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O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, explicou como a tarifa de 50% dos EUA impactou a exportação do café brasileiro, com preços disparando e desafios para negociar novos mercados. Ele detalhou efeitos no consumidor e a importância do diálogo entre Brasil e Estados Unidos.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00E o Brasil, o maior produtor de café do mundo, continua sentindo os efeitos do tarifácio de 50% imposto pelos Estados Unidos.
00:08Os produtores brasileiros estão sendo forçados a redirecionar as cargas, renegociar as bases e os preços da commodity já estão disparando.
00:18A gente vai entender melhor como é que está essa situação e a expectativa agora com a lei da reciprocidade.
00:23A conversa é com o Márcio Ferreira, que é presidente do Ccafé.
00:27Tudo bem, Márcio? Boa tarde, está escutando aqui, né? Bem-vindo.
00:31Tudo bem, como é que vai?
00:33Tudo certo. E com o senhor, como é que está essa preocupação com as tarifas?
00:39E como é que bateu esse avanço em relação à lei da reciprocidade?
00:46Na verdade, bateu pesado na gente, né? Acho no café, no setor Brasil como um todo, né?
00:53Primeiro eu queria colocar, agradecer a vocês a oportunidade, o espaço para o Ccafé e dizer o seguinte.
01:03Desde o dia 6 de agosto, quando foi confirmada a tarifa de 50%, que a gente vem trabalhando intensamente em termos de buscar diálogo.
01:14E aí eu queria lembrar as reuniões que nós tivemos em Brasília, na qual eu participei, junto com os ministros e com o vice-presidente Alckmin.
01:24Onde, naquela coletiva e outras também, ficou pactuado que era negociar, negociar e negociar.
01:34E é o que o setor privado está fazendo.
01:38Nós não vamos estar aqui no mérito da questão, sobre a questão do setor público, Brasil, Estados Unidos, a questão política, que não nos cabe.
01:46Mas nós temos enviado todos os esforços para canalizar as negociações lá fora.
01:53E temos buscado canais, porque isso é muito também, é muito sensível.
01:58Sensível. Quais os canais que a gente vai buscar?
02:01E na próxima semana, a gente vai ter, no dia 3 e no dia 4, a defesa da sessão 301.
02:10Onde o Ccafé está mandando o seu representante, que é o Marco do Mato, que vocês conhecem, o nosso diretor.
02:16E, obviamente, que a gente imagina que, não só para o café, para o Brasil como um todo,
02:21é importante a gente ter um ambiente menos acirrado possível nesse momento, no dia 3 e dia 4.
02:29E, quando a gente fala em aplicar a lei de reciprocidade, por certo, nós não estamos tornando o ambiente menos difícil.
02:38Pelo contrário, nós estamos dificultando mais.
02:40E, como o setor público não consegue abrir nenhum diálogo,
02:44se o setor público, pelo menos, não acirrasse os ânimos no momento,
02:48ele não dificultaria ainda mais a ação do setor privado.
02:53Felipe, sua pergunta agora.
02:55Entendi a situação, Márcio.
02:56Quer dizer, vocês, no mínimo, vocês esperariam que, talvez, o governo esperasse, pelo menos,
03:01essa reunião, para, talvez, tomar uma decisão depois disso?
03:04É mais ou menos isso que vocês estavam pleiteando?
03:07É, o que a gente imagina é o seguinte.
03:08Não só depois dessa reunião, né?
03:11Imagina você que você tem um assunto para tratar desse porte,
03:16e, obviamente, isso envolve o setor privado Brasil, o setor privado americano,
03:21o setor público lá americano também, com o qual nós vamos ter que sentar e dialogar,
03:26respeitando sempre, eu sempre faço questão de frisar,
03:29a soberania brasileira, isso para a gente é muito clara,
03:33mas, enquanto, durante e após a defesa,
03:40é importante nós termos um ambiente dentro do possível saudável para essa negociação.
03:48O café, hoje, o que a gente diz é o seguinte.
