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Em meio à crise política e econômica, Javier Milei busca apoio de Donald Trump para tentar conter o desgaste do governo antes das eleições legislativas. O professor Matheus Pereira, da UFU, analisa o impacto da promessa de US$ 20 bi e a crescente influência dos EUA na Argentina em meio a escândalos de corrupção e tensão com a China.

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Transcrição
00:00Em meio à pressão de escândalos de corrupção, suspeitas de desvios, inflação,
00:06o governo de Javier Milley tem buscado o apoio dos Estados Unidos
00:10para tentar conter a crise política e econômica do país.
00:14O encontro de hoje com Donald Trump foi uma tentativa de ganhar fôlego
00:19para as eleições legislativas que acontecem no final deste mês lá na Argentina.
00:25Para me ajudar a entender a situação atual do país, que faz fronteira com a gente,
00:29nosso maior parceiro comercial aqui na região, eu chamei o Matheus Pereira,
00:34que é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia
00:39e eu faço questão de apresentar as credenciais do Matheus que aparece em tela aqui,
00:44estudioso de América Latina, tem ali a serifa do Santiago Dantas,
00:50que é uma instituição de máximo respeito em estudos de relações internacionais
00:56e dentro desse recorte, há muito tempo, uma fonte minha para falarmos de Argentina,
01:02também um profundo conhecedor de Argentina.
01:05Feito isso, Matheus, cá entre nós aqui e as pessoas que nos assistem,
01:10independente do juízo de valor meu, seu Matheus e de quem nos está nos acompanhando,
01:14é um consenso de que a Argentina produz personagens fantásticos na sua política.
01:24Goste de você, goste deles ou não.
01:27Perón, Evita, agora mais recentemente, Javier Milley.
01:33Feita esta apresentação, coloco o Milley nesse contexto em que nós temos
01:38com um dos grandes players do século XXI, pelo menos nesse começo de século,
01:44o presidente Donald Trump.
01:47O Donald Trump dá uma declaração no mínimo curiosa, Matheus,
01:52que foi a seguinte, olha, 20 bilhões de dólares
01:55num aporte de uma economia fragilizada,
01:59vou comprar pesos argentinos,
02:01que é uma moeda que está desmanchando,
02:04não existe nenhum investimento claro, sólido, consciente
02:11para você comprar pesos argentinos nessa quantidade,
02:15e o Donald Trump condiciona o seguinte, abre aspas,
02:19a manutenção dessa ajuda, desse aporte, desse investimento
02:23está ligado ao sucesso do Javier Milley
02:27nas eleições legislativas, fecha aspas,
02:30obviamente que isso dá munição para o Milley usar na campanha,
02:35ou seja, nós temos aí nas entrelinhas,
02:37que nem são tão entrelinhas aí, Matheus,
02:39uma interferência do Donald Trump na eleição legislativa,
02:44que vai ser de máxima importância para o Milley,
02:47que acontece até no final desse mês,
02:49perdão pela minha longuíssima introdução,
02:51mas para deixar todo mundo na mesma página,
02:53agora eu te passo a palavra.
02:55Sem problema, boa noite, Favari,
02:57prazer estar aqui novamente,
02:59muito obrigado pela apresentação tão generosa,
03:02não sei se eu mereço tanta generosidade assim,
03:05mas ainda a sua questão, sem dúvida alguma,
03:09como você pontuou já, acho que sequer há entrelinhas,
03:14ele foi muito explícito ao dizer que a ajuda estava condicionada
03:19à vitória do Milley, do grupo político do Milley
03:23aí nas eleições de meio de mandato,
03:25ele tem feito nos últimos dias também algumas declarações
03:28apoiando a candidatura à reeleição do Milley,
03:34já disse que se o Milley, se o grupo dele perder as eleições,
03:39ele não tem por que perder o tempo dele na Argentina,
03:42então é muito claro, existe,
03:46por parte do Donald Trump,
03:48um esforço, uma tentativa de pressionar,
03:51de interferir, de se envolver no processo eleitoral,
03:55para acontecer agora na Argentina,
03:57em favor de um governo que tem se mostrado,
04:01nos últimos quase dois anos,
04:04com muita disposição para ser um título de Washington aqui na região.
