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Na Cúpula do Mercosul em Buenos Aires, Lula defendeu a ratificação do acordo com a União Europeia e anunciou novas frentes comerciais. O economista Igor Lucena analisou os desafios e estratégias do bloco, agora sob presidência temporária do Brasil.

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Transcrição
00:00E a gente continua falando dessa cúpula do Mercosul, que está sendo realizada em Buenos Aires, na Argentina.
00:06Lula discursou mais cedo nesse evento que reúne os líderes dos países membros e associados para discutir temas prioritários do bloco.
00:14E também marca o encerramento da presidência temporária da Argentina e a transferência para o Brasil.
00:19A gente vai ter uma conversa agora sobre esse acordo, já fechado pelo Mercosul com o EFTA, e saber o que mais podemos esperar.
00:26O papo é com o economista e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena.
00:30Tudo bem, Igor? Boa tarde, bem-vindo de volta ao Money Times.
00:35Boa tarde, Natália, Felipe, é um prazer estar de volta aqui com vocês.
00:38Obrigada pela disponibilidade.
00:40Bom, Igor, para começar, quais são as principais prioridades do Brasil nessa cúpula, né?
00:45A 66ª do Mercosul, como que elas podem impactar as economias dos países membros?
00:51Olha, Natália, tem alguns pontos que são extremamente convergentes em relação ao Mercosul, outros são mais divergentes, né?
01:01O presidente Lula, ele chega em um momento onde ele precisa tentar usar o máximo da sua política, né?
01:09A partir do momento que a Argentina passa para o Brasil a presidência pro tempore.
01:14E não há dúvida que o objetivo mais claro e direto é tentar avançar em um diálogo com os países europeus
01:21para que a ratificação vá para o Parlamento Europeu.
01:25Lembrando que o acordo foi dividido, né?
01:28Então a parte comercial precisa do Parlamento Europeu para ser aprovada,
01:31enquanto as outras partes do acordo vão precisar dos parlamentos nacionais.
01:36Mas o mais importante é que isso vá para a mesa do Parlamento Europeu e que isso seja votado.
01:44A França, provavelmente, vai continuar nessa visão negativa contra o acordo.
01:49Mas acho que o mais importante é convencer a Polônia e a Itália, que tem muitos votos,
01:53para acompanhar com outros países, como a própria Alemanha, Espanha e Portugal, que já são bastante a favor.
01:59Por outro lado, a gente tem o EFTA, que são os países não da União Europeia, mas do continente,
02:06Liechtenstein, Noruega, Suécia e a própria Suíça, que vão fazer esse acordo agora novo,
02:14que é um pouco menor, mas impacta principalmente o setor de chocolates e alguns produtos relacionados
02:20à importação de remédios, que são grandes produtores na Suíça.
02:25Então existem também fatores importantes que têm que ser avançados nesse novo acordo.
02:29Mas o ponto principal, e que eu acho interessante, é o próprio presidente Lula sair um pouco da pauta
02:37relacionada à integração regional, que isso foi uma pauta muito grande, que era uma pauta muito mais política,
02:44e focar em uma pauta internacional, falar sobre a integração com blocos asiáticos, o RESP, por exemplo,
02:51que tem Japão, China, avançar em negociações com a própria Aliança do Pacífico,
02:56e fazer um avanço de externa do ponto de vista negocial.
03:01O ex-presidente do Uruguai, Lacadipou, foi abertamente dito que não queria mais manter-se no Mercosul,
03:09porque queria fazer um acordo diretamente com a China.
03:11O Paraguai também tinha esse objetivo.
03:13Então há o interesse dos outros membros do Mercosul, e até mesmo de Javier Milley,
03:17em flexibilizar algumas áreas do Mercosul para que os países tenham mais liberdade,
03:23o que não é interesse do presidente Lula.
03:25Mas o presidente Lula entende que se não avançar com novos acordos comerciais,
03:30principalmente esse do Mercosul e da União Europeia,
03:32o próprio bloco perde a essência de existir.
03:36Não há mais nos parceiros uma visão de integração regional,
03:40mas sim uma visão de acordos comerciais que melhorem a qualidade de vida da população,
03:45principalmente baixando preços e custos de produção.
03:48Isso para mim está muito claro.
03:50A ideia do presidente Lula de ampliar a tarifa comum de importação,
03:56a viagem doaneira para veículos,
03:58não é algo que é positivo para os outros países,
04:01porque o Brasil tem o preço de veículos mais caros do bloco,
04:06enquanto os outros países importam veículos por preços muito mais baratos.
04:10Então eu acho que isso é uma visão protecionista que o presidente Lula tenta colocar,
04:15mas não vai ser aceito pelos outros membros.
