O mercado financeiro revisou para baixo a inflação de 2025 pelo 13º semana consecutiva, agora em 4,86%, enquanto o PIB deve crescer apenas 2,18% neste ano. Carla Beni, conselheira do Corecon-SP, analisa impacto da valorização do real, política monetária e perspectivas econômicas para o país.
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00:00O mercado financeiro aqui no Brasil fez mais uma expressiva revisão para baixo da inflação
00:05esperada para esse ano.
00:07São 13 semanas seguidas diminuindo o IPCA projetado para 2025.
00:12Amanhã o IBGE divulga o IPCA 15, prévia da inflação oficial de agosto, que vai mostrar
00:18se continua a desaceleração nos preços apresentada nos últimos meses.
00:24Vamos então ver aqui as previsões colhidas pelo Banco Central no Boletim Focus divulgado
00:29hoje.
00:30IPCA aqui na linha de cima, quatro semanas atrás o mercado previa que a inflação
00:35oficial fecharia esse ano valendo 5,09%.
00:40Semana passada tinha caído para 4,95 e agora caiu para 4,86.
00:45Abrindo parênteses aqui, no fim de maio a projeção do mercado era para 5,50%.
00:51Então em três meses ela passou de 5,50 para 4,86.
00:55Para o ano que vem mudou menos, mas está mudando também.
01:00Quatro semanas atrás o mercado previa 4,44% de inflação, semana passada tinha caído
01:06para 4,40, agora uma revisão para baixo de novo para 4,33.
01:10Na linha de baixo, o que o mercado espera do crescimento da economia brasileira?
01:15Quatro semanas atrás a projeção era para um PIB crescendo 2,23% esse ano.
01:20Caiu para 2,21, agora para 2,18.
01:23Para o ano que vem, a projeção era de 1,89% de alta do PIB, quatro semanas atrás, passou
01:30para 1,87 semana passada e agora uma oscilação para baixo de novo para 1,86.
01:37O movimento da inflação esperada acompanha revisões também para baixo no PIB e no câmbio.
01:45PIB como a gente mostrou, câmbio como a gente mostra agora.
01:47O dólar, quatro semanas atrás, estava em R$ 5,60, a projeção para fechar o ano.
01:54Semana passada continuava, agora uma oscilaçãozinha para R$ 5,59.
01:59Dólar no ano que vem, a projeção era de R$ 5,70, se manteve e agora caiu para R$ 5,64.
02:05Taxa Selic aqui é a linha em que nada está mudando.
02:08O mercado segue apostando que a Selic termina o ano do jeito que ela está agora, que é 15%,
02:13e que no ano que vem ela cai para 12,5%.
02:17Para analisar essas últimas revisões feitas pelo mercado, a gente conversa agora com a Carla Bene,
02:24conselheira do Corecom São Paulo, Conselho Regional de Economia do Estado.
02:28E o Vinícius Torres Freire, nosso analista, participa aqui da entrevista.
02:32Carla, boa tarde para você, obrigado aqui pela gentileza da sua participação com a gente mais uma vez.
02:37Carla, com esses movimentos, então 13 semanas seguidas de revisão para baixo do IPCA 2025.
02:43No fim de maio estava em R$ 5,50, agora está em R$ 4,86.
02:48Teto da meta é R$ 4,50.
02:50Já é factível pensar que a inflação possa encerrar o ano em R$ 4,50, portanto cumprindo a meta oficialmente?
02:58Olha, R$ 4,50 ainda tem uma diferença, né?
03:01Mas eu costumo dizer sempre que o Focus é igual o Waze, né?
03:05Que ele vai corrigindo a rota lá toda semana.
03:09Mas vamos combinar que essa correção de rota aí está além da conta, né?
03:13O azedume aí do mercado financeiro estava gigantesco.
03:18Então a gente está com uma queda de inflação bem considerável.
03:21E olha que a gente não pode esquecer que a gente está com a bandeira vermelha da conta de luz residencial.
03:28Então, assim, há uma chance de melhora ainda mais para frente, uma melhora também da alimentação no domicílio.
03:35Mas R$ 4,50, eu acho que ainda vou esperar um pouquinho para poder pensar a esse respeito.
