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Donald Trump elogiou o presidente Lula e confirmou encontro na próxima semana, abrindo um canal de negociação entre Brasil e EUA. Roberto Uebel, economista e professor de relações internacionais da ESPM, destaca que, embora não haja acordos imediatos, o movimento impacta tarifas, comércio e expectativas do mercado.

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Transcrição
00:00Entre críticas ao multilateralismo e negacionismo climático, Trump surpreendeu, elogiou o presidente Lula, embora também tenha criticado o Brasil, e anunciou que os dois vão se encontrar na semana que vem.
00:13Eu preciso dizer que eu estava entrando aqui e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nós nos abraçamos.
00:22E será que a gente pode acreditar que isso aconteceu? Concordamos em nos encontrar na semana que vem. Não tivemos muito tempo para falar, não. Foram uns 20 segundos.
00:37Olhando para trás, eu fiquei feliz de ter esperado, porque esse negócio aqui não está funcionando muito bem.
00:43Mas nós tivemos uma boa conversa e concordamos em nos reunir na semana que vem.
00:48Ele parece ser um homem muito bom, eu gosto dele, e eu só faço negócios com gente de quem eu gosto.
00:59Quando eu não gosto de alguém, eu não gosto.
01:05Mas foram uns 39 segundos ali em que a gente teve uma boa química, acho que isso é bom sinal.
01:10Mas no passado, dá para acreditar, o Brasil fez tarifas injustas contra o nosso país.
01:17Agora, por causa das nossas tarifas, estamos devolvendo, dando troco.
01:21E eu sempre vou defender a nossa soberania e o direito dos cidadãos americanos.
01:29Eu lamento dizer isso, o Brasil não está indo bem e vai continuar não indo bem.
01:36Eles só podem ir bem se trabalharem conosco.
01:42Se não trabalharem conosco, vão falhar.
01:45Outros já falharam.
01:47No ano que vem, vamos celebrar 250 anos na independência dos Estados Unidos.
01:52Isso mostra o poder da liberdade dos espíritos americanos.
01:56Para analisar o tom dos dois presidentes na tribuna da ONU, Trump e Lula, e as perspectivas para uma negociação a partir de agora,
02:07eu recebo aqui o nosso analista Vinícius Torres Freire.
02:11Boa tarde, Vinícius, tudo bem?
02:12Boa tarde, Fábio, tudo bem?
02:13A gente vai participar aqui de uma entrevista com o Roberto Ibel, economista e professor de relações internacionais da ESPM.
02:21Roberto, boa tarde para você, obrigado pela sua participação.
02:24Vinícius, então, nos acompanha aqui nessa entrevista.
02:27Roberto, eu queria primeiro saber a sua impressão geral sobre essa repentina e surpreendente simpatia e receptividade de Donald Trump em relação ao presidente Lula.
02:38Boa tarde, Fábio, boa tarde, Vinícius, todos que estão acompanhando o Times Brasil, CNBC.
02:45Então, Fábio, é o modus operandi do Trump.
02:48Não surpreende, porque ele sempre se refere à figura do presidente de outros países, não pelo nome, mas sim o líder ou o presidente.
02:56Porque talvez Trump nem saiba o nome do presidente do Brasil, o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
03:03Então, faz parte desse modus operandi do Trump ser uma figura instável, controversa, que volta atrás, avança.
03:12Mas chama atenção, sim, o fato de que haverá, ocorrerá este encontro entre os dois presidentes na próxima semana.
03:20Já confirmado pelo próprio presidente Trump, o próprio Itamaraty disse que existiu essa conversa e que na próxima semana ambos irão se encontrarem.
03:29A gente ainda não sabe se presencialmente ou se será uma reunião virtual, mas é esse o ponto que eu destaco.
03:36Os Estados Unidos se colocou aberto para a negociação, para o contato entre os dois países.
