Ata do Copom, inflação, guerra do IOF e crise fiscal. Tsai Chi-Yu, CEO da Say, analisa os impactos econômicos da semana e os próximos passos do governo para equilibrar as contas públicas.
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00:00Bom, a gente teve mais uma semana cheia de assuntos no noticiário econômico.
00:04Teve alta do Copom, prévia da inflação, derrubada do aumento do IOF e muito debate sobre a situação fiscal no país.
00:12Sem contar o noticiário internacional, com a volatilidade do petróleo e também os olhares do mundo para as relações comerciais dos Estados Unidos.
00:19Sobre esses assuntos, a gente conversa agora com o Tsai Tiu, que é economista e CEO da Stay.
00:25Tsai, boa noite para você, seja bem-vindo.
00:27Boa noite, Marcelo. Obrigado por me receber.
00:31Bom, foram inúmeras pautas, como eu falei aqui nessa semana, mas eu acho que a gente pode dizer que, pelo menos aqui no mercado interno,
00:38essa derrubada do aumento do IOF dominou o noticiário. Eu queria saber como é que você viu esse episódio.
00:44Marcelo, a gente aguardava já há algum tempo um pouco mais do desfecho da situação do IOF.
00:52Eu venho comentando já há mais alguns meses já dessa complicada relação do IOF e da implementação dela ao longo dos últimos meses.
01:04E a disputa entre o governo e o Congresso acabou acirrando um pouco dessa instabilidade em torno desse assunto.
01:11E aí, essa semana que a gente teve, foi o Congresso derrubando o IOF que foi decretado pelo governo no mês passado.
01:22Mas a gente vem acompanhando essa volatilidade e eu acredito que não seja o fim dela.
01:27Então, a gente teve o primeiro decreto, depois várias semanas de instabilidade devido a um pouco do desconhecimento em relação a como seria a implementação desse IOF.
01:38E agora o governo, o Congresso derruba esse decreto, mas ao longo das próximas semanas a gente provavelmente vai ter uma reação no governo
01:45em relação ao que o Congresso fez ao derrubar o decreto do IOF.
01:51É isso, né? Para onde você acha que o governo vai correr agora para ajustar as contas?
01:55Eu acredito que o governo ainda não desistiu, tá, Marcelo, de implementar o IOF sobre câmbio, previdência e outros produtos.
02:09Eu imagino que o próximo passo do governo vai ser questionar a decisão do Congresso no STF.
02:16Então, o que a gente tem ouvido é que o governo tem consultado os advogados
02:22para entrar com o processo no STF.
02:27Então, o primeiro passo, imagino, para equilibrar as contas ainda vai ser questionar o Congresso no STF.
02:35E caso o STF mantenha a decisão do Congresso, hoje em dia é um pouco indefinido,
02:41para onde o STF vai julgar isso,
02:44eu imagino que o governo opte por cortar certos subsídios
02:49e, eventualmente, cortar também alguns gastos.
02:53Maria Almeida, eu tenho uma pergunta para você agora, Tissaia.
02:56Tissaia, obrigada por estar aqui com a gente no Times Brasil.
02:59Bom, até considerando aí o que você disse sobre o fato dessa novela ainda continuar,
03:03o tema do IOF ainda vai ser sustentado,
03:05queria te perguntar o seguinte,
03:07quando o governo fez o anúncio, ele aumentou as tarifas,
03:10as alíquotas médias, na verdade, do IOF,
03:12mas atribuindo aí uma necessidade, de um lado, de aumentar a arrecadação,
03:16mas de outro, dizendo que tinham distorções da forma como as alíquotas estavam estabelecidas,
03:21que favoreciam algumas operações em detrimento de outros.
03:24Depois que passa para o Congresso derruba, tem questionamento mais público,
03:28se perde um pouquinho qualquer eventual qualidade técnica que tivesse em alguma das partes da proposta.
