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O payroll de maio superou as expectativas e reforçou a resiliência da economia dos EUA. José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, analisou os impactos nos juros, no câmbio e nas decisões do Fed, além das movimentações fiscais no Brasil.

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Transcrição
00:00Tivemos hoje no ambiente dos mercados a divulgação nos Estados Unidos do Payroll,
00:06relatório do governo americano sobre o desempenho do mercado de trabalho nos Estados Unidos no mês de maio,
00:13relatório que trouxe dados animadores, o mercado ficou surpreso com a geração de vagas acima daquilo que se esperava.
00:21E para falar desse resultado e de outros que movimentam os mercados e movimentam o setor produtivo,
00:27a gente vai conversar agora com o José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos.
00:33Alfaix, boa noite já para você, são 6h04, então boa noite, obrigado pela sua participação ao vivo aqui com a gente.
00:40Queria começar te perguntando sobre o Payroll, então, Alfaix, que foi divulgado hoje nos Estados Unidos.
00:46Havia um temor dos mercados ao longo da semana porque saíram durante essa semana alguns dados mais preocupantes
00:53sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. E hoje o Payroll trouxe geração de vagas ali acima daquilo que se esperava,
01:00a taxa de desemprego se mantendo no mesmo patamar ali de pleno emprego, patamar de baixa quase histórica.
01:07O que é que representa para a economia esse resultado? O que é que ela diz sobre o estado da economia americana?
01:12Bom, boa noite, obrigado pelo convite. Então, foi um resultado que surpreendeu positivamente,
01:18igual você comentou, a gente teve dois indicadores principais da semana que vieram muito abaixo do esperado,
01:23tanto o que a gente chama de ADP, que é um instituto que calcula a folha de pagamento só privada,
01:28não engloba o setor público, quanto os pedidos de seguro-desemprego, que são dados semanais.
01:32Quer dizer, ambos vieram contrariando as projeções. Então, o pedido de desemprego surpreendeu para cima,
01:37a gente teve um número muito mais alto que o esperado, e o ADP, a folha de pagamento privada,
01:42também adicionou muito menos trabalhadores do que o antecipado.
01:45Então, trouxe essa enorme expectativa para a divulgação da folha de pagamento na agrícola hoje.
01:50O ponto é que a gente tinha tido outro dado muito importante de vagas de emprego em aberto na terça-feira,
01:55de outros que já mostrou, na verdade, um resultado bem melhor que o do mês passado.
01:59A gente viu a maior abertura de vagas, então as empresas continuam com a demanda relativamente estável,
02:05pouca fragilidade em relação ao que se esperava, de certa forma.
02:08As taxas de desemprego voluntárias, as pessoas que saem do trabalho voluntariamente,
02:12qual a métrica para você ver se está aquecido ou não, né?
02:15Se as pessoas estão conseguindo sair com facilidade ou não.
02:17Permanecem em patamares alinhados com o histórico do pré-pandemia também.
02:20De certa forma, o Joe disse que era o dado mais importante, tirando a folha de pagamento na agrícola,
02:25veio bem alinhado, veio até acima, inclusive, representando uma boa...
02:29Solidez no mercado de trabalho.
02:31Para a folha de pagamento na agrícola, tem uma leitura um pouco mais complexa do que só o número em si,
02:35porque, por mais que a gente tenha visto o desemprego estável em 4,2%,
02:39muito disso foi pelo fato de que a força de trabalho diminuiu,
02:42que seria basicamente o denominador ali para você ver o desemprego.
02:47Tem população ocupada, é a PEA, a população economicamente ativa.
02:50Como se teve um enxugamento da PEA, menos força de trabalho,
02:53porque as pessoas estão saindo ou parando de procurar emprego ali,
02:55especialmente por conta das incertezas referentes à migração,
02:59que ocupa, bom, bastante parte da mão de obra em construção,
03:02em agro especificamente, a gente teve um enxugamento virtual do desemprego.