03:42E acho que outra questão importante, Fábio Vinícius, isso ficou muito claro desde que começou o tarifaço e que o Brasil foi o cerne desse tarifaço lá no mês de abril deste ano,
03:53o Brasil sempre disse que estaria aberto ao diálogo desde que não passasse por um processo de humilhação pública, de constrangimento público,
04:01como aconteceu com o presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, no primeiro encontro com o Trump,
04:06como aconteceu com o presidente da África do Sul também, mais recentemente, com outras lideranças.
04:11Então, talvez há o entendimento do Itamaraty e das autoridades brasileiras de que Trump, de fato, esteja aberto a uma negociação, a um diálogo.
04:20E, de novo, o que eu sempre falo até para os meus alunos de relações internacionais, para a gente entender o funcionamento do governo Trump,
04:28a gente precisa entender a biografia do Trump.
04:30E Trump, quando era negociador, quando liderava seus negócios, era sempre relações personalistas,
04:36que ele traz agora, sendo presidente, nesse seu segundo mandato, de uma maneira muito assertiva, de uma maneira muito mais clara.
04:45A gente precisa ser realista também, Fábio e Vinícius.
04:47Não vamos esperar que dessa reunião já saiam acordos para a isenção das tarifas, para a diminuição das tarifas aplicadas ao Brasil.
04:57Mas já é um canal de diálogo entre as duas autoridades dos dois países, que pode prospectar cenários mais adiante.
05:04O resultado de tudo isso é que a gente está vendo, inclusive, aqui na tela, na tarja.
05:07A Bolsa dando seus sinais e também a própria cotação do dólar, muito expressiva, após essa declaração de Trump.
05:15O que demonstra, mais uma vez, essa vinculação entre economia e política.
05:19Não tem como separar uma da outra.
05:21Vinícius?
05:22Beto, a gente ainda está tentando descobrir por que o Trump tomou essa atitude.
05:28Se surgiu, isso foi uma ideia da hora, ou o pessoal já estava esperando esse encontro quase marcado, esse esbarrão quase marcado na onda para fazer isso.
05:39Agora, hoje mesmo, isso foi surpreendente de qualquer maneira, de uma reviravolta súbita.
05:44Agora, hoje mesmo, a gente agora acabou de ver que o Trump mudou a sua opinião sobre a guerra na Ucrânia em 180 graus.
05:51disse que a Ucrânia pode vencer com apoio da Europa, com apoio da OTAN, que envolve em parte os Estados Unidos,
05:59e que não só a Ucrânia pode recuperar território, como pode até ganhar algum território da Rússia.
06:06Quer dizer, isso é aquela especulação trumpista.
06:08Agora, essas reviravoltas indicam que Trump pode estar tentando começar um outro jogo para chamar atenção,
06:16ou ele está mudando, está vendo que chegou alguns impasses, assim.
06:18Isso é um indício de alguma coisa, porque em dois dias, claro que o Brasil é uma questão muito menor para o Trump,
06:23mas no mesmo dia, na verdade, ele dá duas reviravoltas grandes, no caso da Ucrânia, imensa.
06:32De fato, Vinícius, é o modus operandi do Trump, de avanços e retrocessos, de mudanças de posicionamento,
06:38de uma instabilidade de posicionamento político.
06:41E eu gosto muito de olhar sempre a expressão facial das pessoas que estão acompanhando.
06:44A expressão facial do secretário de Estado, Marco Rubio, foi muito clara, até de seriedade,
06:50eu diria, de uma certa preocupação, enquanto Trump falava ali sobre o Brasil, que a gente acabou de ver nas imagens.
06:58Aqui na Alemanha, eu estou na Alemanha essa semana no Congresso,
07:00o que houve de diplomatas alemães é uma preocupação com esse modus operandi,
07:05eu diria, com essa mudança de 180 graus, como você colocou,
07:09porque isso tem implicações, inclusive, para a própria União Europeia.
