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O ministro Mauro Vieira se reunirá com o secretário Marco Rubio para tratar de tarifas, exploração de terras raras, regulação de big techs e a situação da Venezuela. Natalia Fingermann, professora de relações internacionais, analisou os possíveis avanços e desafios do encontro.

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Transcrição
00:00E vamos continuar a falar sobre essa reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira,
00:05e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
00:08São previstos para essa conversa a relação comercial entre os dois países,
00:12além das sanções a autoridades brasileiras, um possível acordo na exploração de minerais críticos,
00:18planos de regulação das big techs no Brasil e a crise na Venezuela.
00:23Pauta à existência. A gente vai entender o que mais podemos esperar dessa reunião,
00:27conversando agora ao vivo com a professora do curso de Relações Internacionais, DSPM,
00:31Natália Fingerman, e o Felipe Machado me acompanha nessa conversa.
00:34Boa tarde, Felipe, e boa tarde, Natália. Bem-vindas.
00:37Boa tarde para vocês.
00:38Boa tarde, Natália. Boa tarde, Felipe. Um prazer estar aqui com vocês.
00:42Eu me achará difícil esse nome.
00:44Está fácil para o Felipe hoje. Não vai errar.
00:47Não vai errar o nome.
00:49Professora Natália, então, conta para a gente.
00:52Essa reunião está acontecendo num momento em que o clima entre Washington e Brasília
00:56ainda é de tensão comercial, né? Por mais que tenha rolado aquela troca de simpatias ali
01:01entre a química, né? Entre Trump e Lula, a gente sabe e ouvimos agora essas falas de ontem
01:11que mostram que ainda tem muita coisa para ser discutida.
01:15Na sua opinião, o que realmente está em jogo e que concessões ambos os lados
01:20podem estar dispostos a fazer, professora?
01:22Olha, eu acredito que as principais concessões que os Estados Unidos devem fazer em termos
01:28de tarifa são aquelas que têm mais interesse para o consumidor norte-americano e que têm
01:34impactado no bolso desse consumidor.
01:36Então, a tarifa para a carne e para o café tem gerado um impacto diário para o consumidor.
01:43Ele tem sentido esse aumento dos preços e isso, no longo prazo, pode gerar uma queda
01:49de popularidade para o governo Donald Trump, o que ele não gostaria que acontecesse.
01:54Então, eu vejo que os Estados Unidos, dentre as tarifas de 50%, essas duas, é bem possível
02:03que a gente veja uma ordem fazendo a retirada dessas tarifas ou uma queda drástica para 10%
02:12nos próximos meses.
02:14Agora, o que o Brasil vai oferecer em troca?
02:18Sabemos que os Estados Unidos já demonstrou interesse nas terras raras brasileiras.
02:24A gente tem hoje uma concentração de 24% das terras raras do mundo, mas ainda é muito
02:31pouco explorada.
02:32Então, eu acredito que o governo está indo para essa negociação já pensando em como
02:39articular, talvez, um aumento da exploração das terras raras do Brasil pela empresa norte-americana,
02:47que hoje, inclusive, é a única que explora as terras raras do Brasil.
02:52Felipe.
02:53Professora Natália, tudo bem?
02:55Boa tarde.
02:56Professora, o que seria...
02:58A gente sabe que o Brasil, essa questão das terras raras, a gente tem também a discussão
03:03do etanol, que pode ser um possível ponto para essa negociação.
03:07O que o Brasil pode oferecer em termos de...
03:12Uma das questões, voltando um pouquinho, uma das questões que os Estados Unidos colocam
03:16é como a gente viu na entrevista do Scott Bassett e do Jason Greer, a questão política.
03:20Então, o Brasil tem um judiciário, segundo eles, que está perseguindo empresas americanas
03:26ou está tratando mal o ex-presidente Bolsonaro.
03:28Nesse sentido, se alguma dessas questões vier na discussão, como é que o Brasil deve
03:32se comportar?
03:36Eu acredito que se essas questões verem para a discussão, é bem provável que a gente
03:41veja um retrocesso na negociação.
03:43Porque o Brasil já se posicionou em relação a esses temas, já deixou claro o governo brasileiro
03:50que isso é uma questão de soberania nacional e que o próprio executivo não tem capacidade
03:56de intervir em questões que são aí decididas pelo judiciário.
04:02Se o nosso executivo tomasse a iniciativa do judiciário, nós não estaríamos mais
04:05numa democracia, nós estaríamos num governo ditatorial.
04:09Então, me parece que se isso for colocado à mesa, a negociação pode não avançar.
04:18Não sabemos até que ponto isso vai ser trazido à mesa.
04:24É muito instável e muito imprevisível qualquer tipo de negociação com essa gestão de Donald
04:30Trump.
