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O professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, Ronaldo Carmona, analisou a visita de Lula a Trump e os impactos da dependência brasileira de terras raras. Ele destacou os desafios para negociar com os EUA, a pressão por concessões e os riscos e oportunidades para a indústria e a economia nacional.

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Transcrição
00:00Nosso assunto agora é a relação comercial e diplomática do Brasil com os Estados Unidos
00:05e o interesse global na produção de terras raras.
00:09Por isso, eu converso com o Ronaldo Carmona, ele é professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra
00:14e especialista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais.
00:19Ronaldo, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:22Bom, o encontro do presidente Lula com o presidente Trump
00:26marca já uma nova etapa na relação entre os dois países
00:30ou, na sua opinião, ainda precisa esperar um pouco para ter certeza?
00:36Boa noite, Cristiane. Boa noite a todos que nos ouvem aqui na CNBC.
00:42Olha, de fato, é o que nós esperamos.
00:44Esperamos que abra-se caminho para a retomada de uma relação,
00:49um grau de normalidade entre o Brasil e os Estados Unidos,
00:52como acontece praticamente de forma ininterrupta há 200 anos.
00:57Agora, a questão é bastante complexa.
01:00Primeiro porque os Estados Unidos, e basta ver o padrão que os Estados Unidos adotam
01:07sobre a atual presidência de Donald Trump,
01:10é um padrão de buscar maximizar ganhos do ponto de vista do seu projeto
01:16de recomposição industrial e recomposição econômica.
01:22E, nesse sentido, e nós temos partos exemplos aqui,
01:25os Estados Unidos buscam exatamente, por meio dessa imposição de tarifas,
01:31lograr os seus objetivos no terreno econômico,
01:36mas também, obviamente, no terreno geopolítico.
01:39Na verdade, foi um fato muito positivo o que aconteceu na Malásia,
01:42antes na Assembleia Geral e depois no telefonema entre os dois presidentes.
01:48Agora, será preciso ver a continuidade dessas negociações,
01:53exatamente para ver, enfim, o que resultará essa nossa expectativa
01:58de uma retomada em alto nível das relações.
02:03Ronaldo, os Estados Unidos e o Japão assinaram um acordo
02:06para fornecimento de terras raras, que, como todos nós sabemos,
02:10são fundamentais para a produção de chips e para a indústria de tecnologia.
02:15Lembrando que o Brasil tem a segunda maior reserva mundial,
02:18mas não se destaca na produção.
02:20A gente está ficando para trás nessa história?
02:24Olha só, o que interessa ao Brasil nessa questão dos minerais críticos e estratégicos,
02:30em especial nas terras raras?
02:32Primeiro que nós, como país, estamos muito ainda atrasados,
02:37estamos aquém, primeiro, do conhecimento sobre as nossas próprias riquezas.
02:43Estima-se que o Brasil tem prospectado, de uma forma adequada,
02:49em torno de 27% do seu território.
02:52Então, nós desconhecemos, na íntegra, as nossas riquezas.
02:56Na verdade, essa estimativa de que o Brasil tem as segundas reservas
03:03em termos de terras raras é uma estimativa que pode, inclusive,
03:06ser acrescentada, agregada, em caso de nós aumentamos a nossa pesquisa geológica.
03:13Segundo que nós precisamos compreender que a simples extração de terras raras,
03:19ela, por si, tem pouca capacidade de influir e de ser decisivas
03:27no que diz respeito, por exemplo, à transição energética.
03:31Nós precisamos ter capacidade tecnológica de refino dessas terras raras
03:36exatamente para ter os elementos mais sofisticados
03:42que nos permita comercializar, de modo a agregar melhores valores,
03:48melhores condições ao Brasil.
03:50Então, assim, nós temos visto que, de fato, para os Estados Unidos,
03:54esse objetivo em torno das terras raras é uma questão central.
03:59Então, eu creio que o Brasil, sanada as questões internas, endógenas,
04:04essas deficiências pelas quais eu estou falando,
04:07nós precisamos, então, buscar um acordo ganha-ganha,
04:10ou seja, um acordo que seja mutuamente benéfico para os dois países.
04:16Eu vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
04:18Vinícius.
04:20A gente tem visto nos acordos americanos,
04:22e a gente acaba de ver agora, nessa viagem do Trump,
04:26com os acordos ou diretrizes para acordos que ele firmou lá na Ásia,
04:30que tem quase uma lista fixa de resultados nas negociações.
04:35No caso da Ásia, agora, ninguém ficou com tarifa de importação menor que 19%.
04:39Os casos dos países do Sudeste e Asiáticos.
04:43Os Estados Unidos conseguiram redução de tarifa de importação para produto americano,
04:47ou até zeragem.
