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O professor de direito internacional da FGV UFF, Evandro Carvalho, analisa o aguardado encontro entre Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul. Ele explica como a disputa tarifária e os interesses estratégicos de EUA e China podem moldar a geopolítica global e influenciar mercados e diplomacia.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00E para falar sobre a expectativa do tão aguardado encontro entre Donald Trump e Xi Jinping,
00:06que vai acontecer na manhã de quinta-feira na Coreia do Sul, ou seja, no final da noite
00:12dessa quarta-feira aqui no horário ocidental, no horário de Brasília, eu recebo o Evandro
00:18Carvalho, que é professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas, também leciona
00:24na Universidade Federal Fluminense e que foi reconhecido pela própria China como um dos
00:30grandes sinólogos, ou seja, estudiosos de China pelo mundo.
00:36Professor Carvalho, é uma honra agora, a gente já se falou tantas vezes, o senhor deu mais
00:41um título, o que lhe credencia ainda mais para falarmos sobre a Ásia, em especial a China.
00:49Parabéns pelo título, um prazer tê-lo aqui, compartilhando seus conhecimentos com os
00:55nossos telespectadores.
00:57Além da boa-vinda, dos elogios mais do que merecidos, já emendo a primeira pergunta,
01:03qual é essa expectativa, né?
01:04Está todo mundo de olho, todo mundo fazendo as suas apostas, levando em consideração o
01:10passado recentíssimo de Donald Trump, que estava vociferando contra o governo brasileiro,
01:16mas depois foi super simpático com o presidente Lula e desejou feliz aniversário, encheu de
01:23elogios.
01:24O Trump já era mais elogioso ao Xi Jinping.
01:28Agora, talvez essa reunião termine com mais sorrisos ou mais rangeres de dentes.
01:35Eu sei que a gente está fazendo um exercício de futurologia e apostas.
01:39Como o senhor é um sinólogo reconhecido até pela China, eu aposto muito na sua aposta.
01:46Boa noite mais uma vez.
01:49Boa noite, Favale.
01:50Muito obrigado por sua gentileza nos comentários.
01:53É uma satisfação estar aqui novamente com você, tratando desses temas que são importantes
01:58não só para a China e para os Estados Unidos, mas também para o mundo.
02:02uma vez que os acordos ou desacordos entre esses dois grandes países, duas grandes economias,
02:08acabam impactando muito muitos outros países do mundo.
02:12Esse será o primeiro encontro desde a posse do Donald Trump em seu segundo mandato.
02:19Primeiro encontro entre os dois líderes, presencial, depois de ter momentos de tensão nessa
02:26relação bilateral em função da política externa presidencial do próprio Donald Trump
02:34de um estilo bastante agressivo e utilizando muitos mecanismos tarifários para impor que
02:43a outra parte, um outro país que é alvo desse tarifácio dos Estados Unidos, queira se sentar
02:50a mesa.
02:50Então, é o primeiro encontro, há uma expectativa muito grande e perceba esse tipo de encontro
02:56pessoal entre dois líderes, quando tem uma diplomacia extremamente profissional, é preparado
03:02com antecedência, de modo que me parece que o terreno para que haja uma conversa bastante
03:09diplomática, com muitas cortesias, de lado a lado, visando preparar um terreno para um
03:18início de um processo de negociação que venha a ser minimamente exitoso, das partes mais
03:25delicadas dessa negociação bilateral e a gente pode conversar sobre esses casos, sobre
03:30quais são esses pontos, talvez, mais nevrálgicos da relação bilateral.
03:35Mas o fato é que o que se espera diante da sua pergunta final, eu acho, é que haverá um
03:42resultado final de boa vontade, uma sinalização de boa vontade.
03:46importante, portanto, é um resultado, vamos dizer assim, minimamente positivo, de que os
03:51dois lados vão sentar para conversar e tentar resolver as diferenças, aquelas pelo menos
03:57que são mais fáceis, esses nós mais fáceis de desatar.
04:01Lembrando que são dois países que estão num cabo de força muito grande, numa medição
04:09de força em função mesmo de um contexto mais amplo, de disputa pelo mercado global, pela
04:19influência política nas relações internacionais.
04:23Então, teremos agora, vamos dizer assim, uma fase de calmaria, mas é muito provável que
04:28a médio prazo teremos também alguns momentos de pico de tensão retornando, até mesmo em
04:35função dessa complexidade da relação entre esses dois grandes países.
04:40Pois é, professor Evandro, concordo com o senhor.
04:42Primeira parte, a diplomacia, e nós estamos falando de uma diplomacia ocidental, no caso
04:48dos Estados Unidos, que tem mais de dois séculos e meio, no lado da China, um país que tem uma
04:54história milenar de 5 mil anos e que também ajudou a construir a política, agora mais recentemente
05:02do século XX, no pós-guerra.
05:05Então, existe essa cortesia, essa corte, quase que um balé entre as partes diplomáticas.
05:12Virando a página, mas vamos para a parte de fato, aquele chão da realidade.
05:20Convenhamos, professor Evandro, que Estados Unidos e China, por mais que haja uma disputa
05:25hegemônica no século XXI, olhando a parte pragmática dos dois, é uma relação simbiótica.
05:33Eles criaram ali um laço umbilical.
