O estrategista-chefe da Avenue, Will Castro Alves, analisa a decisão do Federal Reserve na Super Quarta, os impactos do corte de juros sobre inflação, dólar, commodities e mercado de trabalho, além das perspectivas para recessão e crescimento da economia americana.
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00:00Eu converso agora com o Will Castro Alves, que é estrategista-chefe da Avenue, notável aqui do Times Brasil licenciado exclusivo CNBC e antes de tudo um homem de palavra.
00:12Quem acompanha a nossa programação diariamente sabe que na semana passada ele havia prometido voltar justamente nesta quarta-feira por causa da super quarta declaração do FED, do Banco Central Brasileiro.
00:28Então eu começo agradecendo a sua ponta firme aqui, Will. Obrigado por cumprir a palavra e obviamente você é sempre muito bem-vindo todas as semanas.
00:38É que hoje você é fundamental. Por que fundamental? Porque nós não temos bola de cristal, pelo menos não eu.
00:45Então como é que fica agora daqui para frente com um cenário aparentemente, pelo menos para mim um pouco nebuloso, Will.
00:53Mercado de trabalho desaquecido, parafraseando o Jeremy Powell aí do Federal Reserve.
00:59Uma inflação pegajosa, chicletosa assim, ela não desgruda.
01:06Isso tenderia a um aumento da taxa de juros, mas caiu.
01:11O que a gente pode esperar? Porque tem duas outras promessas de dois cortes.
01:16Vai ficar para esse ano, para o ano que vem? Ou será que o Federal Reserve muda aí as previsões?
01:23Depois que eu esquentei a batata quente, agora eu te passo aí para você descascar.
01:28Trabalho, é um prazer estar falando com vocês e para todos aqueles que nos assistem.
01:32Super importante para entender a movimentação dos juros aqui nos Estados Unidos.
01:37Ela acaba influenciando o dólar, que faz preço nas commodities.
01:42O juro tem impacto na Bolsa.
01:44Tem impacto, se tem impacto no dólar e na Bolsa americana, também tem impacto na Bolsa brasileira.
01:49E por aí vai, desencadeia vários impactos no mercado financeiro como um todo.
01:54Vamos lá, o que aconteceu?
01:56O Jeremy Powell falou claramente que foi um corte, um risk management cut.
02:02Basicamente, o Banco Central está se antecipando, antes que você tenha problemas maiores no mercado de trabalho,
02:11se antecipa e começa a reduzir as taxas de juros aqui nos Estados Unidos.
02:17Verdade, a inflação não está totalmente controlada, ainda há riscos, no balanço de riscos da inflação,
02:23ainda existem esses riscos.
02:25Mas o Jeremy Powell relativiza isso e diz, olha, a gente não tem visto uma inflação que ela deva continuar.
02:32É verdade que tem continuado, mas a gente não vê que ela vai continuar ou que ela tenha influenciado
02:37expectativas inflacionárias olhando à frente.
02:40As próprias tarifas até agora ainda não foram muito sentidas.
02:44E enquanto isso, pensando no seu mandato duplo, a gente tem visto o mercado de trabalho dando sinais de arrefecimento
02:50e isso preocupa.
02:51E por isso, como a forma de risk management, de se antecipar ao risco de eventualmente
02:57o mercado de trabalho arrefecer demais e depois ter que correr atrás,
03:02o Banco Central se antecipa.
03:04Se antecipa com um corte totalmente esperado já pelo mercado,
03:08mas mais do que isso, antecipa ou traz mais cortes ainda em 2025.
03:14Existia aquela dúvida entre dois ou três cortes em 2025.
03:17Agora vão ser três, que já cortou agora.
03:20E de acordo com as projeções do Banco Central, vão ter mais dois cortes.
03:25A verdade é que o Jeremy Powell falou que a decisão vai ser tomada reunião a reunião,
03:29mas quando ele já abre a porta, já deu o indicativo.
