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No Visão Crítica, o especialista em Direito Fernando Castelo Branco analisa as nuances dos crimes contra a democracia que estão sendo julgados pelo STF nesta semana. O advogado analisa as definições legais e o entendimento jurídico para esclarecer se é possível separar a tentativa de depor um governo de um ataque direto contra a ordem constitucional.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EZ0XAMqz3-g

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Transcrição
00:00Eu sempre, bem, na profissão de historiador, a data é fundamental.
00:05Parece que eu estou dizendo uma obviedade, mas não é.
00:08Porque nós, em grande parte, muitas vezes, da ruína do ensino de história,
00:13no ensino fundamental 2 e no ensino médio, especialmente,
00:18foi porque uma série de mudanças. Quanto mais muda, pior fica.
00:22Em certo momento, houve uma mudança do regime do ensino de história
00:28em que abolia-se as datas.
00:31Era um corte de temporada, até na hora de crono, joga tudo fora e tal.
00:35Vamos discutir momentos da história.
00:37Então, civilização dos grandes rios.
00:39Amazonas, Rua Amarela, Mesopotâmia, Rio Nilo, como se estivesse no mesmo momento histórico.
00:44Ou seja, o que eles já não sabiam, pioraram ainda mais os alunos.
00:47Não sabem absolutamente nada.
00:49Então, por isso que a data é essencial.
00:51Uma vez, num certo lugar, eu estava conversando com mais pessoas
00:54e explicando o que era a Revolução Francesa e a importância das datas.
00:57E a pessoa, com limitações intelectuais, cognitivas, casos de estudo,
01:02não entendeu nada. Achou que aquilo era tudo um absurdo.
01:05Eu falei, depois teve um tal de código napoleônico.
01:07Logo depois, no começo do século XIX, não conseguia entender a cronologia.
01:12Eu falei, só teve o código napoleônico porque teve a Revolução Francesa.
01:15É necessário entender o fim do antigo regime e tal.
01:18Mas são aquelas pessoas que têm dificuldades.
01:19E o historiador é chato em relação a datas.
01:22O curioso é que, na história do Brasil recente,
01:26há uma série de mudanças legais, acabaram sem querer penalizando
01:29aqueles que eram mudanças corretas.
01:30Por exemplo, plano Collor.
01:32Foi proibido o cheque ao portador.
01:34Você não sabe o que é cheque.
01:36Cheque é um papel retangular.
01:38Vou explicar para você mais ou menos.
01:40É um papel retangular.
01:41Você escrevia lá, tal, vale tanto.
01:44E colocava muitas vezes ao portador.
01:46Ou seja, não era nominal ao Paulo, Pedro, José e Maria.
01:49Esse é o cheque que hoje ninguém usa.
01:50E tinha uma época ainda que você batia.
01:52Quando eu fui ao futebol, era assim.
01:53Eu ia no banco, esperava.
01:54E os caras batiam.
01:55Pá, pá, pá.
01:56Hoje, isso daí, nós fazíamos graças ao PIX, né?
02:00Que só um brasileiro aqui não gosta e os Estados Unidos.
02:03Um bobinho aqui que fez um negócio contra o PIX.
02:05E o PCC e os Estados Unidos que não gostam.
02:08Hoje tem o PIX.
02:09Então, coisa totalmente diferente.
02:11As coisas mudaram.
02:13E aquele cheque nominal que o plano Collor exigiu,
02:15acabou descobrindo os correntistas fantasmas do esquema PC,
02:21Paulo César Farias.
02:22E ali, desabou o governo Collor numa CPI,
02:25e depois levou ao impeachment do presidente no final do ano de 1992.
02:30Veja como é que são as coisas.
02:32Tempos depois, a presidente Dilma resolveu fazer uma alteração legal,
02:37que acabou depois criando problemas,
02:39a mesma, sem que ela pudesse presumir,
02:42e tempos depois, com o episódio das pedaladas fiscais,
02:45que levou ao impeachment de 2016.
02:48Por que eu estou falando isso?
02:49Curiosamente, no dia 5 de maio,
02:51que é um dia importante no México,
02:52uma batalha contra os franceses.
02:545 de maio de 2021,
02:57foi promulgado pelo presidente Jair Bolsonaro,
03:01aprovado no parlamento,
03:03alterações que são fundamentais.
03:06Tem, inclusive, o doutor Checaira,
03:09que eu tenho colocado a questão da abolição violenta,
03:11de passagem, no 359L,
03:13Código Penal,
03:14e o 359E.
03:16Um, abolição violenta do Estado Democrático e Direito,
03:19o outro, o golpe de Estado,
03:21que está justamente agora sendo usado,
03:24sendo uma das,
03:25são duas penas,
03:28ou, não sei se se eu estiver correto,
03:30me corrija,
03:30porque o meu linguajado jurídico é primário.
03:33Mas duas penas são atribuídas ao presidente.
03:37São cinco no total.
03:38Eu queria perguntar ao doutor Jorge Abut,
03:41a questão da diferença entre as duas.
03:46Eu tinha dúvidas,
03:47vou confessar aqui,
03:48quem nos acompanha sabe.
03:50Eu, a princípio,
03:51era difícil para entender que fosse,
03:53não fosse,
03:54como diz o doutor José Carlos Dias,
03:55um pleonasmo jurídico.
03:58Mas hoje, com a explicação do relator,
04:02eu já comecei a me convencer que estava certo.
04:04Tem de ser duas mesmo.
04:05Mas eu estou em dúvida ainda.
04:06Então, eu quero ver se vocês resolvem a minha dúvida
04:09e de muitos que nos acompanham.
