Antes de deixar a Indonésia, o presidente Lula confirmou interesse em se reunir com Donald Trump na Malásia para discutir tarifas e fortalecer relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A conversa pode abrir espaço para acordos bilaterais e novos investimentos estratégicos.
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00:00Na conversa com os jornalistas antes de deixar a Indonésia, o presidente Lula também falou
00:04sobre a possibilidade de um encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, na Malásia.
00:10Eu tenho todo o interesse em ter essa reunião, tenho toda a disposição de defender os interesses do Brasil
00:17e mostrar que houve equívoco nas taxações ao Brasil, e eu quero provar isso com números,
00:23de que houve equívoco nas taxações, sabe? E também eu quero discutir um pouco a punição, sabe,
00:30que foi dada a ministros brasileiros, sabe, da Suprema Corte, que não tem nenhuma explicação,
00:36nenhum entendimento. Ou seja, como eu acredito muito na negociação, como eu acredito muito na relação humana,
00:43eu estou convencido, sabe, que a gente pode avançar muito nisso e voltar a uma relação civilizatória
00:49com os Estados Unidos. Uma coisa que já temos há 201 anos, não há porquê não continuar tendo essa relação,
00:56e vocês sabem do nosso interesse, é tentar contribuir para que as coisas terminem da melhor forma possível.
01:03Eu quero ter a oportunidade de dizer para o Trump o que o Brasil espera dos Estados Unidos
01:09e dizer para ele o que o Brasil tem para oferecer.
01:11Eu já disse no telefone, não existe veto a nenhum assunto.
01:17Não tem assunto proibido para um país do tamanho do Brasil conversar com um país do tamanho dos Estados Unidos.
01:24Não tem nenhum veto.
01:26Portanto, vai ser uma reunião livre, uma reunião livre, em que a gente vai poder dizer o que quiser,
01:32como quiser, e vai ouvir o que quiser, o que não quiser também.
01:36Eu estou convencido de que vai ser boa para ele e vai ser boa para o Brasil essa reunião.
01:40Nessa reunião tem um assunto típico, que é a taxação que foi feita ao Brasil,
01:45que nós não concordamos com ela porque ela não é verídica.
01:49A tese pela qual se taxou o Brasil não tem sustentação em nenhuma verdade.
01:54Os Estados Unidos têm superácio de 410 bilhões de dólares em 15 anos com o Brasil.
02:01Então, não tem sustentação a tese.
02:04A tese de que não tem direitos humanos no Brasil porque está perseguindo o ex-presidente
02:08também não tem nenhuma veracidade.
02:10Quem comete crime no Brasil é julgado e quem for culpado é punido.
02:15Também não tem.
02:16E depois a regulação de Betis é uma coisa que depende do governo brasileiro, do Congresso Nacional.
02:22Coisa simples que a gente pode discutir, sabe, com muita sinceridade, com muita objetividade.
02:29Dois amos sentados em volta de uma mesa.
02:31A gente não tem que ficar com muita frescura, não.
02:36Sabe, é dizer o que quer, cada um quer, o que é preciso fazer e fazer.
02:40Nós somos as duas maiores democracias do Ocidente.
02:44Nós temos que passar para a humanidade harmonia e não desavença.
02:48Nós temos que mostrar para a humanidade uma perspectiva objetiva na melhoria de vida do povo que a gente representa.
02:59Então, o presidente Trump diz que é muito sincero naquilo que ele fala.
03:04Eu vou ouvi-lo e quero que ele ouça toda a minha sinceridade para que a gente possa se colocar de acordo em algumas coisas.
03:13Se o presidente Trump quiser discutir qualquer outro assunto, Rússia, Venezuela, sabe, eu estou aberto a discutir qualquer assunto.
03:20O que é importante é o seguinte.
03:22Nós não temos veto.
03:24Disse no começo da minha primeira resposta.
03:26Não existe veto a nenhum assunto.
03:29Qualquer assunto que for colocado na mesa, a gente vai discutir o assunto.
03:34Pensando na melhoria da possibilidade comercial entre os dois países.
03:39Eu vou repetir.
03:40Se eu não acreditasse de que fosse possível fazer um acordo, eu não participaria da reunião.
