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Stephen Miran, novo presidente do Conselho de Assessores Econômicos dos EUA, falou à CNBC sobre a inflação e o impacto das tarifas. O economista Roberto Padovani e os analistas Vinicius Torres Freire e Alberto Ajzental detalham os números e comentam possíveis desdobramentos para a política monetária americana.

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Transcrição
00:00O novo presidente do Conselho de Assessores Econômicos dos Estados Unidos, Stephen Myron,
00:05falou com exclusividade a CNBC americana.
00:08O novo assessor de Trump afirmou que não há evidências que a alta da inflação tenha
00:13sido provocada pelas tarifas.
00:16Para falar sobre tudo isso, estamos agora com o presidente do Conselho de Assessores
00:20Econômicos da Casa Branca e nova escolha do presidente Trump para substituir o governador
00:24do Fed, Kugler, Stephen Myron.
00:26É bom tê-lo aqui, presidente Myron.
00:28Em primeiro lugar, você deve estar satisfeito em ver o número de inflação que vem um
00:32pouco mais leve e não mostra muitas evidências de repasse de tarifas.
00:37Bom dia e obrigado por me receber.
00:39E sim, posso lhe dizer que estamos muito felizes em ver que a inflação continua a se comportar
00:43bem desde que o presidente assumiu o cargo em fevereiro.
00:46A inflação tem se mantido.
00:47A inflação do IPC está em uma taxa anualizada de 1,9%, o que é um padrão de comportamento
00:52totalmente normal para a inflação e para os preços.
00:54E como você observou, ainda não há nenhuma evidência de qualquer inflação induzida
00:59pelas tarifas.
01:00Acho que muitas pessoas que esperam isso estão prevendo a desgraça e a tristeza.
01:04Isso simplesmente não aconteceu e continua a não acontecer para eles.
01:07Há uma evidência.
01:08Eu vi isso no café.
01:09Vi nos tomates.
01:10Você vê isso em equipamentos fotográficos, esse tipo de coisa.
01:13Mas no que diz respeito ao seu ponto de vista, isso não está se refletindo nos números
01:16das manchetes.
01:17E até mesmo os preços dos produtos pareceram melhores em julho do que em junho.
01:20Acho que a pergunta, presidente Myron, é, essa alta está chegando?
01:24Por que muitos economistas ainda dizem, tudo bem, bem, essas empresas ainda estão trabalhando
01:28com seus estoques.
01:29Elas tinham meses de estoques.
01:30Elas não podem absorver isso indefinidamente.
01:33Veja bem, sempre haverá mudanças de preços relativos.
01:36Sempre haverá um bem ou serviço que ficará mais caro e outro que ficará mais barato.
01:39Isso sempre acontecerá.
01:40Mas, em nível agregado, quando você analisa holisticamente os dados de inflação, não
01:44há nenhuma evidência disso.
01:45E isso é uma repetição exata do que aconteceu em 2018 e 2019, quando, mais uma vez, os
01:50mesmos pessimistas, os mesmos cassandras, estavam dizendo exatamente a mesma coisa e não
01:54deu certo para eles.
01:55Até agora, não está dando certo para eles novamente.
01:57Você sabe se isso poderia acontecer no futuro.
01:59Como eu disse antes, em qualquer situação, nunca se deve descartar nada.
02:02Mas até agora não há nenhuma evidência disso.
02:04E todo o ônus da argumentação recai sobre as pessoas que estão esperando desde 20 de
02:08janeiro.
02:08As tarifas começaram.
02:09Certo.
02:10Tem sido um processo gradual de diferentes regimes tarifários.
02:12Mas começamos a impor tarifas sobre vários países em 20 de janeiro e ainda não o fizemos.
02:16Não, não deu certo.
02:18Mas sabe, uma coisa que surpreendeu as pessoas foi que os números básicos estavam um pouco
02:22mais quentes.
