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O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, analisa os desdobramentos da reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio, os efeitos sobre o comércio bilateral e as projeções para o cenário fiscal e monetário do Brasil em 2026.

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Transcrição
00:00Eu vou conversar agora com o economista-chefe da War Investimentos, o Felipe Salto.
00:04Felipe, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:08Felipe, eu queria começar falando justamente dessa reunião do Mauro Vieira com o Marco Rubio.
00:13Segundo o nosso chanceler, ela foi bem produtiva, transcorreu bem, só que evidentemente não há nada formal.
00:20Não saiu nenhum acordo dessa primeira reunião.
00:24Então, qual é a sua avaliação? Você tem esperança de algo promissor nas próximas reuniões?
00:31Boa noite, Cris. Obrigado pelo convite. Prazer estar aqui com você.
00:36Eu acho que a notícia principal é o fato de ter havido a reunião.
00:40Porque se nós lembrarmos toda a trajetória dos primeiros 10% de tarifa,
00:45depois o tarifácio propriamente disso, que levou para 50%, e todas as declarações, a carta, etc.
00:52Agora, a gente percebe que a diplomacia está funcionando.
00:57Está fazendo efeito a ideia de ter colocado o chanceler Mauro Vieira à frente dessas negociações e desse diálogo,
01:06que é um diplomata muito experiente, e também o ministro do Desenvolvimento, o vice-presidente Geraldo Alckmin.
01:13É claro que é cedo para dizer se vai ter algo de concreto, se a gente vai conseguir alguma redução,
01:18ou alguma exceção adicional, mas, a meu ver, o interesse dos Estados Unidos também é grande.
01:24Tem a questão dos minerais, das terras raras, e tem também as sinalizações que, a meu ver,
01:30os Estados Unidos querem dar por meio do Brasil para o grande oponente, o grande alvo dos Estados Unidos, que é a China.
01:39É óbvio que essa reunião foi uma prévia para um possível ou provável encontro entre o Trump e o presidente Lula.
01:49Como é que o mercado deve reagir a esse encontro de hoje?
01:53Eu vejo que o mercado está avaliando positivamente essa aproximação,
01:58desde aquela cruzada de olhares, ali rapidamente, na reunião da ONU.
02:04Quando houve química entre os dois, né? Segundo o Trump.
02:08E depois o presidente Lula também, de maneira hábil, respondeu, falando,
02:13olha, não tem porquê dois senhores de 80 anos não conseguirem ter um diálogo e avançarem e tal.
02:19Claro, disso, para haver algo concreto, ainda tem um abismo.
02:22Mas é positivo, do ponto de vista da economia, dos mercados,
02:26é positivo que, pelo menos, a sangria tenha sido contida.
02:30Os efeitos sobre as exportações, sobre a atividade, vão acontecer.
02:35Você mostrava há pouco os dados do IBC-BR e, claramente,
02:38aquele gráfico dos 12 meses mostra uma tendência de desaceleração.
02:43Tem a ver com fenômenos domésticos também, a taxa de juros elevada e tal.
02:48O objetivo é realmente esse.
02:49Mas também já refletindo os efeitos dessa questão comercial.
02:54Vamos passar para a pergunta dos nossos analistas.
02:56Vinícius, começando por você.
02:58Felipe, eu queria falar justamente isso de desaquecimento.
03:04Algum está ocorrendo, embora seja muito lento.
03:09E, mesmo assim, não está havendo um impacto maior na inflação.
03:13A gente está vendo uma queda ainda mais lenta da inflação.
03:16Nas perspectivas de vocês, essa desaceleração vai continuar nesse ritmo,
03:21quer dizer, a perda de ritmo vai ser essa constante, a gente vai chegar a 2,
03:24e o mercado de trabalho não vai reagir esse ano e a inflação, então, vai ficar caindo muito devagarinho.
03:30Quer dizer, a gente vai ter um cenário de pouso muito suave.
03:33Qual é a estimativa de vocês da Warren?
03:37Vinícius, eu entendo que a taxa de crescimento esse ano vai ser pouco superior a 2%
03:41e, ano que vem, uma convergência para algo inferior a 2%.
03:46Não é um desastre, mas é uma desaceleração, que é justamente o objetivo da autoridade monetária do Banco Central
03:53quando ele fez esse aperto monetário que elevou a taxa básica de juros para 15%.
04:00Então, a gente já observa, não só no IBCBR, que é uma espécie de consolidação dos principais indicadores de atividade.
04:08Vocês não gostam de falar prévia do PIB, eu sei.
04:11Mas é para o telespectador entender bem, né?
04:14O Vinícius briga toda vez que a gente fala.
04:17Mas eu entendo também que é preciso, às vezes, simplificar.
04:19É, tem que simplificar.
04:21E a tendência é essa, de queda, de desaceleração.
04:24Agora, não é o fim do mundo.
04:25O que vai acontecer é que a inflação provavelmente vai convergir para patamares mais baixos.