07:14Isso ficou muito claro nas declarações de Trump, hoje, na Assembleia Geral da ONU,
07:19e os europeus são muito céticos com relação a isso.
07:22Eu diria que esse ceticismo também deve vigorar, espero que vigore,
07:25com relação a essa declaração para o Brasil, no meio dos círculos diplomáticos brasileiros.
07:32Roberto, agora, você acredita que, de fato, haja um clima para negociar?
07:39Como você colocou há pouco, claro que ninguém está esperando que já vão sair dali com o papel assinado,
07:44depois dessa primeira conversa, se ela realmente acontecer.
07:47Enquanto eu te pergunto aqui, a gente está vendo imagens ao vivo de Donald Trump,
07:51sentado ali ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, em Nova Iorque.
07:55Mas, continuando aqui na pergunta, Roberto, você acredita, a partir dessa manifestação de Trump,
08:02simpática à Lula, e anunciando uma conversa entre os dois na semana que vem,
08:08que, de fato, o clima para negociar tenha, de repente, se instalado?
08:13Trump vai conversar mesmo?
08:16Olha, na fotografia do momento atual, Fábio, é possível que sim,
08:19que esse primeiro passo para o diálogo tenha sido dado.
08:23Mas, como a gente aprendeu, no primeiro governo Trump,
08:26agora, muito mais claro nesse segundo governo,
08:29Trump pode voltar atrás daqui uma semana, inclusive, até ampliar a aplicação da Lei Magnitsky
08:35contra autoridades brasileiras, como a gente viu no começo dessa semana,
08:37no final da semana passada e começo dessa semana.
08:40Então, de novo, pelo momento atual, pela declaração de hoje à tarde,
08:45eu entendo que sim, há um caminho aberto, um diálogo, um canal aberto para esse diálogo.
08:51Mas, na próxima semana, a gente pode ter uma resposta diferente do presidente Trump.
08:55Então, de novo, acho que muita cautela e, principalmente, algo que é muito caro para nós
08:59no âmbito das relações internacionais.
09:02Realismo, ou seja, tratar com realidade, tratar com racionalidade essas declarações do Trump.
09:09De novo, eu pego os exemplos aqui dos europeus, que tratam com muito ceticismo,
09:14com muita cautela essas declarações.
09:16Mas, porque hoje Trump está apoiando a Ucrânia, está trazendo de novo para o debate a questão da OTAN.
09:23Mas, num passado muito recente, cerca de duas semanas atrás,
09:26lembro que eu comentei até aqui na CNBC Brasil,
09:28quando aconteceu o encontro entre Putin e Trump no Alasca,
09:33o posicionamento era outro, era mais para a Rússia do que para a Ucrânia.
09:38Então, depende sempre do dia, sempre depende daquele momento.
09:43Mas, de novo, Fábio e Vinícius, isso traz impactos para a economia.
09:47E, quando a gente fala do caso brasileiro, traz expectativas, principalmente do produtor brasileiro,
09:53que hoje, de setores, aqueles que foram mais afetados, como o coreiro calçadista,
09:58lá no Rio Grande do Sul, o setor de produção de café, de proteína animal, de carne,
10:02que foram duramente impactados pelo tarifácio, que não entraram naquele rol das isenções de quase 700 produtos,
10:09causa uma apreensão, causa expectativa.
10:11E nós estamos falando de empregos, de produtividade, de expectativa de exportação.
10:17Então, são sinais que não podem ser desconsiderados.
10:21Mas, de novo, abre um precedente para o diálogo e que todos esperam que,
10:25a partir deste encontro entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump,
10:30possa-se iniciar um canal de abertura, seja para uma conta comercial,
10:34que eu acho aí, sim, Fábio, muito difícil de acontecer nesse momento,
10:37mas, pelo menos, mecanismos para isenções tarifárias ou algum tipo de concessão,
10:42principalmente do lado norte-americano, para impor essas isenções,
10:46e aí que o Brasil responda também com algum tipo de medida comercial ou econômica.