04:10Então, como você mencionou,
04:13tem muitos personagens interessantes na história argentina,
04:18essa é uma história que, do ponto de vista das relações
04:21Estados Unidos-Argentina,
04:23ela tem alguns momentos marcantes,
04:25inclusive o mais famoso,
04:28com as relações carnais,
04:29mas em nenhum deles a gente via o nível de interferência
04:37e o nível de submissão assumido pelo governo
04:40frente aos Estados Unidos que a gente está vendo agora.
04:43Eu acho que tem duas coisas muito espantosas
04:45nessa reunião de hoje.
04:48De um lado é o Donald Trump fazer a fala que fez,
04:53condicionando explicitamente essa ajuda
04:56ao sucesso eleitoral do Milley,
04:59e do outro para o Milley ouvir isso,
05:01muito feliz e sorridente,
05:03como se fosse absolutamente trivial ou salutar
05:07que um chefe de Estado estrangeiro
05:09fizesse um comentário dessa natureza.
05:12Então, sem dúvida alguma,
05:14é um episódio que vai ficar para os anais
05:16das relações da região dos Estados Unidos.
05:21Bom, tirando a chance que o Milley
05:23tem de uma reeleição,
05:25que isso é permitido na Argentina,
05:27ainda estamos na primeira metade do governo Milley
05:30com o começo,
05:32só foi o primeiro quarto do governo Donald Trump.
05:36Ou seja, eles ainda vão coexistir aí
05:38se tudo se mantiver como está na ordem,
05:40pelo menos por dois anos.
05:43Matheus, eu separei aqui esse destaque
05:45para ser justo com as aspas do Trump.
05:49A continuidade do apoio depende do resultado da eleição,
05:52o que a gente estava comentando,
05:54voltando à eleição em outubro.
05:56É um pouco diferente do modelo que a gente tem aqui,
06:00porque a província de Buenos Aires,
06:02a capital que concentra ali,
06:05não só a riqueza,
06:06mas a grande parte da população,
06:08já votou e o Milley já perdeu,
06:12indiretamente,
06:12porque o candidato que ele apoiava
06:14perdeu para o peronismo.
06:17Então, o Milley continua sem maioria no Congresso,
06:20seja na Câmara Baixa ou na Câmara Alta.
06:22Ele é o primeiro presidente,
06:23desde a redemocratização da Argentina,
06:26que chega na presidência sem um Congresso
06:28que o apoia.
06:30Os seus correligionários não estão
06:32majoritariamente dentro do Congresso.
06:34é claro.
06:36Aqui eu só estava ilustrando o que a gente estava falando.
06:39Deixa eu avançar, Matheus,
06:41porque eu acho que tem mais um peão aqui nesse tabuleiro.
06:48Isso tem a ver com a China?
06:51Porque é o seguinte,
06:53essa intervenção,
06:55esse apoio de 20 bilhões de dólares
06:58anunciados e hoje corroborados pelos Estados Unidos,
07:01ele supera o swap cambial
07:06que a Argentina tinha feito
07:08em governos passados
07:10com a China,
07:12que tinha colocado 18 bilhões de dólares
07:14para tentar tirar a Argentina ali
07:17ou afrouxar a corda no pescoço.
07:20Além dos motivos econômicos,
07:23isso aqui é, como você falava,
07:26é um esforço dos Estados Unidos
07:28de fincar uma bandeira
07:30onde os chineses já estavam
07:32nadando de braçada?
07:35Não, certamente.
07:36Acho que essa é a grande variável
07:40para explicar a posição do Trump.
07:42Mesmo porque,
07:44do ponto de vista econômico,
07:47as relações dos Estados Unidos e da Argentina
07:49têm um certo limite.
07:51a Argentina é um país
07:54que tem uma pauta exportadora,
07:56por exemplo,
07:56que quase não tem complementariedade
07:58com os Estados Unidos.
07:59Na verdade,
08:00os dois países competem com mercados.
08:02Eles não são mercados muito complementares.
08:05Não faz muito sentido econômico
08:08esse pacote de ajuda,
08:12que, aliás,
08:13da forma como está sendo feita,
08:14também é muito inédita.
08:15A gente já teve episódios anteriores
08:17em que esse socorro
08:18vinha através do FMI.
08:20agora é um swap do Tesouro Norte-Americano.
08:23Agora,
08:24onde que entra a China
08:26nessa equação?
