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Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, avaliou os desdobramentos das tarifas dos EUA ao Brasil. Com impacto moderado no PIB, setores como agro e indústria devem sentir mais. O mercado reagiu aos primeiros sinais de negociação e alívio pontual para produtos como café e manga.

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Transcrição
00:00Eu vou conversar agora com o Roberto Padovani, ele é economista-chefe do Banco BV.
00:04Padovani, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite mais uma vez.
00:08Qual é a sua expectativa? O Lutnik diz que até sexta-feira todas as tarifas com todos os países estarão resolvidas.
00:16Você acha mesmo que ainda há espaço com três dias para a gente negociar com os Estados Unidos
00:21ou de fato as tarifas para a gente devem entrar em vigor na sexta-feira, dia 1º?
00:26Cris, hoje foi um dia muito importante com os primeiros sinais do governo norte-americano
00:31e a impressão que ficou é que a gente está caminhando para um cenário que o governo norte-americano
00:35mantém as tarifas de 50%, mas abre exceções para produtos e empresas, o que já é um ganho importante para a gente.
00:43Essas negociações acho que vão demorar mais do que a gente imagina, não vai ser resolvido sexta-feira,
00:49mas os primeiros sinais foram dados, eu acho que isso deixou o mercado um pouco mais animado.
00:53Que foi até o que o Lutnik falou, em relação a produtos que não são produzidos nos Estados Unidos,
00:58como café, cacau, manga, que são alguns produtos nossos que talvez a taxação pode ser zerada.
01:04Pode falar?
01:05Não, que existe essa preocupação do café da manhã do norte-americano que é café laranja,
01:10então a manga era uma preocupação, então só você dando os sinais que você consegue liberar a taxação nesses produtos
01:17já é um primeiro passo importante.
01:19Por que a gente tem tanta dificuldade para negociar com eles?
01:22Eu acho que a gente está vivendo um aprendizado, Cris, que é assim, durante muitos anos,
01:27a política externa brasileira, ela nunca se importou muito com as consequências dela,
01:32ela atendia o público interno.
01:34Então você podia fazer o que você queria fora do país, que ninguém ligava muito.
01:38Até pela relevância nossa geopolítica.
01:41Pela primeira vez na história, as nossas ações fora do país começaram a impactar.
01:47Então eu acho que isso foi a grande novidade.
01:51O governo norte-americano impôs tarifas duras, ninguém esperava por isso,
01:55e tem um caráter político nesse debate.
01:59Então eu acho que é uma novidade de como a gente deve, a partir de agora,
02:03conduzir a política externa, com muito mais cautela.
02:05De qualquer maneira, mesmo que alguns produtos nossos tenham a taxação zerada,
02:12a gente tem vários outros, se tudo continuar como está, que não terão.
02:17Qual será o reflexo disso para a nossa economia?
02:19Como deve ser a reação dos investidores e até do governo brasileiro?
02:23Tem um aspecto ruim de Brasil, Cris, que nesse momento isso ajuda,
02:27que somos uma economia fechada.
02:28Em particular, as exportações para os Estados Unidos são 12% do total exportado.
02:33Então eu imagino que o impacto em termos de crescimento seja pequeno.
02:37Ainda mais se você tiver as liberações, como a gente pode ter, por setor e empresas.
02:41Eu acho que tem um consenso entre os economistas,
02:44que a gente deve ter uma desaceleração, alguma coisa entre 0,2 e 0,5 nos próximos 12 meses.
02:50Vamos supor que o PIB esse ano seja 2,3, a gente está falando de uma redução para casa de 2%.
02:56Eu acho que não vai ser, do ponto de vista agregado, muito perceptível.
03:00Eu acho que os impactos serão setoriais, políticos,
03:02mas de maneira geral o Brasil deve avançar tranquilo com mais esse choque.
03:07Alguns setores vão sofrer mais do que outros.
03:09A preocupação é setorial, não é a economia como um todo.
03:13A economia como um todo, como eu falei, é fechada.
03:15Agora, setores, como a gente está ouvindo aqui na reportagem,
03:17dependem muito da exportação, como é o caso do Ceará.
03:19Então, Estados, setores, devem sofrer o impacto.
03:23Mas não dá para imaginar que a economia brasileira
03:25deva ter um novo cenário à frente em função desse evento.
03:29Vamos passar para a pergunta dos nossos analistas.
03:31Vou começar com o Alberto Azenpa.
03:32Boa noite para você, Alberto.
03:34Boa noite, Cris. Boa noite a todos que nos acompanham.
03:37Roberto, dia 1º de agosto deve vir chumbo grosso.