04:18Entretanto, fica muito claro de que há sim uma vontade conjunta,
04:23e acho que o maior efeito é de tentar pressionar a União Europeia para ratificar este acordo,
04:28e a partir do ano que vem, e a partir daí a gente ter essas diminuições de tarifas,
04:33e sim o Mercosul avançar, até porque há sim espaço para a expansão da União Europeia para o leste europeu,
04:39significa mais mercados consumidores de uma maneira quase que imediata.
04:43Então, existem sim dentro do Mercosul posições convergentes e posições divergentes,
04:50mas talvez pela primeira vez nos últimos 15 anos as convergências estão maiores do que as divergências,
04:57porque até mesmo o presidente Lula, que tem uma visão mais da esquerda,
05:01está convencido que se não avançar economicamente no bloco, o bloco se desfaz.
05:09Felipe.
05:10Oi, Igor, boa tarde.
05:11Igor, a gente está vendo nessa cúpula uma coisa interessante,
05:15que é esse novo bloco, esse acordo do Mercosul com o EFTA,
05:19que tem a Noruega, a Islândia, a Suíça e Liechtenstein.
05:23Quais são os produtos principais que o Brasil está de olho?
05:26E no caso deles, quais produtos estão de olho aqui no Brasil?
05:29Como é que pode ser esse fluxo comercial entre esses dois blocos a partir de agora?
05:34Olha, esse bloco tem um fluxo bem interessante, Felipe,
05:37que ele não é de grandes quantidades.
05:39A gente está falando aí alguma coisa de um PIB do bloco de aproximadamente 2 trilhões,
05:45esses quatro países.
05:47Islândia tem uma capacidade pesqueira muito grande, muito forte,
05:52até mesmo contestada um pouco na União Europeia.
05:56Liechtenstein tem uma capacidade de serviços financeiros muito interessante.
06:02Noruega e Suíça têm dois pontos muito fortes,
06:06que são o setor de pesquisa, tecnologia e remédios.
06:11Eles são grandes produtores de remédios e suas empresas de alta tecnologia
06:16e alimentos processados na Suíça.
06:19Então, a gente está falando até mesmo de chocolates.
06:21O chocolate suíço, que é extremamente importante
06:24do ponto de vista de exportação para eles,
06:27ter um acesso à América Latina com preços mais baratos para ele
06:30é extremamente competitivo.
06:32A indústria de chocolate na Suíça é extremamente forte,
06:35faz parte, sim, de uma grande cadeia produtiva.
06:38E nós podemos, sim, expandir nossa produção agro para esses países.
06:44A produção de cacau, de leite, de queijos, fermentados,
06:48tudo isso é importante para esses países
06:50do ponto de vista de exportação do Brasil,
06:54até mesmo a parte de carnes, Brasil e Argentina,
06:57pouco também ali do Uruguai.
06:59Isso aumenta também a nossa capacidade para chegar
07:01nesses países do mercado europeu,
07:03apesar de serem bem menores.
07:05E também alguns produtos voltados para peças e tecnologias de luxo.
07:12A Suíça também faz relógios de luxo,
07:14faz equipamentos de alta precisão,
07:17que muitos deles são utilizados na produção fabril aqui no Brasil.
07:21Então, acho que também diminui um pouco o custo de melhorar,
07:25melhora na parte de máquinas e equipamentos.
07:27Então, acho que vai ser ganho para o agro-brasileiro,
07:30que é a nossa grande pauta de exportação e ganho para esses países,
07:36principalmente na área de luxo e na área pesqueira.
07:40Noruega e Islândia são muito fortes na produção de peixes
07:44e na exportação de pescados,
07:46que são pescados de alta profundidade,
07:49são consumidos no Brasil, mas não são produzidos.
07:53Tem um nível de produção em águas geladas, águas profundas.
07:57Então, são alguns mercados que podem parecer muito específicos,
08:01mas são importantes para os dois lados.
08:04E não deixa de ser uma sinalização importante do EFTA com o Mercosul
08:09de que, de fato, o Brasil quer avançar com novos acordos.
08:12E essa visão do presidente Lula de avançar também para a Ásia,
08:15até nas últimas viagens para o Japão e para a China,
08:19mostra, sim, que o Brasil vai procurar pelo Pacífico ter novas relações.
08:25Lembrando também que a Bolívia está entrando agora em ascensão no Mercosul.
08:31Eles já assinaram todos os protocolos,
08:33mas existe um prazo de dois anos para eles se adaptarem
08:36a todas as políticas do bloco.
08:38E a Bolívia, você tem um acesso quase que chegando no Pacífico.
08:44Então, isso significa que você tem um acesso de Pacífico
08:49até o Atlântico, muito próximo ali àquela região.
08:55Você tem uma visão quase continental do Mercosul,
08:57que basicamente estava um pouco distante.
