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Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior e coordenador da FGV, analisou o peso estratégico do acordo Mercosul-EFTA. Ele destacou o caráter simbólico e moderno do tratado, que pode impulsionar a negociação com a União Europeia em meio ao cenário global de protecionismo.

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Transcrição
00:00E sobre esse acordo, Mercosuefta, eu vou conversar agora com o Lucas Ferraz,
00:04ele é ex-secretário nacional de comércio exterior e coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV.
00:11Lucas, boa noite, obrigada por estar aqui com a gente para falar desse assunto que é tão importante.
00:16Qual é o peso estratégico desse acordo para o Brasil nesse cenário global de comércio?
00:23Boa noite, Cristiane, sempre um prazer estar aqui com vocês.
00:26Eu acho que, sem dúvida alguma, uma boa notícia para, digamos, a política comercial brasileira.
00:36Temos um cenário internacional muito complexo, agora todo esse movimento protecionista do governo norte-americano,
00:46o desmonte das regras de comércio, por assim dizer, quer dizer, toda a questão das regras da OMC
00:53que vem sendo constantemente atacada, digamos, pela política comercial norte-americana.
00:59E eu acho que esse acordo simboliza o compromisso tanto dos países do Mercosul quanto dos países do EFTA
01:08com o multilateralismo, com o comércio internacional baseado em regras, com a previsibilidade,
01:15o que é algo muito importante nesse momento que a gente está vivendo.
01:19É claro que é um acordo que não tem as dimensões econômicas de um acordo como é o caso do acordo com a União Europeia.
01:26Vamos lembrar que a gente está falando de uma área de livre comércio que será criada,
01:31de um PIB total da ordem de 4,4 trilhões de dólares, sendo que o PIB da região do EFTA
01:38é um PIB algo como 1,5 trilhão, talvez aí algo um pouco mais que duas argentinas, digamos assim,
01:46mas uma região muito rica, uma região de PIB per capita muito alto.
01:50E temos ali a Suíça, que é um parceiro importante do Brasil,
01:53sobretudo no que tange ao comércio de serviços e aos investimentos.
01:58Lembrando que a Suíça é a 11ª origem dos investimentos externos diretos aqui no Brasil.
02:03Então, é boa notícia, mas evidentemente com impactos, digamos, limitados,
02:08dada a ordem de grandeza das economias envolvidas.
02:12Lucas, o que torna esse acordo diferente de outros já firmados pelo Mercosul?
02:18Olha, esse acordo, neste momento, ele está entre os mais modernos já firmados pelo Mercosul.
02:25Digamos que ele é tão abrangente, ou até mais abrangente, em termos de cobertura comercial,
02:30do que o próprio acordo Mercosul-União Europeia.
02:33Então, você tem compromissos no comércio de bens, envolvendo tarifas,
02:37bens industriais, bens agrícolas.
02:39Você tem compromissos envolvendo investimentos,
02:42mais segurança jurídica para os investimentos,
02:45compromissos de não discriminação, comércio de serviços,
02:49barreiras técnicas, barreiras fitossanitárias, sanitárias e fitossanitárias,
02:53propriedade intelectual, compras governamentais.
02:56Ou seja, de fato, é um acordo muito amplo, é um acordo com características modernas,
03:02e acho que vai, certamente, significar, simbolizar um passo a mais na política comercial brasileira.
03:09Agora, digamos que ele é um apêndice, eu colocaria assim, do acordo Mercosul-União Europeia.
03:15Saindo do acordo Mercosul-União Europeia, como essa região do EFTA, ela é muito integrada
03:20nas cadeias regionais dos países da União Europeia.
03:25Isso vai potencializar em muito, tanto o benefício direto desse acordo para o Brasil,
03:30quanto o próprio benefício direto do acordo com a União Europeia.
03:35Vou passar para a pergunta do Eduardo Gair, nosso analista de política, que está em Brasília.
03:39Gair.
03:39Oi, Lucas, boa noite para você.
03:43Obrigado pela concessão da entrevista.
03:46Esse acordo, de fato, tem um caráter mais simbólico até do que econômico,
03:50se comparado ao acordo negociado e a grande expectativa para sair de vez do papel,
03:56que é o acordo entre Mercosul e União Europeia.
03:58A gente está falando de 1% das exportações brasileiras que vão para essa região do EFTA.
04:02Mas queria te ouvir, no sentido da análise do que vem daqui para frente,
04:06se a assinatura desse acordo pode empurrar de vez a União Europeia para fechar o seu tratado com o Brasil.
04:12Porque, sim, o acordo está totalmente avançado.
04:16Se fala de uma assinatura agora em dezembro, mas, como já está há 20 anos na praça,
04:21muita gente diz que é preciso aguardar o acordo entrar em vigor, de fato, para acreditar que ele é verdade.
04:27A assinatura do acordo entre Mercosul e EFTA empurra o acordo entre Mercosul e União Europeia
04:32para virar realidade de vez, ou não, uma coisa não tem nada a ver com a outra
04:36e a União Europeia não liga para essa aproximação entre o Mercosul e um outro bloco econômico ali da Europa também?
04:45Excelente pergunta, Gaia.
04:46Na minha opinião e de acordo com a minha própria experiência,
04:49eu fui negociador dos dois acordos que nós estamos falando,
04:53eu acho que a causalidade é ao contrário.
04:55Na verdade, a boa notícia que está embutida no avanço do acordo Mercosul-EFTA
05:01é a percepção que os países do EFTA têm, nesse momento,
05:06de que o acordo Mercosul-União Europeia irá ser finalmente internalizado em ambas as regiões.