04:31Vimos essa semana agora, por exemplo, o retorno das tarifas de 100% à China.
04:36Então, fica muito claro como qualquer processo de negociação passa por uma instabilidade
04:43muito grande quando a gente pensa no que a gente tem visto em algumas situações como
04:50a da China.
04:52Eu espero que esse tema não seja tratado, que a gente tenha uma negociação com foco
04:56comercial para depois talvez discutir questões políticas.
05:00Mas acho que o que é mais importante hoje para os dois países é tratar das questões
05:04comerciais.
05:06E, professora, tem um outro ponto sensível que também tem chance de entrar ali na pauta,
05:11que é esse tema da regulação das big techs.
05:13Também tem chance de surgir na conversa com efeitos ali sobre empresas americanas, startups
05:18brasileiras.
05:19Como que a gente conseguiria equilibrar a nossa soberania digital sem comprometer parcerias
05:25tecnológicas, investimentos?
05:27É possível?
05:27Excelente pergunta.
05:31Esse é um tema que o Brasil, infelizmente, está muito atrasado, a questão da tecnologia.
05:37E, na verdade, hoje no mundo nós temos dois grandes players em termos de tecnologia, que
05:43é Estados Unidos e China, que são quem detém as principais plataformas digitais.
05:48Infelizmente, sabemos que a regulamentação das plataformas tem sido vista como um ataque à
05:59liberdade de expressão pelo governo norte-americano.
06:02Apesar de que a regulamentação da plataforma que é proposta pelo Brasil e proposta por outros
06:09países tem muito mais a ver com a proteção de crianças, de jovens, de mulheres.
06:14A exposição da plataforma e o seu mau uso é por aqueles criminosos.
06:21Então, a gente tem um problema de entendimento sobre esse processo regulatório e que, do meu
06:29ponto de vista, o Brasil só tem uma saída ou uma chance de conseguir enfrentar essa situação
06:35em termos domésticos é se levar isso para a esfera internacional e outros países também
06:41começarem a exigir uma regulamentação das plataformas, criando um parâmetro internacional
06:49do que deveria ser essa regulamentação, quais deveriam ser as diretrizes dessa regulamentação,
06:56de forma que garanta tanto a liberdade de expressão, mas também garanta a proteção
07:01às crianças, às mulheres, aos jovens que se utilizam nessas plataformas.
07:07Perfeito, Felipe.
07:09Professora, queria tocar em mais um outro ponto espinhoso, né?
07:12A gente só está tocando em pontos espinhosos.
07:13Mas é o que tem, né?
07:14É a nossa função aqui.
07:17Mas eu queria falar sobre a Venezuela.
07:19A relação do Brasil com a Venezuela, ela não é mais tão próxima.
07:22O presidente Lula, inclusive, de certa forma, o Brasil barrou a entrada na Venezuela, nos
07:26BRICS, enfim.
07:27No Mercosul também, ela está suspensa por não ser uma democracia.
07:32Então, o Brasil não está.
07:33O presidente Lula não está mais próximo, tão próximo da Venezuela quanto ele já
07:36teve no passado.
07:38Então, mais ao mesmo tempo, o Brasil também não quer os Estados Unidos invadindo a Venezuela
07:42ali, entrando na América Latina, invadindo um país que, teoricamente, tem a sua soberania
07:47e tudo mais.
07:48Como é que a senhora vê essa questão?
07:50Como é que o Brasil deve tratar esse tema, apesar de já não estar mais tão próximo,
07:54ao mesmo tempo, não querendo que os Estados Unidos, que já está com 10 mil soldados
07:58ali no Caribe, prontos para qualquer operação, já tem até um plano dizendo que os Estados
08:04Unidos estão abertos, possivelmente uma operação da CIA, operação secreta, que já não é
08:07mais tão secreta, porque já saiu na imprensa.
08:10Mas como é que a senhora vê essa relação da Venezuela e o Brasil?
08:12Como é que o Brasil deve tratar a questão da Venezuela?
08:16Felipe, isso é uma pergunta muito delicada e que coloca o Brasil numa situação extremamente
08:21delicada. A Venezuela passa por um governo autoritário e um processo de insegurança para
08:28a população já há muitos anos e que tem gerado uma crise para o Brasil em termos de
08:33refugiados. O Brasil não é o país que mais recebe refugiados, é muito abaixo, por exemplo,
08:38da Colômbia, do Equador. Mas, querendo ou não, tem um impacto, sim, para o nosso país.