03:47Se bem que o acordo certamente não será feito amanhã ou depois da manhã, quando o meu reino coelho.
03:52O acordo será feito pelos negociadores, que vão ter que sentar Alckmin, Mauro Vieira e Haddad, junto com o pessoal do governo americano, para negociar.
04:02Vinícius, até agora a gente tinha como pratos principais o tarifácio e as sanções às autoridades brasileiras.
04:08Eu queria ver a sua opinião sobre como é que essa questão das ações militares americanas no Caribe,
04:14como é que tudo isso pode interferir nesse encontro e talvez até azedar o clima?
04:18Marcelo, sim, da parte do Brasil os assuntos eram comércio e as sanções contra autoridades brasileiras.
04:28Agora, a gente não sabe se essa era a pauta americana para começar.
04:32Mesmo antes da intensificação dessa crise aqui na América do Sul, os Estados Unidos podiam querer mais.
04:37A gente não sabia o que era, eles não deram nenhum sinal.
04:39Eles provavelmente iam pedir mais porque apenas derrubar o tarifácio e mudar a sanção para eles não significa nada.
04:47Eles precisavam ganhar alguma coisa.
04:49Agora, o caldo engrossou porque os Estados Unidos estão ameaçando ataques por terra na Venezuela,
04:57estão trazendo um porta-aviões mais avançado e um grupo de navios e que traz mais aviões de caça com mais possibilidade de atacar a Venezuela.
05:05Estão fazendo ataques também no Pacífico Sul, com barcos que supostamente levam drogas saindo da Colômbia.
05:15Fizeram sanções contra o presidente da Colômbia, chamaram eles de cúmplices do tráfico de drogas.
05:20Então, o caldo engrossou.
05:22E o interesse americano na América do Sul é o maior em 25 anos, pelo menos, se não mais.
05:27Porque os Estados Unidos também estão intervindo na Argentina, ajudando a sustentar o peso para que a Argentina não exploda antes da eleição legislativa que vem no final de semana.
05:37Então, assim, tudo isso pode entrar na conversa ou não.
05:41Pode ser que o Lula não fale nada a respeito, talvez fosse prudente.
05:44Mas pode ser que faça parte do projeto do Trump pedir alguma colaboração do Lula, ou pode ser que aconteça algum desastre ou algum ataque antes da negociação,
05:58quer dizer, antes da conversa com o Lula, ou durante as negociações brasileiras com os Estados Unidos, que vão demorar meses.
06:05Então, assim, essa situação não vai ser só problema para o eventual encontro de Lula e Trump.
06:10Ela pode até nem aparecer nesse encontro.
06:13Mas nos próximos meses, com a ofensiva americana na América do Sul, que é inédita em 25, 30 anos, vou repetir,
06:20e com a demora das negociações brasileiras, tudo isso pode se misturar.
06:24A coisa ficou tensa.
06:26Tá certo, Vinícius.
06:27Vamos continuar conversando, então, sobre essa viagem aí do presidente Lula à Ásia.
06:31Eu queria chamar para a conversa agora o José Pimenta, que é diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ.
06:37Boa noite para você, Pimenta. Seja muito bem-vindo.
06:42Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos. Obrigado.
06:45Bom, diante de tudo isso que a gente acabou de mostrar aqui, que eu tenho certeza que você estava assistindo,
06:49qual é a sua expectativa para esse possível encontro aí entre Lula e Trump?
06:56Marcelo, acho que a grande questão é a continuidade da evolução das conversas, né?
07:01A gente sabe que a evolução das conversas, elas se deram no nível privado, num primeiro momento,
07:08e depois ela evoluiu, vamos dizer assim, né?
07:12Ela tomou espaço também no público, o que é fundamental para que a gente pudesse ter esse momento,
07:19não só de domingo, mas o próprio encontro do Trump com o Lula na ONU,
07:23depois a ligação, depois o ministro Mauro Vieira se encontrando com o secretário Rubio,
07:29e agora culminando com o encontro, que é mais um capítulo dessa história,
07:35onde você pode ter, sim, como o próprio presidente Lula falou, não um acordo específico no domingo,
07:41mas a continuidade, a evolução, onde temas vão ser tratados de uma maneira mais aprofundada.
07:46Eu acho que esse é um ponto muito importante.
