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O chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em um momento crucial das relações Brasil-EUA. Vitor Cabral, doutorando em relações internacionais pela PUC-Rio, analisa o impacto político e econômico das tarifas impostas ao Brasil e os bastidores diplomáticos entre Lula e Donald Trump.

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Transcrição
00:00Sobre o encontro entre os ministros ou ministro de Relações Exteriores do Brasil,
00:05Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, o Marco Rubio,
00:09falei ministros porque lá se chamam secretários,
00:12mas é como se fosse o chanceler, o ministro de Relações Exteriores dos Estados Unidos.
00:16Tem esse nome de secretário de Estado, o Marco Rubio.
00:19E o futuro das tarifas impostas ao Brasil,
00:22eu converso agora com o Vitor Cabral, que é doutorando em Relações Internacionais
00:25pela PUC do Rio de Janeiro,
00:27a quem eu começo agradecendo pela presença aqui,
00:32num momento especialíssimo, muito importante,
00:35para a gente entender aí, porque eu vou pegar, Vitor,
00:37um rabicho do que o nosso analista de política, o Eduardo Gair,
00:40falava agora direto de Brasília.
00:42Na diplomacia, tudo é muito lento, é quase como um teatro, um balé, né?
00:47A gente tem que ler muito nas entrelinhas,
00:50porque às vezes o discurso está mais no gesto
00:53do que naquilo que é lido ali pelos representantes de cada país.
00:59A gente tem uma situação muito positiva, aparentemente,
01:02o discurso é uníssono nesse sentido.
01:05O chanceler Mauro Vieira falou, falou, falou,
01:08disse muita coisa, né?
01:10Muito produtiva, foi muito bom,
01:12estamos muito satisfeitos e tudo mais.
01:14A porta continua aberta.
01:18Eu queria ir um pouco além do que aconteceu hoje, Vitor,
01:22para a gente tentar também fazer uma análise
01:24da situação política dos Estados Unidos,
01:28em que a história do tarifácio
01:30agrada uma claque do presidente Donald Trump,
01:34os seguidores mais fiéis do MAGA,
01:37mas agora começam a aparecer os primeiros,
01:41ou começam a aparecer os primeiros efeitos do tarifácio
01:44nos Estados Unidos.
01:45E quando bate no bolso do eleitor,
01:47isso começa a arranhar o capital político
01:50de um presidente.
01:52Donald Trump é imprevisível, né?
01:54De repente ele muda de ideia,
01:56começa a elogiar o Lula,
01:57suspende as críticas,
01:59mas por trás disso, Vitor,
02:01você que é um estudioso,
02:02um acadêmico das relações internacionais,
02:04você acredita que existe um esforço
02:06de uma recuperação
02:08de um capital político,
02:10tendo em vista que o Donald Trump
02:12está muito mal avaliado
02:14pelo eleitor médio americano
02:15e que no ano que vem tem eleições
02:17para troca do Congresso americano.
02:21E se ele perder essa força no legislativo,
02:24fica mais difícil ele governar,
02:26principalmente na implementação
02:28de duras mudanças que ele prometeu na campanha.
02:32Peço perdão aqui pela minha longa introdução,
02:34mas queria deixar todo mundo na mesma página.
02:36Te passo a palavra agora, mais uma vez.
02:38Obrigado pela participação, Vitor Cabral.
02:41Oi, boa noite, Favali.
02:42Obrigado pelo convite.
02:44Bom, acho que você...
02:45Eu vou começar pelo seu final.
02:47Justamente a grande preocupação do Trump
02:49são as eleições do ano que vem,
02:50são as eleições de meio de mandato,
02:52ou as midterms.
02:54No momento em que parte do Senado
02:55e do Congresso dos Estados Unidos
02:57vai ser renovada,
02:58e essa renovação ela é,
03:00ela é a cada dois anos,
03:01independente de quem seja o presidente,
03:03isso é importante para o mandatário
03:05que está no poder,
03:06porque isso significa facilidade
03:07para aprovação de leis
03:08e principalmente no seu projeto político.
