Donald Trump prepara nova rodada de tarifas ao Brasil, alegando desequilíbrio comercial e falta de reciprocidade. Alberto Ajzental analisou os impactos dessa política: café, ferro e celulose já mostram queda nas exportações.
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00:00E a gente vai falar mais sobre as tarifas de Trump, a expectativa da cartinha que está para chegar aí com novas tarifas para o Brasil ser taxado novamente.
00:08Agora com Alberto Azental, que já está aqui conectado com a gente, para falar sobre todas as cartas que já foram enviadas por Trump, com essas novas tarifas e outras coisas.
00:20Azental, boa tarde para você. Donald Trump disse que o Brasil não tem sido bom para eles. O que está por vir, hein?
00:27Nati, Felipe, boa tarde, boa tarde a todos. É, eu acho que a gente vai receber uma cartinha, porque é muito provável que a gente tenha se comportado mal nesses últimos tempos.
00:42Vamos ver o que vem pela frente. Já foram 14 cartinhas na segunda-feira e mais 7 cartinhas hoje. Vamos ver o teor da nossa, né, Nati?
00:53Exatamente. Então, a nossa deve estar a caminho. Agora, o que será que vem, né? Do que se trata essa cartinha em Azental? Qual que é o seu palpite?
01:03Olha, lá em 2 de abril, o que eu percebi? A gente até pode espelhar na tela o site da CNBC.
01:10Vamos lá.
01:11Porque lá eles têm um gráfico que eu achei fantástico, porque eles mostram para esses 21 países a variação das tarifas lá em 2 de abril, no Liberation Day.
01:24E você tem um Filipinas com 17%, que é o mínimo. Eu estou olhando aqui na tela também, acompanhando com vocês.
01:32E tinha lá um Cambódia com 49%.
01:37Então, você vê que a variação das tarifas era muito maior.
01:42E agora ele meio que concentrou.
01:46Elas estão Filipinas com 20 de mínima, Laos e Mianmar com 40 de máxima.
01:52A coisa já está convergindo.
01:55Isso é um fato.
01:56Ele deixou... Tem vários países em 25%.
02:00Você tem países importantes de transação comercial com os Estados Unidos.
02:05Você tem Coreia do Sul, Japão com 25%, Malásia com 25%, também é um grande exportador.
02:13Você tem praticamente sete países com 25%, seis países com 30% e depois está um pouco mais fragmentado.
02:20Então, você vê que ele está convergindo as tarifas.
02:24Não é uma coisa tão aleatória agora.
02:27E com vencimento para 1º de agosto.
02:31Chute!
02:33Não sei te dizer o que vem para a nossa cartinha.
02:36Não sei...
02:37Como é que eu te falo, Nath, de forma bastante irônica, né?
02:42Quanto de coisa errada a gente fez agora no passado.
02:45A verdade é o seguinte, tirando a ironia de lado, o Brasil não transaciona tanto assim com os Estados Unidos.
02:54São 40,6 bilhões versus 40,3 bilhões de dólares.
03:00É muito pouco.
03:01É muito para a gente.
03:03É muito pouco para os Estados Unidos.
03:07Então, as exportações brasileiras para os Estados Unidos, 40,3.
03:13Então, eles têm um pequeno superávit de 0,3 bilhões de dólares com a gente.
03:20300 milhões de dólares é muito pouco.
03:23As nossas trocas são muito equilibradas em relação aos Estados Unidos.
03:29Quer dizer, o resultado é muito equilibrado e se representa muito para a gente do porcentual de tudo que a gente exporta.
03:38representa muito pouco para os Estados Unidos de tudo aquilo que eles importam.
03:44Nath e Felipe.
03:47Felipe, quer fazer uma pergunta?
03:48Claro, Azental, sempre professor aqui.
03:51Professor Azental, tudo bem?
03:53Tudo certo?
03:53Boa tarde.
03:54Azental, o presidente Donald Trump, ele colocou ali na rede social, ele colocou...
03:58Aliás, não na rede social, ele deu na entrevista.
04:00Ele falou assim, o Brasil não tem sido bom para nós.
04:03Você já lembrou um pouco desse superávit, embora pequeno, para os Estados Unidos.
04:08O que ele pode estar se referindo?
04:10Tem algum tipo de negociação entre o Brasil e os Estados Unidos que o Brasil ganhou alguma vantagem
04:14ou levou a melhor sobre os Estados Unidos?
04:17É, então, eu também fico curiosa com isso.
04:20Onde que a gente se comportou tão mal?
