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Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, analisou a postura do Banco Central e o cenário para a Selic. Com inflação em queda e câmbio abaixo de R$ 5,30, o mercado aposta no início da redução dos juros em 2025, mesmo com o tom conservador de Gabriel Galípolo.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com o Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos.
00:05Felipe, boa noite para você, sempre um prazer ter você aqui com a gente.
00:09Eu vou continuar falando aí do presidente do BC, do Banco Central, Galípolo.
00:14Ele disse que não pretende sinalizar o rumo dos juros.
00:18Qual é a sua leitura, Felipe, sobre essa postura?
00:21E na prática, o que isso significa para o mercado?
00:25Boa noite, Cris. Prazer estar aqui com você. Obrigado pelo convite.
00:30Eu entendo que as declarações do presidente do Banco Central vão no sentido de reforçar
00:35aquilo que está nos documentos oficiais, no comunicado, na ata.
00:40E a ideia do Banco Central, nesse momento, a visão dele, é de que não há elementos ainda suficientes
00:47para que se possa iniciar a redução do juro tão cedo.
00:52O mercado, por exemplo, prevê para o início do ano que vem, eventualmente janeiro ou março,
00:59eu entendo, por outro lado, Cris, que quando a gente olha os dados de inflação,
01:05os dados de atividade econômica e a própria projeção do Banco Central
01:10para o chamado horizonte relevante, que é o horizonte relevante da política monetária,
01:16segundo trimestre de 2027, há sim possibilidades para se pavimentar esse início da redução dos juros.
01:27Na verdade, nós já estamos com uma política monetária bastante restritiva, um juro real de 10,5%,
01:35e que vem de algum tempo.
01:39Mas os efeitos ainda não são todos sentidos, porque há uma defasagem da política monetária,
01:45da política de juros para a realidade das coisas, da atividade produtiva, do consumo e do emprego.
01:51Bom, na sua opinião, a gente está vendo aí metade do mercado imaginando uma queda em janeiro,
01:59na reunião de janeiro, outra metade em março, como você mesmo disse.
02:03Você trabalha com o quando?
02:06Eu entendo que começa em janeiro essa redução da chamada taxa básica de juros,
02:11porque já há elementos para isso.
02:13E por uma razão importante também, que é a seguinte,
02:18mesmo com o início dessa redução em janeiro,
02:20nós ainda vamos continuar com a política monetária bastante restritiva.
02:24Por quê?
02:25Porque a taxa neutra de juros, que é um conceito teórico,
02:29que é a única coisa que nós temos, nós, economistas, para ter como referência,
02:34essa taxa neutra é calculada pelo próprio Banco Central em 5%,
02:38isso em termos reais.
02:40Se o Banco Central começa a reduzir no ano que vem,
02:43num ciclo mais gradual, etc.,
02:46terminando ainda em torno de 12% a 12,25% no ano que vem, no final de 2026,
02:53nós ainda vamos estar com uma taxa real de juros de 8%, 9%,
02:57acima, portanto, da taxa neutra.
03:00Quer dizer, é preciso olhar com farol alto quando se trata de política monetária
03:06e não apenas para os dados correntes e para o ano seguinte.
03:11Se a gente continuar com uma política monetária tão restritiva por muito mais tempo,
03:16o risco é você acabar, como eu sempre gosto de brincar,
03:20tocando fogo na casa para assar o leitão.
03:23Vai ter no final das contas o assado pronto, mas a casa inteira destruída.
03:28Eu queria aprofundar um pouco mais nisso, Felipe.
03:31Exatamente o que o Banco Central tem que observar com mais atenção
03:36nesses próximos meses para decidir o futuro dessa taxa de juros?
03:42Entendo que, pelo próprio comunicado e pela ata,
03:46o que ele está observando de perto são as chamadas expectativas de inflação.
03:51Então, quando a gente olha a pesquisa Focus, por exemplo,
03:54que é atualizada semanalmente,
03:56coletando informações e estimativas do próprio mercado,
04:01essa pesquisa indica que a mediana das projeções está apontando para baixo,
04:07mas ainda não o suficiente.
04:09Quer dizer, está próximo ali dos 4,5%, mas ainda um pouco acima,
04:13e a meta de inflação é de 3%.
04:16Então, eu entendo que o componente mais importante para o Banco Central
04:20é observar esse movimento das expectativas,
04:24quando ele vai dar um sinal mais claro, eventualmente,
04:28de convergência para patamares mais baixos.