03:43Mesmo que, eventualmente, um setor ou produto tenha um certo alívio de taxa.
03:48Acha que a gente também não sabe se vai entrar em vigor já no dia 1º de agosto.
03:52Queria que você contasse para a gente o que é esse plano de contingência
03:58que o Ministério da Fazenda apresentou para o presidente já na segunda-feira.
04:02E também o que determinados governos estão preparando
04:07e se isso vai ser um bom alívio para certos setores ou produtores específicos.
04:13Bom, Alberto, uma primeira característica é que a gente não está sofrendo um choque
04:17como foi da pandemia, em que você tem uma reação de política econômica
04:22dada a desaceleração da atividade econômica.
04:23Pelo contrário, isso dificilmente vai alterar a estratégia do Banco Central.
04:27Os juros são muito altos.
04:29E como você não tem uma mudança do cenário macroeconômico como um todo,
04:33os bancos privados não devem apoiar as empresas que estão sofrendo.
04:37Então, nesse sentido, vai ser importante o papel do governo no crédito.
04:41Então, aqueles setores e empresas que estão sofrendo um impacto maior,
04:46localizadamente, eles devem ter apoio com linhas de crédito,
04:51não diria que mais baratas que do mercado,
04:54mas que dê às empresas possibilidade de acesso.
04:58Porque essas empresas vão ter dificuldade no setor privado.
05:02Vamos passar para o Vinícius Torres Freire.
05:04Vinícius.
05:04Padovani, vamos supor esse cenário ruim básico.
05:10Tarifa de 50% a partir de sexta-feira.
05:13Você diz aí que tem estimativa de redução de 0,2, 0,3 ponto percentual do crescimento.
05:20E o efeito maior fica contido, ainda que ruim, em alguns setores.
05:27Agora, muda a perspectiva de risco de mais médio prazo para o Brasil?
05:31Porque o Trump, se puser as tarifas de 50%, está fazendo no Brasil um caso especial.
05:38E, talvez, exista a possibilidade de que ele venha a impor mais sanções ao Brasil
05:43se o Brasil não reagir ou não fazer o que ele queira.
05:46É uma hipótese, no caso do Trump.
05:48Isso cria um risco para o Brasil no seguinte sentido.
05:53Olha, será que investir no Brasil, negociar com o Brasil,
05:56colocar nova fábrica no Brasil é uma coisa segura?
05:59Isso piora a perspectiva no Brasil do médio prazo, ou não?
06:03Eu acho que não, viu, Vinícius?
06:05Por várias razões.
06:06A primeira delas, havia uma preocupação entre os investidores
06:09para saber qual seria a reação do governo.
06:12O governo está sendo pragmático.
06:13Então, ele não está retaliando.
06:15Isso não só poupa custos aqui no Brasil,
06:18mas também faz com que a reação norte-americana seja mais suave.
06:22É claro que, assim, a gente tem ouvido todo dia isso,
06:25que provavelmente você terá mais sanções,
06:28mas não na questão tarifária e muito mais em membros do governo,
06:33sanções como a gente viu no caso do Supremo Tribunal Federal.
06:37Mas, do ponto de vista de negócios,
06:39eu acho que isso não afeta muito o risco,
06:41não só porque a reação do governo foi pragmática,
06:44mas porque todos os países estão vivendo essa mesma situação.
06:47e, basicamente, porque o impacto macroeconômico aqui
06:51é o impacto controlado.
06:53Então, eu não vejo uma piora de risco.
06:54É claro que isso pode mudar se houver uma escalada importante,
06:58atingindo investimentos e fluxos financeiros
07:01a partir do governo norte-americano.
07:03Então, a gente tem que monitorar o que os Estados Unidos vão fazer.
07:06Agora, não faz sentido imaginar que seja alguma coisa pior que Irã, Rússia.
07:10Então, eu acho que há ainda alguma confiança
07:12de que o Brasil está sendo mais afetado do que se imaginava,
07:15mas não a ponto de se mudar a avaliação de risco soberana.
07:19Quer dizer, na sua opinião,
07:21não mudou a maneira como o resto do mundo enxerga o Brasil,
07:24como os investidores internacionais nos veem?
07:28Eu acho que piorou na margem,
07:31porque eu acho que na primeira fase da imposição de tarifas,
07:35eu acho que tinha uma leitura muito positiva em relação à Índia e Brasil.
07:39O que tu não descobriu que o Brasil não está isento dessas pressões.
07:42Mas, do ponto de vista macroeconômico, Cris,
07:44eu acho que a gente está bem posicionado, consegue enfrentar esse choque
07:48e, portanto, isso não deve, no final do dia, assustar os investidores.