03:51Primeiro, o governo precisaria entender, na nossa opinião,
03:55a título de colaboração.
03:58É que o tempo conta, de alguma forma, a nosso favor.
04:04E por que eu estou dizendo isso?
04:06No dia 6 de agosto, o mercado, a Bolsa de Nova York, estava em 280,
04:11e a Bolsa de Londres estava em 3,200.
04:14O mercado de Nova York, hoje, está exatamente em torno de 385.
04:22Ou seja, depois do anúncio da tarifa, e não somente pela tarifa,
04:26mas ela causou uma certa desorganização,
04:29quando você pensa na commodity,
04:31a Bolsa de Nova York subiu 35%.
04:34Então, do ponto de vista produtores,
04:37o Conilon, no Brasil, subiu de R$ 1.000 para R$ 1.500 a R$ 1.600.
04:42O Arábiga subiu de R$ 1.800 para R$ 2.300, R$ 2.400.
04:52O Conilon, a Bolsa de Londres, que está exatamente agora na minha tela,
04:56R$ 4.800, ela estava naquela data próxima a R$ 3.200.
05:01R$ 3.300, subiu 45%, mais ou menos, nessa ordem.
05:06Então, o tempo conta a nosso favor, por quê?
05:09Essa alta de preço, e aí nós não estamos colocando tarifa,
05:14de 35% a 40%, vamos botar 35%,
05:18a ela se soma os 50% de Brasil,
05:21a ela se soma os 20% de Vietnã,
05:24a ela se soma os 10% de Colômbia,
05:26ou seja, o café como um todo,
05:29encareceu para o mundo inteiro, principalmente para o americano.
05:32Para o mundo, encareceu 35%, 40%.
05:35E para o americano, encareceu esse 35%, 40%,
05:39com mais de 20% se for Vietnã,
05:4110% a 20% se for Colômbia,
05:42porque Colômbia subiu muito o prêmio contra a Bolsa,
05:44então não é só os 10% da tarifa,
05:46e Brasil, 50%.
05:48Quando os preços vão majorando numa velocidade dessa,
05:52de menos de 30 dias,
05:55é óbvio que isso vai impactar,
05:56como foi colocado agora há pouco,
05:58na gôndola, no supermercado, no consumidor,
06:04a gente já sabe de pequenas cafeterias nos Estados Unidos
06:07que já estão sofrendo muito com a alta do mercado,
06:09não tem como adquirir o problema.
06:11Desculpa.
06:13Então, seria ideal,
06:16então seria ideal que nós aproveitassem esse momento
06:20para estar negociando e mostrando para o governo americano,
06:23não somente aquilo que nós já somos, sustentáveis,
06:27qualidade, rastreadibilidade,
06:29não desmatamento, que o café é,
06:31todas as características que o café tem,
06:33mas principalmente,
06:34que essas medidas estão impactando muito pesado
06:37o consumidor.
06:40Indústrias lá fora, inclusive grandes,
06:42reportaram prejuízos enormes já.
06:45Se isso conta a nosso favor,
06:46porque nós vamos criar mais adversidade, entendeu?
06:49E poderia gerar uma pressão interna,
06:53mais um fator ali para fazer os Estados Unidos repensarem.
06:58E, senhor Márcio,
06:59para quem acha que eventualmente
07:01é só destinar para outros mercados,
07:03vocês estão fazendo isso?
07:05Ou aumentaram a parte que fica aqui no Brasil?
07:08Tem chance do preço do café cair dentro do Brasil?
07:11Tem gente que acha que isso pode acontecer,
07:13vende menos para os Estados Unidos,
07:15exporta menos,
07:16vende mais internamente,
07:17cai o preço do café, cai a inflação,
07:19como é que funciona isso?
07:21Não, isso não funciona.
07:23Não.
07:23Foi muito boa a sua pergunta.
07:25Café é uma commodity.
07:27O Brasil é um dos componentes,
07:29embora seja o maior exportador,
07:31o Brasil é um dos componentes
07:32da cafeicultura como um todo.
