Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Leonardo Trevisan, economista e professor de relações internacionais da ESPM, analisou o impacto da ascensão da China e o papel do Brasil nesse novo xadrez global. Ele relembrou decisões históricas de Vargas e destacou como o país pode usar a disputa China-EUA como oportunidade estratégica.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Vamos continuar no assunto e para tal eu converso agora com Leonardo Trevisan,
00:04economista e professor de relações internacionais da ESPM,
00:09um habituê da nossa programação, fala sobre muitos assuntos,
00:12mas eu vou expor uma parte da biografia aqui do professor Trevisan.
00:17Os temas envolvendo a China, eles são muito preciosos, são muito caros.
00:21Uma boa passagem da vida acadêmica do professor Trevisan são de estudos na China,
00:26então por isso que o senhor é o homem certo na hora certa, professor Trevisan.
00:30Sempre um prazer recebê-lo aqui, emendando aí essa volta do presidente Lula de Pequim,
00:37depois de ter estado presencialmente com Xi Jinping, o presidente chinês,
00:42trazendo acordos e tudo mais.
00:44O Brasil sempre teve essa coisa em cima do muro,
00:47tinha até uma honra de dizer que é a Suíça dos trópicos,
00:51estar em todos os lados ao mesmo tempo.
00:54Isso não atrapalha um pouco o nosso projeto de país?
00:57Porque às vezes é preciso escolher um lado, professor Trevisan.
01:01Claro que nós temos com a China o nosso maior parceiro comercial,
01:05não queremos perder as ligações que temos com os Estados Unidos,
01:09mas para nos tornarmos aqueles que sentam na mesa dos adultos,
01:13naquela reunião, no banquete familiar,
01:16a gente não tem que escolher um lado?
01:18Obrigado mais uma vez por participar aqui do nosso programa.
01:21Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos que nos escutam.
01:28Essa pergunta é ótima.
01:34Essa é a pergunta que nós temos que nos escolher para nós como projeto de país.
01:41Nós estamos acompanhando a uma mudança muito significativa
01:46no xadrez geopolítico do mundo.
01:49Na verdade, quando a gente olha para esse xadrez,
01:52nós estamos vendo pela primeira vez uma mudança efetiva
01:56desde o final da Segunda Guerra Mundial.
02:00Olha que coisa, hein?
02:011945, 55 anos, 80 anos, até o fim do século.
02:07Por que essa mudança é tão sensível?
02:10Porque a Guerra Fria, de certa forma,
02:13ela ainda foi produto dos resultados da Segunda Guerra Mundial.
02:18É isso que está em jogo.
02:20Nós estamos agora assistindo a um novo quadro internacional.
02:28Todo mundo está vendo que a China, que era um país com pouca importância
02:34naquele contexto anterior, no final da Segunda Guerra Mundial,
02:38produto da grande humilhação, só para a gente ter uma referência.
02:42Em 1980, o PIB chinês era mais ou menos do mesmo tamanho do que o do Brasil.
02:51Era minúscula a diferença.
02:53Só que a China tinha nove vezes mais população que o Brasil.
02:56Entre 1980 e agora, 45 anos, a China tem um PIB
03:02que é praticamente nove vezes maior que a do Brasil.
03:05É disso que nós estamos falando.
03:07A mudança é dessa chegada de uma potência desafiante para o mundo.
03:14E ela chega de um novo modo.
03:17Olha que coisa curiosa, Marcelo.
03:20A China chega disputando um espaço
03:23e fazendo um discurso retrô, um discurso de ontem,
03:29um discurso daquilo que era da nação dominante.
03:34Olha que coisa curiosa.
03:35É a China que fala em multilateralismo,
03:38que era o discurso do Ocidente.
03:41A China, dos americanos, dos Estados Unidos,
03:44é a China que fala em respeito às potências, às fronteiras.
03:50É a China que fala em manter regras serenas do comércio internacional.
04:00Esse discurso, ela se apropria do discurso americano.
04:04Você vai me dizer, até nisso a China está hoje dando as cartas?
04:09Exatamente.
04:10Quando nós olhamos para a realidade, principalmente das disputas tecnológicas,
04:18nós tomamos um susto.
04:19A China está presente em todas as áreas.
04:23Se alguém tem alguma dúvida sobre isso,
04:27observe o comportamento dos combates aéreos da semana passada
04:34entre Paquistão e Índia.
04:37Os jatos de caça chineses, com tecnologia chinesa,
04:44deram um banho, para usar uma expressão bem nossa, bem brasileira,
04:49nos jatos franceses e nos F-16 indianos.
04:54Opa!
04:55Quer dizer que chegou, inclusive, no mundo militar.
04:59De alguma forma, quando nós olhamos para esse quadro,
05:02nós entendemos melhor.
05:04O Brasil está olhando para esse novo quadro e, como disse você, Marcelo,
05:10talvez aquele discurso anterior nosso tenha que mudar um pouco.
05:16Aquele discurso de nós não pertencemos a nada, nós estamos distantes.
05:20Nós somos equidistantes do poder.
05:23Nós somos equidistantes do poder, mas hoje,
05:29quando nós olhamos para os interesses, talvez nós temos que olhar para esse balanceamento
05:35de uma forma também nova, não mais com os olhos da Guerra Fria,
05:40com os olhos dos interesses nacionais, das mudanças tecnológicas
05:44e, principalmente, do novo xadrez geopolítico.
05:47A China chega para jogar um jogo de igual para igual com os Estados Unidos,
05:53apoiado em uma quantidade enorme de países.
