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O economista Jorge Ferreira dos Santos, professor da ESPM, analisou no Fast Money a alta da dívida pública brasileira, que chegou a 77,6% do PIB. Ele explicou os impactos fiscais, riscos para investidores e como juros altos e eleições podem agravar o cenário.

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Transcrição
00:00Festa semana e de volta ao vivo para falar mais sobre o Banco Central que publicou o relatório sobre a situação fiscal do país referente a julho e o resultado não é dos melhores.
00:11A dívida pública do Brasil registrou alta, ficando acima do que era previsto.
00:15A dívida pública bruta do país representa 77,6% em proporção do PIB contra 76,6% no mês anterior.
00:26Já a dívida líquida do setor público foi a 63,7% de 62,9%.
00:35E a gente vai entender os impactos desses números, desses resultados para a economia do país.
00:40A conversa é com o economista e professor do curso de administração da ESPM, Jorge Ferreira dos Santos.
00:46Tudo bem, professor? Boa tarde.
00:49Boa tarde, tudo bem e vocês?
00:51Tudo certo também.
00:52Bom, professor, vamos começar trazendo um contexto, uma explicação para a nossa audiência do que é importante a gente olhar para essas variações,
01:02ainda que seja de 0, alguma coisa por cento, quando se trata da dívida pública.
01:08A gente tem que olhar esses dados com bastante atenção, porque o desempenho da dívida pública brasileira influencia diretamente na vida do cidadão.
01:19A gente tem uma série de impactos que acontecem na economia por conta desse alto nível de endividamento e que vão se refletir no médio e longo prazo,
01:32nos padrões de consumo da população, nos padrões de desenvolvimento do país, no dinheiro que vai ser investido,
01:40endividamento público, ele afeta o nível de investimento do governo.
01:45Então, quando você olha para o médio e longo prazo, esse nível de endividamento é preocupante, não só pela manutenção das contas públicas e para o atingimento da meta fiscal,
01:56mas também por conta desse cabedal de investimentos que a gente deixa de fazer na economia para pagar a dívida.
02:06E o Felipe Machado está aqui com a gente. Tudo bem, Felipe? Boa tarde, que eu acabei não cumprimentando devidamente aqui na abertura da entrevista.
02:15Tem uma pergunta também sobre o assunto, professor.
02:17Boa tarde, Nath. Boa tarde a todos.
02:19Professor, a gente vê esses números aumentando, é claro que é muito preocupante.
02:22Eu queria saber, 77% do PIB, né?
02:25Quanto que seria um número mais ou menos aceitável na relação entre dívida pública e PIB?
02:30Sendo que a gente está com esse 77%, como a gente viu agora, qual que seria esse número que o mercado viria bem, que a gente daria um pouco mais uma situação um pouco mais confortável?
02:40O número ideal, ele é um número que estaria abaixo de 60% hoje.
02:45Então, o que a gente tem na prática é muito mais olhar e tentar ver uma iniciativa por parte do governo de tentar reduzir.
02:56Esse dado que veio agora, ele teve um efeito para a gente que foi o seguinte.
03:03A expectativa era de que o número de endividamento tivesse vindo um pouco menor.
03:07E tem uma expectativa de médio prazo, que é em que momento que o governo vai começar a endereçar o endividamento público, de modo que ele comece a reduzir.
03:15O que aconteceu hoje foi o oposto disso, né?
03:19Nós não estamos vendo uma redução do endividamento público e o endividamento público veio maior até do que as projeções.
03:27E aí, professor, como que o Brasil se posiciona em relação a outros países emergentes?
03:32E quais são os riscos para a nossa economia e para a credibilidade externa?
03:37A gente tem aí uma situação em que o Brasil, entre os países emergentes, é um dos países que tem a maior relação entre dívida pública e PIB,
03:47o que é preocupante.
03:49E isso afeta diretamente, sim, a nossa credibilidade.
03:52Por quê?
03:52Porque o investidor estrangeiro, investidor nacional, quando ele vai comprar algum título do governo ou ele vai olhar o país,
04:00ele sempre olha o melhor risco e o melhor risco é o soberano.
04:03Então, o investidor, ele usa como parâmetro a solvência do país, ou seja, a capacidade do país de pagar suas dívidas para investir no país,
04:13seja em títulos da dívida pública, seja em títulos da dívida privada.
04:18Por quê?
04:18Porque, como eu falei, a dívida soberana é a mais segura de um país.
04:25Então, se a gente tem um risco maior de insolvência por conta da dívida, isso afeta a economia toda em escala.
04:31O investidor estrangeiro, o investidor nacional, começa a ficar preocupado com a capacidade do governo brasileiro de honrar suas dívidas.
04:40Isso se reflete em toda a economia, nos títulos de banco, nos títulos emitidos pelas empresas, porque elas carregam o risco país.
04:47Professor, quanto dessa dívida é culpa, vamos dizer assim, do governo em relação a gastos, a não contenção de gastos?