04:11É a mesma coisa,
04:12a abolição violenta do Estado Democrático e direito
04:14e o golpe de Estado?
04:17Olá.
04:18Eu acho que esse é um dos pontos, assim,
04:20mais nebulosos nesse debate,
04:22seja desse caso
04:23ou qualquer debate ligado a esse tema.
04:26Por quê?
04:27Primeiro, duas razões.
04:28A lei é muito recente,
04:28como foi muito bem mencionado,
04:30e temos muito pouca jurisprudência,
04:32ou seja,
04:32muito pouco caso concreto
04:34julgado sobre isso.
04:36Ainda bem,
04:37porque quanto menos tiver,
04:38menos tentativas houve disso.
04:40Mas são tipos, vamos dizer assim,
04:42amplos,
04:43que englobam vários tipos de conduta.
04:46É diferente de matar alguém,
04:47furtar,
04:48que são atos, vamos dizer assim,
04:49verbos com muito mais concretude.
04:51Na prática,
04:56tem como diferenciar.
04:57Porque você pode,
04:58por exemplo,
04:59eu vou imaginar um presidente
05:00que tente fechar a Suprema Corte.
05:03Ele é presidente.
05:04Ele está tentando fechar a Suprema Corte.
05:05Sim.
05:06Ele não está dando um golpe de Estado
05:08para derrubar um governo
05:08legitimamente eleito,
05:09mas ele está tentando
05:10contra o regime democrático e direito.
05:11Ou vamos imaginar
05:12um presidente
05:14que cancela as eleições.
05:17Getúlio fez isso em 1937,
05:19cancelou a eleição em 1938.
05:20Então,
05:22dá nesses exemplos
05:23que eu estou dando
05:24para diferenciar os dois.
05:25Sim.
05:25Agora,
05:26também é verdade
05:27que você pode
05:28também dizer o seguinte,
05:31e eu não estou tentando
05:32fazer uma falácia linguística,
05:33mas eu também posso dizer
05:34que todo golpe de Estado,
05:36quando você está
05:36em uma democracia constitucional,
05:37todo golpe de Estado
05:38é um atentado
05:39contra o Estado democrático e direito.
05:42Eu,
05:42humildemente,
05:43nem sou constitucionalista,
05:45não sou especialista
05:45como meus colegas
05:46em direito penal.
05:48Eu achava que deveria ser
05:49um tipo
05:49com uma pena mais grave
05:51englobando todos esses núcleos
05:52de agir.
05:54Para não ter,
05:55muitas vezes,
05:56exatamente o debate
05:57que está acontecendo agora,
05:58se um crime engloba o outro
05:59ou não.
06:01Se ao praticar um,
06:02eu não estou sendo punido
06:02duplamente por uma única conduta
06:04em uma hipótese
06:05que eu não deveria
06:06ser assim punido.
06:07Assim,
06:07só sendo bem grosseiro
06:08no exemplo,
06:09alguém ser punido
06:10por homicídio
06:11e latrocínio ao mesmo tempo.
06:12Então,
06:12ou era homicídio
06:13ou era latrocínio.
06:13Então,
06:14eu entendo que
06:15a depender da conduta
06:16daria para entender
06:18dois tipos distintos,
06:19como o L e o M,
06:20mas talvez,
06:21para uma hermenêutica até,
06:22gerando menos complicações,
06:24você descrever,
06:25olha,
06:26é um crime
06:27contra o Estado Democrático
06:28de direito,
06:28as condutas tais,
06:29tais como,
06:30tais como,
06:30tais como,
06:31tais como,
06:31e aí você faz
06:32uma pena maior.
06:33Até mais do que 4 a 8,
06:34pode falar 8 a 12.
06:35É uma coisa muito grave.
06:37Talvez,
06:38ficasse um pouco
06:38mais simples,
06:40um pouco mais refletido,
06:42com um pouco mais de clareza,
06:43tanto para quem vai
06:45interpretar a lei,
06:46quanto para quem
06:46vai litigar
06:47referente a essa lei.
06:49E causa estranheza
06:50que só 4 anos depois
06:52da sua promulgação
06:53você descobriu isso,
06:54né?
06:55Ou seja,
06:55dá a impressão,
06:56é,
06:57tudo bem,
06:58eu imagino que o parlamento
06:59que se debruçou,
07:00teve cuidado na leitura,
07:02na aprovação,
07:03é que eu sou um otimista,
07:04a maior parte das pessoas
07:04votam lá sem ler.
07:06Desculpe,
07:07mas essa é a pior legislatura
07:09da história,
07:10não só eu que digo isso,
07:11o professor José Carlos
07:12disse na última sexta-feira
07:13no Sovalho é Verdade,
07:14falou que a gente assiste
07:15coisas inacreditáveis,
07:17eu digo isso porque
07:18eu acompanho o parlamento
07:19desde quando ele foi criado
07:20em 1826,
07:21faz um certo tempo,
07:23mas na república,
07:24desde 1890,
07:25né,
07:26no final do ano,
07:27quando vai ser eleito
07:27os constituintes
07:28para 90,
07:2991,
07:30primeira Constituição
07:30republicana,
07:31eu nunca vi o que eu estou
07:32assistindo,
07:33né,
07:33é uma coisa assim,
07:34pavorosa,
07:35inclusive o estado de São Paulo
07:36tem a pior representação
07:37da história,
07:38o estado que fez a república,
07:40teve os três primeiros
07:41presidentes civis
07:42e tem a pior representação
07:43da história,
07:44não é culpa dos que estão lá,
07:46não,
07:46é dos eleitores.
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