04:31E, de outro lado, a atividade econômica,
04:34mercado de trabalho, que ele sempre cita também,
04:37e que, de fato, ainda está bastante forte,
04:40em que, pese nos últimos dados do Caged,
04:41a gente já observar algum arrefecimento,
04:45aumento do conta própria, dos trabalhadores por conta própria,
04:48que são, normalmente, indicativos de um certo processo
04:55de fragilização do mercado de trabalho,
04:58mas que, ainda, a fotografia é muito boa.
05:01Eu vou passar para as perguntas do Vinícius Torres Freire.
05:04Vinícius.
05:05Felipe Salto, boa noite.
05:07Você lembrou aí que a projeção, o cálculo,
05:10que é uma estimativa do Banco Central,
05:12para o segundo trimestre de 2027,
05:14que é o momento em que ele acha que a política monetária
05:17vai estar fazendo efeito, o horizonte relevante,
05:19esse cálculo é de 3,3%.
05:21Mas, ele é feito com base em vários indicadores,
05:26entre eles, a taxa de juros prevista pelo mercado,
05:30que vai terminar em 12,5% pelas projeções do mercado,
05:34que terminaria o ano que vem em 12,5%.
05:37Ainda seria muito restritivo.
05:39Então, assim, para chegar a 3,3%,
05:42em tese, segundo o modelo do BC e outras mágicas,
05:46a taxa de juros da Selic teria que ficar em 12,5%.
05:49Então, assim, tem esse problema.
05:51Segundo, a gente achando isso ou aquilo,
05:54o que você acha que vai dar para o BC enxergar
05:57até dezembro, para ele poder mexer na taxa de juros em janeiro?
06:01Fazer aquela preparação,
06:02olha, agora a gente vai começar a baixar.
06:04Porque tem pouco dado pela frente.
06:07A gente não vai ver um desaquecimento grande
06:10no mercado de trabalho, não vai ter um apagão.
06:12E os salários estão crescendo ainda 4% ao ano,
06:15acima da inflação.
06:17Serviços, a gente está com inflação de 6%.
06:19Expectativa de inflação, ou não cai,
06:21ou está caindo muito lentamente.
06:23Para 2027, para o final do ano, está em 3,8%.
06:27Então, assim, primeiro que o mercado espera ainda
06:30uma política restritiva,
06:31e isso que influencia o resultado de 3,3%.
06:33Segundo, não vai dar tempo de ter um tombão na economia,
06:36a não ser que esteja um apagão,
06:37um colapso de uma hora para outra,
06:39para o BC mudar de ideia.
06:40Ou você acha que sim?
06:42Boa noite, Vinícius.
06:44De fato, o mercado espera uma política restritiva,
06:47como eu mencionei anteriormente.
06:50Agora, começar em janeiro ou março,
06:51vai fazer diferença?
06:52Para essa trajetória restritiva,
06:55prevista pelo próprio mercado,
06:58embutida nas projeções informadas na pesquisa Fox?
07:01Óbvio que não.
07:02Então, se você tem uma incerteza,
07:05como há nesse momento,
07:07por que o viés é sempre no sentido conservador,
07:10digamos assim?
07:11O Banco Central tem uma regra chamada
07:13regra de Taylor,
07:14que também é um elemento da teoria econômica
07:17que a gente se apega,
07:19porque é o que nós temos,
07:20além dos dados e das pactas,
07:23projeções que nós conseguimos fazer,
07:25porque no fundo é antecipar
07:26o futuro com base no passado,
07:30que contém dois elementos,
07:33a regra.
07:34A meta de inflação,
07:35a distância em relação à meta,
07:38e aí pode variar o prazo,
07:40o horizonte que se considera,
07:42por isso que os dados realizados
07:44também são importantes,
07:45porque eles afetam as projeções.
07:47E o outro elemento,
07:48que é o hiato do emprego ou do produto.
07:51É claro que o mercado de trabalho
07:53ainda está bastante aquecido,
07:54mas, por outro lado,
07:56a desaceleração da atividade
07:57já começou a acontecer.
07:59Os dados de maior frequência mostram
08:01o IPCA a cada mês surpreendendo para baixo,
08:05as expectativas indo para baixo,
08:07a pesquisa Focus é semanal.