07:35E quando você olha,
07:36por que o preço da commodity subiu tanto?
07:39Você teve recentemente
07:41um prejuízo após a colheita do Arábica
07:45no rendimento do café da ordem de 10%
07:49reportado pelas cooperativas,
07:51pelos produtores.
07:52Então, se você imaginava que a safra de Arábica
07:55poderia chegar, por exemplo,
07:57a 40 milhões,
07:58nós estamos dizendo que o mercado está trabalhando
08:00com rendimento de 10% a menos.
08:02Então, já são menos 4 milhões.
08:03Você teve também recentemente
08:06uma, até pequena, vamos dizer assim,
08:09mas impactante, onde ela aconteceu,
08:12uma geada no Cerrado,
08:13que pode impactar ali,
08:14segundo o levantamento,
08:15umas 600 mil sacas para o próximo ano.
08:18Então, você tem esses acidentes climáticos.
08:21E aí você tem,
08:22eu quero me ater,
08:23a questão também da tarifa.
08:25Porque o que aconteceu após o dia 6?
08:27As indústrias americanas
08:29imediatamente suspenderam
08:32e já vinham nessa turbulência
08:34qualquer compra de café do Brasil
08:36e ordenaram segurar,
08:39aguardar os embarques do Brasil,
08:41postergar.
08:42E foram imediatamente buscar outras origens.
08:46Entretanto,
08:47quando ela foi buscar outra origem,
08:48você está aqui,
08:50Colômbia, América Central,
08:52Honduras, Peru, Costa Rica,
08:54todas as origens.
08:55Todas majoraram seus preços,
08:58que a gente chama prêmios,
08:59sobre a Bolsa.
09:01Então, se um café está Bolsa mais 10,
09:03naquele momento,
09:05o cara já fala,
09:06o vendedor, na outra origem,
09:07fala para o comprador americano,
09:08não, agora meu preço é mais 20,
09:10não é mais 10.
09:12E aí, fazendo toda essa busca
09:14de café pelo mundo,
09:15ele chega à conclusão
09:16que o preço está mais caro
09:17e ainda que ele queira pagar,
09:19aí vem o mais importante,
09:21a origem vai dizer para ele,
09:22não temos esse café,
09:24nessa quantidade.
09:25Então, o americano não tem opção,
09:28e a gente tem levado essa mensagem,
09:30vai estar levando essa mensagem
09:31de buscar café em outras origens,
09:34porque a safra,
09:35a produção mundial,
09:36é muito apertada,
09:37e o Brasil não pode,
09:40sequer imaginar,
09:42abrir mão do mercado americano,
09:44que é o maior comprador de café,
09:46com o qual a gente tem uma história
09:48de centenas de anos,
09:50e que a médio prazo,
09:53a curto prazo,
09:54está impactando o consumidor,
09:56mas a longo prazo,
09:57pode prejudicar muito o Brasil,
10:00já que, ainda que com dificuldade,
10:02as indústrias vão introduzindo
10:03outros sabores,
10:05e sabor é aquela história,
10:06você está habituado a algo,
10:07é isso que você quer,
10:08se você mudar,
10:09você não volta mais.
10:10Então,
10:12não podemos pensar nesse sentido.
10:14Então,
10:15o Brasil precisa dialogar,
10:17como foi colocado pelo governo,
10:19lembrando,
10:20inclusive,
10:20algo mais,
10:21que do ponto de vista,
10:23reparação para o setor de café,
10:26como foi prometido pelo governo,
10:29até agora,
10:30somente o café solúvel,
10:31que representa só 10%
10:33das nossas exportações,
10:35teve alguma reparação,
10:37de 3%,
10:38um prejuízo de 50%
10:40de tarifa americana.
10:42E o café verde,
10:43que soma 80% de arábica
10:45e 10% de robusta,
10:47que é o que a gente vende
10:48para os Estados Unidos,
10:50os outros 10% são solúbricos,
10:51que eu te falei agora,
10:52esses 90% não receberam
10:54nenhuma contemplação
10:55ou compensação
10:56por parte do governo.