03:07O número por si só é bom, mas acho que é bom pontuar
03:09que não é necessariamente uma métrica de um mercado de trabalho aquecido,
03:12ele está desacelerando sim,
03:14isso porque as pessoas não estão saindo da força de trabalho,
03:16mas ainda assim é melhor que o antecipado,
03:18acho que mostra uma desaceleração gradual, saudável do mercado de trabalho,
03:22enquanto a gente vê outros indicadores ali de produtividade e de salários
03:26crescendo em ritmo muito bom.
03:27Então, salários virão acima das projeções, 0,4%,
03:31indica, eles estão crescendo acima da inflação,
03:34nível sustentável junto com a produtividade.
03:36De certa forma, foi um número bom que afasta os temores do FED
03:39de uma desaceleração abrupta e também afasta um pouco
03:43as discussões de juros no curto prazo.
03:45Quer dizer, esses números mostram que para uma economia
03:49com uma inflação acima da meta, como a dos Estados Unidos,
03:53e com risco de mais inflação ainda pela frente por conta de tarifácio,
03:57essa redução na atividade necessária para controlar a inflação
04:00está se dando de uma maneira adequada, é isso?
04:04Perfeitamente.
04:05Acho que não tem como ficar mais claro que isso.
04:07Eles estão na posição confortável para manter os juros onde ele está.
04:10De certa forma, o desemprego tem 4%,
04:12o patamar que eles gostam, o Federal Reserve no caso,
04:15a inflação próxima a 2,5%, não está no centro da meta,
04:19mas está no limite superior da meta.
04:21Então, tem pouco incentivo para sair dessa posição
04:24com tanta incerteza vigente no cenário.
04:26Você teve na mesma semana uma ampla discussão
04:28da Big Beautiful Bill do Trump,
04:30que é um projeto de lei que deve ampliar o déficit estrutural
04:33em mais de 2,8 trilhões de dólares.
04:35Você tem, ao mesmo tempo, o dobro das tarifas de aço e alumínio
04:38que também tem impacto tarifário e pode também se desenhar
04:41em mais inflação no curto e médio prazo.
04:43Então, o FED adota uma postura muito inteligente, no caso,
04:48que é quando você tem os dois mandatos de inflação e emprego
04:51relativamente estáveis, para que tomar uma decisão
04:54com tantas variáveis incertas ainda?
04:56Então, perfeitamente o que você pontua.
04:59Agora, com esse resultado, ou seja, com a leitura de que a economia americana
05:03não está freando tanto assim, o que pode se esperar para a taxa de juros americana
05:09e como é que essa projeção impacta o Brasil, impacta o câmbio aqui no Brasil?
05:15Perfeito, perfeito.
05:16Bom, primeiro ponto, a gente estava com a perspectiva de mais cortes de juros
05:20esse ano do que agora.
05:21Então, em janeiro, se você fosse olhar as projeções dos analistas,
05:24você veria 3, 4 cortes, a média 3, na verdade, agora você vê 2
05:28e a maioria dos analistas vendo cortes só em setembro,
05:31justamente porque seria o momento que o FED conseguiria ter mais tempo
05:34para analisar os efeitos tarifários sobre a inflação e sobre o emprego também
05:38e agir de forma responsiva adequadamente.
05:41Então, por enquanto, acho que você vendo o mercado de trabalho saudável, estável,
05:46desacelerando num ritmo apropriado, isso afasta a discussão de cortar os juros
05:50no curto prazo e essa discussão só volta a ser analisada em setembro.
05:54Então, você tem a manutenção dos juros no target rate de 4,5%,
05:58o que é um juro muito elevado para o padrão histórico dos Estados Unidos
06:00e suga muita liquidez para o mercado de treasury,
06:03o que é em tese ruim para o Brasil,
06:05mas tem tantas variáveis não inclusas nessa conta,
06:09que estão trazendo um fluxo financeiro grande para a emergente,
06:11que mesmo com o juro mais elevado lá,
06:13que seria uma coisa que suga o nosso mercado emergente,
06:15a gente tem visto uma boa performance dos ativos.
