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O Brasil enfrenta tarifas de importação de 50% impostas pelos EUA, em meio a tensões políticas envolvendo Brics, China e Rússia. Gustavo Macedo, professor do Ibmec, explica como o país mantém sua resiliência, aposta no Mercosul-UE e busca novas parcerias para atrair investimentos estrangeiros em um cenário global desafiador.

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Transcrição
00:00O Brasil, ao lado da Índia, é o país que enfrenta a maior tarifa de importação para os Estados Unidos, 50%.
00:06A forma como a Casa Branca politizou a sobretaxa aos produtos brasileiros, vem dificultando uma negociação.
00:13O Brasil ainda é membro do BRICS, bloco que Donald Trump considera anti-americano
00:18e que inclui o grande rival geopolítico dos Estados Unidos hoje, a China.
00:22Além de tudo isso, nós mantemos relações comerciais com a Rússia,
00:26algo que a Casa Branca já puniu no caso da Índia.
00:30Por outro lado, para rendimentos financeiros, o Brasil tem juros altos e está com ações baratas na Bolsa.
00:37Nossa economia é resiliente e temos a perspectiva de um possível acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
00:45Com tudo isso junto, como é que fica a capacidade de o Brasil atrair investimentos estrangeiros?
00:49Para analisar esse cenário, eu converso agora com o Gustavo Macedo,
00:54professor de Relações Internacionais do IBMEC São Paulo.
00:57Gustavo, boa tarde para você, obrigado pela gentileza aqui da sua participação.
01:02Gustavo, já passando para você a pergunta então, pesando todas essas questões aí do tarifácio
01:08que podem afetar o Brasil e também pesando aquilo que a gente tem a oferecer para os investidores.
01:13Como é que fica a cabeça então de quem está buscando um lugar para colocar recursos e olha para o Brasil?
01:20Farma, boa tarde. Obrigado pelo convite de estar aqui com vocês.
01:23Olha, não muda muita coisa, para ser muito sincero, porque a gente está vendo o governo norte-americano,
01:29desde o início, quando o Trump assumiu o governo dele,
01:32ele atirar para todos os lados e principalmente contra os seus aliados comerciais tradicionais.
01:40O Brasil precisa ser resiliente, o Brasil precisa continuar fazendo aquilo que já está fazendo,
01:46tentativas de negociação, tentativas de aproximação,
01:50criar canais de diálogo com o governo norte-americano.
01:54Como a gente acabou de ver, se o governo norte-americano fecha essas portas por questões políticas,
02:01o que cabe ao governo brasileiro?
02:03Abrir novos canais de negociação com outros parceiros comerciais.
02:06Como você bem colocou, uma dessas alternativas é investir na implementação do acordo
02:14entre o MERCOSUL e a União Europeia.
02:18Mas não precisa parar por aí.
02:19O Brasil pode, além disso, ter três novas iniciativas para mostrar para o investidor internacional
02:26que ele está preparado para esse mundo em transformação.
02:30Uma delas seria, por exemplo, enviar delegações para a participação desses eventos internacionais
02:37e transmitir a imagem de que o Brasil é uma economia estável, politicamente estável e muito promissora.
02:44Uma segunda alternativa seria o Brasil, por exemplo,
02:47fazer investimentos internos na área de infraestrutura e economia verde,
02:53seja através de novos incentivos fiscais ou então uma regulação que favoreça o desenvolvimento
02:59desse novo, dessa implementação.
03:02E uma terceira e última forma de trabalhar é justamente continuar investindo
03:07nesses outros parceiros comerciais que são os BRICS, por exemplo,
03:11que é justamente aquilo que o governo do Donald Trump não quer que a gente faça.
03:15Ou seja, se você pega o BRICS de modo geral, você faz a soma dos BRICS dentro da balança comercial brasileira
03:23e compara com o mercado norte-americano, o BRICS tem muito mais peso e importância
03:29para a nossa balança comercial brasileira.
03:32Então, é continuar fazendo a lição de casa que o governo já vem fazendo.
03:36Agora, ser membro de um bloco que tem Rússia e que tem China também,
03:42num momento como esse, pode provocar algum temor do investidor em trazer dinheiro para cá?
03:50Eu, sinceramente, Fabio, acredito que não.
03:52Porque esses investimentos, esses acordos comerciais sempre existiram,
03:58em tempos de paz e em tempos de guerra.
04:00É nesse momento que se está fazendo uma politização dos acordos entre esses países.
