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O Brasil recebeu mais de US$ 2 bilhões em investimentos chineses em meio à guerra tarifária de Trump. Mas até que ponto isso é positivo? Daniel Cassetari, CEO da HKTC e especialista em comércio exterior, analisa os impactos para a infraestrutura, a indústria e a soberania nacional.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00Em meio à guerra tarifária de Trump, o Brasil foi o segundo país que mais recebeu investimentos da China.
00:08Somente este ano foram investidos mais de 2 bilhões de dólares, segundo o China Global Investment Tracker.
00:16Sobre esse assunto, converso agora com o Daniel Cassettari, que é CEO da HKTC e especialista em comércio exterior.
00:25Cassettari, obrigado por nos atender aqui em plena sexta-feira.
00:30Queria começar com uma análise crítica, porque nem tudo que reluz é ouro.
00:34A gente lê a notícia, uau, 2 bilhões de investimentos chineses no Brasil, não estou dizendo que não existam aspectos positivos.
00:43Mas, por outro lado, o outro lado da moeda, isso nos amarra a China, impede um crescimento interno ou um desenvolvimento tecnológico?
00:55Ou eu estou fazendo uma leitura muito pessimista?
00:59Estes investimentos também trazem, junto, uma chance de um compartilhamento de hoje um país que é um dos grandes polos tecnológicos do Brasil.
01:10Qual que é a tua análise, Cassettari?
01:11Marcelo, boa noite. Boa noite a todos.
01:16Você foi direto ao ponto, você foi muito cirúrgico na sua análise.
01:20O que acontece?
01:21A China, ela sempre está um passo à frente às coisas que estão acontecendo em qualquer lugar do mundo.
01:28Então, esses investimentos, é como você bem disse, ele não parece que é bem uma coisa assim,
01:33que maravilha, né?
01:342 bilhões de dólares investidos no Brasil.
01:37Na verdade, a China já vem investindo no Brasil nos últimos 10 anos, né?
01:41E ao encontro que vem acontecendo no Tarifácio agora, que a China não colocou nenhuma opção de compra de soja dos Estados Unidos,
01:49é bom lembrar que a China tem compro, portos e infraestrutura logística no Brasil de forma, assim, gigantesca.
01:57Então, pensa bem, existe uma teoria que diz que o país que controla a alimentação, que controla a comida,
02:05ele tem um poder muito grande sobre o mundo.
02:08Agora, a partir do momento em que eu produzo muita comida, mas ao mesmo tempo eu controlo a saída dessa comida,
02:15para onde ela vai ou não, através dos meus investimentos de infraestrutura,
02:19eu também tenho um poder muito grande sobre esse país.
02:21Então, essa situação que você falou, não me parece bem que é uma coisa muito legal,
02:25é realmente isso. A China tem grandes investimentos, já vem fazendo há anos,
02:30portos de Paranaguá, tem muitos portos aí no Brasil que a China está explorando
02:34e quer explorar muito mais, não só no Brasil, mas na América do Sul.
02:40Então, é uma forma, já que eu não consigo controlar a produção de soja, de alimento que o Brasil tem,
02:46quem sabe eu consigo controlar para onde ser escoado.
02:50Agora, Cacetário, também não quero ser aqui o pessimista da sala, né?
02:54Eu acho que o copo, quando você põe metade da água, a gente lê o tal copo meio cheio ou meio vazio.
03:01Quero ser esperançoso, vamos tentar olhar a parte do copo mais cheio.
03:05Você falou dos portos na América do Sul, né?
03:08Não é só no Brasil.
03:10A China foi fundamental na construção daquele que é o maior porto hoje no Peru,
03:16um dos principais pontos de escoamento virados para o Pacífico.
03:21E justamente fazendo essa conexão entre Atlântico e Pacífico, existe um projeto muito ambicioso,
03:28já está assinado mais do que apalavrado, que é essa via transoceânica que liga o litoral brasileiro Atlântico
03:37até o litoral chileno no Pacífico.
03:41No meio do caminho tem um detalhe chamado Cordilheira dos Andes, você tem que furar isso aí.
03:47Então, é uma grande obra de infraestrutura.