08:29Eu acho que, primeiro,
08:30é uma forma de aprofundar
08:32esse alinhamento
08:34que o Milley tem feito
08:35ao governo dos Estados Unidos.
08:38Esse alinhamento, inclusive,
08:39começou,
08:40como você lembrou,
08:41os mandatos começaram
08:44em pontos diferentes
08:45do Trump e do Milley.
08:46Esse alinhamento do Milley
08:47começa já com o governo Biden,
08:49que também apoiou
08:51o governo Milley
08:53em diferentes momentos,
08:54embora de uma forma
08:55um pouco mais contida,
08:58sem tantos afogos
08:59como a gente está vendo agora.
09:01E tudo isso dentro
09:02de um esforço de quê?
09:03De tentar reduzir
09:04a presença chinesa
09:06na Argentina,
09:07que é uma das mais significativas
09:09que a gente tem
09:11aqui na região.
09:13O Milley fez tudo
09:14que podia fazer
09:15nesse sentido,
09:16cancelou
09:17alguns acordos comerciais
09:19que já existiam,
09:21cancelou também
09:22a continuidade
09:23da construção
09:24de uma usina nuclear,
09:25que seria feita
09:26com capital chinês,
09:28recebeu a Laura Richardson,
09:30a chefe
09:31do quarto comando
09:32da quarta frota
09:33do Comando Sul
09:34da Marinha Norte-Americana
09:37e tem feito
09:38uma série
09:39de movimentos
09:41de aproximação
09:42aos Estados Unidos
09:43em detrimento
09:44da China.
09:46Então,
09:46eu acho que essa
09:47é a grande variável.
09:48É claro que
09:49para o Trump
09:50também é conveniente
09:51que o Milley
09:52tenha uma posição
09:53confortável,
09:54porque o Milley
09:55é parte desse grupo
09:56de extrema direita
09:57internacional
09:59que se organiza
10:00muito,
10:01se perfila muito
10:02de trás do Trump,
10:05mas me parece
10:07que o fator decisivo
10:09é de fato
10:10o esforço
10:11de reduzir
10:12a influência chinesa
10:13na Argentina
10:14e de tentar
10:14reduzir
10:15a influência chinesa
10:17como um todo
10:17na América Latina.
10:19Acho que quando
10:19o Trump fala
10:20que se a Argentina
10:22se sair bem,
10:23se a Argentina
10:23se der bem,
10:24outros países da região
10:25vão seguir o exemplo,
10:27eu não acho
10:28que ele está falando
10:28em termos
10:29de problema econômico,
10:30que outros países
10:31da região vão lá
10:32e fazer um programa
10:33econômico parecido
10:34com o da Argentina.
10:36Eu acho que o recado
10:37e esse sim
10:38nas entrelinhas
10:39é de que
10:40se a Argentina
10:41se der bem desse jeito
10:42optando pelos Estados Unidos
10:44em detrimento da China,
10:45esse é um caminho
10:46a ser seguido
10:47por outros países
10:48da região,
10:49priorizar
10:49as relações
10:51com os norte-americanos
10:52em detrimento
10:52dos chineses.
10:54Matheus,
10:54para a gente encerrar,
10:55é uma pena
10:56a gente ter mais um minutinho
10:57de conversa,
10:58só para a gente fazer
10:59aqui um exercício
11:00de futurologia,
11:01voltando a dizer
11:02que a eleição
11:03legislativa
11:04acontece agora
11:05no final de outubro
11:06na Argentina
11:07e a popularidade
11:10do Milley
11:10vai ser uma peça
11:11importante,
11:13a gente tem
11:13recentes escândalos
11:15envolvendo a família
11:16Milley,
11:17família porque
11:18a irmã dele,
11:19que é a Karina Milley,
11:20que também tem
11:22o cargo
11:22de secretário-geral
11:23da Casa Rosada,
11:24uma espécie
11:25de chefe de gabinete,
11:27mais do que isso,
11:27uma espécie
11:28de chefe
11:29da Casa Civil,
11:30como a gente
11:30chamaria aqui,
11:32ela foi suspeita
11:33de receber propinas,
11:35teve áudios vazados
11:37que levam
11:38a suspeita
11:39de uma rede
11:40de corrupção
11:41que permeia
11:42essa pessoa
11:43que é
11:44uma pessoa
11:45forte do governo
11:46Milley
11:47e tem laços
11:48consanguíneos
11:49com o presidente.