10:52Certamente, talvez a única certeza que a gente tenha é que as questões de política e de soberania,
10:58o Brasil não abrirá a mão neste encontro entre os dois líderes.
11:04Roberto, o governo brasileiro, já agora, no começo da tarde,
11:07pelo menos, o pessoal do Itamaraty e alguém mais lá do Planalto,
11:11está muito cauteloso porque está tentando evitar a todo custo que esse encontro seja,
11:16que os Estados Unidos exigem que esse encontro seja pessoal,
11:20querem entender um pouco melhor e querem fazer pelo telefone.
11:23Agora, até porque a gente entende essa prudência, como você está dizendo, tem que ter mesmo.
11:27Agora, como pode sair daí uma conversa?
11:30Claro que do Trump pode sair qualquer coisa, como a gente vê nas idas e vindas dele em política internacional.
11:36Mas o Marco Rubio, secretário de Estado, tem um projeto pessoal dele que é muito antigo,
11:40de atacar a esquerda da América Latina em geral, tanto faz o que esteja na frente,
11:46que tipo de governo esteja na frente, seja autoritário ou democrata.
11:49Os Estados Unidos têm queixas comerciais de verdade,
11:52embora esse não tenha sido o motivo principal das sanções contra o Brasil.
11:57As sanções da Magnite que foram colocadas estão sendo ampliadas e mais brasileiros estão perdendo visto.
12:04E o Trump tem esse problema de identificar a situação dele com a do ex-presidente Bolsonaro,
12:09que foi condenado aqui por tentativa de golpe.
12:11Então, assim, dos três caminhos principais da conversa, por onde a conversa poderia acontecer,
12:16eles estão meio cheios de entulho.
12:19Então, como é que pode ter uma conversa?
12:21O governo brasileiro teme que possa ser uma armadilha e tem gente que está mais otimista.
12:25Mas do lado otimista, pode sair por onde?
12:27O Trump simplesmente jogar tudo para cima, como ele fez com o projeto dele para a Ucrânia,
12:32que ele discutia com o Putin?
12:33Ou isso vai ser mesmo um risco maior?
12:36Ele vai jogar tudo para cima, abrir os caminhos, falar, esquece essa história,
12:40me dê alguma coisa para eu cantar a vitória, mas eu jogo tudo isso para cima?
12:45Ou então tem risco de armadilha?
12:46Porque os caminhos são difíceis, por causa do Rubio, por causa do problema comercial, de fato,
12:51que tem no fundo, e o problema político do Trump.
12:53Roberto, só preciso pedir para você ser objetivo aí na resposta,
12:57com o nosso tempo estar no fim, por gentileza.
12:59Perfeito. Eu vou pelo realismo.
13:01Eu acho que é muito difícil que o Trump jogue tudo para o alto,
13:03abra mão da sua política tarifária, mas abre uma pequena margem de negociação
13:08entre as autoridades brasileiras e as autoridades norte-americanas.
13:12Mas sim, concordo, Vinícius e Fábio, um componente central dessa história é
13:16o grau de influência de Marco Rubio.
13:18A grande questão é, Trump irá rifar Marco Rubio ou a sua política tarifária,
13:23a sua política comercial e também as questões políticas derivadas dela.
13:27Então, de novo, eu espero que talvez esse encontro venha a acontecer,
13:31virtualmente ou por telefone, e aí sim, preparar um encontro futuro,
13:35este, no próximo ano, presencial, em pessoa, entre os dois presidentes.
13:40Certamente, está sendo articulado, neste momento, já pela diplomacia dos dois países,
13:44à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.
13:48Roberto Rubio, economista, professor de Relações Internacionais da ESPM,
13:52muito obrigado pela sua entrevista.
13:55Muito obrigado. Uma excelente tarde a todos.
13:56Obrigado. Boa tarde. Obrigado, Vinícius, também, pela participação.
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