07:49Está ficando cada vez mais clara, vamos dizer assim, a agenda a ser tratada no curto prazo.
07:54De um lado, você tem Brasil defendendo a diminuição tarifária dos Estados Unidos,
08:00ou seja, por parte dos Estados Unidos para os produtos brasileiros,
08:03que estão sendo taxados, vários deles, né?
08:05E várias cadeias sendo prejudicadas aí na casa dos 50%.
08:09E, por outro lado, do lado americano, algo que ganhou força nos últimos meses,
08:15eu tenho falado sobre isso, que é justamente a questão dos minerais críticos e terras raras com a China.
08:21Como a China, ela colocou algumas travas, alguns empecilhos à exportação,
08:28alguns ritos burocráticos para se exportar terras raras a partir da China,
08:34e quem compra muito a terra rara chinesa são os Estados Unidos, historicamente,
08:38os Estados Unidos começaram a partir para negociação específica de terras raras com outros players,
08:45tendo em vista, obviamente, suprir essa necessidade,
08:49já visto o acordo que foi firmado recentemente com a Austrália.
08:52Então, esse é um tema que também promete ganhar ali contorno em termos de negociação,
08:58do ponto de vista norte-americano.
09:00Como o próprio Vinícius falou agora, outros temas estarão na mesa, a gente não sabe como,
09:06mas, na minha visão, tanto terras raras por um lado, quanto as tarifas aplicadas por outro,
09:13aí, no caso, Estados Unidos para com o Brasil,
09:17e terras raras, interesse norte-americano vis-à-vis Brasil ter a segunda maior reserva,
09:22acho que são os temas principais da conversa, Marcelo.
09:25A gente sempre ouviu falar muito, Pimenta, de que os negociadores brasileiros
09:29queriam tentar, sim, ajudar a promover uma aura de que o Trump pudesse sair vencedor
09:34aí dessa negociação, para ter resultados, para apresentar para o povo americano,
09:38para, então, ceder a algumas das demandas do Brasil, né?
09:42A gente viu hoje, já, na imprensa, falando que eles podem mostrar que a Embraer
09:47vai investir, por exemplo, 40 bilhões no Brasil, tem também investimentos aí do setor de carne, né,
09:52que podem ser apresentados numa espécie de pacote aí, porque isso já aconteceu antes com outros países, né,
09:57inclusive aí em Japão, Coreia do Sul, números bastante vultuosos ali,
10:01para o Trump dizer, olha, eu estou trazendo isso para os Estados Unidos.
10:04Você acha que hoje, do jeito que a negociação está,
10:07já é possível que o Trump apresente um pacote desse para cantar vitória num possível acordo?
10:11Não sei se cantar vitória no curto prazo, mas, obviamente, que você leva números a serem investidos pelo Brasil
10:20e por essas empresas brasileiras, não só por essas, tá, mas por várias outras também,
10:25a gente tem setor de papel e celulose, entre vários outros, né, você setor de carnes, né,
10:31setor de máquinas e equipamentos, são empresas que investem em ambos os lados,
10:34tanto lá quanto aqui, tem um intercâmbio muito forte, entre vários outros,
10:37a uma perspectiva muito forte de que esses investimentos, inclusive, aumentem no longo prazo,
10:45no médio e longo prazo, então, levar esses números, obviamente, à mesa,
10:50colocá-los à mesa para serem discutidos, debatidos, especificados ali,
10:55é um ganho para ambas as partes, tanto para o Brasil mostrar que, olha, nós sempre investimos,
11:00as empresas brasileiras sempre tiveram presença nos Estados Unidos,
11:03e o contrário é verdadeiro também, maior estoque de investimento privado
11:07no Brasil, advém dos Estados Unidos da América, de empresas norte-americanas,
11:12então, a complementaridade produtiva é muito forte,
11:14onde o tema político ganhou espaço num curto período de tempo,
11:18mas essa complementaridade econômica nunca saiu de cena,
11:21muito pelo contrário, e não tem porquê ela sair de cena agora,
11:24porque favorece ambos os países.
11:26Então, sim, a resposta é que, tendo isso em jogo,
11:30tendo isso na mesa de negociação,
11:32é um plus para que ambos os países continuem a conversar e evoluir nas negociações.
