Donald Trump planeja organizar um encontro entre Zelensky e Putin, com intermediação dos Estados Unidos, enquanto divergências sobre segurança e territórios continuam. A doutora em direito internacional Priscila Caneparo comenta os possíveis efeitos para a estabilidade europeia e os impactos econômicos da negociação, sem definição de cessar-fogo imediato.
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
00:00A gente volta a falar sobre o encontro do presidente americano Donald Trump com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky e outros líderes europeus.
00:08Eu converso agora com Priscila Caneparo, ela é doutora em Direito Internacional.
00:13Priscila, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:16Bom, Priscila, a gente mostrou agora há pouco o que o presidente Donald Trump publicou nas redes sociais
00:21que vai organizar um encontro entre Zelensky e o presidente russo Vladimir Putin.
00:26Estamos nesse momento diante de uma perspectiva real de acordo que leva ao fim da guerra na Ucrânia?
00:35Boa noite, Cristiane, boa noite a todos que estão aqui nos assistindo.
00:38Bom, eu acho importantíssimo destacar que talvez esse seja o momento mais oportuno para que nós cheguemos a um acordo.
00:46Porém, esse acordo tem dois pontos de divergência em relação aos Zelensky e em relação ao Putin.
00:51O primeiro ponto de divergência é justamente como é que vai se dar a segurança da Ucrânia
00:57daquilo que o Trump está efetivamente prometendo.
01:01Porque a gente tem que pensar que o Putin não abre mão que a Ucrânia não ingresse na OTAN.
01:07Então, esse é um ponto muito importante e é um ponto até que a gente tem que prestar atenção
01:12que o primeiro-ministro finlandês participou hoje das reuniões efetivamente em Washington, nos Estados Unidos.
01:18Então, como é que vai se dar? Vai se dar nos moldes do artigo 5º da Carta da OTAN, que prevê a legítima defesa coletiva?
01:25Se vier nos moldes do artigo 5º da OTAN, o Putin não vai aceitar, porque de fato ele não considera viável
01:32a questão da segurança estar retroalimentada também pelos países europeus diretamente nesse conflito.
01:39E o segundo ponto aí vem justamente da posição do Zelensky.
01:42A gente sabe que também o Putin não vai abrir mão de concessão direta, regulamentada pelo direito internacional,
01:48de duas regiões ucranianas, que basicamente é a Crimea, que existe essa invasão da Rússia desde 2014,
01:56e também a região de Donetsk.
01:58Então, dentro dessa premissa, a gente observa que de fato um grande arsenal de discussão
02:04e um grande passo foi de fato concretizado, mas aí a gente precisa observar que ambos precisam
02:10sentar à mesa de negociação com a intermediação do Trump para ver se vão aceitar esses termos
02:14que ambos se imputam efetivamente para a finalização da guerra.
02:18O que não foi conseguido, e aí é importantíssimo a gente destacar, Cristiane,
02:22não foi conseguido cessar fogo.
02:24Então, continua a guerra até que esse encontro trilateral ocorra.
02:28Vou passar para a pergunta dos nossos analistas.
02:31Vamos começar pelo Vinícius Torres Freire.
02:33Vinícius.
02:34Priscila, boa noite.
02:36No final das reuniões de hoje, se disse, várias pessoas disseram,
02:43o chanceler da Alemanha e o Mertz, os próprios Zelensky e o próprio Marco Hutt,
02:48que é o secretário-geral do OTAN, disseram que alguma conversa sobre garantias de segurança
02:54houve e que elas serão esclarecidas nos próximos dez dias, talvez.
02:58E que os Estados Unidos talvez coordene essa, ou se adapte ou coordene essa garantia de segurança,
03:07segundo o Zelensky.
03:09O que pode ser essa garantia de segurança?
03:10Tem gente especulando que pode ser desde uma presença, desde uma zona militarizada,
03:14com tropas europeias em quantidade, pode ser um conjunto de observadores, pode ser várias coisas.
03:20O que você acha que pode sair daí?
03:23Porque essa é uma condição dos países europeus e do próprio Zelensky para ir adiante em um acordo.
03:31Porque sem isso não há muita garantia, aliás, nem com isso há muita garantia,
03:35de que o Putin não possa atacar de novo.
03:37Bom, Vinícius, a pergunta é extremamente relevante.
