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Em entrevista exclusiva, Valdir da Silva Bezerra, mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo, analisa o impacto das tarifas de Trump sobre o Brasil e outros membros dos Brics. Ele comenta a possibilidade da desdolarização, a ausência de acordos com China, Índia, Rússia e Brasil, e os riscos do isolacionismo americano frente à crescente influência da China na América Latina.

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Transcrição
00:00Eu converso agora com o Valdir da Silva Bezerra, que é consultor do Banco Mundial e mestre em relações internacionais
00:06pela Universidade Estatal de São Petersburgo, na Rússia.
00:11A quem eu agradeço mais uma vez por participar aqui da nossa programação.
00:15Valdir, muito obrigado.
00:16E deixar todo mundo aqui na mesma página, né?
00:19O Valdir é uma fonte minha bastante antiga, ele estudou na Rússia e agora ele pode nos dar uma visão muito específica sobre BRICS.
00:28Afinal, a Rússia é um desses gigantes, dos BRICS.
00:32E eu também coloco nessa equação, Valdir, o seguinte, a gente estava vendo uma entrevista mais cedo com o Howard Lutnix,
00:38que é o secretário de Comércio dos Estados Unidos, em que ele fala, estamos negociando com a China.
00:44Ou seja, Estados Unidos ainda não tem um acordo com a China.
00:48O presidente Donald Trump voltou a cerca de uma hora e meia da Escócia e quando ele estava descendo ali,
00:58no trecho final da viagem, ele fez uma breve coletiva de imprensa.
01:02A gente até mostrou um pouquinho mais cedo um trechinho, em que ele falou,
01:05também não fechamos ainda um acordo com a Índia, China, Índia.
01:10O presidente Donald Trump já deu um ultimato à Rússia envolvendo a guerra na Ucrânia,
01:15mas também não tem um acordo com a Rússia.
01:16E o Brasil está tentando ser ouvido pelo Donald Trump, também não fecha um acordo ainda com o Brasil.
01:23Não coincidentemente, nós estamos falando de quatro países dos cinco que compõem o Enneagrama ali, BRICS.
01:32Só faltou a África do Sul nesse quinteto, mas dos quatro a gente tem Rússia, China, Índia e Brasil.
01:40Claro que este componente do BRICS faz parte, em algum momento, da complicada equação do tarifaço.
01:49O fato de nós termos uma forte tarifação contra o Brasil, ainda estar pendente um acordo com a Rússia,
02:00perdão, um acordo com a China e com a Índia, um ultimato com a Rússia.
02:05Dá para a gente chegar, diante dessas premissas, Valdir, uma conclusão de que, sim, os BRICS estão incomodando muito a administração do Donald Trump?
02:16Primeiramente, boa noite, Marcelo. É um prazer falar novamente com a CNBC Times Brasil.
02:23Sim, o agrupamento BRICS é uma coalizão política que incomoda o Donald Trump,
02:29porque o Donald Trump enxerga nos BRICS um desafio à hegemonia norte-americana no mundo,
02:38principalmente por uma questão que tem sido discutida ao longo dos últimos anos,
02:43que é a chamada desdolarização.
02:46Ou seja, dentro dos países dos BRICS, você tem, por exemplo, Rússia e China,
02:53que tem vindo a público para defender a ideia de que os países precisam fazer negócio,
03:02fazer comércio, usando as suas moedas nacionais e não o dólar.
03:08E isso, na visão do Donald Trump, acaba sendo prejudicial à posição americana no mundo,
03:15ao privilégio do dólar como uma moeda internacional de negócios.
03:20E uma questão interessante a respeito da posição americana em relação às tarifas,
03:28é que, ainda que o BRICS seja um grupo que o Trump veja com bastante desconfiança,
03:36essas negociações tarifárias com os Estados Unidos não estão sendo realizadas em bloco.
03:44Ou seja, o BRICS não está atuando em bloco para negociar a diminuição das tarifas.
03:50Essas negociações têm ocorrido de uma forma isolada e bilateral.
03:56Ou seja, China e Estados Unidos, Índia e Estados Unidos e, agora, Brasil e Estados Unidos.
04:04Aldir, deixa eu fazer uma intersecção, porque, além de ser um estudioso de Rússia,
04:09isso te levou também a fazer uma leitura mais específica dos BRICS.
04:13Você também é consultor do Banco Mundial.
04:15Deixa eu fazer uma intersecção entre BRICS e Banco Mundial nesse sentido.
04:19O que você tem ouvido da instituição com relação a Estados Unidos e BRICS?
04:25Se é que tem alguma leitura dentro do Banco Mundial nesse ponto de encontro.
04:31E também no seu conhecimento, na sua leitura,
04:34os Estados Unidos, em algum momento, lá no íntimo, no fundo,
04:39o Donald Trump enxerga os BRICS como um mal necessário.
04:42Por quê?
04:43Tem Brasil que fornece commodities, matéria-prima, itens que vão para a cesta básica do americano.
