08:42ele deve falar para a população,
08:44olha, vocês têm oportunidades, nós temos oportunidades,
08:47somos líderes aqui, é um fato dos Estados Unidos,
08:49na questão das big techs,
08:50rivalizando, claro, com a China,
08:52mas é treinar a população para esse mundo da inteligência artificial.
08:58E não me parece que há nenhuma política pública nesse sentido,
09:01porque o Trump ali, por exemplo,
09:03ele desmantelou o Departamento de Educação dos Estados Unidos.
09:06Então seria ali um instrumento, por exemplo,
09:09como foi na Guerra Fria,
09:11mesmo sem Departamento de Educação,
09:13que é ali do fim dos anos 70,
09:14mas eles decidiram investir no ensino de matemática,
09:17para justamente não ficar atrás ali da União Soviética.
09:20O mesmo teria que ser feito agora,
09:22para que os Estados Unidos vençam a competição contra a China,
09:25e claro, possam aí prover empregos de qualidade
09:28para a sua população.
09:30Quero agradecer a participação ao vivo com a gente aqui
09:34no Fast Money do Vinícius Rodrigues Vieira,
09:37que é professor de Economia e Relações Internacionais na FAAP
09:39e na Fundação Getúlio Vargas.
09:41Professor, ótima tarde e volto sempre.
09:44Muito obrigado, Natália.
09:46Muito obrigado, Felipe.
09:46Excelente tarde a todos.
09:47Tchau, tchau.
09:49Tchau, tchau.
09:49Tchau, tchau.
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