04:57E quanto é culpa dos juros altos que acabam tornando essa dívida ainda maior?
05:04Como é que é essa conta e esse equilíbrio?
05:06Os dados de hoje, eles revelaram algumas coisas interessantes.
05:10O principal fator desse número ter vindo maior do que o esperado foi justamente o custo de carrego.
05:18Foi o que mais impactou.
05:20É o custo de carrego dos juros.
05:23A gente teve 0,8% de custo de carrego dos juros.
05:27Eu acho que aqui vale a pena explicar o que é isso.
05:29O governo, a gente tem uma taxa de juros bastante alta, 15% ao ano, para conter inflação, para atrair investimentos,
05:37mas, por outro lado, o governo paga essa conta também.
05:39Por que o governo paga essa conta?
05:41Porque quando o governo vai emitir um título, e aí a gente está falando de uma LTF, de um Tesouro Selic,
05:47ele tem que remunerar muito próximo desses patamares de 15%.
05:53E isso influenciou diretamente o custo da dívida pública.
05:57Por quê? Porque o governo teve que remunerar mais, ele tem mais gastos.
06:02E aí o que acontece?
06:03O governo, para se financiar, ele não pode parar de emitir títulos.
06:07Isso não é uma característica só brasileira, isso é uma característica global.
06:10A economia desenvolvida funciona desse jeito também.
06:14Então, o que acontece?
06:15Esse número veio pior, e dentro desse número pior, o principal componente foi justamente o custo de carrego
06:22dos juros que o governo está pagando para remunerar os títulos que ele emite para se financiar.
06:30Certo. E, professor, acho que é interessante a gente trazer para a nossa audiência
06:33como que o aumento da dívida e o déficit acabam impactando a vida de todo mundo,
06:39porque a gente está falando de setores como educação, como saúde, como infraestrutura também.
06:43Exatamente. É o que eu falei.
06:47A gente tem um aspecto que é uma dívida pública alta, ela influencia o nível de investimentos do país
06:53no curto e médio prazo, e ela também influencia os custos gerais da economia
06:58ao longo das cadeias de produção.
07:01Então, você tem um custo de infraestrutura maior, sim, você tem um custo de consumo,
07:08você tem um efeito no consumo de custo de carrego, do chamado custo país que é maior,
07:15você tem uma influência direta no nível de tributação,
07:18a população tem que ser mais tributada para o governo pagar as contas.
07:21A gente viu recentemente que o governo, algumas leções do governo, por exemplo,
07:25de ampliar a quantidade, o IOF, ele expandiu o IOF, aumentou a alíquota justamente
07:33para dar conta de pagar esse endividamento e ficar dentro da meta fiscal.
07:39Você tem um custo direto para a população imediato, que é aumento de imposto,
07:43custo de carrego da infraestrutura, como a gente citou aqui.
07:46Certo.
07:47Felipe, mais uma pergunta.
07:48Professor, em relação à questão fiscal, todo mundo fica muito de olho nessa questão fiscal,
07:54mas dá a impressão que o governo, às vezes, mesmo se ele cortar muito,
07:58ele acaba menos que enxugando gelo com esses juros,
08:00como foram crescendo ao longo dos últimos meses.
08:03Como é que é possível fazer esse equilíbrio?
08:06Quer dizer, se daqui a pouco a gente vai começar a ver talvez os juros baixando um pouco,
08:10a reforma tributária começa a valer a partir do ano que vem,
08:13você acha que só esses elementos são suficientes
08:16ou o governo precisa fazer reformas mais estruturais, cortar mais, por exemplo,
08:20algum tipo de, alguma área específica?
08:23Daí começa a cortar investimentos na área de saúde e educação,
08:28que também não é o que a população quer.
08:29Como é que é possível fazer esse equilíbrio entre os cortes que são necessários
08:34e, enfim, não afetar a população também?
08:37Você acabou citando os principais pilares do que precisa ser feito.
08:41Primeiro, a gente precisa de uma reforma tributária que seja mais estrutural
08:46e seja mais abrangente do que a que acabou saindo
08:51após um longo tempo de discussão.
08:54Ela precisaria ter acertado mais a economia
08:57e resolvido problemas estruturais do nosso sistema de tributação.
09:01O sistema de tributação é muito pesado e ele é muito burocrático
09:05e ele gera um custo adicional que é,
09:09eu tenho o custo do tributo e eu tenho o custo para entender o tributo.
09:12As empresas têm setores tributários altamente sobrecarregados.
09:16Por quê?
09:16Porque a gente tem uma parafernália tributária no Brasil
09:20que tem um custo intrínseco no processo.
09:22Então, o Brasil custa caro em termos de imposto
09:24e o Brasil custa caro também em termos de como os impostos são cobrados,
09:28auferidos, a quantidade de impostos.
09:31Isso é um fator importante.