03:35Queria te perguntar isso,
03:37essas distorções, elas deveriam voltar para o debate?
03:40Tem espaço para não ser agora e ser em outro momento?
03:42Como é que você vê esse pedaço aí do debate do IOF que acabou ficando um pouco secundarizado?
03:48Boa noite, Mari.
03:50Eu acho que assim, eu acho que eu tenho que entender,
03:52num primeiro momento, o que o governo ele considera como distorção.
03:56Então, o mercado ele reagiu muito mal para alguns segmentos desse IOF.
04:01Então, um dos piores, talvez, das sinalizações que houve,
04:06e depois eventualmente o governo recuou,
04:09foi a interpretação de que o IOF ele veio como uma forma de controle de capital indireto.
04:14Então, eu acho que o primeiro passo seria entender o que o governo de fato considera como distorção.
04:21Outro exemplo, além do IOF sobre o câmbio, foi o IOF sobre previdência.
04:25A previdência, ele é um produto que precisa ser fomentado no Brasil.
04:30Dado os problemas que a gente tem a longo prazo com a previdência pública,
04:36e aí colocar um IOF numa previdência privada,
04:38também houve uma sinalização de que o governo, ao médio e longo prazo,
04:42poderia tender a restringir acesso a um produto que,
04:45com o envelhecimento da população, o brasileiro tanto precisa.
04:48Então, assim, eu acho que eu não vou entrar tanto no debate
04:52se o que o governo considera é distorção ou não é correto ou não,
04:58mas acho que a gente precisa entender a fundo se, de fato, as distorções existem.
05:03Ou se é uma forma de eles buscarem receita para equilibrar as contas
05:08e colocar distorções como uma forma de justificar essa busca por receita.
05:13Mas, Maria, acho que distorções com certeza existem.
05:17Acho que a gente precisa entender, primeiro, no primeiro momento,
05:20se essas distorções realmente existem, ou se é, de fato, uma busca por receita,
05:26o que também é muito válido para equilibrar as contas.
05:29O governo precisa ou cortar custo ou aumentar a receita.
05:31Não tem segredo.
05:32A matemática não deixa a gente sair muito dessas duas alternativas.
05:38Ou você precisa aumentar sua receita ou você precisa cortar custo.
05:41E aí a análise política que foi feita pelo governo naquele momento
05:44que aumentar a receita, via IOF, teria um custo de capital político menor
05:49do que o de cortar custos.
05:51Otisai, o ministro Haddad, essa semana, ele não falou abertamente,
05:56mas ele deixou transparecer que ele ficou surpreso com essa decisão do Congresso
05:59e desapontado também.
06:01Por quê?
06:02Quando veio esse aumento aí do IOF, muita gente reclamou, muitos políticos reclamaram
06:08e ele sentou, então, com os líderes dos partidos para pedir uma alternativa.
06:12E, segundo ele, alinhavou essa alternativa e, depois, sem conversar com ninguém do governo,
06:17o Congresso foi lá e derrubou esse aumento do IOF.
06:21Eu queria que você analisasse se essa atitude do Congresso não foi mais política
06:27em detrimento de uma responsabilidade fiscal que o próprio Congresso sempre está cobrando do governo.
06:34Marcelo, acho que quando a gente olha para o Congresso, as decisões,
06:38apesar de elas terem muita repercussão econômica,
06:41elas tendem a ser decisões mais políticas do que econômicas no final do dia.
06:45Então, a gente, claro, tem que dar uma ênfase nas consequências econômicas
06:50de decisões tanto do Congresso como do governo, mas, no final do dia,
06:55se a gente for olhar, de fato, a raiz das discussões,
06:58as discussões são mais políticas do que econômicas.
07:01E aí, quando o Haddad mostra a insatisfação, o desapontamento dele com o Congresso,
07:07é que acho que ele acreditava que, por ter uma base governista maior do que de oposição,
07:14isso não viria a acontecer.