04:51Tem fertilizantes que vêm da Rússia.
04:53Embora as relações estejam estremecidas, ainda é um player importante.
04:58China dispensa apresentações.
05:01É a maior relação comercial que os Estados Unidos tem com um outro país.
05:04E tem também a Índia, que é um gigante crescendo.
05:08A gente agora há pouco mostrou dados do Fundo Monetário Internacional.
05:13A Índia tem o maior patamar de crescimento, na casa dos 6% de crescimento,
05:18para 2025, 2026, em PIBs de grandes potências.
05:24Em algum momento, os Estados Unidos ou a administração Trump
05:27vai ter que engolir os BRICS pela necessidade de serem abastecidos por eles?
05:32Primeiramente, em relação ao Banco Mundial em si,
05:39não há nenhum tipo de levantamento interno ou conversas a respeito
05:44de como essa administração americana pode ou vem afetando a instituição.
05:50O que eu posso dizer é que, por exemplo, o Banco dos BRICS,
05:56que é, inclusive, o novo Banco de Desenvolvimento,
05:59ele tem gerado uma certa indisposição nessa administração americana,
06:07até levando em conta o fato de que a sua presidente atual,
06:11que é a Dilma Rousseff, fez declarações durante a última cúpula dos BRICS no Brasil
06:17de que o MDB, que é a sigla do Banco dos BRICS,
06:22pretende financiar até um terço dos seus projetos como moeda nacional,
06:29sem usar o dólar.
06:30Então, novamente aqui, a gente volta para a questão da desdolarização,
06:34que sim, é um problema para o Trump e acaba sendo, no limite,
06:38um problema para os Estados Unidos da América.
06:40O relacionamento dos Estados Unidos com os países do BRICS é bastante complexo,
06:48em especial porque os Estados Unidos têm boas relações com alguns membros importantes,
06:55ele tem boas relações com a Índia, ele tem boas relações com os Emirados Árabes Unidos
07:01e tem uma relação mais antagônica, especialmente com a Rússia e especialmente com a China.
07:09Aliás, a China é o país que o Donald Trump e essa administração enxerga como o principal desafio
07:17à hegemonia americana no século XXI.
07:19E dado que os BRICS é enxergado pelo Trump e pelos seus principais aditos políticos
07:26como uma espécie de projeto chinês, isso acaba aumentando ainda mais
07:30a indisposição do presidente americano com esse agrupamento.
07:34Agora, Valdir, a gente que estudou relações internacionais,
07:37eu me ponho nessa conta, é o seguinte, a gente aprende que poder não deixa vácuo, né?
07:45A partir do momento em que não tem um território com uma bandeira fincada,
07:49alguém vai lá e finca a sua bandeira.
07:53Os Estados Unidos enxergaram a América Latina com uma certa distância,
07:56com um certo distanciamento, em especial a administração do Donald Trump.
08:01Eu estou fazendo referência, inclusive, à primeira administração do Donald Trump.
08:05Convidado jamais veio ao Brasil, por exemplo, fez uma viagem rápida
08:09quando o Donald Trump foi presidente no primeiro mandato, entre 2017 e 2021,
08:14ele foi para a Colômbia.
08:16Ficou duas horas em Bogotá.
08:18A China, obviamente, que tem um plano global ali de hegemonia e a rota da sede e tudo mais,
08:25foi colocando, trazendo a sua bandeira para a América do Sul.
08:30E essa metodologia do Trump de make America great again, the America first,
08:37ou seja, um certo isolacionismo, não vai dar mais espaço para a China conquistar esses,
08:45entre aspas, vácuos de poder, Valdir?
08:48A pena que eu sei que eu fiz uma pergunta complicada, mas a gente só tem mais um minutinho de papo.
08:52Existe, sim, esse risco, até porque as atitudes do Trump estão indo de encontro,
09:01estão sendo contrárias ao multilateralismo e ao livre comércio,
09:05enquanto a China, do outro lado, se diz defender justamente o multilateralismo,
09:13as instituições internacionais, como é o caso da ONU e como é o caso da Organização Mundial do Comércio,
09:19e a China também tem sido a principal defensora do livre comércio,
09:24que era uma pauta bastante advogada e defendida pelos Estados Unidos.
09:29Então, sim, à medida em que o Trump vem implementando essas políticas de ameaça,
09:36de pressão comercial com um fundo político,
09:40isso acaba fortalecendo, de um certo modo, a China e o seu discurso de que ela é agora
09:46a defensora desses conceitos que os americanos costumavam defender há pouco tempo atrás.
09:53Queria agradecer a conversa que eu tive com o Valdir da Silva Bezerra,
09:57que é consultor do Banco Mundial,
09:59mestre em Relações Internacionais pela Universidade Estatal Russa de São Petersburgo.
10:04Sempre um prazer, Valdir.
10:05Espero que tenhamos novos papos muito em breve.
10:08Valdir da Silva Bezerra,
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