09:32Então, essa reforma precisaria ter sido mais estrutural.
09:35E os outros dois fatores também são os que você citou.
09:37A tendência de queda nos juros,
09:39ela vai permitir ao governo que tenha que remunerar menos.
09:44Isso vai gerar um gasto menor por parte do governo
09:48e também vai permitir que a gente mantenha.
09:54A tendência é que os juros, não só no Brasil,
09:56os juros dos Estados Unidos, por exemplo,
09:57que afetam os juros brasileiros,
09:59eles têm uma tendência a cair também nos próximos meses.
10:02Então, a taxa de juros acompanharia isso, não imediatamente.
10:07A previsão de corte de juros no Brasil é para o ano que vem, só se vier.
10:11Mas ela meio que acompanharia isso sem a gente perder investimento externo direto
10:15ou com uma saída de recursos que seja moderada.
10:20Mas também o governo, ele poderia, ele precisa rever a sua política de gastos.
10:25A gente precisaria de um pragmatismo maior no governo por parte,
10:30para a contenção, para apertar o cinto mesmo,
10:32para a gente poder sair desse nível de endividamento tão alto.
10:35E, professor, esses números, eles acabam mexendo com a confiança dos investidores estrangeiros?
10:41Também mexe com acesso ao crédito internacional?
10:43Sim, eles mexem naquilo que eu já citei, que é o investidor, ele vai olhar primeiro,
10:52o investidor internacional, ele olha primeiro o risco soberano.
10:55E o risco soberano está diretamente ligado à solvência do país,
10:59ou seja, à capacidade do país de pagar suas dívidas.
11:01O investidor estrangeiro olha o Brasil,
11:03o Brasil é uma economia que não tem moeda forte,
11:06ele é dependente do dólar,
11:08e é uma economia cujo endividamento está crescendo,
11:10está chegando em níveis preocupantes.
11:12Então, a tendência dele é não entrar no Brasil
11:15ou entrar no Brasil com capitais de curtíssimo prazo
11:18para evitar qualquer desequilíbrio econômico.
11:21E qualquer mudança na conjuntura internacional
11:23faz com que o investidor saia rapidamente do mercado brasileiro.
11:27Essa tem sido a dinâmica do mercado brasileiro nos últimos anos.
11:30E isso afeta a nossa capacidade de trazer recursos para o Brasil.
11:37Então, isso é muito importante para a gente entender aqui
11:41que a melhora do custo do Brasil e a melhora na nossa solvência,
11:45ou seja, redução de endividamento,
11:47ela atrai investidores.
11:50O investidor se sente mais seguro em investir no Brasil.
11:53Certo.
11:54Filipe, mais uma sua.
11:55Vamos lá.
11:55Professor, bom, ano que vem, vamos ser realistas, né?
11:59Ano que vem tem eleição,
12:01o governo, é claro que o presidente Lula gostaria de ser reeleito,
12:05e com isso vai acabar investindo bastante em programas sociais,
12:08em obras, enfim.
12:08É aquele ano onde o governo quer que as suas obras apareçam justamente para render votos.
12:14Você acha que é possível que essa dívida chegue a um nível até superior a esse que a gente está vendo agora?
12:19Há um risco estrutural nesse sentido?
12:22É, nós temos um risco, né?
12:23A gente tem um cenário, um cenário agravado, né?
12:27Normalmente na economia a gente trabalha com cenários base,
12:30cenário otimista e o cenário agravado,
12:33ou cenário de maior estresse, que a gente chama, né?
12:36E o cenário de maior estresse, sim,
12:38o endividamento brasileiro cresce por conta dessa conjuntura política
12:44que exige que o governo ponha mais dinheiro em programas sociais,
12:48faça alguns investimentos de grande envergadura,
12:51o investimento que aparece, né?
12:53Aquele investimento em infraestrutura que é pesado, né?
12:56Justamente para poder fazer a sua campanha.
12:59Então, assim, a gente tem um cenário, sim,
13:01em que o endividamento brasileiro cresce e ele é preocupante.
13:06Alguns cenários, não para o ano que vai para 2027,
13:09eles já apontam que, alguns cenários de economia apontam
13:13que a gente teria que ter uma reforma mais estrutural,
13:15porque senão em 2007 existe a possibilidade, inclusive,
13:18de um estrangulamento fiscal no Brasil,
13:20porque as contas não fechariam, né?
13:23Então, assim, é um cenário que exige atenção.
13:26É, quero agradecer, professor Jorge Ferreira dos Santos, economista,
13:30e professor do curso de administração da ESPM,
13:33pela participação ao vivo aqui com a gente no Fast Money mais uma vez.
13:36Muito obrigada, viu, professor?
13:37E até a próxima.
13:39Obrigado, até a próxima.
13:40Ótima tarde para vocês.
13:41Tchau, tchau.
13:41Tchau.
13:42Tchau.
13:43Tchau.
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