03:41Eu acho muito difícil que o Putin, de fato, aceite presença europeia em território ucraniano,
03:47porque a gente precisa retomar a finalização da Guerra Fria.
03:51Lá nos anos 90, basicamente, houve uma dicotomia entre Polônia e Ucrânia.
03:55A Polônia se virou para o Ocidente, de fato, entrou na OTAN,
03:58propostula para esse ingresso na União Europeia, ingressou na União Europeia,
04:02já a Ucrânia se virou um pouco para o contexto russo, não entrou nesse sistema, por assim dizer, multilateral ocidental.
04:10Nessa perspectiva, eu acho muito difícil que o Putin venha, de fato, aceitar essa presença militar dentro do território ucraniano.
04:18O que eu acredito que haja, de fato, é uma presença militar estratégica dos Estados Unidos ante esse território ucraniano.
04:26O primeiro ponto é também interesse dos Estados Unidos, que a gente tem que lembrar,
04:29que já houve um acordo de concessão de terras raras ucranianas para exploração pelos Estados Unidos.
04:37E o segundo ponto é que o Putin e o Trump possuem um bom relacionamento.
04:41Então, com certeza, essa perspectiva de presença dos Estados Unidos vai muito mais em prol dos interesses do Putin
04:48do que efetivamente a presença europeia.
04:51E, óbvio, a gente precisa destacar aqui que, com certeza, ante esse acordo de segurança,
04:56ainda que a gente esteja envolto de uma névoa do que se traduz em relação a essa segurança,
05:02com certeza nós teremos um ponto correlacionado à questão do compromisso russo
05:07em não mais invadir qualquer território europeu, que essa é, de fato, a grande preocupação europeia.
05:13O não avanço da Rússia em outros Estados, como, por exemplo, os países nórdicos, os países bálticos
05:20e, principalmente, a Polônia.
05:23Alberto.
05:24Priscila, boa noite.
05:25A Europa, ela foi relegada nessas conversas e ela sempre se manteve muito fraca durante toda a guerra?
05:34Bom, vamos lá.
05:35Alberto, o que acontece?
05:37Não é que a Europa está fraca.
05:39É que, de fato, desde o governo Trump 1, a gente precisa pensar que existe um ataque
05:44e uma retroalimentação de críticas em relação ao Tratado do Atlântico Norte.
05:49A Europa, nesse momento, pós a Segunda Guerra Mundial e, principalmente, pós o contexto de Guerra Fria,
05:55ela não se militarizou.
05:57Por quê?
05:58Porque ela fez sua proteção por intermédio de quase um sustento dos Estados Unidos, essa OTAN.
06:04E o Trump fala, eu não vou mais sustentar a OTAN porque pôde se desenvolver um estado de bem-estar social na Europa
06:10justamente por conta dela ter segurança na legítima defesa coletiva.
06:16Ou seja, se um país for atacado, eu, Estados Unidos, vou ter que responder também com o armamento bélico militar.
06:22Então, dentro dessa premissa, não é que a Europa foi relegada,
06:25é que, de fato, ela não tem esse poderio efetivo, inclusive em armamento militar e bélico,
06:31para sustentar essa guerra em prol da Ucrânia.
06:33Então, ela precisou repensar, principalmente nesses últimos anos, principalmente desde 2022,
06:40como é que se daria, e mais efetivamente em 2025,
06:43como é que se daria essa reestruturação europeia em prol da sua própria segurança,
06:47já que a gente tem uma OTAN um pouco mais fragilizada, principalmente nessa era Trump II.
06:53E, obviamente, a gente precisa pensar que os Estados Unidos, hoje, na figura do presidente Donald Trump,
06:58ele está muito mais vinculado a um contexto de bom relacionamento com o Putin,
07:04só ver alguns sinais, efetivamente, da reunião que veio no Alas,
07:08do que efetivando-se, por assim dizer, uma defesa europeia em prol de um relacionamento mais favorável à Ucrânia.
07:16Então, a Europa possui diversos pontos de atenção,
07:19que merecem, sim, ser destacados à sua visão,
07:21mas que, para o Trump, são subsidiários em relação a essa busca pela paz.
07:25Priscila, muito obrigada. Sempre bom conversar com você. Volte mais vezes.
Seja a primeira pessoa a comentar