04:07Os próprios norte-americanos têm acordos com vários desses países,
04:11têm um grande acordo comercial com os próprios chineses,
04:15então não faz nenhum sentido a gente querer baixar a cabeça para, de repente,
04:19um governo estrangeiro dizendo com quem a gente pode ou não pode negociar e fazer algum tipo de acordo.
04:25O que vai ser utilizado é a politização.
04:27Justamente dizer, o Brasil não deveria estar comprando da Rússia,
04:32o Brasil não deveria, de repente, estar comercializando tanto com os chineses.
04:36Porque os americanos querem comercializar com os russos,
04:39os americanos querem comercializar com os chineses,
04:41assim como a União Europeia também quer comercializar com os russos e com os chineses.
04:46O Brasil tem que continuar fazendo aquilo que a gente faz nos últimos 80 anos de política externa.
04:52Amigos, amigos, negócio à parte.
04:53Agora, dentro dessa pressão político-ideológica contra o Brasil, da parte dos Estados Unidos,
05:02o governo brasileiro vem adotando uma postura de impor ali uma resistência a uma interferência estrangeira,
05:08a uma tentativa de interferência estrangeira.
05:11E marcando muito isso e sendo reconhecido, inclusive, na imprensa internacional,
05:14como desempenhando esse papel, enquanto outros países estão se curvando a pressões dos Estados Unidos,
05:23haja visto o Japão, por exemplo, que a gente acompanhou algumas semanas atrás.
05:27Para o investidor, para o olhar do investidor,
05:30o Brasil fazer frente e resistir a uma tentativa de interferência externa,
05:34é algo visto como positivo?
05:36Ou o investidor tende a ser mais pragmático e achar que é melhor o Brasil realmente se curvar à pressão norte-americana?
05:44Acho que você foi direto no ponto, Fábio.
05:47Eu acho que o investidor sempre é pragmático.
05:49E esse pragmatismo do investidor também leva em consideração a flexibilidade dessa resistência.
05:56O Brasil tem que ser que nem bambu, tem que envergar, mas não pode quebrar.
06:00A gente tem que tentar ser resistente até onde a gente consegue nessa mesa de negociação.
06:06O Brasil, quando ele se posiciona de maneira firme e ele é reconhecido internacionalmente,
06:11o que ele está transmitindo para o restante do mundo?
06:13Ele diz, olha, internamente existe uma harmonia entre os poderes,
06:19legislativo, executivo, todos os atores institucionais estão de acordo com essa postura.
06:26O nosso empresariado também está sendo consultado, está participando,
06:31ou seja, a gente transmite uma mensagem para o mundo de que aqui dentro existe um comum acordo
06:38de que essa é a melhor maneira de se posicionar.
06:40E já começou a dar resultados.
06:43Quando a gente pega, por exemplo, aquela lista de exceções que o governo norte-americano solta na última semana,
06:51isso também é um pouco de resultado.
06:53Porque é dessa forma que o governo norte-americano, na figura do Trump, sabe negociar.
06:58Ele vai trocar, a gente tem que pedir seis,
07:00só que a gente também tem que sentir, tem que fazer um pouco da leitura do próprio jogo.
07:05Se a gente sair querendo apostar tudo, eles lá, eles têm muito mais força para poder quebrar a nossa banca.
07:12Dentro desse cenário, Gustavo, acompanhamos há pouco aqui, trouxemos há pouco a notícia
07:17de que Estados Unidos e China prorrogaram por 90 dias o prazo para a conversação comercial entre os dois lados.
07:24Esse prazo terminaria amanhã, haveria em tese o risco de que voltassem aquelas tarifas comerciais de mais de 100%
07:31e isso fica afastado por mais de 90 dias enquanto os dois lados seguem negociando.
07:37Claro que isso para o mundo, de forma geral, é uma notícia positiva,
07:41que não volte, pelo menos não volte nesse momento, aquele nível de tensão comercial entre as duas grandes potências.
07:47Para o Brasil especificamente falando, há um resultado positivo decorrente dessa notícia também?
07:52Com certeza, isso mostra mais uma vez que essa imposição de tarifas é muito relativa
07:58e ela depende muito dos termos da própria negociação e da forma como os atores se comportam.
08:05E essa extensão do prazo, por exemplo, mostra que o governo norte-americano,
08:10por mais que ele diga alguma coisa, ele está disposto a fazer essa negociação.
