Em entrevista a Diego Mezzogiorno, a deputada franco-brasileira Céline Hervieu, do Partido Socialista, criticou a política fiscal de Emmanuel Macron e alertou para a instabilidade política e econômica da França. Ela também falou sobre o impasse no acordo Mercosul-União Europeia.
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
00:00Vamos falar agora da França, gente, porque a situação fiscal lá, a gente sabe o que está abalando os mercados, não só na Europa, como também com reflexos aí para o mundo inteiro, né?
00:09O primeiro-ministro do país, o Sebastián Lecornu, ele vai ao parlamento amanhã para apresentar o plano de governo e tentar superar a crise política que paralisa o país.
00:19O presidente Emmanuel Macron enfrenta dificuldades para formar uma base estável e convenceu o Congresso a aprovar as medidas de austeridade e também corte de gastos públicos.
00:30Sobre esse cenário, o nosso correspondente na Europa, o Diego Mezzagiorno, conversou com a deputada Céline Hervé, que é bem interessante a situação dela, viu, gente?
00:38Porque ela é filha de uma baiana, de uma brasileira, e por causa disso ela fala muito bem português, lembrando também que a Céline é do Partido Socialista.
00:48O partido que tem o maior número de cadeiras no parlamento e também o partido que está se opondo aí ao Emmanuel Macron e está tendo que fazer negociações muito profundas, né?
00:59Muito aprofundadas para ver se o Macron consegue, então, emplacar o primeiro-ministro que ele quer.
01:04Vamos assistir a entrevista.
01:06A questão da justiça fiscal e da justiça social aqui no país, que as desigualidades estão crescendo muito.
01:13Queremos programa de apoiamento às classes populares e médias e aos trabalhadores, claro.
01:19Queremos que ele volte na reforma de Previdência, que ele forçou para passar contra a democracia e o voto do parlamentar dois anos atrás.
01:33Queremos também que ele faz uma pedida de relança da economia da França, com um plano de investimento no serviço público, da transição ecológica também.
01:47Então, nós temos várias pedidas que ele tem que entender se ele quer trabalhar com a esquerda do país e, infelizmente, se ele não entende isso, se ele não ouve essas demandas, ele nunca vai conseguir ter uma estabilidade política.
02:04Porque o país está muito, muito moralizado naquele momento, então, a situação fica bem bloqueada agora.
02:13A França tem um déficit que é um dos maiores da zona do euro e, obviamente, o toque entre a posição da esquerda e do presidente Macron é exatamente de como sanar, ou seja, como é que se resolve isso.
02:30Como é que a esquerda, que dá sustentação a esse governo, vê como possibilidade de reduzir esse déficit francês?
02:40Sim. O Macron foi, quando ele foi eleito presidente pela primeira vez, a gente chamou ele de Mozart da economia.
02:49Então, o Mozart da economia acabou aumentando nossa dívida em mais de mil bilhões de euros.
02:55Então, sim, a situação agora na economia na França está muito, muito difícil.
03:01O que a esquerda faz como proposição é que ter justamente esses propostos de justiça fiscal com uma taxa, por exemplo, uma taxa que a gente chama aqui de taxa Zuckmann,
03:13que concerna a pessoa que tem mais de 100 milhões de patrimônio, por exemplo, que poder contribuir mais com o imposto suplementário para ajudar justamente a situação do país.
03:29porque, na verdade, ele cortou muitos impostos para o mais rico do país, para justamente favorizar a economia, mas não funcionou.
03:39E, na realidade, é que a pobreza está aumentando na França e são sempre os mesmos que aproveitam o sistema.
03:47E, na realidade, como uma política global, esse não funciona, porque quando você continua a manter uma política de austeridade muito alta,
03:58você estabiliza a consumação.
04:00E agora tem um problema no país que o salário das pessoas é muito baixo comparado em outros países,
04:08e as pessoas não conseguem mais se ir ver um médico, comer bem.
04:15A situação está muito complicada por um milhão de francês.
04:19A gente chegou a ter um ponto que tem nove milhão de pessoas com pobreza na França.
04:26Então, eu sei que, em comparação com outros países, parece muito pouco.
04:31Mas, na verdade, a gente está ouvindo todo dia, cada dia, a pessoa com dificuldade.