02:23Quer dizer, nada maluco, nada extremo, mas esse número básico é agora o maior ano
02:28após ano desde janeiro.
02:29Então, o que isso lhe diz?
02:31Não o preocupa o fato de que parece que os números da inflação praticamente chegaram
02:35ao fundo do poço no início do ano?
02:37Bem, deixe-me dizer algumas coisas.
02:39Em primeiro lugar, se olharmos para o núcleo, como você acabou de mencionar, duas das categorias
02:43mais fortes desse mês em termos de inflação foram carros usados e passagens aéreas.
02:47E nenhuma delas tem nada a ver com tarifas.
02:49Não importamos carros usados do exterior em grande escala.
02:52E as passagens aéreas são basicamente serviços domésticos.
02:55Certo?
02:55Portanto, eles não poderiam estar mais distantes das coisas em termos gerais.
02:58Sabe, estivemos pensando bastante sobre o quanto dessa inflação se deve à imigração
03:02ilegal que ocorreu nos últimos quatro anos.
03:04Nossos cálculos são de que o aumento maciço de locatários em uma oferta de moradias com ajustes
03:08lentos provavelmente aumentou os aluguéis em cerca de 4% ou 5%.
03:12Certo?
03:13E essa é uma contribuição significativa para a inflação geral em um momento em que
03:17o estoque de moradias se ajusta apenas lentamente.
03:20A inflação é muito forte e, basicamente, temos uma fronteira sem controle com pessoas
03:24que simplesmente atravessam o país.
03:25Portanto, acreditamos que há um motivo muito forte para pensarmos em uma desinflação
03:29de serviços muito profunda em um futuro próximo, já que a migração líquida chegou
03:32a zero devido às fortes políticas de fronteira do presidente e quando começamos a mandar
03:36muitos deles de volta para casa.
03:40Certo.
03:41E isso se soma às outras políticas do presidente de desregulamentação, expandindo o estoque
03:44de capital por meio de incentivos ao investimento na grande e bela conta da abundância de
03:47energia, mantendo os preços da energia baixos.
03:50Há toda uma abordagem governamental para a política desinflacionária que estará sendo
03:53trabalhada nos dados de inflação e terá um efeito muito profundo no futuro próximo.
03:57Por que os carros usados e os preços dos carros usados não seriam afetados por um aumento
04:03nos preços dos carros novos?
04:05Bem, mas não houve aumento nos preços dos carros usados este mês em termos de nenhum
04:09material.
04:09Como teoria geral de trabalho, você não presumiria que se os carros novos ficarem
04:13mais caros, as pessoas recorrerão aos carros usados, o que inflacionaria seu valor?
04:18Sim.
04:19Há substitutos em uma lógica como a que você está descrevendo.
04:21O que aconteceria se o preço dos carros usados estivesse subindo?
04:23Mas a premissa é falsa.
04:25Não tem evidência disso.
04:27Não houve nenhum aumento significativo na inflação de carros novos neste mês, o
04:29que significa que é apenas uma aberração dos dados, ou talvez seja uma espécie de
04:32defasagem anterior, uma correlação entre diferentes medidas de carros usados que estão
04:36passando pelo sistema.
04:37Mas é realmente difícil chegar a um ponto em que se possa dizer que qualquer inflação
04:40se deve, em qualquer sentido economicamente significativo, às tarifas.
04:48Eu vou voltar a conversar com Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV.
04:52Padovani, queria te ouvir.
04:54Como é que você avalia esses números da inflação nos Estados Unidos?
04:57E aí, aproveitando essa reportagem, essa entrevista da CNBC americana, na sua opinião,
05:03já há impacto das tarifas nos números deles?
05:07Se não, vai haver?
05:09Bom, a gente está vendo que tem uma tensão política, uma disputa por versões.
05:13De fato, a inflação está subindo bem menos do que se imaginava.
05:17Agora, o que a gente sabe é que essa combinação de uma economia mais fechada, com menos ofertas
05:23de trabalhadores, com estímulo fiscal, ela tende a pressionar os preços de maneira geral.