08:15Para o Brasil é muito importante que o Brasil faça essa comunicação para dentro,
08:19mas também faça essa comunicação para fora.
08:22Se você olha, por exemplo, os indicadores econômicos da economia norte-americana,
08:26nos últimos seis meses, eles não são necessariamente positivos.
08:31Há já um indicador, por exemplo, do aumento do desemprego previsto já para os próximos meses,
08:37da inflação, inclusive de algum desses produtos que estão sendo tarifados,
08:41que vão pesar no bolso do americano médio.
08:44O Brasil comunicando isso e trabalhando junto à oposição em Washington,
08:49a outros empresários em Washington, dizendo, olha, eu quero negociar,
08:53mas o seu governo não está querendo, não está querendo.
08:57São vocês que estão pagando o pato.
08:59Isso vai forçar internamente a uma pressão sobre o governo norte-americano
09:04que vai acabar cedendo.
09:06O Brasil, nesse momento, ele está sendo um pouco utilizado pelo Trump
09:10para tentar mostrar força, mas é porque o Brasil é a bola da vez.
09:14Nós estamos em evidência, nós fomos os presidentes da conferência dos BRICS,
09:18vamos receber a COP30, nós estamos nos projetando internacionalmente,
09:23então, na medida em que a gente se expõe, a gente também fica um pouco mais exposto e vulnerável.
09:28Então, por isso que o Brasil é a bola da vez nesse momento.
09:30De novo, eu volto a dizer, a melhor alternativa, na minha opinião,
09:34para o Brasil é continuar demonstrando, insistindo na tentativa de negociação,
09:39e olhando para os outros exemplos, como esse caso que você trouxe da China,
09:44que deixa muito claro que, mesmo em relação aos chineses,
09:47os americanos estão dispostos a ceder.
09:50Quando o presidente Lula diz que não vai ligar para o presidente Trump,
09:54e isso depois de Trump falar numa rápida entrevista coletiva na Casa Branca
09:58que estaria disponível a conversar, qual é a sua leitura?
10:03A sua leitura é de uma marcação de posição nesse sentido de resistir à pressão
10:06ou de que o ideal, nesse caso, seria tentar ligar?
10:12A gente tem dois pontos importantes nisso, Fábio.
10:15O primeiro é, a primeira pessoa a fechar as portas, o canal de negociação,
10:21foi o governo norte-americano.
10:22A gente não pode esquecer que a embaixada brasileira em Washington
10:25procurou o governo norte-americano e não recebeu nem retorno da ligação.
10:29Deixou mensagem na secretária eletrônica e ninguém voltou,
10:33já demonstrando que os Estados Unidos não querem fazer esse diálogo.
10:37E isso, certamente, vem como uma orientação do presidente Donald Trump.
10:41Ele deve ter dito, olha, eu não quero que ninguém receba e ninguém converse
10:44porque eu quero transmitir essa mensagem.
10:47Então, uma vez que foram os americanos quem fecharam,
10:50são os americanos quem tem que abrir esse canal, obviamente,
10:53por mais que a gente bata a porta.
10:54E aí tem uma questão de soberania do país que é
10:58o quanto que a imagem do presidente, no caso do presidente Lula,
11:03pode ser arranhada com um eventual sentimento quase de humilhação.
11:07Até quando eu vou ficar insistindo em fazer essa ligação?
11:11Até quando eu vou ficar insistindo de bater a porta?
11:13E o segundo ponto é, nós estamos falando de duas lideranças políticas
11:17que gostam de concentrar na sua figura
11:21essa ideia do líder vitorioso e que vai, mata no peito e resolve os problemas.
11:27Tanto o Trump quanto o Lula têm essa questão da própria imagem
11:31que para eles é extremamente importante.
11:33Então, nenhum dos dois vai querer se parecer fraco
11:38diante da sua audiência interna e da audiência externa.
11:42Então, tendo isso como uma situação,
11:46todos os outros agentes que estão envolvidos na negociação
11:49precisam lidar até com o ego das nossas lideranças políticas
11:52e entender que faz parte do jogo
11:55que nenhum dos dois vai querer mostrar, por assim dizer,
11:58fraqueza perante a sua própria audiência.
12:01Gustavo Macedo, professor de Relações Internacionais do IBMEC São Paulo.
12:06Gustavo, muito obrigado pela gentileza da sua análise aqui
12:08e uma boa semana para você.
12:11Obrigado, Fábio. Uma boa semana para todos.
12:13Obrigado.
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