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No Radar, o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Souza Azevedo, explicou como o tarifaço dos EUA e a Selic a 15% frearam a produção industrial em 2025, afetando exportações, competitividade e investimentos no setor.

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Transcrição
00:00A gente segue falando dos resultados da indústria.
00:02No acumulado em 12 meses, a produção industrial teve em outubro
00:05a menor alta desde março do ano passado.
00:09Para a gente entender melhor o momento em que está a indústria brasileira hoje,
00:14eu falo agora com o Marcelo Souza Azevedo, gerente de análise econômica da CNI.
00:19Oi, Marcelo. Boa tarde. Tudo bem com você?
00:22Boa tarde, Fábio. Boa tarde a todos.
00:24Obrigado, Marcelo, pela sua disponibilidade em conversar com a gente.
00:27Marcelo, há um impacto importante do tarifácio sobre esses resultados fracos
00:32que a indústria vem apresentando esse ano?
00:36Sim, há um impacto, sim.
00:38No início do ano, as indústrias estavam mostrando um forte crescimento das exportações.
00:43Com o tarifácio, as exportações americanas também levaram um golpe bastante forte.
00:48A gente percebe nos números da indústria que houve uma diversificação,
00:50houve uma busca para novos parceiros.
00:54Falando aqui da indústria de transformação de produtos manufaturados,
00:57a realidade para a agropecuária é um pouco diferente.
01:00Mas citando aqui nos produtos industriais, houve, sim, uma diversificação,
01:04uma procura para os outros mercados.
01:07Mas, ainda assim, para diversos setores, os Estados Unidos é um parceiro importante.
01:12E só acaba que, para alguns setores, a questão é até um pouco mais complicada.
01:16Para a indústria de transformação como um todo,
01:20houve um feio nesse crescimento do início do ano.
01:23Ainda estamos no campo positivo, mas é um crescimento, de novo.
01:26Falando da indústria de transformação, muito mais moderado do que eu observava no início do ano
01:31e muito abaixo da expectativa daquele momento.
01:34Então, houve um impacto que explica parte desse problema,
01:37diretamente ligado às exportações.
01:40Mas, além disso, também, um outro efeito trazido pelo tarifácio
01:44é uma entrada maior das importações.
01:47Muitos produtos que eram direcionados por outros países para os Estados Unidos
01:53acabam buscando o Brasil como destino, como alternativa para a venda desses produtos.
01:59E isso também está trazendo uma forte entrada de produtos importados,
02:03uma coisa que já vinha acontecendo antes anteriormente por outras razões,
02:06mas que foi agravado pelo tarifácio.
02:09E isso também vem afetando a indústria de transformação também.
02:13São dois efeitos do tarifácio relevante que explicam, em parte,
02:17o que vem acontecendo na indústria de transformação nesse ano.
02:20E aí, além desse impacto no tarifácio, tanto para a gente vender para os Estados Unidos
02:23quanto na nossa absorção de um excedente de outros países,
02:29a gente pode tratar a taxa Selic também, 15% ao ano, patamar mais alto em 19 anos,
02:35como uma outra explicação para esse desempenho da indústria?
02:38Sem dúvida alguma.
02:41A taxa de juros Selic é altíssima, prejudica demais a indústria,
02:45a indústria é bastante sensível, uma vez que há a questão dos próprios investimentos,
02:50mas a própria demanda para a indústria se reduz bastante com a taxa de juros,
02:57com a taxa de juros elevada, como está agora.
02:59E isso já não está afetando somente aqueles setores onde a taxa de juros
03:06afeta já inicialmente com aqueles bens que as pessoas costumam fazer financiamentos.
03:13Então, a taxa de juros já começa a afetar imediatamente já as prestações.
03:18Então, esse setor já vem sentindo isso há algum tempo,
03:21mas a gente pode perceber já essa tendência de dificuldade na indústria,
03:25bastante espalhada pela indústria,
03:27já afetando até aqueles setores que não são diretamente ligados
03:30à venda desse tipo de bens, bens de maior valor,
03:34que normalmente as pessoas costumam fazer financiamentos para a sua aquisição.
03:40A indústria é bastante encadeada,
03:41uma indústria muitas vezes fornece para outra,
03:43que fornece para outra.
03:44Então, isso acaba, isso é feito de uma redução da demanda,
03:48acaba afetando a indústria como um todo.
03:51e é o que a gente vem vendo agora em 2025,
03:54que a GCEI vem alertando há algum tempo.
03:58A indústria brasileira tem um problema crônico,
04:01que é a queda de produtividade.
04:03Que tipo de prioridade a gente necessitaria agora,
04:07a gente teria que adotar agora para endereçar esse problema?
04:10É uma questão de uma condição de mercado muito diferente de outros países,
04:17que a gente apelida de uma forma global como o custo do Brasil.
04:22As condições de concorrência da indústria brasileira
04:25é muito diferente das condições de nossos parceiros,
04:30que outros países, na verdade,
04:32tanto fora quanto na hora de exportarem para cá,
04:35tanto quando a gente exporta e compete com esses países lá fora,
04:38são condições muito diferentes.
04:40O sistema tributário, que está dando um avanço agora com a reforma,
04:45mas o próprio sistema tributário é um fator,
04:48a própria infraestrutura,
04:49o custo de energia é bastante elevado em comparação com outros países.
04:52A taxa de juros, como nós falamos,
04:54na hora de você financiar o investimento,
04:56de você financiar um aumento da produção,
04:59financiar uma inovação,
05:01as taxas que nós somos obrigados a pegar nossos empréstimos
05:05é muito mais elevada que em outros países,
05:08isso acaba encarecendo o produto nacional também.
05:10São vários, muitos fatores que afetam essa dificuldade de se competir na indústria brasileira.
05:18Então, essa questão das importações mesmo,
05:20ela já vem de algum tempo.
05:21Muitas vezes, quando a gente tem um crescimento da demanda no país,
05:24pelos estímulos que são dados à demanda muitas vezes,
05:27boa parte desse estímulo acaba que é direcionado para importados.
05:33E isso já vem, historicamente, por essa diferença de condições mesmo de concorrência,
05:38pelas condições afetadas pelo custo Brasil,
05:42no dia a dia das empresas,
05:44desde a hora de investir, desde a hora de contratar,
05:47até a hora de transportar seu produto,
05:50de pagar impostos e exportar.
05:52A indústria brasileira está preparada para aproveitar esse momento de demanda crescente
05:59por produtos e processos mais sustentáveis?
06:02A gente está pronto para aproveitar esse barco, esse vento favorável?
06:07Sem dúvida nenhuma.
06:08Acho que a própria questão da diversificação que nós vimos agora com a questão do tarifácio,
06:13mostra que a indústria está preparada para isso.
06:16É claro que uma taxa de juros prejudica bastante,
06:20quando a gente está falando dessas transformações,
06:21a gente está falando da necessidade de investimentos
06:23para adquirir essas novas tecnologias,
06:28e a taxa de juros elevada prejudica muitíssimo para isso.
06:32Daí a importância de planos, de políticas industriais,
06:37como o Brasil Mais Produtivo, o Nova Indústria Brasil,
06:41que no ano passado mostrou grandes resultados,
06:44já para a indústria.
06:47Num quadro agora, com mais incerteza com taxas de juros elevadas,
06:51o impulso foi menor,
06:53mas a manutenção de programas com esse
06:55ajuda muito a contornar esse problema de uma taxa de juros no país,
06:59que é elevadíssima agora,
07:01mas costuma ser mais elevada aqui em outros países,
07:03para permitir ganhos ainda maiores,
07:06uma transformação ainda maior da indústria brasileira.
07:09Marcelo, você mencionou há pouco o impacto de mão dupla
07:12que o tarifácio tem sobre o desempenho da indústria brasileira.
07:15Tanto a nossa dificuldade maior de vender para os Estados Unidos,
07:18os nossos produtos industriais,
07:19quanto a entrada de produtos de outros países que,
07:22assim como nós, estão buscando mercados alternativos.
07:26A gente entra agora num momento de negociação do tarifácio,
07:29que talvez seja mais difícil de avançar,
07:31porque aquilo que mais interessava ao governo americano
07:34liberar, retirar dessas sobretaxas,
07:37já aconteceu.
07:38Aquilo que tinha um impacto inflacionário mais direto lá
07:41já passou pelo filtro ali da Casa Branca
07:44e já foi desonerado daqueles 50%.
07:47Como é que a CNI pretende participar,
07:50já que ela vem participando desse processo desde o começo,
07:53como é que ela pretende atuar nesse momento agora mais delicado
07:56e que interessa especialmente a indústria também?
08:00A gente sempre acreditou no diálogo, na conversa,
08:03nessa negociação para que se superem esses problemas.
08:06Continuamos não acreditando nisso.
08:08A balança dos dois países é complementar.
08:11Num primeiro momento, fica bastante evidente
08:14nas mesas das famílias essa elevação de custos
08:18e até por conta disso realmente foi mais rápido
08:22e mais fácil a negociação com relação a alguns produtos,
08:25dado o custo que estava se dando aos próprios americanos.
08:29Mas com o tempo, até por conta dessa complementariedade,
08:32nós exportamos alguns insumos importantes e vice-versa,
08:38isso pode acabar, a gente está gerando maior pressão lá nos Estados Unidos,
08:43ainda que num ritmo menor,
08:46e isso permita que a gente continue nessa negociação,
08:49que é o que a gente acredita.
08:50Enquanto isso, a gente continua de olho e monitorando o plano Brasil soberano,
09:01que é uma medida importante para que as indústrias continuem operando,
09:05sobretudo aquelas onde os Estados Unidos realmente é um parceiro fundamental,
09:11que continuem operando mesmo nesse cenário ainda de negociações ainda incerto.
09:17Então, a gente continua acreditando nessas duas práticas,
09:22a negociação e ao mesmo tempo esse olho nessas empresas,
09:26nesses setores que são prejudicados nessa situação como está agora.
09:32Marcelo Souza Azevedo, gerente de análise econômica da CNI.
09:35Obrigado, Marcelo, pela sua participação aqui.
09:37Uma boa tarde para você.
09:39Uma boa tarde e até uma próxima oportunidade.
09:41Obrigado.
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