03:42Vinícius?
03:42Carla, a gente está vendo que uma grande parte dessa queda, uma boa parte da queda da inflação se deveu à valorização do real.
03:55A gente está com um real a 5,40, foram os sustos que vêm da política do Trump.
04:00Mas agora a gente vai ter provavelmente alguma queda de juros nos Estados Unidos.
04:04E a taxa de juros no Brasil estável com juros de real perto de 10% ao ano.
04:09Então você acha que, primeiro, o dólar ainda pode ter um chorinho e se desvalorizar diante do real?
04:16Não só por causa do juros interno, mas por causa do mundo.
04:18E isso ainda pode dar alguma contribuição para a inflação até o final do ano?
04:23Olha, Vinícius, eu acho que sim.
04:25Eu acho que isso daí poderia entrar aí na conta da melhora, para a gente tentar chegar aí nos 4,5.
04:32E também uma coisa importante que está acontecendo, como o dólar está se depreciando, as outras moedas acabam melhorando, isso também melhora o nosso resultado.
04:44E o impacto desse tarifácio do Trump foi muito menor do que se esperava, pelo menos para nós aqui, sob a ótica macroeconômica.
04:54Então eu acho que isso também é uma contribuição importante.
04:57Agora, Carla, ainda falando de tarifácio, você acredita no efeito desinflacionário dele e não está cedo para a gente pensar em efeito do tarifácio?
05:09Porque esses 50% são recentes, esse impacto maior.
05:13Tudo bem que a gente tem uma lista bastante extensa de exceções a esses 50%.
05:19Mas o que a gente pode esperar para os próximos meses?
05:22Pode vir um impacto maior e deflacionário do tarifácio?
05:25Olha, a questão primeiro do próprio governo Trump é a gente ter, é o imprevisível, né?
05:35Ele pode alterar a alíquota de novo, pode mudar a regra, né?
05:40Qualquer domingo à noite no Air Force One é possível de fazer alguma alteração.
05:46Então isso daí a gente até, e teria que avaliar caso a caso, né?
05:51Então vamos tentar imaginar que a gente continua com esse de 40%.
05:56Se você reparar, nós já temos algumas outras exceções que caminharam, né?
06:01A parte de aço, de alumínio, composições de equipamentos.
06:05Então isso vai ter muito a ver com a economia americana.
06:09Como que o repasse dos preços, que ainda não foram sentidos na íntegra, vão começar a ser sentidos agora,
06:17nesse segundo semestre nos Estados Unidos, e quanto que isso vai acabar impactando?
06:23Ou a própria popularidade do Trump, ou ele resolve voltar atrás em alguns itens.
06:29Então assim, isso ainda fica muito em aberto, porque o que o governo americano tem provocado
06:34é justamente uma falta de credibilidade nele mesmo.
06:39Então essas análises acabam tendo que ser muito pontuais, sabe, Turso?
06:45O horizonte relevante, como se diz o jargão,
06:50quer dizer, aquele horizonte no qual o Banco Central pretende atingir a meta
06:54ou a política monetária vai ter efeito, agora é início de 2027.
06:58E para 2027 fechado, o mercado ainda prevê, pelo menos a mediana, inflação de 3,87,
07:06embora tenha começado a cair também, não estava caindo por mais de cinco meses.
07:12Agora, você acha que o Banco Central vai tomar uma atitude tipo o Elon Goldfein,
07:17presidente do Banco Central, que deixou a taxa de juros bem alta, aliás, mas não chegou a 15,
07:22durante muito tempo até a inflação realmente chegar na meta?
07:26Ou ele acha que, chegando lá por 3,5, lá em 2027, já dá para afrouxar?
07:32Vai ser uma atitude mais ila Goldfein ou vai ser mais relaxada?
07:36Olha, eu preferi uma atitude mais relaxada,
07:40porque sempre a minha ótica de análise é em cima da taxa real.
07:44E a nossa taxa real de juros, beirando 10%, digamos assim,
07:48fazendo essa projeção que a gente tem agora,
07:51ela é uma taxa de juros muito prejudicial para o lado real da economia,
07:57produtor de bens e serviços.
07:59Então, essa combinação toda que a gente tem no Banco Central,
08:03inclusive o Banco Central, precisaria fazer aquilo que os outros bancos centrais
08:09nos outros países fazem, não só ter o foco em controle inflacionário,
08:14mas também ter o foco no nível de emprego,
08:17que isso daí é muito importante, porque uma política monetária contracionista,
08:21com o passar do tempo, ela vai provocando desemprego.
08:24Então, eu acho que essa combinação aqui poderia dar uma diminuição.
08:29O que eu sempre destaco é que nós, antes da pandemia,
08:33trabalhávamos em média com uma taxa real de juros de 4,5, mais ou menos.
08:39Mal chegava a 5.
08:40Agora, a gente está trabalhando com 7, 8, 9 e falando de 10.
08:46Então, eu acho que a gente chegou assim no nível de distorção muito grande.
08:52Carla, um ponto que o Banco Central vinha tendo muita dificuldade para controlar
08:55é a ancoragem das expectativas de inflação.
08:58E agora a gente tem, pela segunda semana seguida,
09:00olhando para o IPCA 2025, uma queda significativa, semanal.
09:05Quer dizer, semana passada foi 0,10 ponto percentual de queda,
09:09agora acho que foi 0,09 ponto percentual de queda.
09:12Então, quedas significativas de uma semana para outra.
09:17Diante desse cenário, com essas projeções e um horizonte também
09:22de que o dólar vai continuar colaborando aqui com o controle da inflação,
09:26essa perspectiva agora de redução nos juros americanos,
09:30não dá para pensar em redução de Selic ainda esse ano,
09:34o PIB caindo, a projeção para o PIB caindo também.
09:38Vai chegar um momento na tua leitura em que o mercado começa a votar muito mais
09:43por uma queda da Selic esse ano ainda?
09:46Eu acho que sim.
09:47Eu acho que pelo menos um 0,25, pensar num 14,75,
09:52a gente precisaria sair desse patamar de 15.
09:55E a queda do próprio PIB, ela já vem sinalizando uma queda de atividade econômica
10:04justamente com uma política monetária restritiva desse patamar.
10:09Então, por mais que a gente olhe o Focus com 15 até o final do ano,
10:14eu ainda estou fazendo uma aposta aqui com vocês
10:17que a gente termina um pouco abaixo de 15 no final desse ano ainda.
10:21Olha lá, a gente está aí no Focus com previsão chegando perto de 2,1% do PIB
10:27e 1,8% no ano que vem.
10:29E tem mais gente boa já reduzindo a previsão para esse ano e para o ano que vem,
10:34embora a gente tenha visto quão erradas foram as previsões nos últimos quatro anos.
10:40Você acha que o pessoal está acertando,
10:42a Fazenda está achando que a gente fica com 2,5 ou 2,4?
10:45Ou o pessoal está subestimando o risco, o tamanho da pancada da taxa de juros
10:50e que a gente pode ir para baixo disso que está se prevendo agora,
10:53algo em torno de 2,2% de crescimento em 2025 e 1,8% em 2026?
11:01Olha, eu acho que para 2026, inclusive, menos que 2%, é algo muito ruim.
11:07Bom, a queda de PIB é algo ruim porque você tem uma quantidade menor
11:13de bens e serviços novos feitos ao longo do ano.
11:17Então, é uma projeção, digamos assim, um pouco exagerada
11:23ou, na verdade, não o termo exagerado, mas um pouco negativa demais
11:28no sentido de que a gente tem uma economia resiliente.
11:32Então, se você olhar, a gente consegue coisas no Brasil assim inacreditáveis.
11:37A gente está com uma taxa de juros desce e os financiamentos continuam caminhando.
11:41Então, isso também estimula a economia.
11:44Então, eu acho que há um certo, digamos assim, um pendão um pouco mais negativo
11:51para essa questão do PIB, principalmente para 2026.
11:562026 é um ano eleitoral, sempre tem algum movimento um pouco mais expansivo.
12:00Aí, eu deixaria um pouco em aberto a conferir, principalmente, 2026.
12:06Carla Bene, conselheira do Corecon, São Paulo, Conselho Regional de Economia do Estado.
12:11Muito obrigado, Carla, pela sua participação.
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