03:50A China vem aí como a grande financiadora, não só de dinheiro, mas também de uma base tecnológica
03:57e uma força de vontade para fazer uma obra faraônica.
04:02Esse pode ser um lado do copo meio cheio?
04:07Quer dizer, a gente pode tirar essa vantagem dessa expertise, essa vontade de fazer,
04:13quando a gente fala de infraestrutura dos chineses?
04:17É, eu sou um pouco pessimista nesse caso.
04:20Eu vejo que quando outro país controla a logística interna aqui do Brasil,
04:25eu fico um pouco receioso com o que pode acontecer,
04:30porque por mais que tenhamos capacidade de produção das nossas commodities,
04:37do agro e tudo mais, esse controle logístico,
04:41e com certeza a China faz isso de forma impecável,
04:45e ela é muito precisa, e ela é muito rápida.
04:47Quando você percebe, ela já fez, ela já está aqui,
04:51ela já está presente em vários lugares.
04:53Então, assim, eu não acho muito seguro termos o controle logístico na mão de um outro país,
05:01que também é o nosso grande parceiro comercial,
05:04tem se tornado agora, o Brasil tem se tornado o grande parceiro comercial da China,
05:08então eu olho isso com um pouco de receio.
05:11Lembrando que todos os passos da China, ele sempre tem um à frente.
05:15Ele está fazendo um aqui, nós estamos comentando sobre ele agora,
05:19mas ele já está com um outro passo à frente.
05:21Daniel, tem um economista que eu sempre cito, Roberto Campos,
05:28foi avô do Roberto Campos Neto, que até recentemente era o presidente do Banco Central,
05:34tem uma obra clássica, Lanterna na Popa,
05:37que fala muito do perfil e do crescimento da evolução econômica no Brasil,
05:41um raio-x até bastante crítico da nossa postura.
05:45O lado político-econômico, eu acho que tem uma frase que sintetiza isso,
05:48ela é meio jocosa, mas ela funciona, que o Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade.
05:54A história vem passando e a gente fica à margem ali, vendo o trem da história passar.
05:59O carro elétrico, o carro elétrico a gente já vê que é um movimento inexorável,
06:04nem todo mundo talvez queira comprar um carro elétrico,
06:06mas a gente tem percebido que essa transição energética,
06:10ela chegou num ponto que não tem mais retorno,
06:13os chineses trouxeram o carro elétrico para o Brasil,
06:17já tomaram conta do inconsciente coletivo aqui do consumidor,
06:21qualquer um que está nos assistindo já lembra de uma marca chinesa de carros elétricos,
06:26estão abrindo fábricas aqui,
06:28e nesse momento, na história, não tem uma fábrica 100% brasileira de carros elétricos,
06:34como a gente também não teve uma fábrica 100% de motores a combustão.
06:39São produzidos veículos aqui, mas a versão brasileira de montadoras,
06:44que vieram da Europa, dos Estados Unidos, do Japão e mais recentemente agora da China.
06:50Então, assim, tem um aspecto positivo que a gente tem esse produto de alto valor agregado,
06:55mas mais uma vez a gente está dependendo de uma tecnologia de fora.
07:01Tem como a gente tirar vantagem disso, na tua opinião, Daniel?
07:04Porque o Brasil passou por um período fortíssimo de desindustrialização.
07:10As indústrias foram embora, algumas agora estão voltando, né?
07:13Foram embora os japoneses, estão chegando os chineses, foram os americanos,
07:17de novo os chineses estão voltando, pegando fábricas que eram dos japoneses, dos americanos.
07:22A gente tem como tirar proveito, aprender com essa tecnologia,
07:26para quem sabe, num futuro não muito distante, andarmos com as próprias pernas?
07:30Marcelo, isso deveria ter sido feito no início, né?
07:34Bem no início, quando as indústrias chinesas estavam...
07:37Todas as indústrias, como você disse, as americanas, as chinesas, japonesas,
07:41quando elas estavam vindo ao Brasil, alguns países fazem uma parceria.
07:46Olha, eu deixo você colocar aqui a sua indústria,
07:50mas nós vamos ter que compartilhar a tecnologia,
07:52nós vamos ter que compartilhar estudo, desenvolvimento e tudo mais.