03:31Olha, está caminhando para lá, para cortar mais.
03:34Eventualmente pode ser que mude, mas está caminhando para ter mais cortes.
03:37E aí, com o total foco no mercado de trabalho.
03:41Foi no comunicado, foi citado no mercado de trabalho na entrevista,
03:44foi citado no mercado de trabalho.
03:46Então, os holofotes agora estão todos no mercado de trabalho aqui nos Estados Unidos.
03:49Will, para a gente enxergar aí graficamente o que está acontecendo nos Estados Unidos,
03:55na política de juros, eu desenhei aqui o que é a onda dos juros nos Estados Unidos
04:03num arco de tempo até meio generoso, a partir do ano 2000,
04:07quando a gente tinha 6,5% de taxa de juros,
04:12depois tem uma queda, uma oscilação.
04:15Obviamente que a gente tem aqui a crise de 2008, depois pandemia.
04:20E nós estamos numa situação que é aqui,
04:23que não tem quebradeira dos bancos, como aconteceu em 2008,
04:26a lenta recuperação depois, muito menos pandemia.
04:29O que deve dar calafrios para os americanos e para os economistas,
04:35se você está nessa lista aí, para os analistas,
04:37é essa palavra aqui, recessão.
04:41E o gráfico mostra a recessão aqui,
04:45quando a taxa de juros está muito alta.
04:49Aparece recessão aqui, aparece recessão aqui.
04:53Tendo em vista que a história é cíclica,
04:56a gente pode esperar uma recessão aqui ou sou eu que estou sendo alarmista?
05:01Olha, nem todos os aumentos de juros foram seguidos de uma recessão.
05:10E, na verdade, essa foi a grande celeuma que foi criada em 2022.
05:15A Bolsa americana caiu algo em torno de 25%
05:19das máximas de janeiro de 2022 até as mínimas lá em outubro de 2022,
05:24exatamente com receio, olhando exatamente o que você está falando.
05:27Aumentou muito os juros,
05:28tradicionalmente isso foi seguido de recessão e não aconteceu.
05:33Tiveram outros momentos também na história onde não aconteceu.
05:36Então, como sempre, no mercado financeiro não existe algo infalível.
05:42É bem verdade que existe muita correlação com isso,
05:45essa alta de juros desacelera a economia
05:48e pode, eventualmente, caminhar para uma recessão.
05:51Não foi o que aconteceu agora em 2022 para 2023.
05:562020 a recessão veio de uma pandemia e em 2008 a recessão acabou vindo de uma bolha no mercado imobiliário.
06:04Não necessariamente por conta dos juros, ainda que, obviamente, os juros tiveram, sim, um impacto ali.
06:09Então, não necessariamente.
06:12O que a gente viu foi que, bom,
06:14se agora a gente começa a cortar juros,
06:16isso acaba tirando um pouco o peso de uma política monetária muito restritiva na economia,
06:21e o que deveria ser bom para o nível de atividade.
06:24Nas projeções do FED, inclusive,
06:27ele aumentou a perspectiva de PIB para esse ano
06:30e projeção de crescimento de PIB para ano que vem.
06:33Então, o FED não vê nenhuma recessão.
06:36Mercado também não vê nenhuma recessão.
06:39Agora, obviamente, sempre pode acontecer,
06:41os chamados cisne negros acontecem
06:43e mudam completamente essas previsões.
06:45Mas hoje, olhando todos os dados que a gente tem,
06:48fazendo uma fotografia da economia americana,
06:51não parece existir um motivo para você temer tanto assim uma recessão.
06:57E aí também tem um outro ponto,
06:58que eu sempre falo para os clientes, especialmente brasileiros,
07:01se você teme uma recessão,
07:03talvez o melhor lugar para você ter esse dinheiro é aqui nos Estados Unidos,
07:05porque o que a gente viu em momentos de recessão grave, crise no mundo,
07:09o dólar salta.