03:11O Trump hoje tem a maioria
03:12no Congresso, no Senado,
03:15ele tem 27 dos 50 governadores
03:18no seu partido,
03:19que é o Partido Republicano,
03:21e a maioria da Suprema Corte
03:22também é conservadora.
03:24Então, o Trump tem muito capital político
03:26favorável a ele nesse momento.
03:28só que ele está ao mesmo tempo agora
03:31com o shutdown no governo
03:32em que não se tenha mais
03:34o orçamento para o ano fiscal
03:36de 2026 aprovado.
03:38Em um cenário de tarifas,
03:39no qual boa parte dessas importações
03:42feitas pelos Estados Unidos
03:43de alimentos,
03:44principalmente do sul global
03:46e alimentos brasileiros,
03:47leva a esse encarecimento
03:48e consequentemente uma inflação.
03:51Nenhum governante quer ser conhecido
03:53por ter aumentado o preço dos produtos
03:55dos seus países,
03:57principalmente dos alimentos,
03:58no qual esse foi um dos motes
04:00da campanha do Trump
04:01na eleição do ano passado,
04:02dizer que o Biden
04:03não teve uma boa gestão econômica,
04:06dizendo que a vida ficou mais difícil
04:07sobre o governo Biden
04:08e que logo era necessário
04:10voltar a votar no Trump
04:12porque ele poderia melhorar a economia.
04:14Então, no momento em que ele
04:16traz as tarifas
04:18e que ele encarece o cotidiano
04:19do americano,
04:21principalmente da população mais pobre,
04:23já que a inflação vai atingir
04:25os mais pobres,
04:26ele perde apoio.
04:27E isso é realmente
04:28algo muito problemático
04:29em uma pessoa que precisa
04:31ter uma eleição
04:31e vencer essa eleição
04:33com folga
04:34para manter
04:35o seu interesse político
04:36e a implantação,
04:38principalmente do projeto 2025,
04:40que é dessa grande tomada
04:42de poder republicana
04:43nos Estados Unidos.
04:45Vitor, eu fiz um movimento
04:46espiral ao contrário.
04:48Eu fui do macro,
04:49agora quero vir para o micro
04:51para a gente olhar
04:52para essa reunião de hoje.
04:53Mauro Vieira
04:54e Marco Lúbio.
04:56Estou puxando na lembrança
04:58aqui para fazer uns paralelos.
05:00A diplomacia brasileira,
05:03centenária,
05:04internacionalmente conhecida
05:06pela sua qualidade,
05:08e para chegar ao cargo
05:09de chanceler,
05:10salvo raríssimas exceções,
05:12são os que eu chamo
05:13de cabeças brancas
05:15do Itamaraty.
05:16Aliás, é algo
05:17absolutamente elogioso,
05:19não estou sendo jocoso
05:20nem pejorativo aqui, não.
05:21Então, a gente tem o Mauro Vieira,
05:23que tem toda a escola
05:25diplomática do Brasil,
05:27que é uma referência internacional.
05:28Do outro lado,
05:29temos Marco Lúbio,
05:31que é um político de carreira,
05:33ok,
05:33mas não é das escolas
05:35de relações internacionais,
05:37da diplomacia americana.
05:38Ele não reza a cartilha
05:40do Harry Kissinger,
05:41não se compara
05:42a Madeleine Albright,
05:44Condoleezza Rice.
05:45Estou pegando aqui
05:46da memória outros
05:48secretários de Estado
05:50que foram simbólicos
05:53na história mais contemporânea
05:55dos Estados Unidos.
05:56Embora os Estados Unidos
05:57tenham isso,
05:58o Marco Rubio
05:59não vem da diplomacia,
06:00é o secretário de Estado.
06:01Assim como a Hillary Clinton
06:03também não era,
06:04o Donald Trump
06:06no primeiro mandato
06:07também teve secretários
06:08de Estado
06:08que não vinham
06:09das escolas diplomáticas,
06:11mas olhando
06:12para o que aconteceu hoje,
06:13se tem uma diferença ali
06:15de calibre
06:16nessas conversas.