07:15Então, eu acho que, nesse processo todo, o Haddad contava muito com a base governista,
07:24mas, eventualmente, a repercussão negativa em torno do IOF causou tanto desgaste
07:30que, no final, o Congresso se viu em uma posição de ter o apoio popular
07:35para derrubar o decreto.
07:38Então, acho que isso veio muito dessas últimas semanas,
07:42não tanto no desgaste com a população em relação ao tema IOF,
07:47mas também de um atrito entre o Congresso e o governo,
07:51que resultou na decisão, no final do Congresso, de derrubar o decreto.
07:55Mas acho que o desapontamento é compreensível, dado a costura política.
08:01Mas, como eu comentei, acho que o Congresso,
08:03e tanto o governo quanto o Congresso,
08:05nesses casos, as decisões são muito mais políticas do que econômicas,
08:08apesar da repercussão econômica ser muito relevante,
08:12até, muitas vezes, mais relevante do que a decisão política em si
08:15ou a repercussão política em si.
08:17Acho que todas essas idas e vindas do IOF,
08:20desde o decreto, os ajustes e, agora, a derrubada,
08:25repercutem muito nos mercados, não só brasileiros,
08:27não só na Faria Lima, mas repercute muito também fora.
08:31Então, a repercussão econômica, inclusive,
08:33ela é muito mais duratoura do que a política, muitas vezes.
08:36E, Tsai, pegando um pouquinho a questão de que o governo ainda não desistiu,
08:41na medida em que continua esse vem e vai,
08:44esse vai e vem,
08:45como é que o tempo vai passando?
08:47E se há uma alternativa, por exemplo, do lado da despesa,
08:50vai ficando cada vez mais apertada,
08:52porque, conforme vai avançando o ano,
08:54as despesas vão ser efetivando, os contratos vão sendo feitos,
08:56é mais difícil cortar quando o barco já saiu.
09:01Você acha que isso pode, eventualmente, gerar um risco
09:03para o cumprimento da meta fiscal?
09:05Como o mercado está precificando essa questão
09:09a partir desse movimento de recuo, de derrubado do IOF?
09:14Acho que o mercado já vem precificando há algum tempo
09:17o esforço feito pelo Ministério da Fazenda
09:22para cumprir a meta fiscal,
09:25mas o fato é que a incerteza
09:28sobre a possibilidade do cumprimento dele ou não,
09:31ele já é notável há algum tempo.
09:34Então, acho que desde um ano para cá,
09:38existe uma dúvida, sim, se o governo é capaz
09:42ou se tem vontade política, não só se ser capaz,
09:45mas tem vontade política de cumprir a meta fiscal.
09:48Nos últimos meses, houve um sentimento de que o esforço estava sendo feito,
09:54a disposição política existia.
09:58E aí, o que a gente vê,
09:59quando você vê as últimas entrevistas do ministro,
10:03principalmente após a derrubada do decreto,
10:07é que o ministro continua sinalizando,
10:09o ministro Haddad continua sinalizando
10:11de que existe, sim, vontade política
10:13de fazer cortes ou buscar receitas adicionais
10:18para equilibrar as contas.
10:20Então, eu acredito que a sinalização que ele deu
10:22é que a busca por balanço fiscal ainda persiste
10:26e não à toa, acho que durante as últimas entrevistas,
10:30ele deixou um pouco aberto
10:33onde ele poderia eventualmente cortar
10:36se receitas novas não fossem encontradas.
10:39E aí, acho que uma dessas coisas que ele comenta,
10:41de onde ele pode cortar,
10:43ele poderia eventualmente cortar onde o Congresso gasta.
10:46Então, acho que também isso foi uma forma dele sinalizar
10:49que se ele precisar cortar,
10:51talvez no final do dia ele corte
10:53onde pode doer no bolso dos congressistas.
10:55Mas, assim, acho que a sinalização que ele deu
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