10:58Então,
10:59você não consegue encontrar
11:00outra origem
11:01para aplicar o café
11:02do ponto de vista
11:04que você pode, sim,
11:06em um determinado momento,
11:07acelerar um pouco
11:09a venda
11:10para uma Europa
11:11ou para uma Ásia
11:13que estava
11:13aguardando
11:14todo esse movimento,
11:15o mundo todo
11:16estava aguardando
11:16esse movimento
11:17para onde o mercado ia,
11:18aí acelera,
11:19mas ele não está
11:20aumentando o volume
11:21de consumo,
11:23ele está simplesmente
11:23antecipando compras
11:25que estão embarcadas
11:27ao longo do período,
11:28seis meses,
11:29um ano,
11:30mas que somado
11:31não muda o total
11:32que ele sempre comprava.
11:33Felipe,
11:35mais uma sua.
11:36Nossa,
11:37é uma equação complexa,
11:38não é, Márcio?
11:39Mas eu queria voltar
11:40um pouquinho
11:41nesse ponto
11:41que você falou
11:42do sabor
11:42que eu acho
11:43que é interessante.
11:44O produto americano,
11:45ele tem muito
11:46a Arábica,
11:46que é o nosso
11:47produto principal.
11:48Se ele quiser
11:49ir para a Colômbia,
11:50pegar na Colômbia,
11:51que a tarifa é 10%,
11:52ele não consegue
11:53pelo volume.
11:55Se ele for para o Vietnã,
11:56que é 20%,
11:56ele não consegue
11:57porque é robusta.
11:59Então,
12:00grandes cadeias americanas,
12:01Starbucks e tudo mais,
12:02eles são obrigados
12:03a comprar o Arábica
12:03do Brasil,
12:04que é o único
12:04que consegue fornecer
12:06com essa quantidade.
12:07Você conhece bem
12:09esse assunto
12:10e queria saber isso.
12:11Como é que os Estados Unidos
12:12vai fazer, então?
12:13Se ele não tem outra opção,
12:14ele vai pagar o preço
12:15mais caro do Brasil?
12:17A sua análise,
12:19como eu falei para você,
12:20a curtíssimo prazo,
12:22ela faria algum sentido.
12:23Primeiro,
12:23você tem que entender
12:24que as indústrias
12:25detêm posse ainda
12:27de cafés do Brasil
12:28do ponto de vista
12:30que tem um mês,
12:31dois meses,
12:31vamos dizer aí,
12:32é que eles aguentam.
12:34Segundo,
12:34que eu vou te dar
12:35um exemplo
12:36e esse é prático,
12:37tá?
12:38A maior indústria americana
12:39até 2014,
12:412016,
12:42até 2014,
12:432015,
12:44ela era
12:45a principal
12:46compradora
12:47de Conilon
12:48do Brasil.
12:49Aí veio aquela
12:50seca histórica
12:51que dizimou
12:52que a agricultura
12:52capixaba,
12:53que é a maior produtor
12:54de Conilon.
12:55O que que aconteceu?
12:56eles foram
12:58para o Vietnã
12:58e passaram
13:00a utilizar
13:00a Vietnã,
13:01a robusta Vietnã
13:02ao invés
13:02do Conilon brasileiro.
13:05Posterior a isso,
13:06nós tivemos
13:06no ano passado,
13:07por exemplo,
13:08uma crise
13:08no Vietnã
13:09em que os preços
13:10do Brasil
13:11foram,
13:11inclusive,
13:11bem mais competitivos
13:13que Vietnã.
13:14E eu,
13:14que opero o mercado,
13:15que converso com a indústria,
13:17conversando com ela,
13:18não está na hora
13:19de você voltar
13:20a comprar
13:20o nosso Conilon,
13:22que está bem mais barato
13:23do que o Vietnã?
