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Após mais de 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-União Europeia entra em fase decisiva de ratificação. França resiste, pressionada pelo setor agrícola e pela crise política de Emmanuel Macron. Roberto Uebel, economista e professor de relações internacionais da ESPM, analisa os impactos do tarifaço de Trump e a possibilidade do pacto ser usado como barganha geopolítica.

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Transcrição
00:00O que está acontecendo agora na França vai ter reflexo no resto da Europa Ocidental.
00:05Vamos ligar um pouco as coisas, porque o tão aguardado acordo entre a União Europeia e o Mercosul
00:11entrou em fase de ratificação.
00:14Após mais de 20 anos de negociações, o pacto chega à sua hora decisiva,
00:20mas ainda enfrenta resistências, principalmente da França e os setores agrícolas europeus.
00:26Para me ajudar a destrinchar os impactos desse acordo, eu chamo aqui para uma conversa
00:31o professor Roberto Wibel, que leciona relações internacionais na ESPM em São Paulo.
00:40Professor Wibel, sempre um prazer recebê-lo.
00:42Obrigado mais uma vez por participar aqui da nossa programação.
00:46Não dá para separar a União Europeia, Mercosul, sem a França.
00:51Estamos falando da segunda maior economia da Europa, da União Europeia, da zona do euro
00:55e que tem uma enorme resistência justamente por causa do setor agrícola,
00:59que nem é tão grande assim, mas politicamente ele é muito engajado no parlamento francês,
01:05algo que acontece também aqui no Brasil, nos Estados Unidos e tudo mais.
01:08Só que o presidente Emmanuel Macron está muito longe de estar vivendo os seus melhores momentos
01:16politicamente falando.
01:17Um acordo com o Mercosul desagrada um lado, mas pode ajudar em outro lado por conta, por exemplo,
01:26do tarifácio de Trump.
01:27Ou seja, é uma equação com muitas variáveis.
01:31Eu montei aqui a equação, agora eu jogo na sua mão, Wibel, para você tentar destrinchar
01:36essa complexidade toda.
01:40Situação política na França, o desagravo de parte da sociedade, outro que é a dívida
01:46da França muito grande, crescente, mais de 100% do seu PIB e agora talvez uma boia de
01:51salvação que é o Mercosul.
01:54E no meio de tudo isso, Donald Trump e o seu tarifácio.
01:57Manda ver, Wibel, tenta explicar aí tudo o que eu coloquei junto.
02:00Boa noite, Favale.
02:02Boa noite a todos que estão acompanhando aqui a Times Brasil CNBC.
02:07Coincidentemente, essa semana eu estou falando de Montevidéu, aqui ao vivo.
02:11Estive em visita acadêmica com alunos do curso de relações internacionais à Secretaria
02:16do Mercosul, anteontem e ao Parlação ontem.
02:19E fizemos exatamente essa pergunta.
02:23E agora, olhando o que está acontecendo na Europa, na União Europeia e principalmente
02:27na França, o que a gente pode esperar do futuro deste acordo?
02:32Mas tentando resolver a equação, até porque eu sou economista de formação, é de fato
02:37uma equação muito difícil da gente encontrar uma resposta.
02:40Eu acho que a gente tem que olhar para as variáveis que compõem esta equação.
02:45Primeiro, respondendo especificamente a sua pergunta, Favale, não é o momento de maior
02:51aprovação política de Emmanuel Macron.
02:54Porém, a gente tem um guarda-chuva por trás, chamado Donald Trump e o Tarifaço.
03:01Então, por mais que a popularidade de Macron neste momento seja contestada, ele acaba de
03:07apresentar, indicar um novo primeiro-ministro, Lecourney, como a gente acabou de ver na reportagem
03:13aí da CNBC, e tenha uma pressão muito grande dos socialistas, da esquerda e da centro-esquerda
03:21no Parlamento francês, para que indique um primeiro-ministro socialista ou mais centro-esquerda,
03:28ainda este timing com o Tarifaço coloca uma possibilidade para a gente pensar a aprovação
03:34deste acordo.
03:36Eu não seria tão otimista quanto eu ouvi esta semana aqui na Secretaria do Mercosul em
03:41Montevidéu, mas sendo mais realista, uma aprovação no próximo ano, principalmente
03:48no primeiro semestre.
03:50O que nós ouvimos...
03:51Oi, Favale.
03:52Não, não, termina, Uibel, perdão.
03:55O que nós ouvimos, tanto no Mercosul como no Parla Sul, é que há uma expectativa muito
04:00realista, para fechar essa equação, de que o acordo venha a ser aprovado no máximo até
04:06o primeiro semestre do ano que vem.
04:07E é justamente quando o Macron deverá ter aí já decidido se Le Corny será seu novo
04:13primeiro-ministro ou se ele vai enfrentar uma pressão muito grande hoje que os jornais
04:17franceses têm apontado nas ruas e coloque, de fato, um primeiro-ministro de centro-esquerda.
04:23Só para concluir, mesmo que seja um primeiro-ministro, não Le Corny, seja outro futuramente, há uma
04:29tendência hoje de que esse acordo avance com salvaguardas para os agricultores franceses
04:36que são aí seus maiores opositores.
04:38Tentei resolver aqui a equação.
04:40Perfeito.
04:41Agora eu vou complicar ela muito mais, porque é o seguinte, ou então vamos ignorar a equação,
04:47porque a equação é uma frase matemática.