11:37Vamos para uma pergunta do Vinícius agora.
11:40Pimenta, boa noite.
11:44Para mim, ainda é uma incógnita o que os Estados Unidos vão querer do Brasil.
11:48Agora, é uma hipótese forte, imaginar que,
11:52ou uma especulação forte, pelo menos,
11:54imaginar que os Estados Unidos vão,
11:56podem colocar ou poluir a conversa com alguma coisa a respeito de América do Sul.
12:02Não sei o que eles podem querer do Brasil com a Venezuela,
12:05do Brasil com a Colômbia,
12:07ou até do que eles podem querer do Brasil com a China,
12:10porque eles têm intenção de tirar um pouco da China daqui.
12:14Então, você, na sua opinião,
12:16experiência de negociação que está acompanhando isso,
12:19você, qual a possibilidade de conversa sobre a ofensiva americana na América do Sul,
12:25que faz muito tempo que não acontecia nessa magnitude de agressividade,
12:29qual a possibilidade de isso entrar, de algum modo,
12:33na conversa dos Estados Unidos com o Brasil.
12:36Ainda mais lembrando que quem está à frente dessa negociação dos Estados Unidos,
12:42claro que sempre sujeito a Trump,
12:43é Marco Rubio,
12:45que é um inimigo histórico de todas as esquerdas da América Latina,
12:49sejam democráticas ou não.
12:53Prazer em falar contigo, Vinícius.
12:55Realmente, esse tema, eu não imagino que ele vá ser ventilado
13:00de uma forma tão enfática nesse primeiro momento,
13:04mas, obviamente, que ele vai surgir,
13:05e você mesmo falou isso antes da nossa entrevista aqui,
13:09ocasionalmente, na medida em que os Estados Unidos avancem sobre a região.
13:14E sobre a região, vamos ser específicos,
13:15avancem sobre a Venezuela.
13:16A verdade é essa,
13:18a busca, como você mesmo disse,
13:20pela destruição do Maduro.
13:22Agora, tem um ponto que você tocou.
13:23Então, imagino que vai estar,
13:25mas não imagino que seja um ponto central da conversa agora.
13:29Não acho que vai ser isso,
13:30justamente porque não há uma perspectiva iminente,
13:33vamos dizer assim,
13:34de invasão no curtíssimo prazo.
13:36A reunião do Lula com o Trump é domingo, quer dizer.
13:37Então, temas muito mais latentes estão sobre a mesa,
13:41que estão,
13:43tanto do ponto de vista americano quanto do brasileiro,
13:44que podem ser ou começar a ser endereçados.
13:47Mas eu entendo e concordo contigo
13:49que ao longo da jornada isso possa aparecer.
13:52Agora, tem um ponto aí importante,
13:55é o seguinte, que você falou,
13:56que é o deslocamento da China.
13:58E aí, esse é um ponto central para os Estados Unidos,
14:03essa projeção relativa de poder
14:05que os Estados Unidos sempre tiveram na América Latina
14:07e, comercialmente falando,
14:09foram perdendo ao longo dos anos
14:11por conta da expansão chinesa na região.
14:14Tanto em termos comerciais quanto de investimento.
14:16Como é que você recupera isso?
14:18Com propostas.
14:19Propostas de financiamento,
14:21propostas de projetos de longo prazo,
14:25em áreas estratégicas,
14:26em cooperação estratégica.
14:29E aí você tem um apelo fundamental,
14:32que já é esse intercâmbio de investimento privado,
14:35bilateral,
14:36relacionado ao Brasil e Estados Unidos.
14:37Então, acho que aí os Estados Unidos tem um papel central
14:40em também avançar nesse quesito no sentido de propor.
14:45Olha, nós vamos, por exemplo,
14:47vou dar um exemplo aqui de terras raras.
14:48Obviamente que uma proposição,
14:50como foi feito com a Austrália,
14:51de garantia a suprir as cadeias
14:55e a demanda de terras raras dos Estados Unidos
14:57pode estar sob a mesa.
14:58Mas qual vai ser a relação conjunta,
15:01qual vai ser a dinâmica conjunta de investimentos,
15:04como foi feito com a Austrália?
15:05Haverá uma dinâmica conjunta de investimentos no setor
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