As exportações do Brasil para a Argentina cresceram 55% no semestre e podem ajudar a aliviar o impacto do tarifaço imposto pelos EUA. O economista e professor de relações internacionais do Ibmec, Alexandre Pires explica por que a Argentina é estratégica para o Brasil, mas não substitui o mercado americano.
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00:00Em um momento de escalada da guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos, as exportações brasileiras para a Argentina têm crescido de forma acelerada.
00:11No primeiro semestre, elas somaram algo em torno de 9 bilhões e 120 milhões de dólares, um crescimento de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior.
00:25O senhor Alexandre Pires, economista e professor de Relações Internacionais do IBMEC, nos ajuda aqui a entender um pouco dessa situação argentina.
00:36Obrigado, professor Alexandre, senhor sempre muito bem-vindo aqui na nossa programação.
00:41Deixa eu começar construindo um paralelo para deixar todo mundo na mesma página.
00:44A administração do presidente Javier Milley tem alcançado resultados, pelo menos na história recente da Argentina, muito favoráveis.
00:57Diminuição da inflação, superávites sequenciais, diminuição da pobreza na Argentina.
01:06Em outro passo, reclama-se muito do custo de vida na Argentina que está aumentando.
01:14Eu falo isso porque uma Argentina forte, uma Argentina mais rica, com maior consumo, maior poder de consumo, ajuda muito o Brasil,
01:22porque estamos falando do nosso maior parceiro comercial na região, aqui no Cone Sul,
01:28e convenhamos que o Mercosul, por mais que seja formado por cinco países, os dois principais, Brasil e Argentina, são as pernas do Mercosul.
01:37Feito este prefácio, passo a palavra ao senhor, professor Alexandre, essa maior exportação, vamos olhar nesse véu do tarifácio,
01:50essa maior exportação para a Argentina ainda tem a ver com o tarifácio, mas ela se sustenta diante da situação econômica argentina
01:59e os argentinos reclamando de um maior custo de vida?
02:05Boa noite, Marcelo. Nós temos um cenário de recomposição das exportações brasileiras.
02:11Nós temos que lembrar que quando o Millen entra, ele desvaloriza o peso argentino.
02:17Quer dizer que os produtos importados ficam bem mais caros.
02:21O Brasil sente isso, há uma queda grande, mais ou menos ali até o primeiro trimestre de 2024,
02:28e depois começa a haver uma recomposição.
02:31Nós estamos vivendo esse momento e agora, no último mês,
02:35isso bateu uma recomposição de 70% em relação ao mês de junho do ano passado.
02:41Então, essa recomposição vem fazendo com que as relações econômicas se normalizem.
02:46Nós temos que lembrar que a Argentina não é tão insignificante para nós.
02:50nosso terceiro parceiro comercial, e no seu pico de participação nas nossas exportações,
02:58ela é metade dos Estados Unidos.
03:00Chega ali em torno de 5%, caiu para 3% nesse momento que eu comentava, de queda mesmo,
03:06mas agora ela está ali em torno de 5%, 6%.
03:09Os Estados Unidos hoje são em torno de 11% de participação nas nossas exportações.
03:15É claro que o campeão é a China, porque chega a quase um terço das nossas exportações.
03:22Então, essa recomposição é importante para o Brasil, especialmente nesse cenário de tarifácio,
03:27como você colocava, que permite que o Brasil tenha algum alívio.
03:32Mas nós temos que lembrar o seguinte, as importações brasileiras não tiveram uma queda tão abrupta.
03:38tiveram alguns meses de queda, mas o Brasil manteve ali um certo padrão de importação da Argentina.
03:45Mas é um país importante, quando está, digamos, nos trilhos macroeconômicos,
03:52equivale ali a essa economia de São Paulo, até com as adjacências do Sudeste.
03:59Agora, professor Alexandre, a Argentina, essa relação que é histórica, comercialmente falando,
04:05tudo bem que os governos agora estão meio em pé de guerra, trocam farpas e tudo mais,
04:10estão diametralmente opostos no espectro político,
04:14mas é inegável que nós temos aqui um grande parceiro comercial em que a gente faz fronteira seca.
04:20Esse tarifácio dos Estados Unidos contra o Brasil, a Argentina está ali em compasso de espera,
04:26a carta da Argentina, pelo menos, não foi publicada pelo presidente Donald Trump,
04:30ainda não se sabe, continua com as tarifas antigas, tem um grande ponto de interrogação.
04:35Mas ao longo, por exemplo, da nossa programação, nessa terça-feira,
04:38a gente falou muito das frutas que vão sobrar no Brasil.
04:43Está certo que a Argentina também tem muita fruta, vai sobrar o aço aqui,
04:47tem muito aço na Argentina também.
04:51É outros setores em que nós supostamente exportemos menos para os Estados Unidos,
04:59por causa da tarifação elevada.
05:02A Argentina, ela ainda pode ser uma tábua de salvação,
05:06a gente pode escoar a nossa produção para os argentinos e vice-versa,
05:10ou essa relação comercial não passa por determinados produtos
05:14que são essencialmente feitos para os americanos.
05:17A realidade do mundo é que o mercado americano é insubstituível.
05:22Isso vale para a China, que é a maior economia e manufatureira do mundo hoje,
05:28vale para a Japão, vale para a Alemanha, e isso vale para o Brasil.
05:32Ninguém abre mão de participar do mercado americano.
05:36Para você pôr ali o que você vai perder com o mercado americano,
05:42o Brasil teria que costurar muitos acordos bilaterais.
05:45Passaria, obviamente, pelo Mercosul, pela América do Sul,
05:48como você bem falou, são países fronteiriços,
05:51que as questões logísticas ficam até mais facilitadas em termos de custo de frete,
05:57possibilidades de escoamento,
05:59mas você não consegue substituir.
06:02Mas, como eu disse, a Argentina é metade das nossas exportações
06:06quando a gente usa os Estados Unidos como referência,
06:09ou seja, 5% e 11%.
06:11Então, nós não podemos perder esse espaço.
06:14Lembrando que nós exportamos ali máquinas,
06:17maquinários, máquinas agrícolas, automóveis.
06:21Então, muito do nosso setor manufatureiro,
06:24ele é superavitado com a Argentina.
06:27Ou seja, isso é importante para o Brasil,
06:29porque nós já passamos por um processo de desindustrialização,
06:32e esse mercado que consome os nossos manufaturados
06:35tem que ser cuidado ali com muito carinho.
06:38Obviamente que a Argentina, como você disse,
06:40nós não sabemos como o tarifácio vai impactá-la,
06:44mas ela também ficaria feliz ali do Brasil perder um pouco de mercado americano,
06:49que abre espaço para ela, especialmente em carne e alguns produtos minerais.
06:55Então, é algo para nós olharmos.
06:57A nossa negociação teria que ser sempre com muito cuidado,
07:00apesar da oposição ideológica entre os dois países
07:03na figura dos seus governos,
07:05mas é um mercado importante,
07:07mas que não consegue compensar qualquer perda que o Brasil tenha.
07:12Obrigado pelos esclarecimentos de sempre.
07:15É uma garantia aqui de a gente ter uma aula flash
07:19com o professor Alexandre Pires, economista
07:22e docente de Relações Internacionais do IBMEC aqui em São Paulo.
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