09:00Até a questão do Chile, que não faz parte do bloco,
09:03poderia ser um acesso.
09:04Então, a produção de gás da Bolívia,
09:07que poderá ser, sim, exportada pelos portos brasileiros para o Atlântico.
09:11Isso é um projeto futuro, mas também é um projeto muito interessante.
09:14Então, o que a gente entende de uma maneira muito clara
09:18é que a expansão do Mercosul poderá também facilitar a produção de gás
09:23que levará para a Europa.
09:24Lembrando que a Europa tem um projeto,
09:29os países da Europa como um todo,
09:30de não consumirem mais gás da Rússia
09:33por causa da invasão na Ucrânia.
09:35Então, se a Bolívia puder exportar o seu gás
09:39através de portos brasileiros, portos argentinos e uruguaios
09:43para esses países do oeste
09:44e também para os países da União Europeia do futuro,
09:48vai ser também, sim, uma oportunidade muito grande de negócios.
09:52Isso não significa que seria o gás mais barato,
09:54mas, do ponto de vista geopolítico,
09:56e a gente não pode falar que a geopolítica não está entrelaçada hoje,
10:01seria importante para os países europeus,
10:03porque, de fato, eles consideram hoje a Rússia uma ameaça
10:08e continuar a consumir gás e petróleo dos russos
10:12significa dar recursos financeiros para um país
10:15que está ameaçando a segurança dos membros da comunidade europeia.
10:19Igor, e para a gente finalizar rapidinho,
10:21eu queria te ouvir sobre essa tarifa externa comum,
10:25até que queria que você explicasse para a gente,
10:27porque ela é um dos focos dessa cúpula, não?
10:29Como é que ela funciona?
10:31Qual é a importância dela para o bloco?
10:34Olha, Natália, essa tarifa é uma situação um pouco complicada,
10:37porque existe um conjunto de produtos
10:39onde os países do Mercosul colocam uma tarifa interna conjunta.
10:43Isso significa que os países se alinham
10:47com uma tarifa de importação para produtos que são estrangeiros.
10:51Essa tarifa, de uma certa maneira, garante aos países do Mercosul
10:55que determinados produtos entrarão em qualquer um dos países do bloco
11:00pagando uma quantidade basicamente igual de impostos.
11:03Então, por um lado, isso protege algumas indústrias dos países do Mercosul
11:07para que não entre produtos que eles consideram estratégicos
11:12ou mercados que eles estão defendendo.
11:15E, por outro lado, encarece esses produtos para todos os países do bloco.
11:20Então, os produtos que estão dentro dessa tarifa única
11:24entram basicamente no Mercosul pagando uma quantidade X de tributos
11:31e essa quantidade de tributos não importa se esses produtos estão entrando
11:35pelo Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e agora Bolívia.
11:38Outros produtos não estão dentro da tarifa comum.
11:42Então, esses produtos que não estão na tarifa comum e automóveis não estão
11:46entram muitas vezes mais caros no Brasil do que, por exemplo, na Argentina
11:50e aí você tem uma disparidade de preços.
11:53E muitas vezes indústrias internacionais vendem para um dos países do Mercosul
11:59onde os seus impostos são mais baratos
12:01e esses produtos depois são reimportados para outros países do Mercosul
12:06chegando mais baratos do que eles eventualmente chegariam
12:10se fossem comprados diretamente pelo terceiro país.
12:14A visão do presidente Lula é de que mais produtos tinham que estar dentro
12:18dessa tarifa comum para proteger mais os mercados do Mercosul
12:22mas não é defendida pelos outros países.
12:26Muitos dos outros países, principalmente o Paraguai,
12:28não querem esse aumento, essa expansão da tarifa comum
12:32porque, na visão deles, e de uma maneira muito certa,
12:35vai encarecer produtos para os países.
12:38Então, o Brasil, como é um dos países mais protegidos
12:42do ponto de vista de importação,
12:45para a gente talvez seria uma vantagem,
12:47mas para os outros países do Mercosul não.
12:49Eles teriam apenas aumentos de custos
12:51e eles não compactuam, hoje, nas suas visões mais à direita,
12:55com uma defesa das indústrias nacionais
12:58baseado em tarifas de importação.
13:01Essa visão é uma visão muito mais à esquerda
13:03e que é um ponto de divergência
13:05que eu não vejo que o Brasil vai conseguir avançar.
13:08Quero agradecer demais, Igor Lucena,
13:10economista e CEO da Amero Consulting
13:12pela entrevista excelente aqui com a gente no Money Times.
13:15Muito obrigada, viu, Igor?
13:16Ótima tarde para você.
13:18Muito obrigado e boa tarde a todos.
13:20Até a próxima.
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