06:17Então, só para dar um exemplo de fatores que estão afastando esse comportamento.
06:22Essa lei do Trump, a Big Beautiful Bill,
06:24ela amplia muito o spread nas taxas mais longas de juros,
06:28o medo, eventualmente, de que a dívida americana saia de controle,
06:32aumenta o custo que os credores, no caso, cobram sobre a dívida,
06:36especialmente os longos, que são muito demandados como ativo de reserva.
06:40Ao mesmo tempo, você tem instabilidade política e institucional
06:42causada pelo próprio presidente,
06:44que causa uma fuga natural dos ativos norte-americanos,
06:47como a gente viu em abril, como a gente viu em maio também.
06:49Aí, são fatores que, mesmo que com juros elevados lá,
06:52você acaba tendo uma fuga financeira para outros países.
06:55Então, não é puramente os juros,
06:57mas, em tese, tudo é mais constante,
06:59juros mais altos lá,
07:00traria maior fluxo financeiro para ativos norte-americanos,
07:02e a gente anda fixa.
07:04E aí, olhando agora um pouco para o Brasil, Alfaix,
07:07a gente vai ter no fim de semana,
07:08se tudo correr conforme o que está programado,
07:11uma reunião importante em Brasília,
07:13com o Ministério da Fazenda,
07:15representantes da Câmara, representantes do Congresso,
07:18para discutir alternativas ao aumento do IOF,
07:21tentar buscar um ajuste fiscal ali nas contas federais
07:24para tentar reverter esse aumento do IOF.
07:27Qual a importância desse movimento que espera-se que seja feito?
07:32Olha, a última vez que a gente criou muita expectativa
07:36em torno de um pacote fiscal do governo com pouca divulgação
07:38foi em novembro,
07:39e eu não acho que foi um desfecho muito bom,
07:43mas eu espero que seja diferente.
07:44O ponto é que o Congresso se mostrou tão avesso,
07:47qualquer medida que inclua arrecadação,
07:49porque o governo já exauriu essa opção há bastante tempo,
07:52que agora você cria uma base relativamente boa
07:54para criar ajustes dentro da despesa,
07:57hoje ajustes que a gente chama de gastos tributários,
07:59que são aqueles gastos indiretos do governo,
08:02que ele deixa de arrecadar subsidiando,
08:04ou basicamente fornecendo benefício fiscal.
08:06Uma das coisas que vazaram,
08:08ou que parece ser um conteúdo desse pacote,
08:10é a revisão linear e gradual de redução de 10%
08:14do crescimento dos gastos tributários pelos próximos anos,
08:17o que seria uma coisa muito boa,
08:18a gente tem mais de 500 bilhões dentro dessa categoria,
08:21e também discutem-se algumas medidas mais complicadas,
08:24que eu acho difícil a aprovação.
08:26Então, você tem a desvinculação de saúde e educação da Receita,
08:29emenda de 2015, que dificilmente vai cair,
08:32você tem ao mesmo tempo medidas do Alexandre Silveira,
08:34com os leilões de pré-sal,
08:36que devem arrecadar cerca de 12 bi,
08:37mas tem pouco desenho.
08:40Eu acho que a parte importante é que o governo procura alternativas
08:42que não pelo lado da Receita,
08:44porque claramente já não tem muito apelo
08:46e capital político dentro do Congresso.
08:47Então, acho que o movimento de caçar coisas que não é ali,
08:51mesmo que alguma coisa incipiente nas despesas,
08:53já seria bem interessante.
08:55José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos.
08:59Alfaix, muito obrigado pela sua presença aqui,
09:01e bom fim de semana.
09:02Obrigado, boa noite.
09:03Valeu.
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