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Marcelo Favalli entrevista o economista Roberto Giannetti para analisar o tarifaço de 50% imposto pelos EUA ao Brasil, a reação da OMC e os impactos práticos no comércio internacional. Como inflação, carne e café caros nos EUA podem gerar pressão interna por mudanças, enquanto o Brasil precisa negociar com calma e estratégia?

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Transcrição
00:00E claro que com um noticiário internacional efervecido como esse, falando de guerra e perspectivas de paz,
00:08tudo isso mexe com o mercado financeiro. Então, vamos ver como fecharam as bolsas americanas hoje.
00:14O SP500 teve ali um fechamento em alta, com a NVIDIA puxando o setor de tecnologia para baixo.
00:22O Dow Jones recorde, mas ali muito brevemente. As informações são do site da CNBC dos Estados Unidos.
00:32Vamos ver? O SP500 perdeu 0,59%, o Nasdaq caiu 1,46%, repetindo então puxado pela desvalorização da NVIDIA,
00:45enquanto o Dow Jones subiu bem pouquinho, 0,2%.
00:49O pregão de hoje foi marcado por um desempenho ruim do setor de tecnologia.
00:55As ações da NVIDIA, então repetindo, tiveram uma perda de 3,5%.
01:01De acordo com a agência de notícias Reuters, os Estados Unidos aceitaram um pedido de consulta do Brasil
01:10sobre o tarifácio de 50% imposto pelo governo Trump no âmbito da Organização Mundial do Comércio.
01:17Isso embora os americanos argumentem que certas solicitações do governo brasileiro
01:23estejam relacionadas a questões classificadas como segurança nacional pelos Estados Unidos
01:29e que, por isso, ficam fora do escopo de revisão pelo sistema da OMC.
01:35Queria estender um pouquinho sobre esse assunto com Roberto Gianetti, economista e ex-secretário de Comércio Exterior,
01:45a quem sempre nos atende muito bem.
01:48Gianetti, boa noite mais uma vez.
01:50Tenho a sinalização do nosso departamento pessoal que o seu crachá com foto está ficando pronto, viu?
01:56Você participa tanto que vai ganhar, inclusive, uma credencial nossa aqui.
02:01Brincadeiras à parte. Obrigado mais uma vez.
02:04Gianetti, fomos surpreendidos com essa informação da OMC, mas cá entre nós, Gianetti,
02:12entre nós dois e as milhares de pessoas que estão nos assistindo,
02:15seja pelas nossas plataformas digitais ou aqui pela televisão,
02:18a OMC está meio esvaziada.
02:20Esvaziada pelos próprios Estados Unidos.
02:22Essa sinalização aí, relativamente simpática dos americanos, é ali um banho-maria?
02:29Isso realmente vai ter algum efeito prático?
02:33Porque, em geral, essas arbitragens na OMC levam tempo, tem várias instâncias,
02:40as instâncias superiores estão esvaziadas pelos próprios Estados Unidos
02:44para colocar ali um freio de mão puxado nesse tipo de reclamação.
02:48Então, explica para a gente aí o que está por trás dessas declarações dos Estados Unidos.
02:53Por favor, Gianetti.
02:54Muito obrigado. Boa noite, Marcelo.
02:57Estou esperando o crachá.
02:58Está bom, pode mandar entregar, inclusive, bandeja de prata.
03:02Muito bem.
03:03Vamos lá.
03:04Essa questão da OMC, Marcelo, sem dúvida, é um formalismo
03:08que existe nas regras de comércio internacional,
03:12onde um país, quando tem uma controvérsia, uma divergência do outro,
03:20apresenta uma reclamação, pede uma investigação,
03:24pede uma arguição do outro país a respeito daquilo que está sendo prejudicado.
03:32No caso, o Brasil recebeu os 50% de tarifáceos com um entendimento completamente injustificado.
03:45Não havia uma razão técnica, uma razão financeira, econômica,
03:49que justificasse essa questão de segurança nacional,
03:53até porque os Estados Unidos têm superávit com o Brasil.