06:18Temos alguém
06:19que também,
06:20no melhor sentido da palavra,
06:20é uma raposa diplomática
06:22que é o Mauro Vieira,
06:23que está ainda,
06:24inclusive,
06:24sob a chancela ali,
06:26anda de braços dados
06:27com o Amorim,
06:30que é um conselheiro
06:31ali do Palácio do Planalto
06:32para as relações internacionais.
06:34Então,
06:35temos o Itamaraty,
06:36um conselheiro
06:36de larga carreira diplomática.
06:41Do outro lado,
06:42um ex-senador,
06:42um ex-governador
06:43de um Estado importante
06:45que é da Flórida,
06:46o Marco Rubio,
06:47que nem gosta muito
06:48de olhar, sim,
06:49com bons olhos
06:49para a América Latina,
06:51embora ele tenha
06:52la sangre latina, né?
06:54Ele é de família de cubanos.
06:56Neste momento,
06:57você acha que isso faz diferença?
06:59A gente tem um cartucho maior?
07:01Quer dizer,
07:01a gente sabe desse baile
07:03da diplomacia,
07:04do cortejo diplomático
07:06com mais qualidade
07:07do que o time americano
07:09liderado pelo Marco Rubio?
07:11Isso é uma vantagem
07:11para a gente na tua leitura,
07:13Vitor?
07:15Olha,
07:16eu acredito que sim.
07:17Ambos os países
07:17possuem realmente
07:18um histórico diplomático
07:19muito bom,
07:20são conhecidos
07:21pelas suas diplomacias
07:22e,
07:24para além das qualidades
07:25e deméritos
07:26do Marco Rubio
07:27e a experiência
07:28que ele tem,
07:29a gente precisa lembrar
07:30que ele está respondendo
07:31ao Donald Trump
07:32e que é um dos grandes
07:35negociadores
07:35da economia
07:36dos Estados Unidos,
07:37ficou conhecido popularmente
07:39por ser um empresário
07:40hábil
07:41e,
07:41daquele lado brasileiro,
07:42a gente tem o Lula
07:43que,
07:43goste ou não
07:44da posição dele,
07:45é conhecido também
07:46por ser um grande
07:47negociador.
07:48Então,
07:48a gente não está lidando
07:49com dois chefes
07:51de governo
07:51e chefes de Estado
07:53inexperientes
07:54e que não sabem
07:54como gerir
07:55e determinar
07:56as suas ordens.
07:57quando iniciou
08:00esse processo
08:00de problemas
08:02entre Brasil
08:02e Estados Unidos
08:03e,
08:04principalmente,
08:04pouco antes
08:05desse encontro
08:05do Trump
08:07com o Lula
08:07na Assembleia Geral
08:08da ONU,
08:09se dizia
08:10que,
08:10de repente,
08:11o Marco Rubio
08:11iria dificultar
08:12essas aproximações
08:13por conta
08:14de questões ideológicas.
08:16Só que a gente
08:16precisa lembrar
08:17que quem governa
08:18os Estados Unidos
08:18é o Trump
08:19e ele é muito centralizador,
08:21ele gosta de ser
08:23a figura central,
08:24gosta de ser
08:25o protagonista
08:26e o que ele manda
08:28todos devem obedecer.
08:29E esse segundo mandato
08:30dele veio
08:31limpando ao máximo
08:33possível
08:33os seus apoiadores
08:35para evitar
08:35possíveis traições
08:37e críticas
08:38que pudessem existir
08:39ao governo dele.
08:40Então,
08:41o Marco Rubio,
08:41por mais que ele tenha
08:42uma certa ressalva
08:44com alguns governantes
08:46da América Latina,
08:47por ter uma rejeição
08:48em fazer negociações
08:49com governos
08:50considerados
08:51de centro-esquerda,
08:52esquerda
08:53ou minimamente
08:54progressistas,
08:55ele vai precisar
08:56atender ao que o Trump
08:57deseja.