04:35Então, nós pedimos, simplesmente, que cada um do país, aqueles muito ricos que têm recurso para ajudar,
04:45têm que participar mais.
04:47Isso é uma forma de justiça que a esquerda está tentando fazer entender no governo Macron.
04:57Infelizmente, se ele não conseguir entender a nossa demanda, vai acontecer a mesma coisa que aconteceu um mês atrás,
05:08que os parlamentares, a maior parte, vão votar uma moção de censura, que a gente chama aqui,
05:15que é um poder constitucional, um direito constitucional, aqui na França,
05:20que os parlamentares podem censurar o governo, aí o governo cai.
05:23O primeiro-ministro tem que, de novo, demissionar.
05:29E aí, vamos recomeçar tudo de novo.
05:32E o que é uma possibilidade é que o presidente decide, naquele cenário,
05:41de dissolver de novo a Assembleia Nacional.
05:45E a crise política continua.
05:47Porque, na verdade, como eu lhe falei, o país está muito de vida e pluralizado naquele momento.
05:55Então, eu acho que, finalmente, a gente, na França, tem que se acostumar também com uma cultura parlamentar diferente,
06:02como pode acontecer, por exemplo, no Brasil, mesmo se o sistema está muito diferente,
06:06mas os partidos diferentes têm que se falar, têm que procurar um jeito de negociar,
06:13de se entender e de achar uma posição de equilíbrio, de compromisso junto.
06:19Então, agora, na França, a gente não tem essa cultura, por enquanto,
06:25mas estamos procurando e vamos rezar, porque a CITUM não chega até esse ponto, infelizmente.
06:32Vamos ver.
06:33Vamos ver.
06:33Amanhã, a gente está esperando o discurso de política geral, do primeiro-ministro,
06:38e vamos ver se ele está capaz de entender as pesquisas do povo francês e de nós, parlamentares da esquerda,
06:46porque a única possibilidade de sair dessa crise política é mudar de orientação política
06:53e entender o desejo do povo dessa mudança, justamente.
06:57A gente volta agora com a segunda parte da entrevista que o nosso correspondente na Europa,
07:01Diego Medjugorje, fez com a deputada franco-brasileira Céline Hervé, do Partido Socialista francês.
07:07Ela falou com exclusividade sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
07:12Segundo a deputada, que é filha de uma brasileira e de um francês,
07:15a França vive um momento de instabilidade política e os agricultores estão fragilizados,
07:21o que torna difícil discutir um tratado com impacto direto no campo.
07:25Vamos conferir.
07:26O que aconteceu com esse acordo na França, o povo, os parlamentares, os partidos,
07:31está muito dividido sobre essa questão do acordo comercial do Mercosul,
07:38porque a situação da nossa agricultura aqui na França está muito complicada também.
07:46Então, o reflexo primeiro do político aqui na França é proteger esses agricultores.
07:53E quando você assina um traité econômico mundial assim,
07:58você bota uma concorrência alta para algum agricultor francês.
08:03Então, tem o reflexo de proteger justamente a nossa economia local
08:10e se oposar a esse traité econômico do Mercosul.
08:16Agora, a decisão não está finalizada ainda.
08:22Eu não sei.
08:24Eu acho que a situação política aqui nacional está tão crítica, tão difícil,
08:30que infelizmente não facilita também a finalizar esse tipo de negociação
08:37que justamente no plano político são também assuntos de divisão.
08:43Então, mas eu acho que o governo francês e o Macron,
08:46porque esse é mais no nível europeu e internacional,
08:50já falou que ele estava querendo que esse acordo vai até o fim,
08:56mas ele queria também resolver alguns assuntos para ter confirmação
09:05de alguns detalhes do acordo e que, por enquanto, eu acho que não estava resolvido.
09:11Então, eu acho que está seguindo o caminho,
09:15mas o Partido Socialista, por enquanto, aqui na França,
09:20está contra esse acordo, justamente porque nós achamos que iria fragilizar
09:27a situação econômica da nossa agricultura aqui na França,
09:30que são já numa situação bem complicada e que tem uma forma de desigualdade,
09:37de concurrência entre um país como, por exemplo, o Brasil,
09:42que tem as normas da agricultura, que são diferentes daqui na Europa
09:47e na França, que são muito mais restritivas.
09:52Então, a situação, por enquanto, está seguindo o caminho,
Seja a primeira pessoa a comentar