O mercado financeiro teve um dia de cautela, com bolsa em forte queda e dólar em alta. Gabriel Cecco, especialista da Valor Investimentos, explicou o impacto do payroll, a expectativa pelo CPI nos EUA, o cenário político e as chances de corte de juros no Brasil.
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00:00Sobre o dia no mercado financeiro, eu vou conversar com o Gabriel Seco, especialista da Valor Investimentos.
00:06Gabriel, boa noite para você. Por que esse desempenho do mercado financeiro hoje?
00:11A que você atribui esses números que eu acabei de mostrar?
00:16Boa noite, Cris. Boa noite a todos os telespectadores do Times Brasil.
00:20Eu acho que você utilizou muito bem a palavra, até mais de uma vez, que foi cautela.
00:25E é exatamente isso que a gente enxerga.
00:26Então, apesar do payroll ter sido divulgado, inclusive divulgado com dado que é considerado negativo para a política monetária,
00:36ainda, por exemplo, o CPI vai ser divulgado nesta quinta-feira, que é o escondado de inflação americana.
00:43E existe um ponto muito relevante aqui, que é que da mesma forma que o payroll, o CPI não foi divulgado em outubro por conta do shutdown.
00:53Então, existem dados represados, existe até uma expectativa de mercado, que parte desses dados sejam divulgados em outubro,
01:00ainda não se sabe se vai ser divulgado de forma retroativa ou não.
01:03Então, o CPI, por ser só de um indicador super relevante, em um cenário como o atual, onde a gente está, vamos dizer assim, cegos há dois meses,
01:15isso passa a ser ainda mais relevante.
01:18E um bom termômetro disso são as bolsas europeias, asiáticas, porque é um pouco mais difícil a gente pautar a economia global em Brasil, por exemplo,
01:27100% dos países subdesenvolvidos, temos uma volatilidade maior.
01:31Mas as bolsas europeias, de forma geral, todas sofrendo uma correção, desenvolvendo o prêmio de risco,
01:38a gente percebe que não há pânico, assim como nas bolsas asiáticas, mas sim existe uma correção.
01:45E essa correção global é muito forte, e vindo num dia aliado a uma ata do popom,
01:51que ela veio com um tom menos dovish, ou seja, com uma queda de juros que tende a demorar mais para acontecer.
02:00A pesquisa da Quest, que saiu, que dividindo um pouco mais a direita e dificultando uma visão de mercado,
02:09tudo isso em conjunto culminou com esse dia de bolsa caindo mais de 2%, de dólar subindo quase 1%.
02:18Quer dizer, o cenário político acabou mexendo com o mercado financeiro hoje, em função dos resultados dessa pesquisa Quest?
02:26Com certeza, porque essa pesquisa mostrou primeiramente que o nome Bolsonaro é muito forte,
02:32então o Flávio já, nos primeiros dias pós-candidatura, já aparece na frente do Tarcísio,
02:39mostrando a importância que seria para a direita essa união entre o nome Bolsonaro e um candidato bem visto pelos mercados,
02:47que é o Tarcísio, e essa união não existe hoje.
02:50Então, isso acaba, sim, gerando um pessimismo do mercado, levando em consideração que, em regra geral,
02:57o mercado tende a entender que, economicamente, uma vitória da direita seria melhor para o Brasil.
03:06Gabriel, diante desse cenário, ficou mais difícil um corte de juros em janeiro?
03:12Você acredita que será em março?
03:13Ou você é daqueles que imaginam que talvez nem em março?
03:18Sem dúvidas, Cris.
03:20Eu já acreditava que seria em março, tá?
03:23Então, o mercado estava bem dividido entre janeiro e março.
03:26Hoje, a gente já começou a ouvir falar muito sobre abril.
03:29Então, só isso já indica como a gente está alongando esse corte de juros.
03:34O Banco Central, ele mostrou que ele entende muito bem que a política está sendo bem aplicada por ele,
03:41essa é a opinião deles, e por conta disso a inflação está caindo.
03:46Porém, em todo o espectro futuro, que a gente olha a inflação em queda, porém ainda acima da meta.
03:52Ou seja, ainda existe um trabalho a ser feito.
03:54Então, praticamente, o mercado já descarta uma queda em janeiro e está precificada uma queda agora, principalmente, em março.
04:03E alguns analistas, alguns setores já falando em abril.
04:07Voltando à Bolsa, especificamente, a gente viu as ações da Petrobras caindo muito forte hoje.
04:14Você pode explicar os motivos?
04:17O petróleo vem de uma queda bem relevante.
04:20E hoje foi mais de um dia de queda do petróleo muito forte, caindo muito próximo ao que a Bolsa caiu, próximo aos 2,5%.
04:28Então, isso se deram a dois fatores.
04:31Um fator é que a economia global não se mostra pujante.
04:37Então, existe uma leve recessão, ou melhor, uma perspectiva de uma leve recessão,
04:43o que faz com que o mercado de energia, o mercado de petróleo, ele olhando lá para frente,
04:49ele não entenda que ele precisa se desenvolver tanto.
04:54Isso acaba jogando o preço para baixo no viado especulativo.
04:58E isso a gente falou do lado da demanda.
05:01Do lado da oferta também, a OPEP vem aumentando produção, diferentemente do que vinha fazendo.
05:07Então, a gente percebe, inclusive, que tem países produzindo acima da cota estipulada pelo OPEP por eles.
05:14Então, é uma balança onde os dois lados estão em toda a mesma direção.
05:18A oferta vem aumentando e a perspectiva de demanda vem caindo.
05:22O preço cai, a Petrobras acaba sofrendo.
05:25E o dólar, o motivo dessa alta hoje, Gabriel?
05:28Com esse perigo acima do esperado, então, 64 mil vagas criadas,
05:36isso acaba tendo um fluxo de capital estrangeiro para os Estados Unidos muito forte.
05:41Isso aconteceu quando a gente olha a cesta de moeda DXY de forma generalizada.
05:46No Brasil, não foi diferente.
05:48Então, é um momento de aversão a risco, principalmente com esse CPI para sair.
05:54Então, nesse momento, os mercados emergentes vão sofrer mesmo.
05:59Então, o investidor estrangeiro, ele prefere sentar ali de forma tranquila,
06:06esperar esses principais indicadores econômicos saírem,
06:09para aí sim ele entender se ele vai ter apetite ao risco ou não.
06:13E quando a gente fala em Brasil, todos os nossos ativos, eles são de risco na visão internacional.
06:18Mesmo em custos que internamente nós consideramos ativos mais seguros,
06:21para o investidor estrangeiro, uma renda fixa no Brasil, por exemplo, é um ativo de risco.
06:26Então, isso acaba gerando uma migração de dólar.
06:29Adicionalmente, todo fim de ano a gente já vê um fluxo de capital para o exterior,
06:34demandas de fim de ano, então isso já é normal.
06:38Com o petróleo caindo, a gente chega menos dólar entrando também,
06:43por conta da exportação da Petrobras.
06:44Então, mais uma vez, a gente está olhando um cenário onde todos os vetores estão apontando
06:51para o dólar saindo mais e entrando menos.
06:54E aí, com uma oferta e uma demanda tão desbalanceada assim,
07:02o dólar vai acabar subindo e foi o que aconteceu hoje.
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