04:31Então, a meta de 3%, acho que só lá na frente, 2027 e 2028, é que nós vamos chegar perto dela.
04:39Mas há um espaço, a meu ver, para que já no início do ano que vem,
04:43comece a acontecer a tão esperada redução da taxa de juros,
04:48o que também, politicamente, é uma boa notícia para o governo.
04:51Início do ano que vem, você acha, Felipe?
04:53Eu entendo que sim.
04:54Hoje, as apostas do mercado, quando a gente olha, muda muito, né?
04:57Sim.
04:58Primeiro, todo mundo achando que seria no fim desse ano.
05:00E agora, mais para março e tal.
05:02Eu entendo que já há condições para acontecer entre o fim desse ano e o início do próximo.
05:08Porque a inflação, a cada pesquisa Focus que é divulgada,
05:12aquela pesquisa que mostra...
05:13Toda segunda-feira.
05:14É, toda segunda compilação das projeções do mercado,
05:17são mais reduções.
05:19São reduções leves e tal,
05:22mas mostram uma convergência da inflação para patamares mais baixos.
05:26Então, nós temos que ter muito cuidado para não ir para um cenário
05:30em que a atividade acabe sofrendo demais.
05:34E aí, depois, para você recuperar o fôlego, é muito mais custoso.
05:38Então, a política monetária está exercendo o seu papel.
05:42Os indicadores de atividade e de inflação estão mostrando isso.
05:46Mas, agora, a sintonia fina dos juros vai ser fundamental.
05:50Vamos passar para a pergunta do Eduardo Geyer.
05:53Geyer, fica à vontade.
05:54Felipe Salto, boa noite.
05:58Queria falar agora sobre a recomposição do orçamento
06:01que o governo tenta fazer após a derrubada da MP das taxações.
06:05Porque, essa semana, nós ouvimos tanto o ministro da Fazenda
06:08quanto o líder do governo do Congresso, Randolph Rodrigues,
06:11falarem sobre recuperar a parte da MP que é consensual,
06:14que era a parte do corte de despesas, mais ou menos uns 10 bi.
06:18Bom, falta 20 bi, mais ou menos, que seria a parte das taxações.
06:22O que você acha que vem agora para recompor o orçamento?
06:27O governo vai, de fato, apostar numa reembalagem da medida provisória
06:32também com essa parte das receitas?
06:34Ou podemos esperar uma canetada elevando o IOF?
06:38Qual é o cenário que vocês têm precificado por aí na Warren?
06:41Boa noite, Eduardo.
06:43Prazer em falar com você também.
06:44Dizer o seguinte, eu entendo que o governo tem um pepino na mão,
06:48que é o orçamento do ano que vem.
06:50As contas estão totalmente desequilibradas,
06:53porque na proposta orçamentária, Cris,
06:56eles mandaram um volume de receitas previstas para 2026,
07:01que simplesmente não vai acontecer.
07:03Então, esse problema da medida provisória das LCA, LCI, CRI e CRA,
07:08que acabou sendo derrubada pela inabilidade na negociação,
07:12e também, a meu ver, porque tinha muito tema junto,
07:14então todas as forças contrárias de cada um desses tópicos
07:18se uniram e conseguiram derrubar.
07:21Ela é só a cereja do bolo do problema.
07:23O ponto central é que, nas nossas contas,
07:27para fechar o resultado primário do ano que vem,
07:30que é uma meta de superávit de R$ 34 bilhões,
07:34precisaria de um ajuste de R$ 65 bilhões.
07:37Ah, mas tem a banda inferior da meta e tal.
07:40Aí, mesmo assim, você precisaria de R$ 30, R$ 35 bilhões.
07:43Então, o ministro Fernando Haddad vai precisar se desdobrar,
07:47porque uma frente importante é reeditar tópicos da medida,
07:52como a taxação das bets, a questão da própria equiparação
07:57entre títulos privados e títulos públicos,
08:00que é até uma demanda do mercado de dívida,
08:03do Tesouro Nacional, e outras frentes que podem ser ressuscitadas,
08:07que estavam no texto, mas vai precisar de mais do que isso.
08:11Ou, como nós temos dito na Warren já desde o início do ano,
08:14combinar esse pacote de medidas emergenciais
08:17com uma revisão da meta fiscal,
08:19que me parece cada dia mais provável.
08:22Eu vou te fazer uma pergunta que eu já fiz para algumas pessoas
08:24que sentaram aqui, inclusive para o ex-ministro Maílson da Nóbrega,
08:29e ele concorda com essa afirmação.
08:32Queria saber o que você acha daquela afirmação
08:34do ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga,
08:37quando ele diz que a política fiscal do governo é suicida.
08:40É um exagero, a meu ver, mas eu entendo o recado...
08:43É uma retórica exagerada?
08:44É, é uma retórica, mas eu entendo o Arminio,
08:47ele quer dar um recado de que as coisas se continuarem nessa direção.