05:36E agora com outros contornos, terras raras, inteligência artificial, semicondutores,
05:44esse trânsito de venda de commodities e depois entrega de produtos de alto valor agregado.
05:52E o tarifácio, de certa forma, bateu em alguns setores da economia americana e alguns setores
05:59da sociedade.
06:00Alguns produtos vão ficar mais caros.
06:03O ano que vem, eleição legislativa nos Estados Unidos.
06:07O eleitor, quando sente no bolso, responde na urna.
06:11Então, essa equação com tantas variáveis, agora eu coloco o senhor para fazer esse cálculo
06:18equacional, como é que deve ficar?
06:22Pragmaticamente, o Trump deve recuar para não atingir muito a economia americana?
06:30Eu acredito que ele vai recuar em alguns pontos.
06:33Em função de um contexto eleitoral que se aproxima, sempre uma preocupação desses
06:38políticos nos processos democráticos de escolha dos sucessores, enfim, e obviamente dos apoiadores,
06:47quando tem essas eleições de meio termo, do meio de mandato, acredito que ele deverá
06:54recuar.
06:55Mas tem um ponto também importante.
06:56A China é o único país que está respondendo a essas reações, essas sanções econômicas
07:04dos Estados Unidos.
07:05Então, o Donald Trump impõe uma tarifa punitiva de 20%, por exemplo, no mês de março, alegando
07:12que a China não contém, por exemplo, o fluxo de produtos químicos usados na fabricação
07:17de fetanil.
07:17E, por outro lado, a China vai e impõe uma tarifa retaliatória de 25% sobre os produtos
07:23agrícolas norte-americanos, reduzindo enormemente a importação de soja dos Estados Unidos, provocando,
07:32portanto, um prejuízo econômico para esse setor da economia dos Estados Unidos.
07:37Então, aí o Donald Trump impõe restrições a produtos tecnológicos chineses e a China
07:46vai e restringe a exportação de terras raras para os Estados Unidos, dependente muito
07:57dessas terras raras, e a China é o país que tem a maior reserva de muitos desses minérios.
08:05Então, é o país que está, de fato, respondendo a essas sanções econômicas.
08:10E os Estados Unidos, do mesmo modo que a China sente o ataque econômico dos Estados Unidos,
08:16os Estados Unidos também estão sentindo a dor dessas reações da China, de modo que
08:22só tem dois caminhos, ou continuam escalando cada um usando as armas que têm em mãos
08:30para o outro sentir a dor, lembrando sempre que os Estados Unidos é que iniciaram essa
08:36guerra comercial, ou de fato vão sentar agora e resolver essas diferenças, pelo menos mais
08:44pontuais, de lado a lado.
08:46E, claro, o Donald Trump é preocupado com o impacto que tem essa guerra comercial com
08:50a China no próprio mercado interno dos Estados Unidos, com reflexo sobre o consumidor norte-americano.
08:58Então, acredito que haverá, deverá haver o recuo.
09:01E, aliás, quando a gente olha o panorama geral, a gente está percebendo que o Donald Trump
09:05agora está numa fase de tentativa de equacionar os diversos problemas que ele mesmo gerou na relação
09:13com alguns países, como foi o caso do Brasil, por exemplo, sabendo, claro, que às vezes
09:19esse método do Trump pode ter seus momentos de altos e baixos, mas, de todo modo, ele sinaliza
09:26estar numa fase de tentar compor.
09:29Agora, veja, é importante também dizer que, de certo modo, essa política tarifária,
09:35essa metralhadora giratória tarifária do Trump tem gerado alguns benefícios para ele
09:44de forçar que o outro lado sente para negociar condições que interessam a ele.
09:49A gente viu agora na notícia a questão da Coreia do Sul no investimento na indústria
09:54naval, que é um setor que preocupa muito os Estados Unidos em relação ao fato de que
09:59a China hoje já tem um domínio na indústria naval muito grande.
10:03Então, agora, é uma metodologia antipática, quer dizer, o Donald Trump pode até estar
10:09conseguindo alguns ganhos com isso, naturalmente também gerando alguns problemas internos,
10:15mas é uma metodologia de negociação muito antipática e, de certo modo, instável, que
10:23contrasta, portanto, com a diplomacia chinesa, que tem sido mais estável, mais previsível
10:29e muito mais simpática na relação com os países, respeitosa, pelo menos, do princípio
10:36da igualdade soberana.
10:39Professor Levando, eu só lamento quando a nossa conversa acaba.
10:43É um tema tão amplo.
10:45Eu tinha aqui um secto de perguntas para fazer, até porque esse tema gera muitos desdobramentos,
10:52mas o Donald Trump sempre nos dá muitos argumentos para retomarmos as nossas conversas.
10:59Eu espero que a próxima seja muito em breve.
11:01Agradeço publicamente, mais uma vez, parabenizo publicamente o professor Evandro Carvalho,
11:07aí eleito um dos maiores sinólogos estudiosos de China em todo o mundo, que também é docente
11:12da Fundação Getúlio Vargas, da Universidade Federal Fluminense e que sempre, muito gentilmente,
11:19nos atende aqui para esclarecimentos.
11:22Professor Evandro, obrigado mais uma vez, bom restinho de semana, até uma próxima.
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