04:21A balança comercial pelo que o Azental diz estar equilibrada.
04:25E as tarifas antes de qualquer mudança?
04:29Eu acho essa frase assim, é tipo assim, eu não sei o que vocês fizeram no verão passado.
04:37É um pouco, o que a gente se comportou mal?
04:41É verdade que ele quer vender etanol, ele quer vender etanol para os brasileiros.
04:48O etanol norte-americano, ele vem do milho.
04:52O nosso etanol, prioritariamente, é de cana-de-açúcar.
04:57E mesmo a gente está crescendo bastante em etanol de milho, também estamos crescendo nisso.
05:05Tem muita gente investindo bilhões no Brasil para aumentar a produção de etanol de milho.
05:12E ele quer vender etanol para o Brasil, quando o Brasil é um enorme exportador de etanol,
05:18tem vantagem competitiva nesse assunto.
05:21Então, eu não sei aonde essa frase se encaixa.
05:27Não, eu não sei o que a gente fez no verão passado.
05:31E vou aproveitar o gancho, quero comentar uma frase que ele vem colocando nas cartas,
05:38que é far less than what is needed to eliminate the trade deficit,
05:44disparity we have with your country.
05:48Então, ele sempre está falando que a taxa que ele está aplicando é muito menos do que aquilo que seria necessário
05:58para eliminar o déficit comercial, a disparidade de déficit comercial que eles, Estados Unidos,
06:09têm com o país no qual ele está enviando essa carta.
06:14Isso acho que é um negócio, Felipe e Nath, a gente podia discutir bastante essa frase.
06:20Nossa, se podia.
06:22Então, Nath, só para concluir, eu queria que você depois desse uma olhada,
06:26não sei se você vai conseguir ver, a resposta do presidente Donald Trump
06:30quando a repórter pergunta assim, como é que você chegou nesses números?
06:33Como é que o senhor chegou nesses números? Qual foi a equação, a fórmula?
06:37E daí ele dá uma resposta assim, a fórmula foi o bom senso,
06:40a fórmula foi a relação desequilibrada entre os países?
06:44Ele dá uma resposta enroladora, mas, Azental, gostaria que você visse depois para comentar com a gente,
06:48porque ali é uma típica resposta de quem não tem a menor ideia de qual fórmula foi usada
06:53para chegar àqueles números.
06:54Não, é, inclusive a gente, acho que daqui a pouco consegue rodar aqui de novo o trecho
06:59em que o Donald Trump mencionou o Brasil, tá?
07:01Então, já está pronto, o Nilson Braz, editor-chefe, está dizendo.
07:04Vamos ouvir juntos, então, e a gente continua o papo Azental. Bora lá.
07:07Sim, por favor.
07:09Senhor, pode explicar como calculou a última rodada de tarifas?
07:13Foi usada alguma fórmula?
07:15E o senhor espera que algum desses países aqui também seja tarifado?
07:20A fórmula foi uma fórmula baseada no bom senso, baseada em déficits,
07:26com base em como fomos tratados ao longo dos anos,
07:29e com base em números brutos, e teremos mais alguns deles sendo divulgados hoje.
07:34O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom mesmo.
07:40Acho que divulgaremos um número para o Brasil no final desta tarde ou amanhã de manhã.
07:46Mas elas se baseiam em fatos muito, muito substanciais e também no histórico.
07:51Se você olhar para o histórico, nunca tivemos alguém na Casa Branca
07:56que entendesse os números ou estava envolvido nisso como eu.
07:59Recebemos centenas de bilhões de dólares em tarifas, centenas de bilhões,
08:05e ainda nem começamos.
08:08E isso será ótimo para nosso país e acho que será justo para o mundo.
08:12E realmente não tivemos muitas reclamações porque estou mantendo um número muito baixo,
08:18um número muito conservador.
08:20E não tivemos.
08:22Tenho certeza de que eles reclamarão em algum momento,
08:25mas não tivemos reclamações.
08:27Fomos tratados de forma muito injusta,
08:30tanto por amigos quanto por inimigos.
08:33E os amigos nos trataram muito mal.
08:37Aí, Azental, ele disse que gosta de olhar para o histórico,
08:41que vale a pena olhar.
08:42Eu sei que o Azental olha bastante.
08:43Não, eu quero perguntar, Azental,
08:45você que ouviu agora a resposta do presidente Donald Trump,
08:47eu queria que o senhor comentasse, você como especialista em matemática,
08:51em números, comenta essa fórmula que ele falou.