08:44E se tivermos qualquer tipo de conflito dentro do território venezuelano, nós sabemos que o
08:52refúgio deve aumentar ainda mais e pelo Brasil ter uma fronteira com a Venezuela, isso gera uma
08:58estabilidade na nossa fronteira e pode gerar um problema muito sério para o Brasil. Então, é um
09:06tema sensível que o Brasil deve tentar mostrar para o governo norte-americano. Primeiro, a dificuldade
09:14de se invadir, eu acho que é muito fácil. O problema é conseguir permanecer e controlar o
09:20território venezuelano. Segundo estimativas, 10 mil homens não são suficientes. Precisaria de mais de
09:26200, 300 mil homens para conseguir controlar o território e corre o risco da Venezuela se tornar um
09:34ventinã para os Estados Unidos pela questão da floresta e todo o formato de guerra em guerrilha
09:43que pode se consolidar no país. Então, me parece que é importante o governo brasileiro, primeiro,
09:51deixar claro que não tem relações próximas com a Venezuela, mas não por isso apoia uma invasão
09:57na Venezuela devido à própria estabilidade fronteiriça que pode gerar e econômica para o Brasil.
10:05Então, e mostrar como pode ser um risco político para os Estados Unidos. Uma invasão da Venezuela
10:11pode fragilizar o governo norte-americano, criando um despende muito grande e uma estabilidade em termos
10:18de parceiros regionais. Os outros países da América Latina vão se sentir fragilizados e suscetíveis a qualquer
10:26tipo de invasão a qualquer momento dos Estados Unidos, podendo fazer com que esses países optem
10:32por uma aproximação ainda maior com o governo chinês e talvez optem também no longo prazo
10:38a ter um processo de rearmamento na região, que hoje é uma das regiões com menor número de armas
10:46e uma das regiões mais pacíficas do mundo em termos de conflito entre países.
10:52E, Natália, o que você espera, então, para as coisas, como elas devem se desenrolar
10:58nessa tarde, né? Então, esse encontro, essa reunião tão esperada de hoje, está marcada
11:02para duas da tarde, horário lá dos Estados Unidos, três horas horário aqui de Brasília,
11:08é fechada, né? Não vai ter transmissão ao vivo. Você imagina que na sequência, pensando
11:13num protocolo tradicional, eles devem falar ou é mais provável que emitam notas ou é mais provável
11:18que a gente tenha um silêncio e aguarde, possivelmente, um encontro pessoalmente
11:25entre Lula e Trump. Como é que você imagina esse desenrolar e os ritos, né?
11:30Olha, os ritos vai depender muito do contexto desse encontro, né?
11:35Sabemos que, dependendo do que for negociado, pode ser que faça uma fala pública com os dois,
11:43Marcos Rupio e Mauro Vieira para a imprensa, querendo mostrar aí a reaproximação das
11:49relações, que são relações de 200 anos. Relações Brasil-Estados Unidos são uma das
11:54relações mais bem estabelecidas e de grande importância para o Brasil, mas também de
12:00muita importância para os Estados Unidos. Então, o que eu gostaria de ver é isso, mas
12:05sabemos que nem sempre o que nós gostaríamos é o que pode acontecer. Então, talvez a reunião
12:11não tenha o resultado esperado, né? Ambas as partes tenham que voltar aos seus chefes
12:17de Estado, renegociar até para apresentar uma nota. Então, eu acho que vai depender
12:23muito do caminhar da reunião para a gente entender como é que vai ser os ritos finais.
12:29Mas é bem provável que alguma nota, talvez se não for uma fala direta à imprensa
12:33imediatamente, alguma nota o governo brasileiro coloque e eu espero que seja
12:38negociado as questões comerciais que são de interesse ao Brasil e que também
12:43são de interesse ao governo norte-americano, que a gente pense, né, na questão das
12:48terras raras, do lítio, do etanol como uma troca para os Estados Unidos, mas que
12:53seja uma troca justa e que mantenha a soberania brasileira e que mantenha lucro
13:00para as empresas também brasileiras, né? E que traga recursos para o Brasil
13:04também. Então, em termos de comércio, vamos pensar na... acho que carne e café
13:10seria muito bom se essas tarifas, de fato, desaparecessem.
13:16É, é verdade. E, bom, e pode ser que a gente fique aqui a tarde inteira morrendo
13:20de curiosidade, né, na expectativa, sem informação nenhuma confirmada.
13:24Vamos torcer para, pelo menos, o presidente Donald Trump colocar, fazer um ponto...
13:28Ah, no Not True também tem essa chance.
13:30Não sai uma nota, né, Natália?
13:31É, é o canal de comunicação oficial dele, né?
13:34Quero agradecer...
13:34Esse é o novo canal.
13:36É, exatamente. Novos Tempos.
13:38Natália Fingerman, professora do curso de Relações Internacionais da ESPM.
13:43Muito obrigada, viu, pela entrevista, participação ao vivo.
13:46Volte sempre.
13:48Obrigada, é um prazer.
13:49Tchau, tchau.
13:50Boa tarde.
13:50Tchau, tchau.
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