08:51Estão saindo do controle, porque vem o ministro Fernando Haddad
08:54com todo o esforço da Fazenda, das equipes técnicas,
08:57propondo medidas, e no dia seguinte o Congresso faz as bagunças todas
09:02com as propostas que são enviadas.
09:05Então, parece haver aí uma dificuldade de convencimento da classe política
09:09de que a situação fiscal é grave.
09:12Não é uma situação tranquila.
09:14É claro que nós não estamos à beira da insolvência,
09:17o Tesouro tem um caixa gigantesco,
09:19nós temos uma boa gestão da dívida pública,
09:22e com essa taxa de juros astronômica,
09:24continua havendo demanda suficiente por títulos públicos.
09:28Mas é uma situação insustentável.
09:30A dívida está crescendo bastante.
09:33A nossa dívida hoje, Cris, é 20 pontos percentuais do PIB,
09:36aproximadamente maior do que a dos países emergentes.
09:41Então, quando se diz que a dívida...
09:43Ah, a dívida do Japão é muito alta.
09:44Bom, mas a taxa de juros lá real é negativa.
09:47É uma comparação que não faz o menor sentido.
09:50Exatamente.
09:50Então, o recado do Armínio está correto,
09:54ainda que a retórica...
09:55Eu não usaria esse termo suicida,
09:58mas é muito ruim a situação.
10:00Nós temos um déficit e ele precisa ser sanado.
10:02Vinícius, pode fazer a sua próxima pergunta.
10:04Felipe, você acabou de falar que existe uma possibilidade
10:09na sua avaliação de que o governo tenha que mexer
10:11no arcabouço fiscal,
10:13quer dizer, pelo menos na meta fiscal do ano que vem.
10:15Primeiro, foi isso mesmo?
10:16Segundo, você acha que o governo apelaria para isso
10:19porque, mesmo que alguém faça uma campanha muito grande
10:23dentro do Palácio Planalto para o governo não fazer ajustes,
10:26contingenciamento, bloqueio, o que seja,
10:28ainda assim seria uma medida muito drástica
10:33que poderia causar tumulto.
10:35Você acha que o governo faria uma coisa dessa?
10:38Se arriscaria a causar esse tumulto em 2026,
10:41anos de eleição, mexer na meta fiscal?
10:43Quando eu digo tumulto, é tumulto no mercado.
10:45Dólar subindo, juros subindo, essas coisas.
10:48Sim, você tem razão que a mudança da meta pode gerar confusões.
10:55O problema é o seguinte, você fixa uma meta irrealista
10:57que todo mundo sabe que não vai ser alcançada
10:59e persegue essa meta ao longo do ano.
11:02Qual é o resultado se você não cumprir?
11:05Pode ensejar até crime de responsabilidade
11:07porque o arcabouço fiscal tem suas flexibilidades,
11:11mas até a página 2 existe um limite.
11:13E o contingenciamento que o Vinícius cita
11:16e que é o instrumento tradicional
11:18para você cumprir as metas fiscais,
11:21ele já se esgotou.
11:23Porque a despesa livre,
11:24que é aquela despesa discricionária
11:26que pode ser mexida, pode ser contingenciada,
11:29pode ser congelada,
11:30ela já está tão baixa
11:31que o risco é você ter o chamado shutdown,
11:34a paralisação da dívida pública,
11:36da máquina pública,
11:39num prazo, num curto prazo.
11:41É o que a gente está vendo nos Estados Unidos.
11:43Só que aqui seria diferente.
11:44Sim, seria diferente porque
11:46as nossas regras não são tão duras
11:48quanto as deles, né?
11:50Quando eles atingem o limite de dívida,
11:51eles têm que parar de pagar salário,
11:53parar de fazer tudo,
11:54até que o Congresso autorize.
11:55É uma regra ruim, inclusive, né?
11:57Porque a segunda geração de regras fiscais,
12:00a literatura mostra isso,
12:02o que dá resultado é você ter alguma flexibilidade.
12:06Claro, tem que ser uma regra impositiva,
12:09que tenha enforcement e tal,
12:11mas que tenha flexibilidade.
12:12Então, respondendo a vocês,
12:15eu diria que a única saída vai ser essa.
12:18O Haddad, o ministro Haddad,
12:19vai ter que mostrar que fez o máximo que era possível,
12:21mas que vai ter que acomodar.
12:23Não dá para você ficar com uma meta irrealista,
12:26que todo mundo sabe que não vai ser cumprida,
12:28e daí correr riscos muito maiores
12:30para os gestores,
12:31para quem está assinando
12:32todos os decretos de contingenciamento,
12:36os relatórios orçamentários e tudo mais.
12:38Obrigada, Felipe.
12:39Sempre um prazer te receber.
12:41E é pessoalmente melhor ainda.
12:43Obrigada.
12:44Obrigado a você.
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