03:56Então, diante dessa evidente ilegalidade do tarifáceo contra o Brasil,
04:04do ponto de vista técnico, jurídico,
04:08o Brasil não poderia fazer outra coisa a não ser reclamar no OMC
04:12e exigir uma resposta dos Estados Unidos,
04:14o que está vindo de forma muito vaga, muito abstrata,
04:20pouco objetiva e não traz, evidentemente, resultado nenhum.
04:24O que trará resultado, sem dúvida, é a negociação bilateral.
04:29Mas, para isso, agora nós temos que ter uma compreensão
04:32de que, primeiro, o Brasil está no fim da fila.
04:36Não há nenhum interesse ou prioridade para negociar com o Brasil no momento.
04:40Já vimos várias evidências disso recentemente.
04:44Segundo, nós também não podemos ter pressa.
04:47Por quê?
04:47Porque eu acho que o Brasil precisa construir, com muita solidez,
04:53com muito pragmatismo, uma proposta de negociação,
04:57que ainda não existe, que toque exatamente nesses pontos críticos
05:02que os Estados Unidos acusam ou mostram ao Brasil
05:08de que têm interesse de resolver.
05:11Estamos falando dos minerais críticos, da questão de semicondutores,
05:15data centers, coisas que interessam os Estados Unidos no Brasil.
05:19Há pouco vocês falaram uma frase, que eu até tomei nota aqui,
05:22que o presidente Trump teria dito,
05:25para haver um acordo, é preciso que os dois lados saibam
05:30que vão ficar um pouco insatisfeitos.
05:32É isso que nós temos que tomar nota,
05:35para repetir durante a negociação com eles,
05:37que os dois lados vão ficar um pouco insatisfeitos,
05:40mas, quem sabe, até muito satisfeitos,
05:44que o Brasil pode ter uma redução da tarifa
05:47para um nível mais aceitável de 10%, 15%,
05:52como tem a União Europeia, por exemplo,
05:54e, ao mesmo tempo, fazermos algumas concessões aos Estados Unidos,
05:59não que sejam contra o Brasil,
06:01mas, ao contrário, que sejam do interesse do Brasil em fazer.
06:06E não dá para detalhar aqui tudo isso,
06:08mas há como fazer isso.
06:10E o setor privado precisa ser colocado
06:13na mesa de negociação junto com o governo,
06:16senão o governo não vai saber trabalhar
06:18na sensibilidade do que cada setor pode ceder
06:23para fazer um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos
06:26em futuro breve.
06:28Janete, deixa eu aproveitar a sua expertise como economista
06:32e alguém que tem um olhar clínico aí
06:33para essa economia internacional.
06:36Me ajuda a olhar para dentro dos Estados Unidos, né?
06:39A gente tem, estamos falando aqui de uma negociação política, técnica,
06:44mas no meio do caminho tem um negócio que eu chamo da bigorna da realidade,
06:48que ela já começa a pesar para a população americana.
06:52Hoje, né?
06:53Demos a notícia um pouco mais cedo,
06:55daqui a pouco a gente repete isso aqui,
06:57o preço da carne, valor recorde nos Estados Unidos.
07:01E aí eu estou falando de um produto supérfluo, né?
07:04Isso faz parte da cesta básica do americano,
07:08ao consumo de proteína animal.
07:10E falando dos Estados Unidos, né?
07:12Basta a gente puxar na memória
07:14o quanto o barbecue e o hambúrguer
07:18são tão presentes na dieta do americano.
07:21A carne está ficando muito cara,
07:23seja o corte mais nobre,
07:25até a carne moída,
07:26que é aí o produto mais consumido
07:28pelas classes menos favorecidas.
07:31Isso pode levar,
07:32bom, isso vai levar à inflação,
07:35a um descontentamento da população,
07:38uma perda da capacidade de compra,
07:41as coisas vão ficando mais caras.
07:43Você acredita num movimento interno,
07:46por conta desses números de inflação
07:48e de produtos tão importantes,
07:50ficando mais caro,
07:51para a dieta do americano médio,
07:53isso pode criar um efeito de uma pressão interna
07:57para que esse tarifácio seja aliviado
07:59e esses produtos essenciais fiquem mais baratos?