04:51E no mundo dos negócios, principalmente quando a gente tem um player, esse que está aparecendo
04:55na tela para todo mundo, o Donald Trump, que ele não é muito lógico na maneira, ele
05:02não é muito previsível, talvez seja a palavra melhor, o adjetivo melhor.
05:05É o seguinte, Webel, o que eu quero dizer, você acredita que a União Europeia possa
05:11usar o Mercosul, que se a gente olhar matematicamente como uma vantagem econômica, ok, mas também
05:16como uma moeda de troca, como uma barganha para tentar aliviar o tarifácio do Trump, dizendo
05:24nas entrelinhas, olha aqui, Donald Trump, eu tenho um enorme mercado que me fornece commodities,
05:31matéria-prima, derivados agrícolas.
05:34Eu posso vender produtos de alto valor agregado, ou seja, uma relação ótima e um enorme mercado
05:40consumidor, 400 milhões de pessoas.
05:43Será que você não quer aliviar um pouco para o meu lado, para eu não fazer um movimento
05:47chinês de abarcar a América do Sul e te deixar um pouco de lado?
05:52Quer dizer, a gente pensa menos economicamente, de uma maneira cartesiana, e mais do mundo
05:58dos negócios, onde você tem uma carta na manga.
06:00O Mercosul pode entrar como esse coringa do baralho?
06:05Me parece que sim, Favale.
06:07É o que eu já ouvi, tanto quando tinha ano passado em Estrasburgo, no Parlamento Europeu,
06:11como agora, essa semana, aqui em Montevideo, no Uruguai.
06:14Digo que os europeus tentariam, num primeiro momento, fechar um acordo com os Estados Unidos,
06:19eles já fizeram um pré-acordo, no mês passado, com tarifas de até 12%, que não é tão benéfico
06:26para os europeus, porque eles teriam que acessar um mercado tradicionalmente não muito procurado,
06:33aí numa matemática, uma economia básica, a oferta, ou a demanda, melhor dizendo, por
06:38produtos norte-americanos, ela não é tão grande nos Estados Unidos, então eles se colocaram
06:43dispostos a abrir para este mercado, mas mesmo assim foi um acordo, que Trump até usou
06:49muito politicamente, essa segunda etapa é sim um acordo de livre comércio do Mercosul,
06:56justamente, já olhando para frente, uma terceira carta, uma terceira possibilidade,
07:01de fato, é a China, ou seja, a China hoje se coloca como uma alternativa, só que o custo
07:08político para um acordo da União Europeia, ou uma abertura de mercados, uma ampliação
07:13de mercados para a China é muito grande, e a gente volta lá na sua primeira pergunta
07:19para o Macron, aí não é a centro-esquerda protestando, aí teria uma centro-direita
07:24europeia, ou uma direita europeia contrária a uma aproximação com a China, sabendo do
07:30relacionamento da China com a Rússia, as questões de expansionismo chinês para o restante
07:36do mundo, então eu vejo sim, eu concordo com você, eu vejo que o Mercosul é hoje o grande
07:41trufo para os europeus, né, e que para nós aqui no Mercosul também tem sido saudado
07:46muito positivamente, eu sei muito impressionado dessas visitas, tanto ao Mercosul como para
07:51o Sul, na verdade que há uma expectativa de que esse acordo seja aprovado, porque os
07:57artigos, né, são, protegem aqueles que se sentiriam prejudicados, como os agricultores
08:04franceses, principalmente, mas também de outros países da União Europeia, e também protege
08:09aos produtores aqui dos países do Mercosul, ou uma eventual mudança de rumo, né, de
08:16eventos políticos na Europa.
08:18A gente está falando, eu acho que tem que ser importante, porque tem que estar assistindo
08:21aqui, talvez o Brasil e o CNBC, enquanto que o Mercosul nós temos aqui 4 países, 5
08:25agora com ingresso da Bolívia, na União Europeia nós estamos falando praticamente de
08:30quase 30 países, 27 países, que qualquer mudança política como essa que está acontecendo
08:36na França, tem um impacto muito significativo nessas relações bloco-bloco, né, nessas
08:43relações multilaterais entre os dois blocos.
08:46Nós, reforçando, né, hoje o sinal dessa equação me parece ser muito mais positivo do
08:53que negativo.
08:54Se a gente falasse sobre isso um ano atrás, eu diria, e vários outros analistas, que
08:58esse acordo estava fadado a um fracasso, a uma estagnação.
09:01Então, hoje é uma expectativa muito grande dos dois lados que ele venha a ser aprovado,
09:06inclusive por Macron, que hoje enfrenta essa crise política na França.
09:10Bom, aí a gente volta, então, ainda mais na história, um dos pilares da globalização
09:18é como um player chamado Donald Trump acabou mexendo em todo um tabuleiro, direta e indiretamente.
09:25A pena, Webel, é que o nosso programa acabou.
09:28Preciso encerrar aqui, mas anota, porque a gente vai retomar essa conversa a partir daí,
09:34porque eu tenho certeza, né, eu ia falar, eu acho, não, tenho certeza que aí essa relação
09:39Mercosul, União Europeia, os desdobramentos da França vão nos dar subsídios para uma próxima
09:45entrevista muito em breve.
09:46Webel, bom restinho de viagem aí, aproveite o Uruguai, a gente se vê muito em breve.
09:52Até logo.
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