05:28Então, por que isso não está acontecendo ainda?
05:32Você tem três histórias que estão acontecendo.
05:34A primeira delas é que está todo mundo esperando o fim desse processo de mudanças e regime
05:39tarifário pelo mundo.
05:40Então, está todo mundo aguardando.
05:41Segunda ideia é que, enquanto você aguarda, você reduz margens e lucro temporariamente.
05:46E, por último, como estava na matéria, há uma hipótese de que você possa estar usando
05:51estoques.
05:52Então, eu acho que é muito cedo para dizer que a inflação não virá.
05:55Quando você olha os dados especificamente, o número de hoje vem um pouco melhor do que
05:59o esperado, mas você vê que a inflação não está dando pinta de que ela converge para
06:03três.
06:03Ela está lá em 2,7.
06:05Quando você olha os núcleos, estão se acelerando um pouco mais.
06:07Então, diante de uma apreensão de que essa política tarifária possa ser inflacionária,
06:13a inflação dá sinais de que, pelo menos, na melhor das hipóteses, não está convergindo.
06:19E qual deve ser o comportamento do Federal Reserve, o Banco Central americano, na próxima
06:23reunião, na sua opinião?
06:25Historicamente, o Fed é muito sensível aos dados do mercado de trabalho.
06:28E a gente teve uma revisão importante em dois meses nos dados e vários diretores já
06:32começaram a sinalizar a hipótese de cortar a taxa de juros.
06:35Eu acho que esse corte vem também um pouco em função de pressão política.
06:38Mas a impressão, a minha leitura é de que a gente não deve ficar muito otimista, que
06:42esse é o início de um longo processo de cortes a partir de agora.
06:45Acho que o Banco Central corta, responde à fraqueza do mercado de trabalho, mas mantém
06:50uma postura de cautela olhando os dados.
06:53Que corta e depois segura um pouco.
06:54Eu acho que segura um pouco.
06:55Talvez ele faça movimentos trimestrais, coisas muito suaves, mas sempre com discurso de cautela.
07:01E quais são os impactos da inflação norte-americana para outras economias, especialmente a nossa?
07:06Quando você tem uma inflação pressionada nos Estados Unidos, você tem menos espaço
07:10para corte de juros.
07:12Historicamente, isso leva os capitais para lá.
07:14Então, você pode ter uma situação de dólar mais forte no mundo.
07:17Como o dólar está fraco por fatores não econômicos, que é a preocupação com dívida
07:21pública nos Estados Unidos, uma preocupação com fragilidade institucional, uso da moeda
07:26norte-americana no comércio internacional, o dólar se mantém bem comportado agora.
07:30Mas não dá para abrir mão de um cenário em que a inflação comece a acelerar, o
07:35Banco Central norte-americano se mostra mais cauteloso e o dólar se fortaleça.
07:40Se o dólar ficar forte no mundo, Cris, aí toda essa história de inflação menos pressionada
07:46no Brasil, com espaço para corte de juros aqui, complica.
07:50Então, a gente é muito dependente do que acontecer lá.
07:53Vamos passar para o Vinícius.
07:54Vinícius.
07:55Vamos supor que o mercado, a assessoria econômica do Trump estejam muito certos e que a gente
08:06vai ter cortes de juros nos Estados Unidos e que não sejam tão prudentes.
08:10Embora o Fed possa ficar na sinuca de bico se ele começar a diminuir juros e a gente tem
08:15inflação e, ao mesmo tempo, o desaquecimento do mercado de trabalho.
08:18Mas vamos supor que isso aconteça.
08:20Vai ter aí, vamos supor, na melhor das hipóteses, 0,75 ponto percentual de corte.
08:27E a gente vai ficar com essa taxa de 15% e outras taxas mais altas até, pelo menos,
08:33final do ano.
08:34Esse diferencial ajuda a uma valorização adicional do dólar ou já está tudo no preço
08:39e não tem chorinho de valorização do dólar por esse motivo.
08:43De valorização do real, aliás, por esse motivo.
08:45Vinícius, historicamente, a variável que mais influencia o mercado campeão brasileiro
08:51é o diferencial de juros.
08:53Então, se você tem um banco central norte-americano cortando os juros com o nosso parado, essa
08:57informação na margem ajuda, pelo menos, a manter essa cotação hoje, que ficou abaixo
09:03de 5,40, ancorada.
09:05É claro, tem outros fatores, como dinâmica de dívida.
09:08A gente estava falando com a crise aqui, esse comportamento global do dólar.
09:11Tem muitos senões no mercado, muitas dúvidas.
09:14Mas se a gente olhar especificamente pelo diferencial de juros, isso certamente ajuda
09:19a nossa moeda.
09:20E um dia como hoje, por exemplo, que foi exatamente o reflexo desse movimento de espaço para corte
09:25de juros nos Estados Unidos, a nossa moeda apreciou.
09:28Operou abaixo de 5,40.
09:29Então, acho que na margem vai ajudar a cotação.
09:31Alberto.
09:33O adovani, 90% dos investidores nos Estados Unidos apostam num corte de juros na próxima
09:39reunião do FONC em setembro.
09:42E eles têm uma linha de raciocínio que é um pouco de inflação é menos pior do que
09:49estagflação ou deflação, que seria o caso desse payroll.
09:56Payroll são admissões.
09:58Admissões, você tem o lado da oferta, que é a abertura de vagas, mas você tem o lado
10:02da demanda, que são os funcionários.
10:05E a gente sabe, você já mencionou, o payroll de julho veio com 73 mil abaixo da expectativa
10:11e maio, junho teve aquele corte, aquele ajuste de 258 mil admissões, uma coisa enorme.
10:19Mas semana passada, o Bank of America tem um grupo de economistas que fizeram uma pesquisa
10:25e eles estão dizendo o seguinte, é verdade que teve essa diminuição no payroll, nas
10:31admissões, mas não é por causa de não abertura de vagas, mas diminuição da demanda.
10:41E eles apontam da onde vem.
10:43Mais de 800 mil, quase um milhão de imigrantes deixaram o país de forma deliberada nos últimos
10:51quatro meses.
10:52Então, eles estão mostrando o seguinte, olha, vocês não têm tanta demanda, tantos
10:59trabalhadores para ocupar vagas.
11:01Não é questão de diminuição de vagas.
11:03Pode ser que aquilo que vocês querem ver não esteja acontecendo.
11:06Eu queria que você comentasse isso.
11:08Olha, Alberto, eu acho que a gente consegue combinar essas informações várias do seguinte
11:12modo.
11:13Você tem, de fato, uma economia, talvez, contratando menos, como mostra esses dados do mercado
11:18do trabalho, mas como você lembrou, você também tem menos ofertas de trabalhadores.
11:22Então, se você tem, por um lado, a economia é mais fraca, mas menos trabalhadores, o resultado
11:27é uma taxa de desemprego ainda muito baixa.
11:30Então, se você olhar várias pesquisas, quer dizer, na história do payroll, você tem
11:34claramente aí uma menor criação de vagas, olhando o lado da demanda por trabalhadores,
11:40mas quando você olha, pesquisa os domicílios familiares, que é a taxa de desemprego, aí você
11:45vê que ela não se mexe, ela está em um patamar historicamente muito baixo.
11:49Eu acho que a gente percebe esse movimento que você falou muito mais pela taxa de desemprego,
11:55que, como eu falei, está operando os seus níveis mais baixos em 70 anos.
11:58Então, certamente, no caso do desemprego, você tem saída de trabalhadores no mercado
12:03do trabalho.
12:04Adolfani, muito obrigada.
12:05Sempre um prazer te receber.
12:07Obrigada.
12:07Boa noite para você.
12:08Valeu.
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