13:23E a resposta
13:24foi muito simples,
13:25Márcio,
13:26não podemos mudar
13:27os lentes.
13:29Ao longo dos anos
13:30de 2013 para cá,
13:32nós mudamos
13:33para uma questão
13:34climática
13:34para a Vietnã
13:35e não vamos
13:36voltar para o Brasil,
13:38porque o nosso
13:39consumidor
13:39já se adaptou
13:41ao sabor
13:43do Robusta
13:43do Vietnã.
13:44A gente sabe
13:45que os cafés
13:45Robustas
13:46e o Conilon
13:48nosso,
13:48o Conilon
13:49ou Robusta brasileiro
13:50também,
13:50que são os canéforas,
13:51Robusta brasileiro,
13:53Robusta no mundo
13:54quando não são os canéforas.
13:55Os canéforas,
13:56eles vêm aumentando
13:57muito a qualidade,
13:59então ele tem um potencial
14:00a termos de melhoria
14:01de qualidade
14:02muito maior
14:02do que o Arábio
14:03para o Arábio,
14:03que já está
14:04num ápice,
14:05assim ele pode desenvolver,
14:06mas ele tem,
14:07já avançou muito,
14:09o Robusta não.
14:10E a gente também sabe
14:11que o mundo
14:11tende a ampliar
14:13sem o problema
14:14dos Estados Unidos,
14:14já era uma tendência,
14:16passar a ser
14:1755% de Robusta,
14:1955% a 60%,
14:2145% a 40% de Arábica,
14:23quando o passado
14:24era 40% de Robusta
14:25e 60% de Arábica,
14:26então vai inverter.
14:28Essa inversão
14:29que é necessária
14:30dada a capacidade
14:31produtiva do Robusta
14:32que o Arábica não tem,
14:34dada a necessidade
14:35de não desmatamento
14:36e ocupar menos área
14:37que o Conilon permite,
14:39ou Robusta permite,
14:40os canéforas permitem,
14:41ele faz com que você,
14:43com tecnologia,
14:44ciência,
14:45melhoria desde o campo
14:46até a xícara,
14:47você consiga gerar
14:49blends com menos
14:50Arábica
14:51e mais Robusta.
14:52E aí,
14:53como a gente diz,
14:54nós já perdemos
14:55o bonde,
14:56o consumidor americano
14:57já se readaptou
14:59para algo
15:00que o Brasil
15:01não poderia ter
15:02aberto mão.
15:02Eu estava conversando,
15:03por exemplo,
15:04sobre a representatividade
15:06do Brasil,
15:07Brasil
15:08nos Estados Unidos.
15:10E me chamou a atenção,
15:11ontem eu estava
15:12tratando esse tema
15:13e foi me dito
15:14o seguinte,
15:15por exemplo,
15:16o Japão
15:18mandou
15:19três delegações
15:21para negociar
15:22com o governo americano,
15:24contratou três escritórios
15:25para trabalhar
15:26para o governo japonês,
15:28um para o agro,
15:30outro para a indústria
15:32e outro para o financeiro.
15:36Olha bem
15:36como que a coisa é complexa.
15:39O México,
15:41ele tem um escritório
15:42em Rostro,
15:44nos Estados Unidos,
15:45que se não me engano
15:45tem 40 pessoas
15:46se me falar do outro,
15:47mas não tem de hoje,
15:48tem de sempre.
15:49A Alemanha tem um prédio inteiro
15:50e o Brasil,
15:52o que que tem?
15:53Não tem.
15:55Então,
15:55além de a gente
15:56estar extremamente atrasado
15:58e aí estamos falando
15:59setor público,
16:00setor privado,
16:01a gente já está
16:02se deparando
16:02com um momento
16:03em que a gente é
16:04chegando onde
16:05os outros já estão
16:06e chegando
16:07debaixo de uma tempestade
16:09que pode piorar,
16:10vamos tentar
16:11acalmar essa tempestade.
16:12Verdade.