08:54A fórmula do bom senso.
08:54Então, vamos por partes.
08:55Tem bastante coisa para a gente falar aqui que eu acho bastante interessante.
08:58Primeiro, o Brasil, apesar de ser a décima maior economia do mundo,
09:04não hipercapita, porque senão a gente cai lá para baixo,
09:07a população brasileira é muito grande.
09:09A inserção brasileira no comércio mundial é quase que irrelevante.
09:16ela é um pouco acima de 1%.
09:18O Brasil transaciona muito pouco com o mundo.
09:24E o Brasil tem barreiras tarifárias muito altas.
09:28Para nós, brasileiros, comprarmos qualquer produto lá fora,
09:32mesmo produtos que o Brasil não produz e não tem competência,
09:37a gente paga muito imposto, eletrônicos, etc.
09:40A vida inteira, as tarifas brasileiras são muito altas.
09:46É muito difícil a gente transacionar e é muito difícil para nós,
09:50cidadãos, comprarmos qualquer produto lá fora.
09:54Então, se eventualmente o Brasil tem, sim, tarefas altas,
09:58elas não são exclusivamente direcionadas aos produtos norte-americanos.
10:04Eles são direcionados a qualquer país, porque não é por país,
10:09é por produto.
10:10Então, essa é a primeira parte.
10:12O Brasil tem tarifas altas em geral, sim, quem sofre somos nós.
10:17A gente paga muito imposto nesse país.
10:20Essa é a primeira parte.
10:22A segunda parte, não, não deve ter cálculo por trás disso,
10:26porque cálculo e bom senso não cabem na mesma frase.
10:31Ou você tem cálculo e você tem números,
10:34ou você tem bom senso e você tem intuição.
10:37Então, não cabem na mesma frase.
10:40Então, aquilo que foi comentado, eu relevo.
10:44Mais um ponto que eu acho importante é as tarifas já podem ter começado
10:48a causar algum efeito nas exportações brasileiras.
10:52Eu tenho uns números aqui.
10:54Quando a gente compara, dados da Amsham,
10:56quando a gente compara maio desse ano com maio do ano passado,
11:00o café não torrado, e a gente exporta café não torrado,
11:03a gente exporta via de regra café verde, menos 32% de exportação,
11:09ferro gus a menos 13%, celulose está sofrendo, menos 22%,
11:15óleos combustíveis de petróleo, menos 21,7%,
11:20equipamentos de engenharia, menos 30%.
11:24Às vezes, não é só questão, como está tendo uma bagunça tarifária mundial,
11:30não é só que uma tarifa para o Brasil ficou eventualmente mais cara,
11:35mas para o mesmo produto, os americanos podem estar comprando de outro país
11:40por uma tarifa mais barata.
11:43Aí os americanos compram do outro país e não mais do Brasil,
11:48porque as tarifas estão variando de produto para produto,
11:52de país para país, e está uma bagunça.
11:55Aquilo que era mais estável, hoje está instável.
11:57Então, isso está acontecendo, sim.
12:00E a frase emblemática do Trump em relação às tarifas,
12:07que ele aplica uma tarifa de importação,
12:10porque tem um déficit comercial.
12:12O déficit comercial norte-americano é muito mais função
12:18de uma política econômica norte-americana,
12:22no sentido de produzir fora do país e não internamente,
12:27só para te dar um exemplo,
12:28não se fabrica televisão no território norte-americano.
12:32Todo e qualquer aparelho de televisão norte-americano
12:36é produzido fora.
12:38O trabalhador norte-americano é caro, ele ganha muito,
12:45então eles exportaram a produção para fora.
12:48Isso foi uma estratégia norte-americana,
12:50inclusive levar fábricas para a China,
12:53há 30, 40 anos atrás, que nem os europeus fizeram,
12:57e importaram os produtos, teoricamente, mais baratos,
13:01e não gerou a inflação norte-americana,
13:03custo de vida baixo norte-americano.
13:06Então, foi uma estratégia deles próprios.
13:09Agora ele quer reverter, trazer as indústrias de volta,
13:13de um dia para outro, aplicando tarifas.
13:16O que a gente sabe que aplicar tarifas,
13:18o que vai trazer para eles,
13:20é que os produtos que eles compram,
13:22de imediato vão ficar mais caros, é isso?
13:25É, Azental.
13:26Dados e bom senso não cabem na mesma frase.
13:29Se nada, Alberto Azental.
13:31Adorei.
13:31Obrigada, viu, pela reflexão, por todas as informações.
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