Donald Trump anunciou um novo acordo comercial com a União Europeia que impõe tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos europeus. Para entender o impacto e a lógica dessa decisão, Marcelo Favalli conversa com o economista e professor de relações internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan.
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00:00Donald Trump anunciou que os Estados Unidos e a União Europeia chegaram a um acordo comercial que impõe uma tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos europeus.
00:10Segundo Trump, esse é um acordo muito poderoso, é um acordo muito grande, é o maior de todos os acordos.
00:18Para destrinchar esse assunto, eu converso com Leonardo Trevisan, economista e professor de relações internacionais da ESPM,
00:25a quem eu agradeço a presença e já antecipo a quem nos assiste, que vai ser uma aula de alto nível.
00:32Professor Trevisan, obrigado pela presença mais uma vez.
00:37A princípio, olhando pelo que o Donald Trump conseguiu com os europeus nesse final de semana, o anúncio sai agora nessa segunda-feira,
00:46professor Trevisan, ele consegue manter a sua meta de criar aquela pressão, aquele brinkmanship,
00:54num termo mais sofisticado que aparece nas teorias de relações internacionais e do mundo dos negócios,
00:59pressionar o adversário, fazer exigências lá em cima e depois faz os ajustes.
01:05Estou falando isso porque no dia 2 de abril, chamado Dia da Libertação, o Donald Trump,
01:09quando ele aparece com aquele cartaz e as tarifações para todo mundo, a União Europeia estava em segundo lugar, só perdia para a China.
01:16Quase 40%, 39% de sobretarifação.
01:20Passados praticamente quatro meses, passados quatro meses, cai para 15%.
01:25Acho que eles chegaram ali a um denominador comum.
01:30Mas também no meio desse caminho, criou-se aí muita ansiedade, muita bagunça nos mercados.
01:36Parece um pouco da teoria do caos.
01:39Na sua experiência, professor Trevisan, tanto como internacionalista e como economista,
01:43como é que a gente pode colocar o Donald Trump na teoria aí das relações internacionais,
01:49da economia, na chamada teoria dos jogos?
01:52Ele se assemelha a alguma coisa que o senhor já viu nas linhas históricas?
01:57É, Marcelo, boa noite.
01:59Você costumou fazer perguntas difíceis, mas essa de fato foi um pouco mais.
02:05Onde é que a gente encaixa o Donald Trump?
02:09Essa é a tua pergunta.
02:12Você diz assim, olha, ele pode ser um hiperrealista,
02:15alguém que trabalha com condições extremas
02:18e aproxima quase sempre, cobra sempre o preço da realidade,
02:25que ele faz isso com a economia, faz isso com a política,
02:29faz isso em todos os setores.
02:34O que de fato aparece com o Donald Trump
02:38é que há, talvez, aquilo que mais explica o Donald Trump
02:44seja aquela frase que ele fez na véspera do ataque ao...
02:50A virã.
02:51A virã.
02:52A frase era a seguinte,
02:56eu posso atacar, eu posso não atacar,
03:00ninguém sabe o que eu vou fazer.
03:03Quando a gente olha para isso,
03:05a gente tem a ideia de que ele, de alguma forma,
03:10isso tudo conduz a uma espécie de lógica,
03:14muito presente.
03:16Lamento.
03:18Talvez aquilo que mais impulsiona a Donald Trump
03:21seja pura e simplesmente a intuição.
03:26Ele intui que pode avançar
03:29ou intui que precisa recuar.
03:33Um teórico que ganhou o Prêmio Nobel da Economia em 2002,
03:42Daniel Kahneman,
03:44dizia que os seres humanos todos,
03:46eles trabalham em dois sistemas.
03:48no trabalho, no sistema racional e no sistema intuitivo.
03:53E ele dizia, quase sempre,
03:55que a economia cabia mais,
03:57por incrível que possa parecer,
03:59no sistema intuitivo,
04:01em que as pessoas tomavam decisões não racionais.
04:05quem domina essa teoria,
04:10quem tiver curiosidade sobre ela,
04:12tem um livro traduzido em português,
04:14vale a pena, quem tiver paciência,
04:16para olhar por ele,
04:18chama-se Rápido e Devagar,
04:20Duas Formas de Pensar.
04:21Talvez.
04:22Talvez.
04:24O que Donald Trump faz é dar razão à Kahneman.
04:30Ele só trabalha com intuição.
04:32Ele só trabalha fora do racional.
04:37Se a gente olhar com alguma calma,
04:41Trump tentou fazer algo semelhante no primeiro mandato.
04:45Só que no primeiro mandato,
04:48ele não conseguiu ainda ter o completo domínio
04:52de toda a máquina de poder,
04:54que não é a máquina pública,
04:56isso é outra coisa,
04:57é a máquina de poder.
05:00Eu acho que quem melhor definiu a realidade de Trump,
05:05a realidade decisória de Trump,
05:08foi um ex-chanceler brasileiro,
05:11o Aloysio Nunes Ferreira.
05:13Quando a gente olha para a Casa Branca,
05:15o que a gente vê na Casa Branca
05:17é que todo o processo de decisão
05:19está tudo dentro do Salão Oval.
05:24Fora do Salão Oval não existe processo decisório.
05:28Parece uma brincadeira essa frase,
05:30mas eu acho que a frase tem bastante sentido.
05:33Se você quiser entender isso de um outro jeito,
05:37pense na frase do nosso ministro da Economia,
05:40que não foi desmentido pelos americanos,
05:44nem pelo Scott Bessler.
05:45O Haddad, o ministro Haddad,
05:50de cobrado por um jornalista americano,
05:53se ele tinha entrado em contato com autoridades americanas,
05:57ele foi sincero.
05:59Sim, eu conversei bastante a semana passada,
06:02de quando falo isso,
06:03a semana passada com Scott Bessler.
06:06Scott Bessler é o homólogo dele.
06:08Scott Bessler é o ministro da Fazenda de Laos,
06:14o secretário do Tesouro.
06:16E nós estávamos indo numa conversa acirrada nisso,
06:21tentando ajeitar.
06:23Tive um determinado momento,
06:25numa nova reunião,
06:26em que Scott Bessler me surpreendeu.
06:28Olha, nós não vamos mais continuar,
06:31porque a partir daqui,
06:32as decisões não são mais minhas,
06:34é com a Casa Branca,
06:37é no degrau de cima,
06:38é só com a Casa Branca.
06:39Scott Bessler,
06:42eu, acompanhando a sua linha de raciocínio,
06:46pensei numa outra coisa,
06:47o senhor está falando do controle pelo poder.
06:50Dá para a gente colocar, então, o Donald Trump,
06:52alguém que queira remontar a ordem mundial?
06:56Pode parecer um pouco exagero da minha parte,
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