16:15E, Sr. Marcos,
16:15o senhor falou
16:16de tempestade
16:17no sentido figurativo,
16:18mas eu queria ouvir
16:19o senhor sobre
16:19a preocupação
16:21ainda maior
16:22num contexto
16:23como esse
16:23em relação
16:24a questões climáticas
16:25que afetam demais
16:27quando a gente fala
16:28do café.
16:30Qual que é a perspectiva,
16:31quais são as previsões
16:32nesse sentido?
16:33As previsões,
16:36elas dão conta
16:37de que nós vamos ter
16:37um larinha
16:38que seria favorável
16:39em termos de chuvas,
16:40mas já se fala
16:41num larinha moderada
16:43então de chuvas irregulares
16:45e a gente sabe
16:46que condição climática
16:47ela muda muito.
16:49Daí a defesa
16:51do meio ambiente
16:52de produção
16:52com menos geração
16:54de carbono,
16:55agricultura regenerativa,
16:57enfim,
16:57isso é um trabalho
16:58de médio e longo prazo.
17:00Hoje,
17:00o que a gente sabe
17:01é o seguinte,
17:01o Brasil e os demais origens
17:04ainda que melhorem
17:05a subprodução
17:06não irão gerar
17:08superávit
17:09a curtíssimo prazo.
17:11O consumo aumenta
17:12em torno de 1,5%
17:13e 2% ao ano
17:14e o consumo
17:15não está sujeito
17:17a acidentes climáticos.
17:19Nós Brasil,
17:21Vietnã,
17:23Indonésia,
17:24sofremos acidentes climáticos
17:26serios,
17:27como geada
17:28no Brasil 2021,
17:29seca e estúpida
17:30no Vietnã
17:32e na Indonésia
17:33e que a gente
17:33nunca pode descartar.
17:35Então,
17:36essa situação
17:36vai levando
17:37para esse aperto.
17:39Agora,
17:39eu gosto de lembrar
17:40o seguinte,
17:41quem mais pode
17:42produzir café
17:43e avançar
17:44na produção mundial?
17:45A gente sabe
17:45que é Brasil.
17:47Obviamente,
17:48e para isso,
17:49o Brasil precisa também
17:50dialogar com seus pares,
17:52todos eles,
17:53seus compradores,
17:54inclusive exporta
17:55para os países
17:56consumidores,
17:56produtores.
17:57mas ao fazê-lo,
18:00a gente tem que manter
18:01o diálogo.
18:02Eu vou te dar um exemplo.
18:03Hoje eu me deparei aqui
18:04enquanto diretor
18:05de uma empresa,
18:06uma situação atípica
18:07de um cliente
18:08que quis me dar
18:09um,
18:10vamos dizer,
18:10um claim.
18:12No meu ponto de vista,
18:13o claim é injusto,
18:14mas isso não me dá
18:15o direito de simplesmente,
18:16como vamos falar claramente,
18:17chutar o pau da barraca.
18:19Eu tenho que ter
18:20a sabedoria
18:21de negociar,
18:22tirar o melhor possível
18:23para mim e para ele,
18:24liquidar o assunto
18:25e continuar negociando café.
18:27Então,
18:28o que é justo
18:29ou o que é injusto
18:30para um,
18:31não é para outro,
18:32o que é verdade
18:33para um,
18:33não é verdade
18:34para outro,
18:35mas a verdade é
18:37Brasil não pode
18:39abrir mão
18:39de Estados Unidos.
18:41Não tem aonde colocar
18:42oito milhões
18:43de sacas de café
18:44que os Estados Unidos
18:45consome,
18:45isso não tem.
18:46Vamos, por exemplo,
18:47falar aqui sobre China.
18:49O recorde de exportação
18:50da China foi em 2023,
18:53um milhão e meio
18:53de sacas,
18:54quando ela bateu
18:55o sexto lugar
18:56a não ser café.
18:57a China está
18:59em décimo primeiro,
19:01décimo segundo
19:02e o volume de exportação
19:04para a China
19:04caiu bastante.