05:13Lembrando que, na verdade, o acordo Mercosul-EFTA foi negociado lá em 2019,
05:19junto com o acordo Mercosul-União Europeia.
05:21E uma das razões pelas quais o acordo Mercosul-EFTA não avançou
05:25foi a percepção dos países do EFTA de que o acordo Mercosul-União Europeia
05:31não iria avançar naquele momento.
05:33Lembrando que o processo de aprovação do acordo Mercosul-EFTA,
05:38ele pode ser um processo simples, via internalização dos parlamentos dos países,
05:43mas temos ali a Suíça e, muitas vezes, existem acordos comerciais
05:47que são aprovados por plebiscito na Suíça.
05:51Então, havia um temor à época que fosse solicitado um plebiscito
05:55e esse plebiscito desse uma resposta negativa em relação ao acordo Mercosul-União Europeia
06:00em função das preocupações com as questões ambientais
06:03que haviam sido levantadas pela União Europeia naquele momento.
06:06Então, a minha percepção é que o acordo agora avança justamente porque há também
06:12um entendimento das lideranças políticas nos países do EFTA
06:17de que o acordo Mercosul-União Europeia irá avançar.
06:20Então, acho que temos aí uma boa notícia.
06:23Vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
06:25Vinícius.
06:26Lucas, fechando o acordo que se espera com a União Europeia, tem o EFTA,
06:32a gente viu que com o México a coisa não vai andar, por motivos vários, históricos e estruturais.
06:39Agora, que acordo poderia estar no alvo do Brasil?
06:44Por onde o Brasil deve ir, se é que deve ir, para fechar um acordo comercial maior de livre comércio?
06:49Para onde a gente pode caminhar?
06:51Tem algum alvo preferencial aí ou a gente deve fazer outra coisa?
06:56Pois é, Vinícius.
06:59O Brasil, nesse momento, eu acho que ele corre atrás de um prejuízo histórico.
07:05Tivemos aí, nos últimos 40 anos, cerca de 300, até 350 acordos formalizados no âmbito do OMC.
07:13E desde 1991, o Brasil, digamos aí, o único acordo relevante, firmado por nós,
07:19foi o próprio Mercosul em 1991.
07:22E agora temos essa onda crescente de acordos comerciais.
07:25Eu diria que, para além dos acordos que agora estão sendo finalmente formalizados, digamos assim,
07:32temos aí a perspectiva também de uma negociação com o Canadá.
07:37Eu acho que o Canadá é um país que vem também sofrendo bastante com a política comercial americana
07:41e já temos, digamos, em andamento, e foi paralisado com a Covid, evidentemente,
07:47um acordo Mercosul-Canadá que, nesse momento, eu entendo que as negociações
07:51deveriam estar já sendo retomadas por ambos os governos, de ambas as regiões.
07:59É também importante lembrar que o Brasil, ele tem mais hoje,
08:03incluindo, se a gente incluir ali a região do Oriente Médio,
08:05mais de 50% do seu comércio já é feito com países da Ásia, né?
08:10E junto com o Oriente Médio.
08:12E temos aí um acordo, por exemplo, com a Índia, um acordo preferencial de 450 linhas tarifárias,
08:18quando temos aí mais de 10 mil linhas tarifárias que poderiam ser negociadas,
08:21que foi formalizado lá atrás e que também nunca avançou.
08:25E lembrando que a Índia vem também avançando com acordos com a União Europeia e com outros países.
08:30Então, eu entendo que é um momento importante para ter esse dinamismo necessário
08:34para negociar, para aproveitar essa nova janela de oportunidade que vem se abrindo.
08:37Eu confesso que sou um tanto pessimista em relação a isso,
08:41em função das divergências internas do Mercosul,
08:44sobretudo no que tange a falta de entendimento entre o Brasil e a Argentina.
08:49Então, sem um entendimento claro entre esses dois países,
08:53que são os países maiores do bloco,
08:55eu acho que o Mercosul perde bastante dinamismo.
08:57Mas as oportunidades estão aí.
09:00Lucas, em relação ao possível acordo do Mercosul com Emirados Árabes unidos,
09:05como falou o chanceler Mauro Vieira.
09:07É uma boa oportunidade.
09:10Lembrando que essa região é uma região que tem, digamos aí,
09:14é uma fonte, digamos, muito importante de investimentos externos diretos.
09:18Eu acho que a gente ainda tem muito pouco em relação,
09:22desfruta muito pouco, digamos, do potencial dessa região
09:25em termos de atração de investimentos aqui para o Brasil.
09:29E é importante lembrar também que é uma região importante.
09:32Ali, os Emirados e toda a região que circunvém,
09:36os Emirados também é destino importante de produtos agrícolas brasileiros.
09:42Então, entendo que é um acordo importante, mas, de novo,
09:44são acordos, quando a gente olha no final, no Figi dos Ovos,
09:48pouco expressivos sob o ponto de vista econômico.
09:51A gente devia estar buscando, talvez, parceiros mais relevantes.
09:55Temos aí, como eu falei, o Canadá, o próprio Japão, a própria Índia,
10:00que eu diria que são destinos mais promissores nesse momento para o Brasil.
10:05Mas, de qualquer forma, vamos tentar olhar para o lado cheio do copo.
10:09Eu acho que são boas notícias.
10:11É mais dinamismo para o comércio exterior brasileiro,
10:15mas não resolve, infelizmente, a nossa questão de hoje,
10:19que é a questão mais premente, que é o tarifácio com relação aos Estados Unidos.
10:22Lucas, muito obrigada. Sempre um prazer te ouvir. Boa noite.
10:27Obrigado. Um grande prazer também. Boa noite a todos.
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