05:58Só para fecharmos, dos 193 países que compõem a ONU,
06:05151 deles, olha o número, 190, 150 deles,
06:12tem corrente de comércio, soma de importação e exportação
06:16maior do que a China, com a China, do que com qualquer outro.
06:21É este novo mundo que nós vamos ter que participar
06:24e participar, como disse você,
06:27por favor, sentado na mesa dos que decidem.
06:31Professor Leonardo, o senhor citou aí o finalzinho da Segunda Guerra Mundial,
06:351945, esse ano a gente lembra 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial.
06:39Eu vou fazer uma comparação, assim, grosseira, de grandezas diferentes,
06:45mas para encontrarmos juntos um ponto em comum, uma intersecção.
06:50Getúlio Vargas colocou as cartas na mesa e, dependendo,
06:55diante das ofertas, tendeu para os americanos e não para os alemães.
07:00O Palácio do Planalto pode estar fazendo alguma coisa nesse sentido?
07:04Bom, estou voltando da China com bilhões de contratos apalavrados,
07:10dezenas aqui de acordos pré-assinados.
07:13Bom, Estados Unidos, o nosso balcão de negócios está aí aberto.
07:18Donald Trump está falando de tarifácio, de muros,
07:21enquanto com os chineses estão construindo pontes.
07:24Isso pode ser de um efeito colateral, um desdobramento,
07:28uma oportunidade para o Brasil também chamar outras potências para negociar,
07:34para investir aqui no Brasil, diante do que os chineses já fizeram?
07:42Marcelo, você trouxe um exemplo histórico perfeito para que a gente pense junto.
07:49Getúlio Vargas, 1944, 42, 41, 42, 43, a guerra já estava decidida,
08:00a guerra já estava em curso, o Brasil precisava escolher um lado,
08:05Getúlio sorriu para os dois lados.
08:08O lado americano nos deu a Vale do Rio Doce,
08:12o lado americano nos deu a Siderurgia Nacional,
08:15a Vale do Rio Doce nos deu a industrialização brasileira.
08:22Aquilo que os alemães negaram, os americanos concederam.
08:27E o Brasil participou no processo,
08:32se integrou no processo do novo xadrez geopolítico.
08:36A Segunda Guerra Mundial começou com um mundo sob três donos,
08:41Alemanha, Inglaterra e França,
08:43e terminou com dois donos absolutamente novos,
08:47União Soviética e Estados Unidos.
08:50Nós estamos num momento semelhante.
08:53O teu exemplo é muito bom.
08:57O que é que a China está nos oferecendo?
09:00A gente precisa pensar sempre, sabe, Marcelo,
09:04naquela frase daquele ministro da Economia da Nigéria,
09:10que custou caro para ele essa frase.
09:12Um relatório do Fundo Monetário Internacional a reproduziu.
09:17O que ele dizia?
09:19Que toda vez que os nigerianos tinham um projeto e tudo mais,
09:23e eles se aproximavam dos americanos,
09:26eles ganhavam em retorno um sermão.
09:31Todas as vezes que eles se aproximavam dos chineses
09:34com o mesmo projeto,
09:36o mínimo que eles ganhavam era um aeroporto.
09:39É disso que nós estamos falando.
09:42É dessa possibilidade que os chineses estão oferecendo
09:45de nos colocar num mundo tecnologicamente mais novo.
09:51Olha a composição desses 27 bilhões.
09:55Olha a composição deles.
09:58Observe que são todas indústrias novas.
10:00Não é só o carro elétrico.
10:03É o combustível novo de aviação que virá.
10:07É o novo formato dos algoritmos
10:11que a plataforma delivery chinesa tem
10:15e que é muito maior, muito mais forte
10:17do que a que nós estamos acostumados a lidar.
10:20Se alguém tem alguma dúvida sobre isso,
10:22pensa no algoritmo de engajamento do TikTok e do Facebook
10:25e vê a diferença.
10:26Quando nós olhamos para esse quadro,
10:30nós entendemos que, talvez,
10:31quando a gente está pensando em termos
10:33de uma industrialização nova,
10:36baseada em um universo digitalizado
10:39e não um universo ainda mais anacrônico,
10:48nós temos que pensar que a China está nos oferecendo
10:50exatamente isso,
10:52de fármacos, de biotecnologia.
10:54Ela está abrindo os seus mercados para nós,
10:58para produtos que nós somos muito eficientes em fabricar,
11:04mas ela está oferecendo para nós
11:06um repasse de tecnologia que nós não temos.
11:09Há um detalhe pequeno nesse repasse.
11:13Até mesmo uma empresa de semicondutores
11:16os chineses estão pensando em instalar.
11:19Não é só a fábrica elétrica em Catalão, em Goiás,
11:23a fábrica no Nordeste, a...
11:25Não, não.
11:27Nós estamos falando de um potencial desenvolvimento de semicondutores.
11:32Você fez uma boa lembrança.
11:34O aço, a siderúrgica, em 1940,
11:38tinha muito esse perfil de mudar a história,
11:42mudar o futuro de novas gerações.
11:44É um pouco o que nós estamos fazendo agora.
11:46Bom, conversar com o professor Leonardo Trevisan
11:50é a garantia de uma aula, mesmo que seja pocket.
11:54Trevisan, obrigado, não tenho palavras para agradecê-lo.
11:57Sempre muito edificante conversar contigo.
12:01É um prazer de novo.
12:02Professor Leonardo Trevisan, economista,
12:04professor de Relações Internacionais da ESPM,
12:07a quem eu agradeço mais uma vez
12:09e já prometo nos conectarmos com ele muito em breve
12:12para tratarmos aí das questões universais
12:15que tem o Brasil aí como pano de fundo.
12:18Trevisan, obrigado, até uma próxima.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado