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Fábio Kancjzuk, diretor de macroeconomia da ASA e ex-diretor do Banco Central, analisou o comunicado do Copom e explicou por que o cenário aponta para possível corte de juros já em janeiro. Ele também comentou os impactos da eleição e da política fiscal.

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Transcrição
00:00Sobre essa super quarta, eu vou conversar com o Fábio Kanchuk, ele é diretor de macroeconomia da ASA e ex-diretor do Banco Central.
00:08Fábio, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:12Quero começar falando das nossas questões, porque aqui não houve surpresa na decisão do Copom,
00:18mas o comunicado indica algo que seja importante da gente destacar?
00:24Diria que sim. Dois sinais nesse comunicado.
00:28Primeiro sinal, eu achei que não foi importante, mas ele corroborou que a comunicação do bastante prolongado...
00:37Eu diria que são duas coisas que impediriam ele cortar juros.
00:41Então, uma comunicação e a linguagem, quero manter os juros por um período bastante prolongado, parado.
00:49Entre um Copom e outro, teve um pouco de comunicação num dos discursos do presidente Galípolo,
00:55dizendo que o bastante prolongado, na verdade, não é uma questão futura, se referia a uma decisão feita no passado.
01:03E nesse comunicado, ele voltou a mexer nessa frase, deixando mais claro que, na verdade,
01:10o bastante prolongado não é um empecilho para cortar juros.
01:13É uma coisa que se refere a uma decisão no passado, era um período bastante prolongado.
01:18Agora, não precisa mais ser um período bastante prolongado.
01:22Então, na parte de comunicado de português, está liberado.
01:28Posso cortar à vontade, não tem nada me impedindo disso.
01:32O outro sinal, na projeção.
01:35Então, eles projetaram que a inflação no horizonte irrelevante é 3,2.
01:40Lembra que a meta é 3,0.
01:42Mas quando eles forem projetar em janeiro de novo, no próximo Copom,
01:47como se afastam um pouco mais, o tempo andou e o horizonte irrelevante também anda para frente,
01:53há uma queda esperada de 0,1 pelo andar do tempo.
01:58E daí, se nada acontecer, se o dólar ficar tranquilo,
02:02nenhuma notícia louca, nenhum dado, ele vai estar projetando 3,1.
02:073,1 já é grudado na meta do 3,0.
02:11Então, também não tem nenhum empecilho para ele cortar os juros.
02:14Então, eu diria que o comunicado veio na linha de falar
02:17o campo está aberto.
02:20Se havia algo que me impedisse de cortar pela minha comunicação anterior,
02:25pela minha projeção, isso desapareceu.
02:28O campo está aberto, eu posso cortar tranquilamente a menos que algo mude.
02:34Então, minha cabeça virou um cenário base.
02:36A coisa mais provável de acontecer é já corte de juros em janeiro.
02:42Vamos lá.
02:43Você defende corte de juros em janeiro, então.
02:45É sempre importante.
02:46A gente sempre pergunta para os nossos entrevistados qual é a aposta deles.
02:51E, Fábio, como é que você viu o resultado da inflação em novembro?
02:55E o que a gente pode esperar dos preços no ano que vem, na sua opinião?
02:58A inflação tem ido bem, no sentido de Banco Central.
03:03Ela tem caído.
03:05O número que saiu mesmo da inflação, 0,18, foi exatamente igual à projeção.
03:11E daí teve uma questão do qualitativo, de olhar a parte de serviços,
03:17de core, núcleo de inflação, se está piorando ou melhorando,
03:20mas também está super tranquilo.
03:21Então, a gente está num momento que está mesmo a inflação, aos poucos,
03:26convergindo para a meta.
03:28E o Banco Central se sentindo mais e mais confiante com isso.
03:33Quando eu digo que eu acho que o mais provável, é super equilibrado,
03:38é tipo 50% de chances mesmo, mas eu acho que o mais provável é ele cortar em janeiro,
03:44minha opinião não era o que eu faria, não.
03:46É o que eu acredito que ele vai fazer.
03:48Eu ainda estou achando que, pela questão de eleição dentro do cenário,
03:55tem um risco palpável.
03:58A gente sentiu isso nessas últimas duas semanas, de o dólar disparar.
04:03Então, minha opinião pessoal, e é pessoal, cada um pode ter a sua,
04:08não é que eu estou certo e os outros errados de forma alguma,
04:11é por causa da eleição e do risco dessa inflação sobre o dólar,
04:16e daí do dólar sobre a inflação, tem uma simetria, tem um risco da inflação
04:21acabar não convergindo para a meta por conta do que vai acontecer na eleição.
04:26Então, eu seria mais cauteloso.
04:28Eu, pessoalmente, não iria cortar juros, não.
04:31Eu ia falar, não, tem uma simetria, tem eleição,
04:35eu não estou vendo tranquilidade que vai para três, não, não vou cortar.
04:38Mas o Banco Central discorda de mim, de novo, não sei quem está certo,
04:43quem está errado, mas ele está deixando aberto, não está vendo a simetria,
04:47está tranquilo, está vendo a inflação convergir, os dados têm ido mesmo na direção dele.
04:53Se ele não vê nenhuma simetria, riscos, ele se sente confiante para cortar mesmo os juros.
04:59Em janeiro, se não for em janeiro, em março ele corta.
05:01Quer dizer, você, então, acredita que o cenário político pode ter interferência
05:07nessa decisão do Banco Central sobre os juros no ano que vem?
05:10É isso?
05:12Exato.
05:13Não político no sentido de que o presidente, o governo está forçando o Banco Central,
05:19mas político no sentido de que...
05:21Eleições.
05:22É, tem eleições, assim como o fiscal.
05:24O Banco Central tem que tomar tudo como um dado.
05:26Eu não posso influenciar a eleição, eu não posso influenciar a política fiscal,
05:30política fiscal é ruim, então o juro é alto.
05:35Tem eleição, e eu acredito, ele pode não acreditar, que tem uma simetria do dólar,
05:40o dólar pode disparar por causa da eleição, então eu tenho que levar isso em consideração.
05:45Está dentro da projeção futura, eu tenho que levar em conta tudo que vai afetar a minha
05:49projeção futura, e eleição é uma coisa super bimodal.
05:55A gente pode ter cenários muito antagônicos dependendo do que acontecer.
06:00Quer dizer, você falou de política fiscal, a política fiscal deve então ser um problema
06:04no ano que vem, Fábio?
06:06Eu diria que sim.
06:08Então é um fiscal expansionista, pré-eleição, a gente vai ter mais e mais estímulo fiscal,
06:15e é isso que está tornando esses 15%, a gente está esse ano também com esse estímulo
06:21fiscal, a gente fala 15% precisa disso?
06:24Precisa por culpa da política fiscal.
06:27E nisso o Banco Central, minha opinião, foi super acertado, né?
06:30Então ele subiu juros, subiu 15%, então precisa, o que eu vou fazer?
06:34A política fiscal expansionista é isso que precisamos aqui, que é a forma correta,
06:40na minha forma de ver, de pensar.
06:42Então ano que vem a gente continua com esse fiscal expansionista, e além do fiscal expansionista,
06:46que é batata, né?
06:47A gente sabe que vai ter fiscal expansionista.
06:50A gente tem a dúvida e a volatilidade da eleição e que caminho o Brasil vai seguir
06:56com o fiscal após a eleição.
06:58Vou passar para as perguntas do Vinícius Torres Freire.
07:01Vinícius, por favor.
07:02Cantuco, boa noite.
07:04Você disse no final da sua primeira declaração que existe mais ou menos chance de 50% em janeiro,
07:13um pouquinho mais em janeiro, um pouco menos em março, embora isso lá não seja muito relevante
07:18para a economia, mas assim, tem essa discussão.
07:22Agora, pensando na eleição que eu estava pensando aqui, o mercado, pelo menos na própria projeção
07:26no mercado, tem uma queda de 2,75 pontos da Selic no ano que vem inteiro.
07:32Você tem oito reuniões, você faz um caminho moderado, vai cinco cortes de 25, mais três
07:37de meio.
07:39Agora, o BC vai ter tempo político, não no sentido político, de politização do Galípola,
07:44mas, como você disse, tempo político para fazer esses cortes todos, porque vai ter
07:49indefinição, pode ter pressão sobre o dólar e daí pode ter até pressão nas expectativas.
07:54Então, vai ser difícil você fazer esse nível de cortes para chegar em dezembro, tranquilamente,
08:00em 2,25, que ainda é uma taxa alta.
08:02Segundo, tem esse problema de ritmo, dado o problema político e necessidade, talvez,
08:07de cautela, e tem o fato de que as expectativas não se movem em relação ao 2027.
08:12Estão lá em 3,8, apesar de o BC já estar apontando 3,2% no terceiro trimestre de 27.
08:18Então, tem esse problema, tempo político, mais expectativas que não se movem.
08:22Vão deixar o BC fazer quedas suficientes, pelo menos para chegar a 12,25, no final do
08:28ano que vem?
08:30Obrigado, Vinícius.
08:30Então, sobre a desancoragem da expectativa, que se apontou super bem, para mim é um assunto
08:36super importante.
08:38Está 3,8, não está em 3 a expectativa longa.
08:40Para mim, é motivo de não cortar.
08:42Mas ele se desvencilhou disso, ele não está colocando na comunicação dele, fala,
08:48não, a expectativa não está ancorada, então, não, ele tirou isso.
08:52Tirou a desancoragem, tirou o bastante prolongado, tirou a projeção do modelo,
08:58então, mesmo não sendo o que eu estou vendo, ele está me dizendo que ele está pronto para cortar.
09:02Vai dar tempo dele cortar tanto assim?
09:07Eu diria que estou exatamente na sua linha de que as confusões eleitorais, a volatilidade
09:14com quem está à frente pode fazer o dólar subir e acabar com esse ciclo planejado, com
09:23certeza.
09:24Agora, independente disso, tem uma questão também de tempo, ele tem que sair cortando
09:30rápido para provavelmente já chegar num ponto confortável para durante a eleição não
09:37ficar cortando.
09:38Às vezes acontece de Banco Central cortar ou subir juros na eleição, mas a preferência
09:43é não fazer marola, eu não quero influenciar em nada a eleição.
09:48O cenário ideal de Banco Central é passar a eleição sem subir, sem cortar, com
09:53ninguém fala de mim, não quero que falem de mim, esse é o meu papel.
09:58Então, para chegar nesses níveis, ele tem que acelerar, mas eu acho que esse é o plano
10:03de voo dele mesmo, é começar talvez em janeiro com 25, mas já ir para 50, ir para 75, é
10:10um corte que vai aumentando o ritmo e é por isso que para mim faz sentido imaginar que
10:17ele vai chegar em 12, porque ele vai sair acelerando para 50, 75 no meio do caminho.
10:22Chegar em 12 no ano que vem, você diz?
10:23Isso, ele chega em 12 e ainda na eleição, para na eleição ele não precisar cortar.
10:30Bom, vamos falar de Estados Unidos, também sem surpresas por lá, mas o que deve acontecer
10:35daqui para frente, Fábio?
10:38Grande questão nos Estados Unidos, então eu diria que a decisão foi em linha com o
10:42esperado e sim, como a Raíssa falou, concordo, não teve grandes sinais, o plano deles e
10:48eles alteraram o texto para agora não cortar mais, tem um corte previsto para o ano que
10:53vem, mas não é para agora, então agora eles param, esse lá na economia está muito
10:57bem, obrigado, não tem risco de recessão, que foi a motivação para eles cortar, já que
11:02a inflação está acima, a motivação para eles cortarem era a precaução, risco de
11:07recessão, não estou vendo isso, está andando muito bem a economia, então não tem por que
11:12cortar.
11:13A grande questão, então ele fala, não vou cortar, e não corta na primeira, na segunda,
11:17é o que é esperado na minha cabeça.
11:20grande discussão é que o Trump vai nomear o próximo presidente do FED, em maio sai
11:28Powell, ele põe provavelmente o Hassett, e tem também a questão na Corte Suprema de
11:33talvez retirar a Lisa Cook, que é uma das votantes, e daí o Trump teria liberdade para
11:40colocar mais gente ainda aí, e daí meio dominar, então imagina-se Estados Unidos em que
11:47o FED, o copão dele, está dominado e o Trump decide o que fazer.
11:53Essa é a grande discussão de 2026, o Trump vai controlar ou não vai?
11:59Minha opinião, não vai conseguir controlar, a Suprema Corte não continua mantendo a Lisa
12:04Cook no poder, ele nomeia um presidente do FED que faz o que ele quer, mas lá, muito
12:11diferente do Brasil, o presidente do FED, diferente do presidente do Banco Central aqui, do copão,
12:17não consegue carregar um monte de votos junto com ele, aqui o presidente do copão
12:23carrega, então tem vários diretores que tendem a votar junto com o presidente, então
12:29diretor de administração, fiscalização, regulação, ele fala não, eu vou com o presidente,
12:35lá não, lá cada um dá a sua opinião livremente, e é isso já que a gente está vendo, a gente
12:41está vendo o Schmidt, o Alston, não, vota o contrário, não estou nem aí, cada um vota
12:47o que quer e pronto.
12:49Então, minha cabeça é, a discussão é essa, mas eu vejo como cenário mais provável um
12:54em que o Trump controla o presidente do FED, o presidente do FED faz o que o Trump quer,
13:00que é cortar juros e ele perde, o presidente do FED perde no voto e não cortam os juros mesmo
13:07com o presidente do FED votando para a corte.
13:10Aguardemos para ver o que vai acontecer no ano que vem.
13:12Fábio, muito obrigado, é sempre um prazer ter você aqui com a gente, volte mais vezes
13:16e boa noite.
13:17Obrigado, Cris, quando quiser a gente está super à disposição.
13:21Obrigada mesmo.
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