07:10Foi assim em 2008, foi assim em 2020,
07:13foi assim durante os períodos de 2010, 2011, 2012,
07:17ali onde você teve crises na Europa e por aí vai.
07:20Então, se você está preocupado com uma recessão nos Estados Unidos,
07:23aí sim você tem que dolarizar parte do patrimônio.
07:25Will, eu comecei aqui com a versão pessimista
07:30para terminarmos com uma versão otimista.
07:35Nós tivemos aqui um corte de, tudo bem, 0,25 ponto percentual,
07:42talvez matematicamente não tenha tanto impacto,
07:46mas eu imagino que isso mexa no otimismo do investidor.
07:50E o investidor, eu não estou falando só daquele da Bolsa,
07:52eu estou falando do investidor que tem uma empresa
07:55que talvez veja agora,
07:57ah, o dinheiro ficou mais barato,
07:58vou aumentar a minha linha de produção,
08:01vou comprar uma casa,
08:02vou lá na concessionária pegar um carro novo,
08:05porque os empréstimos ficaram pelo menos um pouquinho mais baratos.
08:09A partir dessas premissas, a gente pode chegar à conclusão
08:12de que vai haver um aquecimento da economia americana,
08:17principalmente para produtos de alto valor agregado?
08:21Olha, é possível, não sei o quanto é provável.
08:25Na verdade, eu acho que o corte de hoje foi muito mais uma sinalização,
08:29uma sinalização importante, mas uma sinalização.
08:33Isso porque o mercado já antecipa, né?
08:35Se você for olhar hoje a curva de juros americano,
08:39que a gente, como a gente fala,
08:40se você quiser investir num título de dívida do governo americano
08:43ou num bonde de alguma empresa,
08:45você já vai ser remunerado a uma taxa mais condizente
08:49com as expectativas de daqui a um ano.
08:51Você está comprando um título com vencimento daqui a um ano,
08:54a taxa já está equivalente àquilo que se espera daqui a um ano,
08:58que não é nem a taxa básica de juros do Fed Fund.
09:00Se você quiser a taxa básica de juros do Fed Fund,
09:04tem alguns títulos que a gente chama de pós, fixados,
09:06que aí te pagam esses 4%.
09:08Mas, em geral, as taxas de juros e os yields aqui nos Estados Unidos
09:12já caíram com essa expectativa de mais cortes à frente.
09:17Não necessariamente com uma...
09:19Não que isso venha a acender à economia.
09:21Eu acho que, especialmente para essas compras de maior valor agregado,
09:25a gente está falando em juros longo.
09:28O juro longo, até postei nas minhas redes sociais essa semana,
09:32eles têm outros vetores.
09:33No curto prazo, sim, o Fed determina a taxa básica de juros.
09:37Na caneta, no bom sentido, com estudos, com suas projeções,
09:41e vai lá tomar uma decisão como Banco Central.
09:44No longo prazo, tem pouco a ver com o Banco Central
09:47e muito mais a ver com política fiscal, controle de orçamento
09:51e sustentabilidade e credibilidade de instituições.
09:56E aí, eu diria que o buraco mais embaixo vai ser mais difícil.
10:00Você não baixa o juro longo na caneta.
10:03Você tem que mostrar que você tem compromisso com sustentabilidade fiscal,
10:08controle no orçamento e coisas do gênero,
10:10para daí, sim, o juro longo cair.
10:12E isso beneficiar, por exemplo, quem quer comprar uma casa aqui nos Estados Unidos.
10:15Will, então vamos acertar um contrato entre nós?
10:19Você também, como um juro longo, ao largo,
10:23você vem aparecendo aqui na nossa programação semanalmente
10:27e vai nos explicando aí conforme as ondas vão partindo aí
10:32para um lado ou para o outro.
10:34Obrigado mais uma vez.
10:35Agradeço publicamente o Will Castro Alves,
10:38estrategista-chefe da Avenue,
10:40nosso notável aqui no Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC.
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