04:49Conseguiram que alguns desses países adotassem legislação de produtos americana,
04:55para evitar barreira não tarifária.
04:58Legislação americana sobre segurança de carro, segurança de comida.
05:01Conseguiram algumas promessas, ou até compromissos de não bulir com as big techs.
05:07Conseguiram compromissos de terras raras.
05:09A lista é muito grande, mas o Trump conseguiu muita coisa.
05:13Você acha que a gente pode esperar o que na negociação do Brasil com os Estados Unidos,
05:19e que tipo de exigência que eles vão fazer para a gente,
05:22porque sair com as mãos abanando é que o Trump não vai?
05:25É verdade, Vinícius.
05:28Na verdade, eu considero que a pressão, digamos assim,
05:33a pressão por concessões nesses acordos vão ser bastante intensas.
05:40Basta ver, como você próprio disse,
05:42o padrão dos acordos que têm sido firmados o mundo afora.
05:46Por exemplo, no próprio contexto da União Europeia,
05:50determinadas vozes chegam a falar de um acordo de caráter neocolonialista.
05:55Ou seja, na verdade, a imposição de ganhos unilaterais para os Estados Unidos
06:03nesse padrão de acordo comercial é tão intensa que a troca de muito pouco.
06:10É o caso do Japão.
06:12O Japão agora prometeu meio trilhão de dólares em investimentos nos Estados Unidos.
06:20E isso possibilitou ao Japão uma redução de tarifas, se não me engano, na casa de 15%.
06:26Então, você vê que são grandes concessões para pouco retorno.
06:32Então, no caso do Brasil, nós precisamos também avaliar isso.
06:36Qual é o custo deste acordo ou desses acordos?
06:40Inclusive pelo fato de que os efeitos das sanções que foram tomadas sobre o Brasil
06:47são diminutas, como nós sabemos.
06:50Afinal de contas, o Brasil vem reduzindo a exposição,
06:56a falta de exportações para os Estados Unidos.
07:01Em duas décadas, nós cortamos pela metade.
07:04Estava aí na casa de 24%, 25%.
07:07Hoje está aí na casa de 11%, 12%, 13%.
07:10Então, a nossa dependência tem diminuído e, por outro lado, os efeitos são diminutos.
07:19E, ao mesmo tempo, as exigências por parte dos americanos são maximalistas.
07:25Então, a questão é perguntar o custo desses acordos para, digamos assim, balizar a nossa estratégia nessa negociação.
07:36Vamos passar para a pergunta do Eduardo Geyer, lá em Brasília.
07:39Geyer.
07:40Oi, boa noite.
07:43Eu queria agora falar a respeito da popularidade de Donald Trump,
07:47porque hoje uma pesquisa da The Economist mostrou um crescimento na desaprovação do governo Trump,
07:53chegou a 57%.
07:54Você acha que isso pode facilitar a aprovação de um acordo comercial entre Brasil e os Estados Unidos?
08:01Ou seja, um Trump mais fraco em termos de popularidade pode ser um Trump mais propenso a fechar acordos,
08:08considerando que a imposição de tarifas contra o Brasil tem ajudado na alta dos preços por lá nos Estados Unidos,
08:14em produtos como o café e a carne bovina?
08:16Olha, eu preferiria, digamos assim, ter uma análise mais estrutural, mais de conjunto.
08:27Eu acho que esse dado da conjuntura, por vezes, ele pode expressar questões, como você cita,
08:35alta de tarifas e a consequência disso sobre a inflação de determinados produtos.
08:41Mas, assim, os Estados Unidos e o governo Trump têm persistido nesse caminho
08:47de que o caminho da proteção da indústria nacional, da reindustrialização do país,
08:53por meio das tarifas, é um caminho que vai expressar resultados no médio e longo prazo.
09:00Isso nós vamos ver.
09:02Historicamente, os Estados Unidos já seguiram esse caminho do protecionismo
09:08como forma de construção da sua autonomia nacional.
09:11Vamos lembrar de Hamilton, fundador da nação americana.
09:17Então, eu acharia precipitado a gente olhar apenas o dado da conjuntura.
09:22Eu acho assim que, do ponto de vista imediato, o que a gente observa é o governo Trump insistindo
09:29e dobrando a aposta nesses acordos que têm gerado ganhos, como eu disse, favoráveis ao interesse americano.
09:38Então, é nesse contexto que o Brasil se posiciona.
09:43Isso para não falar das razões geopolíticas, que eu entendo também que é um pano de fundo muito importante
09:49a ser considerado, inclusive, como expressou o secretário Marco Rubio agora na Malásia
09:56em meio a essas conversações entre os dois países.
10:01Ronaldo, muito obrigada.
10:02Prazer te receber aqui.
10:04Boa noite e até a próxima.
10:06Boa noite.
10:07Muito obrigado.
10:07Boa noite.
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