07:55Então, o Brasil peca nisso, é aquilo que você falou.
07:58O Brasil não perde a chance de perder as oportunidades,
08:01então, isso deveria ter sido no início.
08:04Para nós é um avanço muito grande, porque, querendo ou não,
08:07a mão de obra que vai ser trabalhada,
08:11e aí o incentivo ao desenvolvimento tecnológico no Brasil,
08:14talvez venha por essa via, talvez venha por essa via.
08:18Mas isso já deveria ter sido feito lá atrás, né?
08:21No momento em que eu falo, olha, tudo bem, você pode vir se instalar,
08:24eu vou dar os benefícios, ou eu vou apoiar a sua indústria aqui,
08:28porque vai gerar empregos e tudo mais,
08:30mas somente isso é muito pouco.
08:32Eu preciso de ter uma participação no desenvolvimento tecnológico,
08:36no segredo industrial, na produção, no desenvolvimento.
08:39Então, é na incorporação de engenheiros,
08:42de mão de obra, de pesquisa brasileira junto a essa que está vindo para o país.
08:47Então, o momento deveria ter sido lá.
08:49Mas não vamos deixar de perder, não.
08:50Eu acho que isso aí cria bastante incentivo
08:54para quem já vai estar trabalhando na área
08:56e desenvolvendo aí o seu interesse pela tecnologia de outros países,
09:01e não só da China, como ainda os outros que estão no Brasil.
09:05Cacetela, para a gente encerrar,
09:07eu preciso terminar contigo para usar o verbete de 2025, né?
09:12Tarifácio do Trump.
09:13Claro que o Brasil, que tem a maior relação comercial contra o país com a China,
09:20a nossa relação com os Estados Unidos,
09:22nosso segundo maior parceiro comercial,
09:23é deficitária, é superavitária com os chineses.
09:27E talvez alguém que olha aqui e veja,
09:29não, estamos sendo tarifados pelo Trump 50%,
09:33as maiores tarifas para o Brasil e para a Índia,
09:35mas a gente tem uma boia de salvação com os chineses.
09:39A tendência é que o nosso fiel da balança
09:43fique mais para o Oriente do que o Ocidente?
09:46Quer dizer, o Trump de alguma maneira
09:47entregou o Brasil de bandeja, de prata agora para a China?
09:51Nesse primeiro momento ele entregou de bandeja,
09:54colocou numa bandeja de prata, literalmente,
09:56e nesse primeiro momento ele realmente fez isso.
09:59Agora é muito temerário nós tirarmos qualquer conclusão para o futuro.
10:03Nesse momento eu percebo que o Donald Trump,
10:06ele fez uma movimentação e talvez o setor agro norte-americano
10:11já esteja fazendo uma pressão sobre ele
10:13para que ele reveja toda essa circunstância,
10:15todas essas situações.
10:17Para o Brasil é uma vantagem muito boa,
10:19mas isso não vai se sustentar.
10:20Os chineses são muito, muito articulados.
10:23Eles não farão do Brasil ser o único fornecedor de produtos.
10:27Obviamente que nós vamos ter que surfar,
10:29aproveitar esse momento, nós não podemos deixar passar,
10:31porém, a tendência é que, isso mesmo,
10:35que a Ásia se torne bem um pouco mais,
10:37tem a visão do mercado brasileiro,
10:40e nesse momento foi entregue de bandeja
10:43essa fatia de mercado aos brasileiros.
10:46Eu sempre encerro as entrevistas da mesma maneira,
10:48não é que eu sou repetitivo,
10:49é que o ensejo é sempre o mesmo.
10:52Daniel Cacetari, a gente vai voltar a se falar,
10:54não vai demorar muito,
10:55e o tema vai ser o mesmo,
10:57porque tem muita ponta solta ainda nessa história,
10:59envolvendo o Brasil, China, Tarifácio, tudo mais.
11:03Queria agradecer a conversa que eu tive com o Daniel Cacetari,
11:06CEO da HKTC,
11:09um especialista em comércio exterior
11:10que sempre nos atende aqui com muita qualidade.
11:13Bom final de semana, Cacetari.
11:15E aí
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