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O economista e ex-secretário de Comércio Exterior, Roberto Gianetti, analisou as negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre tarifas, destacando o papel estratégico dos minerais críticos e do etanol. A decisão da Suprema Corte americana pode redefinir o cenário, afetando investimentos, comércio bilateral e competitividade brasileira.

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Transcrição
00:00Bom, analistas apontam que o Brasil pode ter que ceder em pontos estratégicos como o etanol e o setor de minerais críticos
00:07para tentar reduzir o impacto das barreiras comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
00:13Para falar sobre esse assunto, eu converso agora com o economista e ex-secretário de Comércio Exterior, Roberto Janete.
00:19Janete, boa noite. Obrigada por estar aqui com a gente.
00:22Bom, existe algum caminho possível para o Brasil negociar uma redução dessas tarifas sem abrir mão desses setores estratégicos como os minerais críticos?
00:32Qual é o peso dessa questão nas negociações e no equilíbrio entre a atração de investimentos e preservação da soberania?
00:43Cris, eu acho que vai ser muito importante essa reunião que vai ter agora e é uma oportunidade de ouro que o Brasil não pode desperdiçar.
00:52Se temos o interesse, evidentemente, de reduzir essas tarifas que estão prejudicando a nossa economia.
00:57O primeiro ponto que nós temos que lembrar é que não é só a negociação em si que vai ocorrer,
01:04mas há um outro fato que tem sido pouco refletido, tem sido pouco comentado,
01:11que existe também um aspecto jurídico do tarifácio.
01:14No dia 15 de outubro, a Suprema Corte americana vai estar julgando um processo que foi aberto por importadores americanos
01:23sobre a falta de base legal para a aplicação do tarifácio.
01:29E há uma possibilidade muito grande de que o tarifácio, em relação ao Brasil, seja revogado,
01:35se não para todos os produtos, pelo menos naqueles quais foram relatados no processo.
01:40Isso vai trazer uma dificuldade para o governo americano no sentido de continuar levando em frente uma negociação.
01:49Porque se ele perde na justiça, não tem mais sentido negociar o tarifácio porque ele vai cair por terra.
01:56Mas, mesmo assim, eu acho que o Brasil e os Estados Unidos têm que conversar numa agenda positiva para os dois lados.
02:06E a gente tem vários temas realmente de grande interesse para os dois países.
02:11Um deles são os minerais críticos, que é mais do que as terras raras, que são 17 elementos minerais,
02:17dos quais três deles se destacam para baterias elétricas, os veículos elétricos que têm sido produzidos.
02:24Mas tem também outros, titânio, estanho, cobre, níquel, que são altamente importantes, estratégicos,
02:33para a indústria aeroespacial, indústria eletrônica, e que os Estados Unidos não têm outro fornecedor de peso,
02:42a não ser a própria China.
02:43E a China tem usado esse poder de barganha, tanto que até agora as negociações estão lá encalacradas,
02:50porque a China tem esse poder de barganha entre os Estados Unidos muito elevado,
02:54porque 80% da produção mundial desses minerais críticos ocorre na China.
03:00Então, o mundo precisa de outros produtores que não a China para dar garantia ao suprimento internacional.
03:07E o Brasil é o grande candidato para fazer isso.
03:10Além disso, é o etanol que você se referiu.
03:12Sem dúvida, o Brasil e os Estados Unidos são os dois grandes produtores e consumidores de etanol no mundo.
03:21O mundo produz 100 bilhões de litros por ano de etanol, dos quais 85 bilhões são produzidos,
03:27ou seja, 85% são produzidos pelos Estados Unidos e Brasil.
03:32Em vez de nós estarmos competindo entre si, um para exportar para o outro,
03:36e discutindo a alíquota entre o Brasil e os Estados Unidos,
03:39nós tínhamos que estar cooperando para aumentar o consumo de etanol no mundo.
03:45E temos como fazer isso.
03:46Então, um lado de colaboração, de cooperação, na expansão do mercado internacional de etanol,
03:52faz muito mais sentido do que uma coisa mesquinha
03:55de ficar brigando por 3%, 4%, 5% na alíquota de etanol.
04:00Tem que ter grandeza nesse pensamento, olhando inclusive para a COP30 que está chegando,
04:04que pode ser uma grande plataforma de lançamento do etanol para vários países do mundo,
04:09inclusive a China, passar a ser consumidor do etanol brasileiro e americano.
04:14Então, eu acho que tem muita margem de colaboração
04:17e temos que fazer como diz o presidente Ulisses, presidente da Câmara, Ulisses, há muito tempo atrás.
04:24Você só vai para a reunião quando tiver tudo resolvido.
04:28Por isso, esse trabalho de bastidores que tem sido feito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin,
04:32e pelo ministro Fernando Haddad, é importante.
04:35Nós temos que chegar lá, não para improviso, para discutir na hora,
04:39sem saber direito qual é a pauta.
04:41Tem que estar tudo combinado e resolvido nos bastidores
04:45para ser uma reunião de homologação dessa colaboração entre o Brasil e Estados Unidos,
04:50que beneficia os dois países.
04:52E termina a disputa do tarifácio, que pode reduzir para um nível muito mais baixo,
04:57garantindo o acesso dos produtos brasileiros que os Estados Unidos precisam importar do Brasil.
05:02É, entrar na reunião só para assinar, né, Janete?
05:05Eu vou passar para a pergunta dos nossos analistas.
05:07Vamos começar pelo Eduardo Geyer.
05:09Geyer, fica à vontade.
05:12Oi, Janete. Boa noite.
05:14Trazendo um pouco para o tema do dia,
05:16hoje o presidente americano Donald Trump anunciou uma taxação de filmes estrangeiros.
05:21E desde o início do tarifácio, o que se falava aqui em Brasília, pelo Palácio do Planalto,
05:26é que uma possível reação do Brasil ao tarifácio de Donald Trump
05:29poderia ser justamente taxando filmes americanos.
05:34Tudo bem que nós já estamos num outro momento da tensão entre o Brasil e Estados Unidos,
05:38num momento de reconstrução de pontes,
05:40mas ainda assim eu queria te ouvir a respeito dessa possibilidade de taxação mútua
05:45em termos de filmes estrangeiros.
05:47Tem efeito econômico prático, macroeconômico,
05:51ou tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos é mais uma postura política,
05:56uma retórica para marcar a posição do que efetivamente econômica e tarifária?
06:03Eu acho uma bobagem isso que o Trump está fazendo,
06:06porque não tem nenhum sentido macroeconômico.
06:09O que ele vai arrecadar de imposto taxando filme estrangeiro
06:12é um valor irrisório diante do déficit fiscal americano.
06:16E, no entanto, prejudica muito a cultura americana,
06:20que precisa ver os bons filmes de estrangeiros,
06:22inclusive porque a Hollywood, que é a grande produtora de cinema de alto visual no mundo,
06:28é um soft power americano da maior importância para, inclusive, divulgar aos Estados Unidos,
06:37claro que vai ter retaliação de outros países.
06:39Mas eu não creio que a retaliação o Brasil deva fazer,
06:42porque quem é o principal prejudicado na retaliação é o consumidor do produto.
06:47E o consumidor do produto, nós gostamos dos filmes,
06:50porque piorar ou taxar os produtos vai ficar mais caro.
06:54A retaliação é sempre um prejuízo por dois lados,
06:57mas principalmente para quem consome.
07:00A gente vai falar muito ainda sobre essa taxação aí em cima dos filmes estrangeiros,
07:05ao longo do jornal.
07:06Antes, eu vou passar para a pergunta do Vinícius.
07:08Gerente, a partir do dia 14, como você falou, 14 de outubro,
07:13pode ter uma decisão da Suprema Corte sobre o tarifaço do Trump
07:17ou passa a valer aquela decisão do juiz federal.
07:21Mas, ainda assim, o Trump pode impor tarifas por outras leis,
07:26que não a lei dos poderes econômicos de emergência, que é a que está em questão.
07:30Além do mais, o Trump pode continuar a impor sanções ao Brasil,
07:34no caso de autoridades, e até ameaçar bancos brasileiros,
07:38o que não tem nada a ver com tarifas.
07:40Agora, supondo uma negociação...
07:41Então, a situação ainda é de risco.
07:43Agora, supondo uma negociação que vá para frente,
07:46o Trump vai querer levar o quê?
07:49Porque ele sempre quer levar alguma coisa ou quer sempre cantar vitória.
07:53E as ofertas brasileiras são muito boas para os dois países,
07:56mas para o Trump isso não é suficiente.
07:57Porque investimento em terra rara aqui no Brasil e alguma garantia de exportação livre para lá
08:02é pouco.
08:04É bom para o Brasil, bom para os Estados Unidos,
08:06mas isso não serve para ele cantar vitória.
08:09Investimento em data center também não.
08:11Talvez regulação de Big Tech, regulação econômica, possa ser alguma coisa,
08:15mas depende só do governo Lula.
08:17Então, o que o governo brasileiro pode oferecer
08:19para fazer com que o Trump ceda e, ao mesmo tempo, cante vitória?
08:24Quer dizer, ele precisa cantar vitória.
08:25Qual vai ser o trunfo brasileiro para fazer com que o Trump ceda
08:29e chegue a algum acordo grande e bom para o Brasil?
08:34Vinícius, eu acho que o Trump é um mestre em cantar vitória.
08:38Nós não precisamos ensinar ele a fazer isso.
08:40Ele vai saber fazer isso com as terras raras, os metais críticos,
08:44dizer que assegurou que o Brasil será um grande fornecedor,
08:47que as empresas americanas vão investir no Brasil,
08:50vão fazer os chamados contratos de off-tech,
08:52que é um contrato de garantia, de suprimento a longo prazo.
08:56Isso vai garantir a segurança de muitas indústrias nos Estados Unidos,
09:00inclusive da indústria aeroespacial, da indústria militar, da indústria eletrônica.
09:05Ele vai cantar vitória também na questão do etanol,
09:08dizer que o etanol vai ser consumido no mundo inteiro,
09:11que o Brasil e os Estados Unidos vão liderar esse processo.
09:14Ele vai cantar vitória na questão das Big Techs,
09:17que a regulação ficou eventualmente mais flexível,
09:21como o governo brasileiro tem acenado o que vai fazer,
09:25só censurando realmente aquilo que é absolutamente impraticável.
09:29Então, eu acho que isso aí, ele é mestre em fazer isso.
09:33Ele tem uma grande qualidade de ator em cena,
09:38de saber, inclusive, fazer com ironia, fazer com um ar de superioridade.
09:43Faz parte do jogo dele, aceitar que ele é assim,
09:46é o jeito do presidente trabalhar.
09:49E nós temos que, às vezes, na vitória, não estar em quem canta a vitória,
09:52mas em quem sabe, humildemente, reconhecê-la em silêncio.
09:57Jalete, muito obrigada.
09:58É sempre bom demais ter você aqui com a gente.
10:00Boa semana e boa noite também.
10:03Eu que agradeço, Cris e Vinícius, todos. Obrigado.
10:05Obrigado, Cris e Vinícius.
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