08:10As projeções de grandes casas do mercado,
08:13de especialistas, de economistas,
08:16estão indo para baixo também
08:17ao longo do próximo período,
08:20do próprio próximo ano,
08:21e para 2027.
08:23E um elemento fundamental,
08:25a meu ver,
08:25que é o pano de fundo disso tudo,
08:27que é a taxa de câmbio.
08:29Alguém projetava uma taxa de câmbio
08:31de 5,30,
08:33que é o que nós estamos vendo,
08:34estamos até abaixo de 5,30,
08:36exatamente um ano atrás,
08:38ou em torno de um ano atrás,
08:39nós estávamos com 6,30.
08:41E como a gente tem um componente
08:42de importações muito grande,
08:44seja nos produtos finais,
08:46nos serviços,
08:47ou mesmo importados,
08:48importações de bens finais,
08:50o câmbio é uma variável central.
08:53Então, eu acho muito curioso
08:55que o Banco Central
08:56não considere todos esses elementos
08:58e assuma o custo
09:01de deixar mais três meses
09:03para iniciar conservadoramente
09:06um ciclo de redução
09:08só em março
09:09ou mês mais para frente.
09:11O Felipe, como a gente já disse aqui,
09:15o Galípolo não dá
09:16nenhuma sinalização,
09:18diz que não pretende
09:19dar nenhuma sinalização.
09:22Na sua opinião,
09:23nessa próxima reunião do Copom,
09:25aí eu me refiro ainda a esse ano,
09:27deveria já haver algum sinal
09:29do que vai acontecer
09:30no ano que vem?
09:33Eu não gosto muito
09:34dessa história
09:35do chamado guidance,
09:37o forward guidance.
09:39Sempre tem um termo em inglês
09:40que, na verdade, é uma coisa óbvia
09:42que é dizer o que vai acontecer.
09:45Ou você tem um modelo
09:46como nos Estados Unidos,
09:48já que a gente adora copiar
09:49os Estados Unidos,
09:51então,
09:51em que cada diretor,
09:53cada membro do FONC,
09:54que é o equivalente do Copom,
09:56dá a sua curva inteira
09:58de juros,
09:59ou então,
10:00é melhor só se comunicar
10:01nos autos,
10:02na ata do Copom
10:03e no comunicado.
10:05Eu acho que o Galípolo,
10:06nesse aspecto,
10:07ele se comunica muito bem,
10:08porque você não pega
10:10na fala dele
10:10nada além
10:12do que aquilo
10:13que foi publicado
10:14oficialmente.
10:15Está correto,
10:16é assim mesmo
10:17que tem que ser.
10:18Então,
10:19a futurologia vai ficar,
10:21Cris,
10:21infelizmente,
10:22apenas por conta
10:23de nós,
10:24economistas.
10:25Mas muita gente imagina
10:26que já vai ter
10:27algum sinal
10:28nessa próxima
10:29ata do Copom,
10:31porque não vai acontecer
10:32nada na próxima,
10:33a tendência
10:33é a manutenção mesmo.
10:35Deve já ter
10:36alguma sinalização?
10:37Aí eu digo exatamente
10:38no comunicado,
10:39na ata?
10:41Eu entendo que ele pode usar
10:42esse mecanismo
10:44para mudar
10:45algumas palavras,
10:46dar alguma sinalização
10:47mais clara.
10:50Enquanto ele continuar
10:51com aquele
10:51bastante prolongado,
10:53que é o termo
10:53que ele tem usado
10:54para dizer que o ciclo
10:55ainda vai continuar
10:56e tal,
10:57não vejo muito espaço.
10:59Mas,
10:59daqui até o final do ano,
11:01é possível,
11:02sim,
11:02que haja
11:04alguma mudança
11:06de tom
11:07para preparar
11:08esse início
11:08de ciclo
11:09de redução,
11:11que não vai ser
11:11uma redução estrondosa,
11:13provavelmente vai ser
11:14gradual.
11:15Me lembra muito
11:16a estratégia
11:17do ex-presidente
11:18do Banco Central,
11:19Elon Goldfein,
11:20que também foi
11:21bastante conservador
11:22para depois ter espaço
11:23para reduzir.
11:25Muito obrigada,
11:26Felipe,
11:27sempre um prazer mesmo
11:28ter você aqui com a gente.
11:29Boa noite,
11:30até a próxima
11:30que seja em breve.
11:32Prazer meu, Cris,
11:33um abraço a vocês.
11:34Obrigada.
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