07:53Mas eles saíram, alguns saíram, né?
07:55Eu acho que nessa semana, a gente está passando três semanas em definição.
07:58Então, ninguém gosta de incerteza.
08:01Então, eu acho que o que a gente tem visto é o pessoal saindo do país,
08:04esperando informações novas e depois pode voltar.
08:07O primeiro impacto é esse negativo,
08:09mas eu não acho que seja alguma coisa permanente.
08:11Eu acho que é um movimento temporário em reação que a gente viu.
08:15Alberto.
08:17Alberto, é provável que os norte-americanos aliviem as tarifas
08:22em alguns determinados produtos,
08:25que para eles vão ficar mais caros e eles não têm interesse,
08:28como café ou talvez aeronaves.
08:32E eles vão vender isso para a gente como se eles estivessem aliviando as tarifas
08:37e sendo bonzinhos numa negociação?
08:40Ah, eu acho que sim, Alberto.
08:41Essa tem sido a estratégia do governo norte-americano, né?
08:44Você impõe tarifas, recua, mas recua para níveis muito elevados.
08:48A gente está vendo no caso da Europa, por exemplo,
08:50você está discutindo tarifas na casa de 15%, 20%.
08:53O governo norte-americano, ele está reduzindo, ele está recuando nas negociações,
09:00mas mantendo taxas muito elevadas.
09:02Eu acho que o Brasil não vai ser uma exceção e, dada a postura da política externa brasileira,
09:07eu acho que a gente pode ser mais punido que a média.
09:10O Brasil está muito associado à questão dos BRICS
09:12e isso deve fazer com que o governo norte-americano tenha menos vontade
09:17de trazer um alívio substancial.
09:19Eu acho que ele vai, de fato, olhar questões pontuais,
09:21o que prejudica o consumidor norte-americano,
09:24mas eu imagino o Brasil recebendo sanções importantes.
09:28Vinícius.
09:28Eu tenho até ouvido gente dizendo que esse pequeno impacto
09:33no ritmo de crescimento do Brasil pode vir a ter algum efeito em política monetária.
09:40Mas você acredita nisso?
09:41Quer dizer, a gente vai crescer menos, mas vai ser um impacto derivado,
09:45um efeito negativo derivado de perdas setoriais.
09:47Isso muda, mesmo que um tiquinho, perspectiva de política monetária no Brasil?
09:53Vinícius, eu acho que, usando o teu termo aqui, um tiquinho muda.
09:56Eu acho que o consenso de todos nós é de que o impacto das tarifas é desinflacionário,
10:04porque gera menos crescimento e, eventualmente, você pode até ter excedentes no mercado local.
10:09Então, isso reduz a pressão sobre preços.
10:12Então, isso atua no sentido de reduzir risco inflacionário.
10:15Você pode me perguntar, mas isso é relevante?
10:18Isso vai fazer com que o Banco Central amanhã já possa pensar em uma outra estratégia de política monetária?
10:23Não. A inflação está muito elevada, os impactos são marginais, mas, certamente, esses eventos ajudam o Banco Central.
10:30Agora, falando do mercado financeiro em si, depois de três sessões do Ibovespa em queda,
10:35a gente viu que hoje o Ibovespa subiu um pouco.
10:37O que você espera para os próximos dias?
10:40Lembrando, como você bem disse, estamos passando por uma semana decisiva, com dias bem certos.
10:46O que a gente tem visto é que o mercado brasileiro está operando um pouco na contramão.
10:50Ele está sofrendo com a questão tarifária e está sofrendo porque, primeiro, havia um otimismo,
10:56porque a leitura foi, olha, o governo brasileiro reagiu bem, então o mercado foi bem, sem muito problema.
11:00Na semana passada, a leitura foi, olha, não vai ter muita conversa com os Estados Unidos.
11:04Aí a gente teve um desempenho negativo dos ativos locais.
11:07Eu acho que hoje foi um dia importante, porque ele pode representar uma volta da perspectiva mais otimista
11:12para a Bolsa, câmbio de juros aqui dentro, porque você sabe que alguma coisa vai negociar.
11:17E o impacto macro é um impacto reduzido.
11:20Então, eu acho que tem chance dos ativos melhorarem.
11:22Claro que a gente vai ter que esperar, são três dias importantes com muita informação,
11:26mas eu acho que o que a gente já recebeu de informação hoje
11:29permite desenhar um cenário um pouco melhor do que na semana passada.
11:33Obrigada, sempre bom te receber aqui.
11:35Obrigada.
11:35Boa noite.
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