11:51E também
11:51tem uma notícia
11:52aí,
11:53mal explicada,
11:54que o Milley
11:55fez uma promoção
11:56de uma criptomoeda
11:58que depois
11:59naufragou,
12:00muita gente
12:00perdeu muito dinheiro
12:02e uma parcela
12:02muito pequena
12:03de investidores
12:04ganhou muito dinheiro,
12:06o que abre
12:06uma suspeita
12:07de ter sido
12:08algo manipulado.
12:10Ele diz que
12:10não está diretamente
12:11levado ao caso,
12:13fez ali uma propaganda,
12:14acabou sendo induzido
12:15uma espécie
12:16de erro.
12:17Diante desse cenário,
12:18muito rapidamente,
12:19quase numa frase,
12:21Matheus,
12:22o que isso aqui
12:23pode pesar,
12:24claro,
12:24contra o Milley
12:26nessas próximas eleições?
12:29Olha,
12:29eu acho que o cenário
12:31para ele
12:31não melhorou muito
12:33por causa
12:34desse swap.
12:35O máximo de anive
12:37que me parece
12:38que isso deve trazer
12:39no curto prazo
12:39é na medida
12:40em que permitir
12:41alguma administração
12:42aí do câmbio
12:43da inflação
12:44é conter um pouco
12:45do mau humor
12:46da população.
12:47Agora,
12:49esse episódio
12:49certamente vai ser
12:50explorado pela oposição,
12:52que, a meu ver,
12:55acho que muito
12:55corretamente vai
12:56chamar a atenção
12:57do caráter
12:58de subordinação,
12:59de submissão
13:00assumida pelo Milley
13:01e ele continua
13:03tendo que explicar
13:03esses escândalos
13:04de corrupção.
13:05Até agora,
13:06a reação dele
13:09tem sido dizer
13:10que é conspiração,
13:11que foi coisa
13:12dos russos,
13:12que foi coisa
13:13dos kirchneristas,
13:16de um,
13:16de outro,
13:17mas o fato
13:18é que a história
13:18continua muito
13:19mal explicada,
13:20ele precisa
13:21prestar conta
13:22disso pro eleitorado
13:23e um eleitorado
13:25que não me parece
13:27nesse momento
13:28vai ser muito
13:30persuadido,
13:30muito convencido
13:31só pelas frases
13:32de efeito,
13:33pelos palavrões
13:34e pela motosserra
13:35que ele sacudiu
13:37com bastante força
13:38na última campanha.
13:39As eleições
13:40que aconteceram
13:40no ano dos áreas
13:41foram um indício
13:42claro disso,
13:44né,
13:44e agora
13:45a gente tem
13:46em jogo
13:47um pleito
13:48que é ainda
13:49mais significativo,
13:50porque é a renovação
13:51de uma parcela
13:52expressiva
13:53das duas casas
13:54do Congresso Nacional
13:55e parte das conversas
13:57com o FMI
13:58nas últimas semanas
13:59vem se desenvolvendo
14:01justamente em torno
14:02do tema
14:03da governabilidade,
14:04com o FMI
14:05dizendo pro meu
14:05bem o seguinte,
14:06olha,
14:07acontece o que
14:07acontecer nessas eleições,
14:08vocês vão ter que
14:09encontrar uma forma
14:11de construir
14:12algum pacto
14:13de governabilidade
14:15que permita
14:16gerir a economia
14:16do país,
14:17senão fica muito
14:18difícil,
14:18mas com qualquer
14:19socorro,
14:19né,
14:20então eu acho
14:20que de todo
14:21modo o alívio,
14:24o refresco,
14:25o impulso,
14:26né,
14:26que o próprio
14:27Trump falou
14:27que acha
14:28que ele vai ter
14:29com esse
14:30encontro de hoje,
14:32eu acho que tem
14:32se olhado com
14:33muita cautela,
14:33não acho que a situação
14:34dele melhorou
14:35muito não.
14:36Matheus,
14:37vamos nos falar
14:37em breve,
14:38porque a gente
14:39vai ter bastante
14:40desenrolar dessa
14:41história.
14:42Matheus Pereira,
14:43professor de
14:43Relações Internacionais
14:44da Universidade Federal
14:45de Uberlândia,
14:46a quem eu agradeço
14:47e desejo
14:48retomar essa conversa
14:50muito brevemente.
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