08:04Não há dúvidas.
08:05Você tocou num ponto muito sensível,
08:07que é o bolso e a boca do consumidor
08:10e também do produtor americano,
08:14dos milhões de empregos que são gerados
08:16a partir das exportações brasileiras
08:18para os Estados Unidos.
08:20Pega o caso, por exemplo,
08:21você falou da carne,
08:22aliás, você tirou da minha boca,
08:26barbecue e hambúrguer,
08:28duas coisas inseparáveis
08:30da cultura alimentar americana
08:31que hoje estão caríssimos.
08:34O quilo da carne nos Estados Unidos
08:35da carne primeira está R$ 150,00
08:38e o quilo da carne para hambúrguer,
08:41a carne moída, R$ 75,00.
08:43Isso é um aumento significativo
08:45de 20%, 30% em relação
08:47a preços de um ano atrás.
08:49não é só por causa do tarifácio,
08:51mas também por causa do tarifácio.
08:53Agora, pega o caso também do cafezinho,
08:56outra coisa inseparável do americano.
08:59Vai com aquele copo, copão de café
09:01que parece um aquário,
09:03tomando seu cafezinho para o escritório
09:05e toma três, quatro, cinco, seis por dia.
09:08É um grande consumidor do café brasileiro.
09:1130% do café consumido nos Estados Unidos
09:14é brasileiro.
09:15Estados Unidos não plantam uma árvore de café.
09:18E as torrefações americanas,
09:20sem o arábica brasileiro,
09:22não tem como fazer o blend
09:24que eles estão acostumados a fazer.
09:26Então, isso vai fazer falta.
09:28Realmente, é um tiro,
09:31pega na veia do consumo americano.
09:34E não é só isso.
09:35Podemos falar de investimento,
09:37podemos falar de calçado feminino,
09:39podemos falar de imobiliário,
09:41podemos falar do peixe, do camarão,
09:44de tantos produtos da nossa lista de exportação
09:47que o americano adora consumir,
09:49gosta de comprar e compra do Brasil
09:52porque é melhor em qualidade e preço.
09:55Na hora que ele deixa ter esse produto
09:57melhor de qualidade e preço,
09:59ele vai reclamar.
10:01O produtor americano
10:02que não tem mais a matéria-prima,
10:04não tem mais o produto também para transformar,
10:06também vai reclamar.
10:08Alguns vão até a falência,
10:10vão desempregar gente.
10:11A inflação vai comer solta.
10:13Então, tudo isso vai ajudar.
10:16Por isso que eu digo,
10:17nós não temos que ter pressa para negociar.
10:20O tempo corre a nosso favor.
10:23Entendam isso.
10:24Dói um pouco naqueles que estão sofrendo tarifácio,
10:27mas nós temos que ter habilidade e estratégia.
10:31Como um jogador de xadrez,
10:32temos que olhar cinco jogadas na frente
10:34e não tentar tropeçar nas peças do tabuleiro
10:38e de repente sair com uma negociação mal feita
10:41que coloque a nossa tarifa em 25, 30,
10:45quando ela pode ser 10 ou 15.
10:47Vamos negociar com cautela e sabedoria.
10:49É o que eu peço para que o povo brasileiro entenda isso.
10:53Perfeito.
10:54Queria agradecer a conversa que eu tive com o Roberto Gianetti,
10:58economista,
11:00ex-secretário de Comércio Exterior.
11:02Reitero a minha promessa aqui de fazer um crachá com foto.
11:06Gianetti, participa tanto da nossa programação
11:08que merece, inclusive no final do ano,
11:11Gianetti, pode entrar na fila aqui.
11:12Se tiver uma distribuição de panetone,
11:14eu vou separar um para você.
11:18Gianetti, jocosamente,
11:20estou agradecendo a paciência que você tem conosco.
11:23Até uma próxima,
11:24que eu sei que vai ser em breve
11:26e eu sei que vai ser por causa do tarifácio.
11:29Vai anotando.
11:29Obrigado, Gianetti.
11:30Grande abraço.
11:31Bom restinho de semana.
11:32Amém.
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