08:58Se o Trump mandar
08:59fazer uma negociação
09:01e, de repente,
09:02reduzir as tarifas
09:03ao máximo
09:03com o Brasil
09:04e voltar a ter
09:05uma relação amigável
09:06como a gente tem
09:07há mais de 200 anos,
09:09o Marco Rubio
09:09vai ter que fazer isso,
09:10goste ele ou não.
09:12Agora,
09:12fato que a experiência
09:13que ele tem
09:14com os Estados,
09:16a partir da posição
09:17dele nos Estados Unidos
09:18e de ser uma voz
09:20muito eloquente
09:22contra governos
09:23de centro-esquerda
09:24ou de esquerda
09:25na América Latina,
09:26acaba dificultando
09:27realmente
09:28essa relação
09:30bilateral
09:30que a gente tem.
09:31Só que,
09:31como você disse,
09:32para chegar
09:33no Ministério
09:35das Relações Exteriores
09:36aqui no Brasil,
09:37salvo raras exceções,
09:38e aí eu acho que
09:39o governo Bolsonaro
09:40é uma exceção dessa,
09:41que coloca
09:41uma pessoa que não tinha
09:43tanta experiência
09:44frente do Itamaraty,
09:45a gente está lidando
09:46com alguém que também
09:46já se triou
09:47à missão do Brasil
09:48nas Nações Unidas.
09:49Então,
09:50o Mauro Vieira,
09:50ele também é conhecido
09:51por ter esse perfil
09:52mais cauteloso,
09:54ele fala bem menos,
09:55ele dá menos entrevistas
09:56diferentes,
09:57por exemplo,
09:57do Celso Amorim,
09:59que tem uma presença
09:59mediática mais constante.
10:02Então,
10:02a gente está com duas pessoas
10:03muito experientes
10:04que sabem
10:06lidar muito bem
10:07com as ordens
10:07que recebem,
10:08eu acredito que
10:09Itamaraty
10:09tem todo o potencial
10:11de fato
10:12para solucionar
10:13essa relação
10:15dificultosa
10:16que a gente tem,
10:17porque nós temos
10:18uma escola de formato
10:18que vem desde
10:19o Brasil Império
10:20e que é conhecida
10:21pela sua qualidade
10:22desde o Império.
10:23Então,
10:24eu não acredito
10:24que vai ser
10:25um governo
10:26dos Estados Unidos
10:27ou um secretário
10:28de Estado
10:28que não gosta da gente,
10:29que vai fazer
10:30com que a gente
10:30tenha uma relação
10:31ruim com os Estados Unidos.
10:33Sem a menor sombra
10:34de dúvida,
10:35concordo com você,
10:36gênero,
10:36número e grau.
10:37Vitor,
10:38a gente viu,
10:39então,
10:39hoje mais um capítulo,
10:41né?
10:41Portas Abertas,
10:42ainda teremos
10:43outros desdobramentos.
10:45Queria agradecer
10:46a conversa aqui,
10:47muito fidalga,
10:48que nós tivemos,
10:50acho que ela
10:50vai ser retomada
10:51assim que a gente
10:52tiver uns dados
10:52mais concretos
10:53da solução
10:54e, eventualmente,
10:56essa reunião
10:56tete a tete,
10:57frente a frente,
10:58pessoa a pessoa,
10:59homem a homem,
11:00de Trump com Lula.
11:01Disseram os dois lados aí
11:03que estão só
11:04por uma questão
11:05de agenda.
11:05Vamos ver,
11:06quando acontecer
11:06a gente retoma
11:07essa conversa
11:08para ver se as novas,
11:08se as previsões
11:09casaram ali
11:11com os fatos.
11:12Vitor Cabral,
11:14que é doutorando
11:14em relações internacionais
11:15pela PUC do Rio de Janeiro,
11:17muito gentilmente
11:18nos atendeu aqui
11:18para esse papo
11:19esclarecedor.
11:21Vitor,
11:22obrigado,
11:23boa noite,
11:23até uma próxima.
11:24Tchau, tchau.
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