O Monitor do Comércio da Amcham Brasil revelou que o tarifaço americano reduziu as exportações do Brasil em agosto, com quedas de até 22,4% em setores como celulose, equipamentos e autopeças. Fabrizio Panzini, diretor de relações governamentais da Amcham, explicou o efeito das sobretaxas e como a integração econômica entre os países pode influenciar o futuro do comércio bilateral.
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00:00A edição mais recente do Monitor do Comércio, feito pela Uncham Brasil, mostra o estrago que o tarifácio fez nas exportações brasileiras para o mercado americano.
00:09Sobre isso, nós conversamos agora com Fabrício Panzini, que é diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da Uncham Brasil.
00:16Boa noite para você, Fabrício. Seja bem-vindo.
00:19Boa noite, obrigado. Boa noite a toda a audiência de vocês.
00:22Bom, o governo, desculpa, o comércio, aliás, entre os dois países, vinha muito forte até agosto, quando o tarifácio entrou em vigor e aí as vendas do Brasil para os Estados Unidos caíram 18,5%.
00:36Uma parte disso, você acredita que sejam aquelas vendas antecipadas por causa da expectativa do tarifácio?
00:43É, o mês de agosto talvez vai ficar conhecido como o mês que foi aí um momento mais paradigmático, né?
00:53O comércio vinha com um crescimento forte, é verdade que o crescimento era maior, né?
00:59Das importações do que das exportações, que já vinham sentindo algumas das tarifas,
01:06mas a queda foi bastante acentuada nas exportações no mês de agosto.
01:13Como você colocou 18,5%, e aí a gente fez uma coisa diferente agora, um cálculo diferente nesse mês,
01:21que foi separar aqueles produtos que estão com uma sobretaxa daqueles que não estão com uma sobretaxa, né?
01:27E aqueles que estão com sobretaxa, a queda foi ainda mais forte, foi de 22,4% nesse mês de agosto, né?
01:36O que demonstra, de fato, que o mês de agosto realmente representa um ponto diferente aí da curva,
01:47e se mantido as tarifas no nível que estão agora, né?
01:51A gente vai ver esses resultados se repetirem.
01:54É verdade, né, que no acumulado do ano, a gente ainda está com um certo pequeno aumento, né?
02:02Pouco menos de 2% de aumento das exportações aos Estados Unidos.
02:06Isso se deve a vários produtos, setores que o Brasil é muito competitivo internacionalmente,
02:12e que de fato, a gente imagina, né, pelos dados,
02:16houve uma importante antecipação de embarques, de exportações pelas empresas brasileiras.
02:23E quais foram os setores mais afetados, Fabrício?
02:27Olha, até se a gente pegar no acumulado do ano, né, de janeiro até agosto,
02:32a gente tem alguns setores ali dos mais importantes que a gente vem para os Estados Unidos,
02:37cujas quedas aí tiveram, foram mais fortes, né?
02:41A gente pegar, por exemplo, o setor de celulose, foi uma queda aí de mais de 15%,
02:46setor de equipamentos, por volta de 14%,
02:51ou setor de motores e autopeças, por exemplo, também aí ao redor de 11%, 12% cada um.
03:00Então, né, cada setor, né, pode estar sentindo uma barreira de forma diferente, né?
03:07Tem barreira, por exemplo, para o aço, né,
03:09que já está desde fevereiro, março ali, uma barreira maior aplicada, né?
03:15Esse setor está caindo aí por volta de 10% ao ano.
03:19Outros estão com uma barreira de 10%, né?
03:23E outros com uma barreira maior de 40% ou 50%, né?
03:27Então, a gente viu, né, uma queda mais disseminada também no mês de agosto, né?
03:33Antes a gente acompanhava alguns produtos específicos que estavam puxando a queda,
03:38mas agosto demonstrou ali uma queda maior, né?
03:43Ali, se a gente tirar os 10 principais produtos, né,
03:46e só esse grupo de demais, a queda está tanto em valor, 33%,
03:53quanto em quantidade, né, ao redor aí de 40% de quantidade de queda.
03:58Então, de novo, né, acho que esse último mês demonstrou um cenário muito diferente, né?
04:06Isso, agora vamos para uma pergunta do Vinícius Torres Freire.
04:09Fabricio, boa noite.
04:11Eu fiz também uma conta quando saiu a balança comercial
04:13e do valor, né, da queda de exportação mês a mês,
04:18não quer dizer que foi a causa, mas o equivalente a 43% do valor dessa queda
04:23se deveu à venda menor de aeronaves, partes e peças e óleos combustíveis que não estão no tarifácio.
04:31O que aconteceu com esses produtos?
04:34E o número de agosto não está superestimado por queda nesses produtos que não estão submetidos ao tarifácio?
04:44Vinícius, você tem razão em apontar o petróleo.
04:47Petróleo é um produto que a gente já vê uma queda dele nos meses aí anteriores
04:55e isso se deve meramente a questões de mercado, né?