19:06Recentemente,
19:06se alarviou muito
19:08que a China
19:08abriu
19:09183 novas empresas,
19:11acho que esse era o número.
19:13Isso não é verdade.
19:15É uma verdade
19:16que não é,
19:17vamos dizer assim,
19:18ela não se traduz
19:19em realidade.
19:20As 183 empresas,
19:22a maioria
19:22já estavam cadastradas
19:23já exportam
19:24para lá.
19:25Isso é simplesmente
19:26um processo
19:27burocrático
19:28que a China tem
19:29e que deixou
19:29de ter
19:30ou deu um waiver
19:31de cinco anos
19:32para não ter
19:33que estar toda hora
19:34consultando.
19:35Mas isso
19:36não se traduz
19:37em café na boca
19:38do chinês.
19:39Isso não aumenta
19:40o consumo.
19:40Como eu estou te dizendo,
19:412023 foi o recorde.
19:43Nós estamos em 2025
19:44e o consumo,
19:45as exportações
19:45de café do Brasil
19:46para a China
19:47caíram nos últimos dois anos.
19:48que coisa.
19:50Fiquei particularmente
19:51impressionada
19:52com esse dado,
19:52só queria confirmar
19:53se eu entendi certo.
19:54Então,
19:55China compra
19:56um milhão de sacas
19:57versus oito milhões
19:58dos Estados Unidos,
19:59é isso?
20:00Um milhão e meio
20:01foi o recorde
20:02em 2023
20:02contra oito milhões
20:04nos Estados Unidos.
20:05Nós não temos
20:06onde colocar esse café.
20:07E o brasileiro,
20:10que é um dos que mais
20:11consome café,
20:12ele consome...
20:13Nós somos um país
20:14tropical,
20:16onde em alguns momentos
20:18o café,
20:18ele é super agradável
20:19durante o dia,
20:21mas no dia de verão,
20:22um dia muito quente,
20:23as pessoas naturalmente
20:24tomam menos café.
20:25O nosso consumo per capita
20:26é muito diferente
20:27do consumo per capita
20:27na Finlândia
20:29ou nos países nórdicos,
20:30até por questão climática.
20:32E ninguém vai obrigar
20:33brasileiros
20:34a tomar mais café
20:35se ele já está tomando
20:36o segundo maior café.
20:48e não fazer aquilo
21:00que o...
21:00negociar e negociar.
21:05Muitas das vezes,
21:06uma porta fechada hoje
21:08não significa
21:10não ter mais diálogo.
21:12Ela pode estar fechada hoje
21:13para o setor público,
21:14mas ela está aberta
21:15para o setor privado.
21:17Nós estamos fazendo
21:18o nosso papel.
21:19Então, nos ajudem.
21:21Não dificultem
21:22o nosso papel.
21:24Perfeito.
21:24Então, apelo aqui, né,
21:26do senhor Márcio,
21:27trazendo também
21:28todas as preocupações
21:29e compartilhando, né,
21:30essa visão aí
21:31cheia de sabedoria,
21:32de experiência.
21:33Seu Márcio Ferreira,
21:33presidente do Ccafé,
21:35muito obrigado.
21:36Tendo qualquer novidade,
21:37por favor,
21:38volta aqui com a gente
21:39no Fast Money,
21:40tá bom?
21:41É, eu queria completar
21:42alguma frase que eu ouvi ontem,
21:43as coisas vão melhorar,
21:45mas antes de melhorar,
21:46elas podem piorar.
21:48Pode piorar um pouquinho.
21:48Não piorem da nossa parte.
21:50Não piorem da nossa parte,
21:51entendeu?
21:52Tá certo, tá certo.
21:53Boa sorte, viu?
21:54Mas elas vão melhorar,
21:55então passe e encha, né?
21:56É isso.
21:58Muito obrigada,
21:59boa sorte.
21:59Obrigado pelo espaço.
22:00Até a próxima.
22:01Um abraço.
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