04:58As refinarias dos Estados Unidos estão demandando uma quantidade menor de petróleo para refino
05:05e com isso o Brasil tem vendido menos aos Estados Unidos.
05:10A aeronave, você tem também total razão de apontá-la.
05:14A aeronave vinha com um crescimento muito forte em 2025
05:20e muito da, né, acho que alguns setores foram excluídos, né, do tarifácio ali de agosto,
05:30mas muitos deles não sabiam que eles seriam excluídos, né,
05:33a gente conversa muito com esses setores, né,
05:36embora eles tenham feito esforços junto ao governo brasileiro,
05:40junto ao governo dos Estados Unidos, muitos deles não sabiam.
05:43Então, houve um esforço mesmo de antecipação do embarque.
05:47Agora, para além disso, Vinícius, eu volto naquele ponto da pergunta anterior,
05:52a gente notou um número grande, né, um número, uma lista longa de produtos
05:57cuja queda foi bastante forte que a gente não vinha vendo de janeiro até julho, né,
06:05então, produtos talvez que não apareçam ali entre os principais,
06:09mas que começaram a apresentar uma queda mais forte a partir deste mês.
06:16Fabrício, eu queria entender que tipo de lobby a Enxan tem feito nos Estados Unidos
06:20para participar dessa situação.
06:22Como é que tem sido a estratégia de vocês lá?
06:23Olha, nossa estratégia é muito a conversa com o setor empresarial dos Estados Unidos
06:33e com o governo dos Estados Unidos demonstrando que essa tarifa do ponto de vista econômico,
06:40ela não é benéfica aos Estados Unidos, né, e por uma série de razões, né,
06:45não só, né, alimentos que a gente sabe que vai impactar preço nos Estados Unidos,
06:51mas o Brasil também é fornecedor dos Estados Unidos de uma série de insumos
06:55que são muito importantes para uma cadeia, várias cadeias produtivas do país
07:02e que são cadeias produtivas e indústrias que os Estados Unidos estão querendo estimular, né,
07:08então a gente vai desde, né, minérios até ferro silício,
07:13até alguns produtos químicos que vão para a indústria de chips,
07:18indústria de baterias, indústria de aço, né, indústria farmacêutica,
07:23uma série delas em que o Brasil é um fornecedor e é um fornecedor, né,
07:28confiável para os Estados Unidos e há muito tempo.
07:31Outro ponto, né, muitas empresas brasileiras, elas têm presença nos Estados Unidos,
07:36elas investem nos Estados Unidos, isso faz bem para o Brasil e faz bem para os Estados Unidos
07:41e elas querem investir mais, né, só que essa tarifa não dá para você produzir, né,
07:47de um momento para o outro tudo no outro país,
07:51você tem que aos poucos, tem que exportar algumas partes e peças a partir do Brasil,
07:55então também esse investimento é um ponto importante,
07:59um argumento importante que a gente tem visto com as empresas, né.
08:03Outro ponto muito relevante é que para o Brasil exportar para os Estados Unidos,
08:09ele também compra muito de matrizes dos Estados Unidos, né,
08:13então tem várias empresas filiais americanas aqui que vendem para os Estados Unidos,
08:17mas que estão num comércio muito integrado, né,
08:20são 16 bilhões que os Estados Unidos vendem ao ano aqui no Brasil
08:23e que são transformados aqui, revendidos de volta para os Estados Unidos.
08:28Se você não tem exportação brasileira, automaticamente você perde uma grande parte, né,
08:33já tem pedidos, né, sendo reduzidos de empresas brasileiras aqui.
08:38E por último, o efeito China, né, a gente fez um levantamento aqui interessante,
08:44que para 50% dos produtos que o Brasil vende para os Estados Unidos industriais,
08:49a China é primeira, segunda ou terceira concorrente do Brasil.
08:54Então, a gente tem levado argumentos econômicos, na esperança que esses argumentos econômicos,
09:00eles consigam aí puxar a agenda para frente, destravar a agenda política.
09:07E um último comentário que eu acho importante de colocar, né,
09:11que faz parte desses quatro argumentos que eu coloquei aqui para vocês,
09:15é essa integração do Brasil com os Estados Unidos, que ela é muito grande, né,
09:18eu mencionei aqui das multinacionais americanas, né,
09:21o comércio entre empresas do mesmo grupo, ela é cerca de um terço do comércio total
09:27entre Brasil e Estados Unidos.
09:29E a gente já vê nesse mês de agosto um outro efeito, né,
09:33que é o efeito de diminuição do ritmo de crescimento das importações brasileiras dos Estados Unidos.
09:40Por quê? Justamente por conta dessa integração,
09:42o fato de a gente ter um mercado mais fechado para vender de lá,
09:46a gente vai comprar menos dos Estados Unidos.
09:48Então, nossa argumentação é muito nessa linha, né,
09:52de que não é do interesse econômico dos Estados Unidos
09:55termos essa tarifa nessa magnitude para o Brasil.
10:00Fabrício Panzini, diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da Anxam Brasil,
10:05muito obrigado pela sua participação e boa noite.
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